A Comissão Municipal da Verdade de Joinville (CMV) confirmou nesta quarta-feira (27), durante entrevista coletiva à imprensa, que o principal foco dos trabalhos será o depoimento cinco pessoas vítimas diretas ou indiretas da repressão militar, especialmente durante a Operação Barriga Verdade, em 1975.
Para ouvir essas pessoas em audiência pública já foi estabelecido um calendário durante o mês de setembro, na Câmara de Vereadores. A primeira será no dia 2, a partir das 19 horas.
As informações coletadas nesses depoimentos complementarão os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade. “Nosso prazo é até o final de novembro, porém nada impede de prosseguirmos na apuração de fatos relacionados com violações de direitos humanos para resgate da verdade histórica”, enfatizou o coordenador da CMV, advogado Luiz Henrique Lima.
Um dos integrantes da CMV, o professor de história Maikon Jean Duarte, disse que outro objetivo que a comissão pode alcançar é identificar a cadeia de comando das operações de repressão com base em nomes que atuaram direta e indiretamente na repressão. “Uma grande dificuldade em todo país é a identificação desses nomes. A comissão ouvirá vítimas ou acusados que queiram se manifestar. O objetivo é expor o outro lado da história”, explicou.
Durante os 21 anos do golpe militar, de 1964 a 1985, são conhecidos casos de 90 pessoas que foram presas ilegalmente em Santa Catarina, quase todas ouvidas pela Comissão Estadual da Verdade.
“As que ainda não foram ouvidas precisam se sentir encorajadas a falar, seja como forma de colaborar com a verdade histórica, seja na fundamentação de possíveis medidas jurídicas cabíveis”, exortou o jornalista e professor do curso de Jornalismo do Instituto Superior e Centro Educacional Luterano Bom Jesus/Ielusc, Sílvio Melatti.
A Comissão
A Comissão da Verdade de Joinville, criada por lei no dia 26 de junho, é a única em âmbito municipal em Santa Catarina. É composta por dez membros entre titulares e suplentes que representam os poderes Executivo, Legislativo, Ordem dos Advogados do Brasil, Instituições de ensino superior e instituições de defesa dos direitos humanos.
“Além de ouvir as vítimas e realizarmos um resgate histórico daquele período, a comissão será um importante canal para ouvirmos outras pessoas envolvidas nesses episódios e que queiram se manifestar”, explicou o coordenador. Interessados podem entrar em contato com integrantes da CMV pelos endereços eletrônicos comissaodaverdade@oab.org.br, luizhlima@hotmail.com, rossana.cunha@gmail.com e maikon.jean.duarte@gmail.com.