Tenho recebido diversas pesquisas eleitorais. Algumas quantitativas, outras qualitativas. Dizem os especialistas que cada pesquisa é o “retrato do momento”. Mas que retratos são esses, quais equipamentos que fotografam esses momentos, de quais pontos de vista são focados esses retratos? E cá para nós, pesquisas com quatro pontos percentuais de erro para cima ou para baixo, é no mínimo, bisonha. Até porque se o candidato A tiver 25 pontos, e o B 16 pontos, com erro dessa magnitude o A e o B estão empatados, tecnicamente falando, porque o A vem para 20, e o B vai para 20! Portanto, pesquisas são pesquisas, e tão somente tem o poder de observação por parte de quem organiza a campanha de cada candidato. Agora, elas podem ser utilizadas, manipuladas a bel prazer de quem quiser. Depende o ponto de vista, a forma que se quer dar “ao retrato do momento”.
Dessas últimas pesquisas, não vejo nada para se analisar tão profundamente. Mais forte que isso é conversar com as pessoas nas ruas. Com várias delas. De alta e baixa renda. Do povão ou do saguão dos salões de high society. Do cuidador das ruas ao professor, do intelectual ao operário das fábricas. E por aí muitos políticos poderiam acertar as suas estratégias eleitorais, já que as estratégias de governo ou de sua atuação parlamentar podem não ter dado muito certo. Dos atuais pré-candidatos a prefeito de Joinville, a maior cidade catarinense, poucos acertam estratégias. Alguns acertam nas ações de marketing e atividades partidárias. Outros não acertam nem uma, nem outra.
O deputado federal Marco Tebaldi (PSDB) tem a seu favor o fato de ter sido despejado da secretaria de Estado da Educação, o que lhe colocou como vítima aos olhos dos joinvilenses. Tem também a seu favor uma equipe que trabalha duro, corre atrás pelos bairros, e consegue fazer bem o seu marketing. Em que pese a tv com os programas eleitorais gratuitos terem sido uma alavanca e tanto, Tebaldi também foi o último Prefeito, o que ainda oferece a ele uma boa lembrança de imagem. Com a eleição na rua, os adversários vão lembrar de algumas “ações” de seu governo que nem sempre trouxeram simpatia ao deputado federal. Mas é certo que pode sim estar na ponta no atual “retrato”.
O prefeito Carlito Merss (PT), já comentei aqui, conseguiu a proeza de estar a frente da máquina municipal e não saber o que fazer com ela. Nem tanto pela figura de Carlito, homem público experiente no parlamento e diretamente ligado ao governo federal, estrela que chegou a ser até como relator do Orçamento da União. Mas muito pela equipe inexperiente, que foi incompetente na ação de governo, e também na ação política. Na comunicação, nem se fala. Até hoje não se tem claro qual a marca desse governo petista, o primeiro em Joinville. Isso aliado a um governo que tem em várias secretarias gestores fracos tanto administrativa quanto politicamente, colocam Merss realmente com uma rejeição preocupante, que como já disse, dá para se auferir conversando nas ruas. Carlito é simpático, mas grande parte dos seus mais próximos são de uma antipatia que se espraiou pelo governo. O resultado é esse. Quem sabe ainda dá para recuperar com muita propaganda. Mas não será fácil.
Já outro partidão, o PMDB, está como um cargueiro abarrotado, antigo, com motor claudicante e hélices que não conseguem fazer alçar voo. Udo Döhler até tem boa vontade, anda animado com as andanças, mas definitivamente não consegue ter a empatia necessária com o povão, que é quem decide eleição. Marcado como empresário que sempre dominou a cena em favor de quem tem mais na ACIJ, Udo é aposta do senador LHS, grande coronel da política do norte catarinense. E isso não é desprezível diante do cartel vitorioso que Luiz Henrique ostenta, mesmo tendo perdido a eleição municipal em 2008 com Mauro Mariani. Mariani, aliás, que grande parte dos joinvilenses simpatizaram e muito, e que não entenderam seu afastamento para a entrada de Udo Döhler na disputa. O PMDB teria mais chances com o atual deputado federal do que com Udo. A máquina eleitoral peemedebista já não é mais a mesma de outrora, até porque renovação não houve nas lideranças, algo fundamental para o fortalecimento de um partido. Udo Döhler já superou os 70, LHS também… mas a colocação dele deve mesmo estar entre quarto e quinto lugar hoje. Nada bom.
Kennedy Nunes, do PSD, tenta ser sempre o novo na eleição. Mas já é velho na política, e também na demagogia. Demagogia essa que atrapalha muito os seus planos de se tornar Prefeito. Conservador, o eleitorado joinvilense não gosta de apostar em muito falatório e pouca ação. Aliás, Nunes é deputado estadual governista, assim como Darci de Matos seu correligionário, e Nilson Gonçalves do PSDB, todos que até agora não disseram a que vieram para a cidade. Muita retórica e pouca ação. Kennedy tem a seu favor a comunicação, no qual é mestre. Mas vai lhe faltar tempo de tv, apoios partidários porque ninguém confia muito em quem já deixou para trás o atual Prefeito Carlito Merss logo no início de seu governo em 2009, após ter sido o maior defensor do petista e ser o único, e primeiro, a subir no palanque da vitória. E a estrutura passa também por recursos financeiros, e o exército nas ruas. Kennedy, a continuar assim, vai novamente assustar para morrer na praia logo mais a frente. Mas a corrida, ou a natação, é longa, e quem sabe as coisas mudam.
Os demais pré-candidatos não tem muita projeção nesse momento. Dr. Xuxo (PR), Leonel Camasão (PSOL), Rodrigo Coelho (PDT), Rogério Novaes (PV), Sandro Silva (PPS), Valmiro Freitag (PTN), estão mais para composições para vices, ou para compor alianças e entregar seus tempos de tv do que propriamente para disputar eleição. Apenas Camasão, pela postura do seu partido, vai realmente disputar mesmo que de forma desigual financeiramente. Os demais serão ou coadjuvantes de luxo, ou figuras que um dia tentaram ser candidatos. Sandro Silva por exemplo agora é deputado estadual sem ter vencido eleição. Como suplente assumiu por alguma ingerência política visando composição agora. Mas é lembradíssimo como o primeiro vereador negro a ser eleito, e o primeiro também a renunciar ao mandato deixando cinco mil eleitores órfãos.
Por isso minha gente, pesquisas são somente pesquisas. Não há novidades na eleição de Joinville, porque os atores são já muito conhecidos. Cabe aos eleitores perceberem além de pesquisas, programas eleitorais e visitas de cabos eleitorais pedindo voto, o que cada um representou e representa para a cidade. A quem são ligados, a quem defendem, quais interesses defendem? Capital ou trabalho? Empresário ou trabalhador? Minorias ou maiorias? Grandes empresários ou operários e empreendedores? O que pensam eles pelo futuro da cidade? Será muito bom também lembrar do que foi anunciado que foi feito, e que na verdade anda caindo na cabeça de estudantes, ou quebrando carros em buracos pelas ruas. Mais que pesquisas, é melhor pesquisas seus candidatos, suas histórias e suas ligações – perigosas, ou nem tanto.
Olá Mário Cezar da Silveira, amigo velho, sempre lúcido em suas análises, obrigado por participar. Há um jogo de xadrez em andamento, e é como disse no texto, serão poucos os concorrentes. O jogo como está sendo jogado tem todas as digitais de LHS, raposa velha, que sabe jogar um xadrez como ninguém… Vamos ver o que acontece nas próximas jogadas! Abraço amigo!
Salvador, sua análise foi racional e clara, mas, tenho a impressão que alguns detalhes ainda devam ser avaliados. Não sei porque, mas acho que a fritura do Tebaldi na Educação, teve a intenção de empurá-lo exatamente e estratégicamente para a candidatura a prefeito. Explico: Udo não pode “bater” no Carlito, pois o PMDB deve apoiar o PT no segundo turno, inclusive, como moeda de troca, o apoio federal para Luiz Henrique assimir a Presidência do Senado.
LHS é uma raposa velha. Tebaldi seria o contraponto ao crescimento do Carlito na reta final. Debateria comparando as gestões. Um queimando o outro. Sobraria ao Udo o tempo livre para propostas, sem embates.
Já o Kenedy, tenho a intuição que é boi de piranha do PSD, não vai concorrer.
Darci de Mattos ou vai ser vice de Tebaldi ou, caso Tebaldi se torne inelegível, sai como candidato a prefeito.
Jura Arruda, meu querido confrade! Quem bom ver sua participação por aqui. Infelizmente a nossa representação política tem se mostrado acéfala, fraca e inoperante ao longo dos anos, e não é diferente agora com esse trio, onde Kennedy faz parte. O que vemos sempre são animações de marketing, como veremos hoje com o governador na posse da nova diretoria da ACIJ em Joinville, onde mais um anúncio virá, sem vir a obra verdadeiramente. Vivi isso quando assessorei o deputado federal Mauro Mariani na Secretaria de Infraestrutura, em que trabalhávamos, mas agora é que começaram, e bem devagar, algumas obras do pacote BNDES. Penso que um deputado deveria ser mais independente para defender sua cidade. Acredito que é difícil diante das benesses do poder, mas é possível. Quanto ao boicote a Kennedy, penso que é mais uma defesa dizer isso, mas o fato é que não há produção de verdade, a relação custo x benefício está longe de ser satisfatória. E amigo Jura, Kennedy é marcado sim como uma pessoa não confiável porque pratica todos os atos somente que lhe favorecem. Não pensa no coletivo. Foi assim quando passou no PFL, depois no PP, e agora, caso seja preterido no PSD, não será diferente. O individualismo dele é notório, e quando digo que ele rompeu com Carlito, ele rompeu sem sequer iniciar o governo, preferindo seguir o seu felling político, tentando colar exatamente essa imagem, de que foi enganado, e por isso saiu. Por isso a análise, porque já ouvi de vários líderes que com ele, não dá para fazer acordos, porque ele rompe, assim de rompante. Exatamente como você diz, com impulsividade. Mas valeu a participação amigo, confrade Jura Arruda. Posso não concordar com sua opinião, mas defenderei até o fim o seu direito de expressá-la. Obrigado!
Salvador, meu confrade!
Parabéns pela análise dos prefeituráveis e, principalmente, pela análise dos retratos estatísticos das pesquisas. Concordo que pesquisas com 5% de erro não merecem atenção. Mas, infelizmente, a mais esdrúxula das pesquisas é capaz de influenciar o voto do eleitor desatento.
No tocante ao Kennedy, devo dizer que seu trabalho na Assembleia tem rendido, sim, frutos a Joinville nos últimos dois anos, porque antes disso, no governo de Luiz Henrique da Silveira, o boicote sofrido chegou às raias da incoerência. Falo porque vi projetos serem vetados quando apresentados por Kennedy e, depois, reapresentados pelo governo para serem aprovados. Caso por exemplo das Regiões Metropolitanas.
Por fim, discordo de você ao dizer que Kennedy deixou de ser confiável ao romper com Carlito. Sentimos a cada dia a aprovação de seu nome após ter tomado essa atitude e, convenhamos, as propostas que os uniam foram desrespeitadas nos primeiros meses de governo, portanto, a atitude de Kennedy, em que pese sua impulsividade, é compreensível.