Impeachment de Dilma é repudiado pela maioria dos brasileiros

Fracassaram as manifestações em favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, realizadas neste domingo, dia 13 de Dezembro, data que marca o aniversário do Ato Institucional número 5 (AI-5), sob o qual morreu um número ainda inexato de brasileiros entre assassinatos, torturas e censura absoluta aos meios de comunicação, no período mais violento da ditadura civil-militar instaurada em 1964.

Os integrantes da ultradireita, responsáveis pela tentativa de golpe ao mandato constitucional da presidenta da República, falharam na mobilização popular.

O fiasco se reproduziu nas principais capitais do país, ao longo do dia, a ponto de as concessionárias públicas de TV — principais mobilizadoras do ato – suspenderem a cobertura ao vivo.

Na Capital Federal, um dos locais em que houve maior participação das forças da direita, desde as últimas eleições presidenciais, as imagens desta vez mostravam um vazio em frente ao Congresso.

O repúdio dos brasileiros à tentativa de golpe por parte dos aliados do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficou visível nos números das manifestações em todo o país. No início da concentração, na Esplanada dos Ministérios, uma das organizadoras gritava em um microfone:

— Cada um de vocês liga para duas pessoas para vir. Precisa desse clamor para o impeachment. Todo mundo reclama do governo, mas não vem para a rua. Temos poucas pessoas — desesperava-se a manifestante golpista, diante a falta de quórum ao ato.

Centro nervoso do golpismo nacional, São Paulo começa a acordar do pesadelo e a Avenida Paulista ficou esvaziada. Os diários conservadores paulistanos não tiveram como esconder o fracasso e noticiaram que, em comparação com as últimas manifestações, esta foi a menor e aquela que menos empolgou o público.

Restou apenas o discurso de um ator pornô como ponto alto da manifestação em favor do impeachment. O líder do Movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores do protesto, Rogério Chequer, tentava justificar a ausência de manifestantes.

— Houve muito pouco tempo de divulgação. É normal que um movimento com menos tempo de divulgação tenha menos gente. Não nos surpreende — alega.

O pato do impeachment
Com a avenida esvaziada, destacava-se o novo mascote do golpismo, um enorme pato inflável que a FIESP levou à avenida, parte de uma campanha pela redução de impostos.

Em contraposição à enorme lista de artistas que vêm manifestando apoio à presidenta Dilma Rousseff, um dos poucos “artistas” que compareceram ao protesto em São Paulo foi o ator Alexandre Frota.

Em Belo Horizonte, até as 14h, cerca de 400 pessoas tinham ido às ruas. O senador Aécio Neves, que há mais de um ano comanda a tentativa de golpe, não apareceu. Outro ausente, o senador Antonio Anastasia (PSDB) culpou o calendário pela baixa adesão.

“É uma época, a meu juízo pessoal, um pouco adversa a esse tipo de manifestação porque estamos praticamente em período natalino”, afirmou. No Rio (foto abaixo), poucas pessoas se juntaram à marcha, preferindo continuar na praia.

Em Curitiba, o movimento a favor do impeachment – que na capital paranaense é coordenado pelo governador Beto Richa (PSDB) e seu primo Luiz Abi Antoun – também fracassou.

Os organizadores esperavam um público de milhares de pessoas nas ruas, mas informações preliminares apontam que apenas 300 pessoas estavam concentradas Praça Santos Andrade às 13h40.

Organizada pelo Movimento Brasil Livre, na atividade em Goiânia, pouco mais de 300 pessoas acompanhavam um carro de som na Praça Tamandaré, no Setor Oeste.

Na cidade, o MBL é coordenado pelo médico Silvio Fernandes, do DEM, afilhado político do senador Ronaldo Caiado, que também não foi ao protesto mais uma vez.

Já no Recife, enquanto a Polícia Militar falava em pouco mais de 600 pessoas, a organização do movimento garantia que havia 2 mil nas ruas. Em outras cidades do Nordeste e no Norte , os atos a favor do golpe parlamentar foram ainda mais pífios.

As imagens, transmitidas por Globo e Globo News, confirmavam o fracasso da mobilização golpista. De acordo com o Brasil 247, constrangida, a emissora cancelou sua transmissão ao vivo.

O jornal O Estado de S.Paulo chegou a publicar uma foto de manifestação do dia 15 de março, como se fosse deste domingo.

Com informações do Correio

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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