Brasília amanheceu na quarta-feira com uma leve brisa, céu aberto, sol forte, com a velocidade política a mil. A rebelião contra o líder do PMDB, Leonardo Picciani, avançava, o Conselho de Ética se reuniria, Dilma e Temer sentariam para discutir a relação. Enquanto isso, as conspirações avançavam. Algumas notas aqui direto do Planalto:
Picciani fora
Logo pela manhã, os deputados do PMDB contrários ao então líder Picciani, considerados por eles como governista, o destituem da liderança do partido na Câmara com a apresentação de lista com 35 assinaturas, mais de 51% do total previsto para a Comissão de Análise do Impeachment. Leonardo Quintão, do PMDB mineiro, assumiu. Mais um ponto para a oposição.
Picciani dentro
Leonardo primeiro, o Picciani, não se dá por vencido. Mandou avisar que o dia a dia em Brasilia pode mudar a qualquer hora. Com a volta de deputados federais do RJ, seu estado, aos mandatos, deverá apresentar nova lista. “Quem sabe volto logo”, comentou. PMDB rachadíssimo. Temer por trás da articulação, magoado com o jovem deputado carioca.
Fachin zera tudo
O ministro Fachin, do STF, zerou o jogo do impeachment até dia 16 de dezembro. Segundo ele, a corte vai dar o rito do processo na Câmara. Cunha, que anda colocando cunha em tudo, não gostou. E avisou que o legislativo ficará “paralisado” até o STF decidir. Vergonha nacional.
Temer mi mi mi
O vice-presidente da República, Michel Temer, ganhou o apelido “mi mi mi”, depois da sua carta DR para a presidente Dilma. E deixou mais claro a infantilidade do gesto, e o quanto o poder corrói, ao dizer claramente que trabalhou contra o seu líder Leonardo Picciani. Já imaginaram Temer presidente?
Cunha Imperador
Eduardo Cunha, ainda impune mesmo com provas robustas de recebimento de propina e evasão de dividas para a Suiça, aproveita toda a força do poder da Presidencia da Câmara para impedir a ação do Conselho de Ética que deve votar a abertura do seu processo de cassação. Nesta quarta, eu vi com meus olhos o então relator Fausto Pinato ser defenestrado da condição de relator com apenas um oficio da mesa diretora. Cunha diz que não foi ele, foi seu vice…. então tá.
Cunha Imperador 2
Sabendo que será imolado, mais dia, menos dia, Eduardo Cunha não tem pudores no uso da força do cargo. Tinha sonhos de chegar à Presidencia da República, mas a arrogância, e o dinheiro da Suíça, o derrubaram. Já pensarem este comandando o Brasil? E é ele que orquestra, ao lado do vice Temer, essa bagunça em que virou a crise política que paralisa o país.
Cunha Imperador 3
PSol e Rede entraram ontem com pedido no STF para o afastamento temporário do presidente Eduardo Cunha. Alegam o que todo mundo sabe, ele usa o poder para atrasar seu julgamento e atacar adversários. Outra noticia que circula é que a PGR, com Rodrigo Janot, deve pedir também o mesmo ao STF ainda esta semana. De fato, essa medida pode ser inóqua porque Cunha só tem aliados na mesa. Quem assume faz o que ele manda. Ou fazem algo, ou entreguem logo a coroa ao Cunha. E voltemos à monarquia.
Por Salvador Neto, editor do Blog Palavra Livre, direto de Brasília