Na última intervenção do Planalto Central, onde vi e vivi momentos tensos, ameaçadores, mas históricos nesta semana, o dia amanheceu mais quente, nublado, igualzinho o clima político. Vão aqui minhas observações sobre o ambiente de crise.
Nesta manhã os deputados já deram a demonstração das “amenidades” presentes no Conselho de Ética. O presidente Eduardo Cunha já destituiu o relator do caso, o deputado Fausto Pinato (PRB/SP), utilizando linhas do regimento interno para sustentar a decisão que atrasa o seu processo de cassação. Deputados quase se estapearam nesta disputa. Já são seis sessões do Conselho de Ética sem análise e votação.
Ontem o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD/BA) já disse que as ações de Cunha são um golpe. Ameaças, corre-corre nos corredores das comissões, mostram que está na hora de acabar com esta crise. Ou se decide logo quem cai, quem fica, ou o Brasil vai quebrar. Será que não é isso mesmo que alguns setores desejam?
Sobre a derrubada do líder do PMDB, Leonardo Picciani, ontem pela manhã, um dado interessante. A bancada do PMDB catarinense trabalhou unida para apresentar a lista com assinaturas para depor o correligionário carioca.
Desde a quinta-feira passada (3/12) o processo já corria solto pelo Congresso, no Palácio do Jaburú do vice Michel Temer, e teve uma ação destacada de um dos catarinenses, Mauro Mariani, atual presidente do PMDB de Santa Catarina.
Para alguns, Mariani vê no momento atual uma chance de crescer no jogo do poder de Brasília, ou em futuro governo Temer, ou mesmo em continuidade do governo Dilma, superada a crise, coisa difícil de acontecer.
Segundo ele, é preciso jogar para o “time” do partido, e o líder jogava para o time do governo. Outra observação do deputado é que os catarinenses desejam a mudança, majoritariamente, e ele só estaria representando tais interesses. Ao fundo, uma sinalização para um eleitorado conservador, catarinense.
Finalizando, as próximas horas e dias serão fundamentais para que saibamos o que será do futuro do país, de Dilma, Temer e Cunha. O STF deve agir em duas frentes.
Vai afastar Cunha e dar a linha legal do processo de impeachment contra Dilma. É preciso que as armas sejam abaixadas, e o diálogo retorne. A democracia está em jogo. É o que vi, vivi, senti, apurei. Até a próxima!
Por Salvador Neto, editor do Blog Palavra Livre, direto de Brasília.