Conclusão é de estudo que faz parte da programação de seminário sobre programas sociais nesta quinta-feira em São Paulo
O Bolsa Família diminuiu a evasão escolar e aumentou a taxa de aprovação das crianças que pertencem a famílias que recebem o benefício, mas não é o investimento com maior retorno para o setor que o país pode fazer. A conclusão é de um estudo feito pelo Departamento de Economia da Esalq-USP e da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e que será apresentado nesta quinta-feira, dia 7, em seminário do Itaú Social, em São Paulo.
Segundo concluiu a autora do estudo, a professora Ana Lúcia Kassouf, a evasão escolar diminuiu 1,5 ponto porcentual a mais entre os que recebem Bolsa Família do que para os demais, e a taxa de aprovação foi 2 pontos porcentuais maior. A comparação foi feita com dados de 1998 a 2005, sendo que o programa foi criado como Bolsa Escola em 2001 e ampliado para o Bolsa Família em 2003.
O estudo analisa que o custo do programa de transferência de renda, que chega a 0,4% do Produto Interno Bruto, demora cerca de 30 anos para retornar à sociedade. “Se for pensar estritamente sob a ótica educacional, mesmo que essas crianças tenham renda maior e gerem benefício para a economia, vai demorar 30 anos para recuperar o investimento”, diz Ana Lúcia.
A professora ressalva que analisou apenas a relação custo e benefício em relação à educação. “Do ponto de vista social, de retirar as famílias da pobreza, não há dúvidas que o programa traz muitos benefícios já comprovados por diversas outras pesquisas, mas para a educação pode não ser o investimento com mais retorno”, afirma.
Na opinião dela, hipóteses como pagar a estudantes do ensino médio para não abandonar a escola dariam mais resultado na futura geração de renda e mais rápido, com o mesmo investimento. “São opções que poderiam ser analisadas”, diz.
IG