Em 1989 os eleitores brasileiros voltavam a exercer o direito de escolher o presidente do Brasil. Duas décadas depois, as eleições são uma rotina e a democracia está consolidada no país.
Passados 25 anos do final da ditadura militar, a democracia brasileira parece não correr mais riscos. Neste domingo (03/09), 135,6 milhões de eleitores vão às urnas em clima de tranquilidade, sem se sentirem ameaçados por uma volta ao Brasil do período imediatamente anterior a 1985.
“O governo Lula ajudou muito a consolidar a democracia no país, fez mudanças muito positivas na sociedade e fortaleceu suas instituições”, diz a pesquisadora alemã Susanne Gratius da Fundação para Relações Internacionais e Diálogo Exterior (Fride), com base em Madri.
Para quem acampanhou as mudanças de perto e estuda o assunto, um pouco da emoção da luta pela democracia foi perdida ao longo dos anos. “Com a consolidação da democracia, a vida política se torna mais previsível, menos pujante – segundo alguns, mais chata, mesmo – e mais institucionalizada”, diz Eduardo Cesar Marques, um dos coordenadores da Associação Brasileira de Ciência Política.
O clima democrático, a inclusão social e a participação política são processos de mudança social bastante lentos e desiguais num país continental e de imensa diversidade regional como o Brasil, afirma Walquiria Domingues Leão Rego, professora da Unicamp.
“Há regiões onde a participação é tradicionalmente muito mais efetiva e o velho coronelismo tem sido abandonado; em outras regiões, no entanto, ainda se assiste à presença forte de velhas oligarquias, que exercem muito controle sobre os governos regionais e locais”, afirma Walquiria.
Exemplo
E para a maioria dos eleitores brasileiros, que tem entre 25 e 34 anos e não assistiu à transição para a democracia, a mensagem do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, foi especialmente dirigida: “O sagrado direito de votar foi duramente reconquistado pelos brasileiros, em um passado ainda recente, depois de intensas lutas e muito sofrimento”, disse em rede nacional na véspera da votação, convocando todos a participar da “eleição mais limpa da história”.
Passados 26 anos do movimento das Diretas-Já e 21 anos da escolha do primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960, o Brasil passou a ser um exemplo de democracia na América Latina, lembrado também por seu avançado sistema de votação eletrônica.
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