O senador Demóstenes Torres (GO) assinou uma carta solicitando sua desfiliação do DEM. O documento já foi encaminhado ao partido, de acordo com a assessoria de imprensa do presidente da legenda, senador Agripino Maia (RN). A decisão foi tomada após Agripino Maia ter anunciado, na segunda-feira, que o partido decidiu abrir um processo de expulsão de Demóstenes Torres.
Na carta, de apenas dois parágrafos, Demóstenes acusa o DEM de fazer um pré-julgamento público e comunica a saída, afirmando que “embora discordando frontalmente da afirmação de que eu tenha me desviado reiteradamente do programa partidário, mas diante do pré-julgamento público que o partido fez, comunico minha desfiliação do Democratas”.
Com isso, Demóstenes permanece no Senado, só que sem partido. Assim, o processo de expulsão aberto ontem no DEM deixa de existir. Ele aguarda o pedido de apuração protocolado na Mesa Diretora do Senado pelo Psol. A legenda quer que o Conselho de Ética investigue as denúncias de ligação de Demóstenes com o controlador do jogo do bicho de Goiás, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso por envolvimento com máquinas caça-níqueis em Goiás.
Na opinião de Agripino Maia, Demóstenes Torres reiteradamente se desviou da conduta partidária quando se relacionou intimamente com Cachoeira. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal flagraram o senador e o bicheiro em conversas nas quais tratam de dinheiro, de informações privilegiadas e do destino de projetos de lei que interessavam a Cachoeira. Além disso, o próprio senador admitiu que recebeu como presente de casamento de Carlinhos Cachoeira eletrodomésticos no valor de R$ 30 mil.
Demóstenes Torres está respondendo a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) baseado nas gravações feitas pela PF que resultaram na Operação Monte Carlo. O ministro Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de sigilo bancário do senador e solicitou um levantamento sobre as emendas parlamentares e os projetos relatados por ele para investigar se Cachoeira foi beneficiado.
O bicheiro, que está preso, é acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de outros jogos de azar em Goiás e de corromper policiais e políticos do estado. Além de Demóstenes Torres, os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Lereia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) também tiveram conversas telefônicas com Cachoeira grampeadas pela PF. Nercessian pediu hoje afastamento temporário do seu partido.
Do Jornal do Brasil