A volta de quem não foi. Assim pode se resumir a filiação que não se consumou do ex-pedetista, advogado Rodrigo Bornholdt, ao PSL do governador Carlos Moisés. Ex-vice-prefeito de Joinville (SC), ele estava afastado dos holofotes políticos quando anunciou, do dia para a noite, a saída do PDT e a entrada no PSL. Foi uma pequena chama que se apagou na primeira brisa. Bornholdt fez que foi, mas não foi, como diriam na periferia da maior cidade de SC. Perde brilho com este movimento errático. Leia a nota que foi enviada à imprensa:
“Após amplo estudo e reflexão, verifiquei que as atuais diretrizes e a postura do PSL, no âmbito nacional, não convergem com as minhas. Em vista disso, achei por bem não concretizar o processo de filiação ao partido, iniciado no último dia 3 de abril.
Minha vida pública sempre se pautou pelo compromisso com a democracia e com os direitos humanos, como as liberdades e os direitos sociais. Em vista disso, refletindo a respeito da importância de me manter fiel às minhas convicções, entendo como incompatível minha entrada no partido que elegeu o atual Presidente da República, participa ainda ativamente de sua base de apoio e cogitou, no último dia 08/04, inclusive, uma reaproximação formal com ele (conforme declarações da líder do PSL na Câmara dos Deputados).
Desde o início fiz oposição ao atual governo federal, cujo ideário e práticas políticas não estão de acordo com aquilo que defendo. Poderão se perguntar: “Mas ele já não sabia disso antes? Por que então iniciou seu ingresso no partido?” Quando aceitei o convite, acreditei numa cisão definitiva e programática entre o PSL e o Presidente da República, que já deixou o partido; acreditei também na adoção, pelo partido, de uma pauta mais afinada com o ideário social-liberal, própria a seus primeiros tempos e representativa de uma variante da social-democracia.
Refletindo melhor, porém, verifiquei que isso ainda não ocorreu e talvez não venha a efetivamente se concretizar. Recebi e aceitei o convite para ingresso no partido, para ser seu pré-candidato a prefeito. Dadas sua imagem e dimensão na cidade, aliada à força do governador, entendo que teria todas as condições para me eleger e fazer uma gestão diferenciada, num diálogo amplo com a comunidade e com as forças produtivas, dando ênfase ao aprimoramento da rede de proteção social, à consolidação do ensino em tempo integral, ao aprofundamento das práticas democráticas e ao estímulo à geração de renda.
Entendi também, no momento em que iniciei o processo de filiação, como aliás ainda entendo, que no âmbito local e estadual poderia fazer a diferença, aproximando o partido às pautas que defendo. Mas cheguei à conclusão que não teria essa força no âmbito nacional. Que ali os caminhos ainda se desenham e se consolidam de outra forma. Diante disso, reitero, senti que estaria a trair minhas próprias convicções, afinal a atuação, a pauta e as diretrizes partidárias do PSL conflitam com a maior parte daquilo em que acredito.
Em Santa Catarina, entendo e reconheço que a situação do PSL é diferente. O governador Carlos Moisés tem feito até aqui um governo acima das minhas expectativas e tal fato, como já expressara anteriormente, pesou muito na minha decisão de aceitar o convite. Moisés se mostra aberto às questões sociais e comprometido com o jogo democrático, que exige diálogo e respeito às diferenças. Mas não posso me ater unicamente à questão regional, adotando uma linha de pensamento que, ao fim e ao cabo, se revelaria provinciana.
Agradeço imensamente ao presidente estadual Fabio Schiochet, ao governador Carlos Moisés, e ao presidente municipal Derian Campos, pelo convite e pela confiança demonstrada. Minha luta, juntamente com a de companheiras, companheiros e simpatizantes que me deram votações significativas para continuar na vida pública; ou que, mesmo não votando em mim, levam em conta aquilo que temos a dizer, continua. Peço-lhes que estejamos firmes em nosso compromisso com o bem comum, com a democracia, com uma economia inclusiva e com os direitos humanos! Vamos em frente!!
Rodrigo Bornholdt “
Agora o PSL catarinense e joinvilense ficou sem um trunfo, uma novidade. Péssimo para as futuras eleições, se é que elas ocorrerão neste ano. E o PDT volta a ter que criar uma candidatura, que talvez seja a do vereador James Schroeder.