Vice presidente da República, o advogado Michel Temer comunicou, no início da tarde desta segunda-feira, sua saída da articulação política do governo.
Como segundo na hierarquia de poder, Temer deixa as negociações sobre cargos e emendas parlamentares para o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, e passa a se dedicar apenas aos movimentos mais amplos da política nacional.
O comunicado aconteceu durante reunião fechada com a presidenta Dilma Rousseff, que convocou o encontro na tentativa de demovê-lo da decisão.
Embora permaneça como um dos principais aliados do governo, o PMDB se fraciona mais uma vez após a decisão do presidente da legenda de se afastar da coordenação política.
Temer foi alvo de críticas, por parte de líderes do PT, ao afirmar que o país precisa de “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”, com se ele fosse a solução para a crise política no país.
A saída de Temer também abre possibilidade para que o PMDB deixe a base de sustentação do governo, o que poderá elevar, ainda mais, a temperatura do ambiente político atual.
Temer vinha desempenhando a tarefa conter rebeliões internas dentro do PMDB lideradas, na quase totalidade, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário declarado do governo.
Michel Temer, em conversa com jornalistas, chegou a reconhecer que errou ao ter sido “honesto demais” sobre a crise política do governo Dilma.
– Eu acho que o meu problema foi ter sido honesto demais. Ensaiei aquela fala, porque sabia da sua importância e não queria errar. Meu objetivo era fazer um chamamento pela unidade do país – afirmou ele.
Segundo afirmou, sua intenção era a de ajudar o governo e o país e não causar mais celeumas. Desde então, aliados do governo viram na afirmação um sinal de conspiração contra o governo. O PMDB saiu em defesa de Temer, que preside a legenda.
Ao longo deste final de semana, presidentes de diretórios estaduais do PMDB reuniram-se, na tentativa de redigir uma carta aberta a Temer pedindo que ele abandone imediatamente a articulação política do governo e que a sigla desembarque da base aliada, no Congresso. O documento, no entanto, ainda não foi divulgado.
O grupo tende a ampliar a voz dos setores que pedem a antecipação do Congresso Nacional do partido, previsto para novembro, que vai deliberar sobre a permanência ou não do PMDB na base aliada da presidenta.
Panos quentes
Nas últimas horas, articuladores da bancada petista também tentaram que Temer desistisse da ideia de deixar a articulação política do governo.
Emissários do ex-presidente Lula também fizeram contato com auxiliares de Temer, sem sucesso. Apesar da decisão de deixar, oficialmente, a coordenação política, Michel Temer teria combinado com a presidenta Dilma, durante a reunião desta manhã, que seu objetivo é deixar de lado o varejo no trato com os parlamentares.
Presidente do PMDB e segundo na escala de governo, Temer passará a cuidar apenas da ‘macropolítica, sem responsabilidade por cargos e emendas parlamentares.
Com informações do Correio do Brasil