O verdadeiro jornalismo

jorO jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter. Essa frase não é minha, é sim do grande jornalista Cláudio Abramo.

Um jornalista não representa a ele mesmo, mas sim é a representação da sociedade, a quem pertence a informação verdadeiramente. Aprendi isso na academia, e defendo isso todos os dias.

Agora, o que é caráter? Segundo os dicionários, em síntese caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo ou de um grupo. É um feitio moral. É a firmeza e coerência de atitudes.

E o que é inteligência? Inteligência é a função psicológica responsável pela capacidade que temos de compreender o significado das coisas, de conceituar, de raciocinar.

Então vejam quanto é complexa a ciência do jornalismo! Raciocinar diariamente, e ser firme e coerente no cotidiano… ensina o mestre Abramo.

Faço a reflexão sobre o jornalismo porque há quem reduza a prática jornalística a ouvir os dois lados de um fato. Ou que se apure o máximo o fato, ouçam-se várias fontes, até construir a tal matéria…

Jornalismo não é somente essa pequenez do olhar a partir de um ponto de vista obtuso, unilateral, mas sim vários olhares que buscam atender um só objetivo: informar a sociedade, buscar a verdade para a sociedade.

A profissão é tão importante e séria que já levou outro grande jornalista, Washington Novaes, a dizer o seguinte: “Talvez no futuro a sociedade exija eleger, ela mesma, os seus representantes (jornalistas), em eleição direta, por voto secreto”.

Portanto, há que se exigir dos jornalistas, tantos os que atuem nas redações ou assessorias de imprensa, quanto os que estejam de plantão em algum cargo público de relevância, o exercício do respeito ao público, à inteligência deste público que é a sociedade.

Há que se exigir mais que meros jogos de palavras para confundir, e não comunicar. Há que se ter mais caráter, firmeza, e não virar como biruta de avião a cada vento que lhe interesse, mas servir a quem paga seus salários com base no respeito aos demais colegas, ao valor da profissão, e principalmente, aos cidadãos.

Jornalistas nasceram para contentar os descontentes, e também para descontentar os que estão contentes… inclusive sendo os contentes e descontentes… jornalistas.

Por Salvador Neto.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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