Com o título “Construir ou “queimar” as pontes?”, o Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville e Região (Sinsej) reagiu à entrevista do prefeito de Joinville (SC), Udo Döhler, a um diário da maior cidade catarinense de que a concessão de aumentos salariais aos servidores públicos não seria possível este ano. Ele usou a palavra “nula” para qualificar as chances de aumentos.
Ulrich Beathalter, presidente do Sinsej, enviou o texto que segue abaixo, o que prenuncia dias para lá de nebulosos ao governo Udo, que não tem conseguido agradar nem a gregos, nem a troianos. Leia o texto do Sindicato:
“Estampada na capa de jornal na data de hoje (12/6) está a declaração do prefeito Udo Döhler (PMDB) de que não há “margem para reajuste salarial”. Para ser mais preciso, o subtítulo da chamada diz que “a chance de conceder aumento aos 12 mil servidores neste ano é nula”. Estratégia da gestão para a Campanha Salarial deste ano ou mais uma trapalhada homérica da gestão municipal?
O próprio colunista Claudio Loetz reflete que “‘queimar pontes’, agora, impedirá acordos satisfatórios”. É uma reflexão justa e necessária. Ao longo dos últimos anos, a Prefeitura sempre acusa seus servidores e o sindicato da categoria de ser inflexíveis. Mas o que pretende o governo com uma declaração como essa, a três meses da data-base?
Mais uma vez, a gestão do prefeito Udo Döhler se enrola num mar de contradições. Investiu pesado numa imagem de governo que dialoga, que ouve os anseios populares. Para se eleger, classificou o servidor público de “protagonista da gestão”. Incansáveis vezes, repetiu discursos de valorização dos servidores. Na vida real, não recebe o sindicato da categoria desde setembro do ano passado e mantém vários acordos das campanhas salariais anteriores sem aplicação.
Para piorar, em dois dias seguidos as capas dos jornais retratam mensagens diretas aos servidores, sem que em momento algum o governo tenha dialogado ou ouvido o conjunto da categoria. Na data de ontem, foi o anúncio de fusão e transformação de fundações em secretarias. Só a Secretaria de Educação incorporaria a Fundação de Esportes, a Fundação Cultural e o Turismo. Aparentemente, o Prefeito Udo Döhler quer transferir Arte, Esportes e Turismo para o financiamento da Educação, o Fundeb. Se já temos problemas imensos na rede regular de ensino, imagina com a absorção de mais custos.
Mas o comunicado mais irresponsável foi o de hoje. Sem qualquer dado concreto, baseando-se em suposta “dura realidade macroeconômica”, o prefeito anuncia de forma muito precipitada que não reajustará os salários dos servidores. Num ano em que a inflação tende a galopar, com todo o aumento das tarifas públicas e dos preços em geral, Udo Döhler antecipa que seus subordinados não poderão nem recompor seu poder de compra. Uma provocação insana, que somente consegue irritar os trabalhadores. Distante demais da intenção de “valorizar os protagonistas da gestão”.
Essa afirmação do prefeito contraria toda a lógica de sua propaganda. Udo Döhler encerrou o ano de 2014 gabando-se das contas do município, do feito de pagar as dívidas e estabilizar a vida econômica da Prefeitura. Menos de dois meses depois, na hora de começar a pensar em valorizar os servidores, o discurso muda completamente. Vale registrar que, de fato, as contas da Prefeitura vão de vento em popa. Há muitos anos o comprometimento da folha em relação à receita não está tão baixo. Depois dos picos de 50% no governo Carlito, baixou para a casa dos 46% na gestão Udo.
Se o recente anúncio do Prefeito é parte de sua estratégia para as negociações deste ano, Udo Döhler comete um erro colossal. Ao invés de amedrontar os servidores, consegue apenas irritar mais ainda uma categoria que já pena com muitos ataques e falta de cumprimento de promessas. Se foi mais um “deslize” da sua comunicação, esperamos que a divulgação seja corrigida.
Ulrich Beathalter, presidente do Sinsej”