Opinião – Péssimos exemplos

Incompetente para gerir o país, Bolsonaro resolveu agora esconder as mortes por coronavírus (Covid-19) da população, da ciência, das autoridades, dos governadores, prefeitos, buscando assim se esconder da responsabilidade sobre as mortes e contaminações que só fazem aumentar no Brasil. Atitude criminosa, autoritária, que agride aos familiares de quem já perdeu seus entes queridos para esta terrível doença, e pode promover ainda mais mortes diante da desinformação a qual deseja impor.

É simplesmente inadmissível haver apoiadores de tal tragédia humanitária que vemos todos os dias. Claro que Bolsonaro e os seus vivem de tragédias e confusões para encobrir a total falta de capacidade para gerir e liderar o país. Não faz nada para salvar brasileiros, pelo contrário, promove aglomerações, não usa máscara, nega números, mortes, e também nada faz junto com o seu fraquíssimo ministro da Economia, Paulo Guedes, para manter a economia viva, a sua retomada, a garantia de renda a quem não pode voltar ao trabalho, e criar novos caminhos para que empresas e empreendedores possam voltar a produzir, vender e fazer a roda girar.

Bolsonaro governa para defesa dos seus filhos e de apoiadores, não governa para os brasileiros e brasileiras. Bate continência para a bandeira americana, ou seja, soberania do país é zero. Mente repetidamente, e insufla seus apoiadores ignorantes à atacar a democracia, as instituições como STF, Congresso Nacional, ameaçando as liberdades com intervenção militar, atacando a imprensa, e não trabalhando, o que não é novidade haja vista os 30 anos que passou no Congresso Nacional sem um único trabalho a não ser atacar mulheres, direitos humanos, minorias.

Uma coisa somente pode-se dizer que o “presidente” não mentiu. De que ele iria destruir o que estava aí, taokei, sem dizer o que seria isso, e o que viria depois. Está destruindo o país e a paz. A democracia também dá a chance de lastimáveis governos e governantes como ele, péssimos exemplos para as gerações futuras.

Aqui em Santa Catarina parecia que íamos bem. O Governador Carlos Moisés, eleito na onda triste do 17 de Bolsonaro, logo tratou de desatar os laços que tinha com o mandatário maior da nação. Fez bem. Apesar de ter montado uma equipe com nomes desconhecidos, parecia que faria uma gestão inovadora, até quem sabe sepultando governos com hábitos antigos e arraigados de troca-troca de cargos, etc. O poder lhe subiu a cabeça, tanto que passou a ignorar os demais poderes, brincando de governar sozinho…

Negado ao diálogo, só fez falar por longos meses em lives e redes sociais. Até que começou a pandemia. Tomou alguma posição firme com a quarentena, isolamento social e máscaras, pedindo que a população catarinense ficasse em casa. O poder econômico e empresarial não gostou muito, mas engoliu. Repentinamente mudou de ideia e começou a liberar geral, e os números subiram na contaminação e mortes. Não aguentou a pressão do capital. Vieram pedidos de impeachment na Assembleia, aonde Carlos Moisés já tinha arrumado inúmeros inimigos.

Aí eis que o decreto de calamidade voltado a agilizar medidas contra o coronavírus, para termos mais leitos, UTIs, etc. Apareceu um tal de hospital de campanha que seria em Itajaí (SC), por módicos R$ 76 milhões, sem licitação. O berreiro foi geral e ele teve de cancelar. O modus operandi voltou agora com a compra de 200 respiradores inexistentes por apenas R$ 33 milhões, pagos antecipadamente de forma fraudulenta, diz o MPSC, com envolvimento do seu braço direito, Douglas Borba, agora ex-secretário da Casa Civil. Até o secretário da Saúde, Helton Zeferino, caiu por conta desta barbaridade… também não é?

Fechado na Casa da Agronômica, falando somente unilateralmente por via das redes sociais, chegou a cúmulo de pedir a empresários que parassem de anunciar em veículos que falassem mal do seu governo. Piada. A mesma rede que espalha, espalhou o que ele não queria, o vídeo desta conversa marota. Não dá entrevistas, não gosta da imprensa, e diz que gosta nas redes. Não pegou. Perdido, resolveu trocar secretários, colocando novos nomes na Casa Civil e Comunicação. Mas se o governador não muda, não são eles que farão milagres. E aí lá vai Carlos Moisés a um evento de festa junina em hotel famoso de Gaspar (SC). Descumpriu seu próprio decreto, não usou máscara, aglomerou… E só fala por nota oficial que não diz nada.

Péssimo exemplo para a sociedade que está sofrendo com isolamentos, falta de renda, trabalho, contato social, e ainda vê quem deveria liderar objetivamente estar a rasgar sua própria lei e exigências. O fato ocorreu enquanto seu ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba, era preso preventivamente na Operação Oxigênio, do MP/SC, que investiga aonde foram parar os R$ 33 milhões dos não respiradores… sim, eles ainda não apareceram.

A semana promete fortes emoções na CPI da Assembleia Legislativa. E seria ótimo se Carlos Moisés viesse a público pedir desculpas aos catarinenses por burlar sua própria lei. Democracia exige diálogo.

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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