Uso da fé sem limites

Sou uma pessoa que acredita em Deus, mas não em religiões. A cada templo que vejo cheio de pessoas a gritar, chorar, e em alguns entregar até seus pertences pessoais, dinheiro, roupas e sei lá mais o que, mais fico indignado. Não que todos sejam iguais, mas a enorme maioria somente usa o nome do Criador para obter vantagens pessoais, pecuniárias e outras. Conheço vários nessa linha, que usam de suas “santidades” para esse uso indevido da fé humana. Uma barbaridade.

O caso dessa jovem mulher de 34 anos, que ao invés de ser imediatamente atendida ao desmaiar foi utilizada como exemplo de “ação” da oração, e morreu após a segunda parada cardíaca, ilustra bem o uso da fé sem limites. Aliás, penso que agora chegaram ao limite do aceitável com a morte de uma pessoa dentro do seu templo. Igrejas de diversas linhas de religião se multiplicam sob nomes que beiram ao ridículo por todo o país, e muito, mas muito mesmo na maior cidade de Santa Catarina.

Se havia uma coisa a ser feita naquele momento era o atendimento imediato, primeiros socorros. Era o momento de partir para a parte mais importante da nossa tentativa de comunicação com o divino, que muitos chamam de “oração”. Era hora da “ação”, mas o que se viu conforme as reportagens é a “omissão”, ou pior, o uso de um fato de saúde, grave, para ludibriar a fé de pessoas que buscam a paz interior.

Lamentável, e o que se espera agora é uma investigação séria que não só busque os culpados dessa tragédia para a famíliia, mas que faça nascer na consciência dessas pessoas que se autointitulam pastores, padres, monges e tudo o mais, a necessidade de se levar a sério a questão religiosa que move milhões no mundo inteiro, diariamente. Mais respeito à inteligência, meus senhores, mais seriedade ao tratar com a fé das pessoas, senão, terão de pagar sim com a Justiça dos homens, e mais tarde, com a do Criador.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

2 comentários em “Uso da fé sem limites”

  1. Parabéns pelas palavras amigo, como sempre muito sábias e coerentes.
    Católicos, evangélicos e irmãos d eoutras denominações precisam entender que, primeiro o diabo não é surdo (kkk), e segundo que também a medicina só existe porque foi criada pelo Papai do Céu.

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