A manifestação do Movimento Vem Pra Rua, no Rio de Janeiro, durou cerca de cinco horas e ocupou vários quarteirões nas duas faixas da Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, zona sul da cidade, neste domingo (13). O que mais se viu foram bandeiras do Brasil, cartazes contra o governo federal e o PT, empunhados por manifestantes vestidos de verde e amarelo.
A Polícia Militar acompanhou a manifestação com viaturas e um helicóptero. Não foram registrados confrontos nem incidentes graves. A PM não divulgou número de manifestantes, mas os manifestantes ocuparam cerca de dez quarteirões da orla. A apresentação do hino nacional encerrou a manifestação.
Por volta das 9h, teve início a concentração na altura do Posto 5, seguida de uma caminhada de cerca de dois quilômetros. A diversidade de ideias marcou o encontro. Alguns defendiam a intervenção militar, faixas pediam novas eleições, outras defendiam que o juiz Sérgio Moro, que julga, em primeira instância, os processos resultantes da Operação Lava Jato, se candidate à Presidência da República.
Os manifestantes também levavam faixas contra a legalização do aborto. Porém, a defesa pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva monopolizaram os discursos nos três carros de som.
O analista de sistema Ricardo Meneses, de 33 anos de idade, se manifestou contra o impeachment. “Acho que não é por aí. Temos que pressionar por uma reforma política, porque tirar a presidente não vai mudar nada, só vai enfraquecer o país”, disse.
O pedreiro aposentado Paulo Cordeiro acordou às 4h e saiu de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, de trem, para a manifestação na zona sul. “Vim para melhorar o Brasil, porque está tudo ruim. O custo de vida aumentou e o dinheiro que a gente ganha não dá mais para nada”, disse.
A professora Susana da Costa Santos, 58 anos, veio em caravana de seis ônibus do condomínio onde mora na Barra da Tijuca, zona oeste. “Estamos todos focados em apoiar a Polícia Federal e o Ministério Público, que estão protegendo o povo, que é trabalhador. Estou aqui, porque temos que nos unir por um país sério e justo”.
Moradores de prédios na Avenida Atlântica apoiavam a manifestação com bandeiras do Brasil estendidas em suas janelas. Um avião, que sobrevoou a orla várias vezes com a faixa “Não vai ter golpe”, foi vaiado todas as vezes pelos manifestantes.
Por volta das 15h, os manifestantes começaram a dispersar na altura do Posto 2.
Na concentração, no Posto 5, havia uma fila em frente a uma tenda que colhia assinaturas de apoio à Proposta de Emenda à Constituição 361 (PEC), que propõe aumentar a autonomia da Polícia Federal.
São Paulo
Em São Paulo, manifestantes a favor do impeachment já se concentravam na Avenida Paulista, região central da capital, antes das 14h. Por volta das 10h, chegaram os primeiros caminhões de som dos grupos que organizam o protesto contra o governo.
A maior parte das pessoas veste verde e amarelo ou carrega a Bandeira Nacional. Os manifestantes ocupam a via que, aos domingos, costuma ser fechada aos carros e usada como rua de lazer. Dois bonecos infláveis gigantes, um representando Dilma e outro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em roupas de presidiário, foram instalados no centro da avenida. Nos acessos à via, ambulantes vendem réplicas do boneco e bandeiras do Brasil.
Salvador
Manifestantes contrários ao governo Dilma reuniram-se às 10h, na Barra, bairro de classe média em Salvador. Segundo a Polícia Militar, cerca de 20 mil pessoas participaram do protesto, que se encerrou no Farol da Barra, onde houve dispersão dos participantes por volta das 13h.
O Farol da Barra é um dos principais pontos turísticos da capital baiana. Do local, os manifestantes seguiram para o Mirante Cristo da Barra, outro ponto turístico, onde os participantes posaram para uma fotografia, rezaram um Pai Nosso e aplaudiram, ao meio-dia, o juiz Sérgio Moro, que julga, em primeira instância, os processos resultantes da Operação Lava Jato.
A empresária Maria da Glória Carvalho, 59 anos, diz que está protestando contra a corrupção. “Sou empresária, produtora agrícola e fazendeira. O Brasil está tomado pela corrupção e precisa mudar. Nós precisamos limpar o nome do nosso país”, disse a moradora do Caminho das Árvores, bairro de Salvador.
O ato foi convocado nas redes sociais pelo Movimento Brasil Livre (MBL), principal organizador do protesto, que ocorre simultaneamente em várias cidades do país. Um dos coordenadores do MBL na Bahia, Eduardo Costa, destacou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff como o principal ponto de pauta do movimento. “Fora Dilma, fora Lula, fora PT. Há outras coisas que precisam ser feitas, mas temos que começar por aí, para que outros governantes retomem os rumos do nosso país.”
Recife
A manifestação contra o governo federal, no Recife, levou 120 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, à orla da capital pernambucana, no bairro de Boa Viagem. O ato, que começou às 10h, pediu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sob um sol intenso, três trios elétricos e um carro de som puxavam o ato. Os manifestantes vestiam verde e amarelo e levavam cartazes pedindo o impeachment e criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Muitas bandeiras do Brasil foram levadas, e também cartazes de apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, que investiga a lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos de vários partidos. Até um boneco de Olinda do juiz foi levado para o ato.
A multidão percorreu a avenida da orla no bairro de Boa Viagem, um setor nobre da capital pernambucana. Muitos moradores de prédios que ficam à beira mar colocaram mensagens e bandeiras brasileiras nas janelas em apoio à manifestação. A parte da frente dos edifícios funcionaram como uma espécie de camarote, de onde os recifenses aplaudiam o ato e gritavam mensagens contra o governo.
Fortaleza
Em resposta à manifestação contra o governo federal e contra o ex-presidente Lula, militantes e parlamentares do PT realizaram hoje (13) pela manhã uma carreata pelas ruas da periferia de Fortaleza. O grupo se concentrou no bairro Parangaba e percorreu cerca de 12 quilômetros pelo lado oeste da cidade em direção à orla do bairro Pirambu.
A caravana foi organizada pelo líder do Governo na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), que disse que o evento foi uma preparação para o ato que será realizado no dia 18 de março em todo o Brasil. “É muito importante sermos solidários a Lula neste momento, pelo que ele representa para o povo brasileiro. Isso aqui é só o ‘esquenta’ para o dia 18. Se os manifestantes contra o governo vão botar hoje muita gente nas ruas, nós vamos botar o dobro no dia 18.” Em Fortaleza, o ato vai se concentrar na Praça da Bandeira, no centro da cidade.
Pelas avenidas, várias pessoas nas calçadas demonstravam apoio. Algumas portavam bandeiras vermelhas. Houve também quem se colocou contra a manifestação. A Polícia Rodoviária Estadual prestou apoio à carreata durante o percurso. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social afirmou que não vai se manifestar sobre a estimativa de público do evento.
Brasília
A manifestação em Brasília de apoio ao combate à corrupção e a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, realizada na Esplanada dos Ministérios, terminou ao som do Hino Nacional. Ao final do hino, os manifestantes gritaram “Fora, PT”.
Segundo a Polícia Militar, 100 mil pessoas participaram da manifestação. Não houve ocorrência de atos violentos, segundo a PM, apenas registro de extravio de documentos e atendimento de pessoas com mal-estar. O percurso dos manifestantes começou no Museu da República e foi até o Congresso Nacional, em um total de dois quilômetros.
No país
As manifestações de apoio ao combate à corrupção, contra o governo e a favor do impeachment foram marcadas em mais de 500 cidades pelo país. A maioria delas organizada pelo Movimento Vem pra Rua ou pelo Movimento Brasil Livre. Eventos de apoio ao governo Dilma e a Lula também ocorreram no Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo (SP) e Porto Alegre. A Central Única dos Trabalhadores marcou para o próximo dia 18 manifestações em defesa da democracia em todo país. Em Brasília, manifestação organizada pelo PT que ocorreria na manhã de hoje foi cancelada depois que o governo local invocou a regra estabelecida pela Constituição de que dois eventos públicos ao ar livre não podem ocorrer no mesmo lugar