Após as denúncias de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi beneficiado com dinheiro originário de transações fraudulentas, na Petrobras, depositado em contas secretas na Suíça, aumentou o número de parlamentares que exigem o seu afastamento do cargo.
Embora a maioria dos deputados não tenha se manifestado sobre o escândalo, um grupo de parlamentares de partidos diversos, entre eles o PSOL pretende pedir explicações ao colega fluminense, o quanto antes.
— É inadmissível que a Câmara silencie sobre um ato de tal gravidade. O presidente adotou como estratégia se calar, porque, provavelmente, não tenha como se explicar — afirmou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).
Em Plenário, o grupo levantou cartazes com a frase “Cunha não nos representa na Itália, na $uíça e nem aqui”.
A existência de contas no exterior foi revelada após o Ministério Público da Suíça encaminhar ao Brasil os dados das contas bancárias abertas em nome de Eduardo Cunha e de seus familiares.
Na véspera, o parlamentar recusou-se a comentar se era cliente de bancos no exterior ou sobre a denúncia de que recebeu R$ 5 milhões ilegais, como aponta a Operação Lava Jato.
Em depoimento à CPI da Petrobras, em março último, Cunha afirmou, diante dos colegas, que não possuía contas correntes no exterior.
Quando a Procuradoria Geral da república (PGR) denunciou o Eduardo Cunha por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, há cerca de 40 dias, um grupo formado por 35 deputados defendeu ao afastamento do peemedebista da presidência da Casa.
Embora menor, hoje com 28 parlamentares, Alencar acredita que este número crescerá em função do isolamento de Cunha na Câmara, que começa a ser visível após das denúncias da existência das contas no exterior.
Silêncio mortal
Durante as primeiras horas da sessão plenária desta quinta-feira, fustigado pelas perguntas do deputado Chico Alencar, Cunha permaneceu calado.
O parlamentar do PSOL queria ouvir, do suspeito, se recebeu propina do esquema fraudulento investigado pela Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Lava Jato. Cunha não respondeu se tem ou não conta bancária no país europeu, um dos mais antigos paraísos fiscais do mundo.
Chico Alencar não se calou diante do silêncio de Cunha que sequer olhou para ele, e fez de conta que não ouviu a pergunta, no final da sessão.
— É simples assim. A pergunta está reiterada: presidente Eduardo Cunha, tem ou não contas na Suíça sob investigação do Ministério Público de lá, como nos comunica o Ministério Público do Brasil? Será que esse assunto vai ficar abafado aqui na Câmara dos Deputados? — questionou Alencar.
Apesar do tom indignado do parlamentar carioca, Cunha permaneceu alheio seguiu com a votação de um projeto sobre segurança pública: — Como vota a Rede? — concluiu o presidente da Câmara.
Com informações da Ag. Câmara