Ele não nega um aperto de mão a qualquer pessoa que cruze o seu caminho, e isso desde que se conhece por gente. Bisneto de imigrantes alemães, Raulino Rosskamp, 72 anos, tem como lema que “cumprimento não se nega a ninguém. E o aperto de mão passa energia, principalmente olhando no olho da pessoa”, afirma ele. O hábito o fez ser conhecido também pelo apelido de “mãozinha”, principalmente por sua atividade na política. Raulino foi vereador por quatro mandatos (1962/1969/1976/1982), e deputado estadual (1986). Incansável, trabalhou também no Banco do Brasil onde se aposentou, e foi professor de faculdades e de cursinhos preparatórios para concursos.
Até completar 25 anos Raulino já era funcionário concursado do Banco do Brasil, tinha sido eleito vereador pela primeira vez, se formado em economia e já lecionava. Depois ainda buscou a formação em direito. “Era solteiro, e enquanto os outros só trabalhavam em um lugar, ou faziam outras atividades, eu estudava e buscava fazer mais”, explica. A política já vinha do pai, que era do PRP – Partido de Representação Popular – e ele acabou gostando e participando do meio. “Filiei-me em 1958. Naquele tempo fazer partido era diferente. Tínhamos debates, saíamos em mutirões para limpar ruas, ajudar na comunidade nas horas de folga, sábados e domingos. Hoje é muito diferente”, diz com ar crítico o veterano da política.
Junto da política, Raulino Rosskamp já fazia nome como professor de cursinhos para concursos, e também para o antigo segundo grau. Começou a preparar as pessoas nas casas, depois alugavam salas. Assim o “professor Raulino” estima ter lecionado para pelo menos 50 mil pessoas entre 1959 e 2000, quando encerrou atividades. “Tive 72 professores, e devemos ter aprovado mais ou menos três mil candidatos”, fala com orgulho. Seu lema no cursinho era “nunca aluno fica sem aula, e nunca aula começa atrasada”. Isso talvez explique a longevidade dos cursos preparatórios de Rosskamp. Muito organizado, ele mantém tudo anotado, preserva fotos, documentos, carteiras de trabalho, entre outras raridades da sua trajetória.
Essa determinação e força de vontade ele credita ao espírito dos imigrantes. “Sou descendente deles, e eles sofreram muito aqui, com doenças, dificuldades. Depois a gente foi proibido de falar alemão, enfim, eu pensei: tenho de fazer valer isso, fazer mais”, conta. Na política levou o mesmo estilo organizado e dedicado. Mantinha tudo anotado e acompanhado em fichas, visitava comunidades. Eleito deputado estadual em 1986 pelo PMDB com quase 29 mil votos, perdeu a próxima eleição e não conseguiu mais novos mandatos. “Faltou assessoria de imprensa, foi meu erro. Trabalhei muito e não divulguei adequadamente”, ensina. Além do PRP, Rosskamp também foi filiado à ARENA e ao PDT.
Da sua atividade na Assembleia Legislativa, o homem da mãozinha lembra de ter aprovado o fundo para a manutençao da Acafe, os trabalhos como deputado constituinte, e o apoio a cerca de tres mil famílias que precisavam regularizar seus lotes que estavam em terras de marinha. “Chegaram até a me acusar de incentivador de ocupaçao de mangues, o que logicamente nao era verdade. O fato era ajudar quem lá estava, e precisava de energia, água, etc.”, recorda Raulino. Com tantas atividades, a família sofreu bastante com seu distanciamento por conta da vida pública. Ele rende homenagens à esposa Carmen, com quem é casado há 46 anos, e aos filhos Maurício, Sandra e Ana Carolina. “A Carmen foi muito importante, ajudou muito”, destaca.
Hoje Raulino dedica seu tempo a familia e Sociedade Cultural Alemã, com atividades diversas. Tem agenda com compromissos já para 2012, tudo anotadinho. Como ex-dirigente do Caxias e fundador do Jec, torce pelo sucesso do clube. Continua fã da escola integral implantada pelo líder do PDT, Leonel Brizola, que espera seja implantada de uma vez por todas. Da política atual, diz que a corrupção está muito fácil, profissionalizada com escritórios de consultorias até. Sem filiação partidária, vai continuar militando na politica como cidadão livre. E continua suas caminhadas cumprimentando a todos que encontra nas ruas. “Agora não tem mais voto nos dedos”, brinca.
* Perfil publicado há um ano, aproximadamente, no jornal Notícias do Dia de Joinville (SC).