Quero compartilhar com os leitores um pouco do que penso da comunicação. Desde pequeno aprendi a ouvir os sons, escutar o seu significado, o tom. Aprendi também que para ser entendido, principalmente, preciso ouvir e escutar bastante, dar atenção ao outro. Por vezes me vejo perdendo essa capacidade, e isso me acarreta problemas. Todos devem ter passado por situação em que não conseguiu se fazer entender, ou mesmo, sequer prestou atenção em algo, no trabalho, escola, atendimento, ou até da sua companheira ou companheiro.
Escutar não é ouvir. Ouvir a gente ouve o que é dito no campo do significado estrito das palavras. Bola é bola, coca é coca, mulher é mulher. Escutar é bem diferente e requer treino, autoconhecimento e conhecimento do outro. Escutar é do campo da significação das coisas para cada um, diferente para cada um sempre. Ouvir é do campo dos sentidos e Escutar é do campo do Inconsciente. Escutamos sem precisar ouvir. A Escuta é muitas vezes silenciosa, escuta–se o não verbal, a entrelinha, o gesto, a atuação.
Quantas vezes já me vi em situações de discussão – nem sempre com bons resultados – em que a pessoa falou o que bem entendeu, e eu mais do que a ouvir, a escutei atentamente. Vi seus gestos, percebi o olhar, a indignação. Entendi então o que ela queria dizer, passar, se comunicar. Após tantos anos de profissão, desde o balcão do bar de meu pai no bairro Floresta em Joinville (SC) ouvindo de tudo, escutando bastante, até hoje em inúmeros atendimentos de todos os níveis, tenho a certeza ainda maior de que cada vez mais precisamos aprender a nos comunicar.
Comunicação, ou a falta dela, é a responsável por tantas barbaridades que vemos nos jornais, telejornais, em festas, empresas, em qualquer trabalho. Nessa hora de decidir o voto em quem vai governar o nosso país por quatro anos, é preciso mais do que ouvir, escutar muito e atentamente.