Eram quatro horas da manhã, em meio a uma longa reunião após o TSE recusar o registro da Rede, quando Marina Silva surpreendeu integrantes de seu próprio grupo político com a proposta de união com o PSB: “Temos de construir o imprevisível, aquilo que não é esperado”, argumentou a candidata, ao propor a composição com o governador Eduardo Campos. Mostrava-se disposta, segundo os aliados, a abrir mão da cabeça de chapa.
Naquele momento, avaliava que tinha duas opções: ou se transformava “numa Madre Teresa de Calcutá” e conformava-se com a retirada de seu nome da disputa ou dava uma resposta ao governo, que teria atuado para “alijá-la” do processo. Marina chamou o deputado paulista Walter Feldman, ex-PSDB, e pediu para contatar o governador.
Feldman falou com os parlamentares do PSB Márcio França, presidente do partido em São Paulo, Beto Albuquerque, líder na Câmara, e Rodrigo Rollemberg (DF), senador. Foi marcada uma reunião na sexta à tarde, na casa do senador, em Brasília. Dali, Feldman ligou para Campos e sugeriu que ele fosse imediatamente a Brasília conversar com Marina. O governador cancelou sua agenda e às 19h30 chegou à capital federal, em meio a uma forte tempestade.
O encontro com Marina aconteceu na casa da chefe de gabinete de Feldman, Patrícia Chaves. A ex-ministra pediu para Campos levar o seu secretário de Meio Ambiente, Sérgio Xavier. A reunião terminou às 22h30. Segundo os presentes, Marina disse a Campos que, caso concordasse com propostas da Rede como as de desenvolvimento sustentável e reforma “das práticas políticas”, então, “estariam juntos”.
Vereador admite inversão de nomes
Integrantes da Rede ressaltam não estar fechado que Marina será a vice. Para o vereador paulistano Ricardo Young (PPS), a candidatura de Campos já está colocada, mas a inversão dos nomes ainda pode ocorrer.
PPS está irritado, mas deve apoiar
Marina se reuniu com dirigentes do PPS na manhã de sábado por duas horas e expôs os motivos pelos quais se uniria ao PSB. Integrantes do PPS ficaram irritadíssimos com ela mas, ainda assim, tendem a apoiarem.
Deputados podem perder mandatos
Os deputados Walter Feldman e Alfredo Sirkis (RJ) assinaram a ficha de filiação no PSB e correm o risco de perderem os mandatos. Feldman estava no PSDB e Sirkis, no PV. Pela lei, só poderiam ingressar em um partido novo.
PT contra fim de Secretaria tucana
Contrário à extinção da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano de São Paulo – anunciada pelo governador Geraldo Alckmin -, o líder do PT na Assembleia paulista, Luiz Carlos Marcolino, apresentou um projeto substitutivo para mudar o nome do órgão e ampliar suas atribuições. Ele quer que o Centro de Estudos da Administração Municipal (Cefam) passe a fazer parte da Secretaria.
Para deputado, Iniciativa é “demagógica”
Ao extinguir a Secretaria, Alckmin “abre mão de uma das poucas proposições positivas de seu programa de governo, em troca de uma iniciativa midiática e demagógica”, diz Marcolino. “É óbvio que a extinção deste órgão não irá trazer qualquer redução significativa na despesa do Estado”. A Secretaria foi criada em 2011 a fim de “elaborar políticas para a região metropolitana”.
Do Brasil Econômico