Até pouco mais de um mês atrás o mantra diário no Brasil era “reduzir o Estado”, cortar privilégios. Empresários e suas confederações cobravam do Governo Bolsonaro a agilidade necessária para “modernizar” o país e assim garantir os “investimentos externos” que colocariam a nossa nação entre os primeiros do mundo. Isso é, a grosso modo, o tal do “Estado Minimo”, defendido pelos liberais e pelo ministro Paulo Guedes, sim este o pai do pibinho de 2019.
Eis que aparece um personagem que não estava no elenco e tampouco no script pretendido: o coronavírus, ou mais bonito, o Covid-19. Repentinamente o empresariado, federações e confederações empresariais, defensores ardorosos do “Estado Mínimo” passaram a clamar por quem? O Estado forte, grana sem juros, com carência total, financiamentos a fundo perdido, salvamento das suas empresas com o escudo, claro, dos empregos dos trabalhadores, etc, etc, etc…
Trago o tema porque sempre entendi que um Estado forte promove a economia como um todo, nas épocas de crise e também nos tempos de vacas gordas. No capitalismo não existe meio termo. Quem tem os recursos de produção e a grana manda, e quem não tem depende muito de um “colchão” de segurança que só o Estado dá. Não há solidariedade no capitalismo, e se existe, é somente quando o capitalista precisa desesperadamente da mão de obra do trabalhador. Se não, vale só a meritocracia tão defendida.
Reconheço a importância dos empresários, afinal são empregadores de pessoas que preferem a segurança dos direitos trabalhistas e previdenciários à inconstância de empreender. Mas é difícil engolir que agora, quando eles deveriam trazer de volta os vultosos lucros de recursos que estão em algum lugar, banco, país, para “salvar” o país, eles entrem na fila para “ganhar” apoio de quem? Do Estado que eles tanto querem ver pequeno… Quem precisa muito, mas muito mesmo do Estado é o povo trabalhador, das favelas, das periferias, estes mesmos que eles negaram a previdência social digna, pensões, etc.
A contrapartida destes empresários agora é manter empregos, pagar salários, ajudar no combate à pandemia sem pedir nada em troca. Deixem o Estado Forte para quem precisa comer e não tem de onde tirar os seus ganhos! Essa lição deve ser aprendida por estes defensores do Estado Mínimo. Não existe Estado Mínimo que garanta um país desenvolvido econômica e socialmente. Coloquem as mãos nos bolsos senhores, ou pelo menos encerrem este discurso vazio de coisas mínimas… Precisamos de um Estado Forte para ter um Brasil desenvolvido. Sem um Estado forte seremos sempre terceiro mundo, sem pesquisa, ciência, sem indústria forte, e mais suscetível à quebrar a cada crise. É isso.