Vamos ao que interessa. Domingo, 28 de outubro, vamos eleger o novo Prefeito de Joinville, maior cidade catarinense, maior PIB, maior isso e aquilo, mas ainda menor em representatividade política (onde estão nossos deputados quando o caos na saúde se instala?), em obras e ações fundamentais na infraestrutura, lazer, cultura e por aí afora. Participar desse momento cívico, cidadão, é mais que uma obrigação, uma necessidade porque influi diretamente no que queremos para a nossa vida. Sim, porque vivemos na cidade, com mais 600 mil pessoas que a constroem dia após dia. Como disse, vamos ao que interessa, analisar o momento dos dois nomes postos, Kennedy Nunes (PSD – 55) e Udo Döhler (PMDB – 15).
Kennedy Nunes se notabilizou politicamente como vários outros na política, usando o microfone do rádio, e depois na televisão. Nesta carreira, e com base na oratória e rituais utilizados no segmento evangélico, o jovem ocupou espaços na mídia, e logo foi alçado a um cargo público na administração de Freitag em 1993 como Secretário do Desenvolvimento Comunitário, depois vereador assumindo a cadeira em 1998, se reelegendo em 2000. Concorreu a Prefeito em 2004 e 2008, e entre essas duas eleições, conseguiu ser eleito deputado estadual em 2006, se reelegendo em 2010, cujo mandato cumpre no momento.
Carismático, dominando todos os macetes da comunicação como poucos, sempre teve como objetivo chegar à Prefeitura. Nesta eleição, após passar por PMDB, PFL, DEM, PP e agora PSD do governador Raimundo Colombo, Kennedy chega ao segundo turno embalado por uma retórica de renovação no atual quadro político. De mudar as coisas como estão. Atacou todos os postulantes ao cargo, como já o fez nas eleições anteriores, mas nesta buscou a estratégia desde o seu desembarque do governo Carlito no início de 2009. Desconstruir a imagem do petista foi sua obsessão. Falando sobre mentiras de Carlito sobre baixar tarifas de água e transporte coletivo, ele se colocou como alternativa inovadora. Os resultados do primeiro turno mostram que conseguiu seu intento. Mas aí veio o segundo turno.
Franco favorito, o deputado pessedista recebeu imediatamente o apoio do ex-prefeito e deputado federal Marco Tebaldi do PSDB, derrotado fragorosamente nas urnas, onde ficou em quarto lugar. E logo em seguida, a cúpula do PT, sob o comando de Carlito Merss, levou o diretório a declarar apoio a Kennedy Nunes, o seu algoz durante quatro anos. O discurso da renovação e mudança empunhados por Kennedy começaram a ser rebatidos, afinal, como pode ser o novo se já está há mais de 20 anos na política, e agregando aos dois prefeitos que já passaram pela administração municipal, e que neste pleito foram reprovados pelas urnas?
Kennedy Nunes chega na reta final já não tão favorito quanto há três semanas, sendo desconstruído naquilo que ele mais domina: a comunicação e sua imagem. E as pesquisas apontam sua queda progressiva, resta saber se a diferença será mantida até às 17 horas de domingo.
Udo Döhler é um empresário reconhecido, com mais de 70 anos de idade, e sempre envolvido na política de forma mais distante, e jamais enfrentou as urnas. Teve o nome várias vezes apontado como possível candidato a Prefeito, mas essa é a primeira vez que disputa uma eleição. Descendente de alemães, dono de uma indústria centenária, se notabilizou comandando a Associação Empresarial de Joinville, a ACIJ, por cinco vezes. Ocupou a presidência da Fundamas, órgão da Prefeitura, há 40 anos. Essa é sua experiência no setor público mais relevante. Sempre foi voz forte comunitariamente, comandando várias campanhas institucionais pela cidade, como a vinda da Ufsc, novas empresas, e sempre foi crítico da lentidão no setor público.
Foi filiado ao PL, que hoje é o PR. Convidado pelo senador Luiz Henrique, acabou filiando-se ao PMDB em 2011 já no projeto do partido de reconquistar a maior Prefeitura do estado. O PMDB compôs o governo Carlito até o início de 2011, quando entregou os cargos e definiu o seu projeto. De lá para cá, Udo foi construindo seu caminho, e também as coligações possíveis. Como novato na política – apesar da idade – teve dificuldades no primeiro turno, mas com a força partidária e o interesse do eleitor em mudar a administração, acabou surpreendendo Marco Tebaldi e Carlito Merss e chegou ao segundo turno. Mesmo com um também surpreendente ataque petista com o vídeo da mulher amarrada.
No segundo turno, Udo não recebeu o apoio que se previa do PT. Pelo contrário, não só não veio o PT do Governo Carlito Merss, quanto também não veio o PSDB de Tebaldi. Outra dificuldade do peemedebista foi enfrentar um adversário formado na comunicação, mas o que se viu até aqui foi um avanço considerável na performance de Udo Döhler em debates, entrevistas e sabatinas. Administrador, sentiu-se seguro quando os temas chegaram na gestão. E diferente do que se pensava, sua campanha cresceu e as pesquisas mostram que já há empate técnico com Kennedy Nunes.
Enfrentando as urnas pela primeira vez, com um adversário forte e calejado na arena política, acusações de racismo, maus tratos a trabalhadores, de subordinação ao seu padrinho político Luiz Henrique da Silveira, Udo Döhler chega forte na reta final, cujo resultado é imprevisível, e a diferença será muito pequena. Se a subida nas pesquisas se refletirá nas urnas, domingo saberemos.
Dito isso sobre os dois candidatos a Prefeitura de Joinville, é certo que a empreitada das últimas 48 horas será duríssima para os cardíacos de ambos os lados. Eu já decidi meu voto há muito tempo. Você leitor, se ainda não fez a sua, aproveite nossas considerações aqui no Palavra Livre, converse, discuta, veja novamente quem é quem, suas propostas, se factíveis ou não, e decida seu voto com independência e consciência. Você merece, Joinville merece. Boa sorte à Udo Döhler e Kennedy Nunes. Bom voto a todas e todos!
André Coelho, valeu a tua participação, continue conosco sugerindo, escrevendo, criticando, debatendo, tá certo? Obrigado pelo comentário, abraço e bom voto!
Diferente dos outros anos de eleição em Joinville, assistimos uma cidade mas preocupada em discutir seu futuro. Infelizmente ainda vimos em alguns momentos baixaria e apelação. Mas, ainda assim, foi um avanço. Quem sair vencedor domingo que realmente cumpra com o que prometeu. E ao povo, cabe fiscalizar e cobrar. Parabéns pela analise. Texto imparcial e honesto.
Obrigado Du Von Wolff, em respeito aos leitores, mas com clareza do que representam cada um dos candidatos, e ainda, por existirem dois caminhos a se decidir, é que escrevi. Cabe a cada um decidir, com base no que é real, e do que se conhece de cada um deles, votar consciente. E mais que isso, fiscalizar, acompanhar, cobrar depois tudo o que se disse, prometeu. Continue a interagir com a gente aqui no Palavra Livre, abraço!!
Muito ponderado eprecisa sua analise de ambos os candidatos…sem duvida que o engodo inical proposto pelo projeto politico do K55…foi por terra…e o eleitor…ja tem decidido o caminho q vai tomar…só falta ser avalisado pelas urnas…meu voto tbm ja esta desde o primeiro turno decidido no Sr. UDO…e espero ve-lo nosso prefeito…