Uma ótima notícia para os trabalhadores e trabalhadoras da falida Busscar, que foi uma das maiores fabricantes de ônibus do Brasil. Daqui 15 dias iniciam os pagamentos aos credores trabalhistas do grupo Busscar, de Joinville. A liberação dos recursos foi autorizada pela 5ª Vara Cível da Comarca de Joinville, sob a titularidade do juiz Edson Luiz de Oliveira. Em 20 de fevereiro passado, o Juiz havia liberado os R$ 40 milhões, e agora será feito o depósito em conta, dinheiro para o bolso destes trabalhadores.
Nesta etapa, serão beneficiados 2.301 ex-funcionários das empresas do grupo, que receberão seus créditos até o máximo de R$ 50.000,00. Os pagamentos serão de responsabilidade do Administrador Judicial (Instituto Professor Rainoldo Uessler), de Florianópolis, estimando-se que mais de 90% dos credores dessa classe (trabalhistas extraconcursais) terão seus créditos integralmente liquidados.
A relação dos credores beneficiados será publicada no diário oficial, em jornal de circulação local e na página do Administrador Judicial, estando também disponível no processo. O Palavra Livre compartilha aqui um link para acesso à lista. “Estamos desenvolvendo tudo quanto é possível para que os credores prioritários [os trabalhadores] sejam pagos com estes recursos. Serão 40 milhões de reais injetados na economia do Estado, nesses tempos difíceis de confinamento por conta da pandemia”, destaca o magistrado.
Má gestão e ilusionismo
O grupo Busscar, com sede em Joinville (SC) foi uma das mais importantes fabricantes de ônibus do Brasil. Como jornalista contratado para gerenciar a comunicação do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região, atividade que exerci entre os anos 2000 a 2013, vivenciei o primeiro processo de quase falência, quando a Busscar conseguiu R$ 40 milhões junto ao BNDES graças ao aval do Sindicato, lideranças políticas e boa vontade do então governo de Lula, e salvou-se por alguns anos.
A partir de 2008 a empresa começou a mostrar sinais de novos problemas financeiros. Fechados em família, a família Nielson não aceitou as inúmeras sugestões feitas inclusive pelo Sindicato dos Mecânicos, e foi afundando a empresa em decisões erráticas, gastos desnecessários, messianismo religioso dentro das fábricas, até que entrou em recuperação judicial e finalmente a falência. Milhares de trabalhadores só não passaram fome por mobilização do Sindicato junto à sociedade joinvilense, arrecadando alimentos.
Uma verdadeira guerra de comunicação foi travada contra o Sindicato, que desejava uma saída simples: que os donos vendessem suas participações para novos empreendedores, fatos que acompanhei de perto com muitos deles vindo para reuniões exaustivas. A teimosia em vender uma imagem de recuperação que nunca veio, deixou milhares sem receber salários. A foto de abertura da matéria, de autoria de Fabrizio Motta, mostra uma das assembleias de trabalhadores realizadas na sede esportiva do Sindicato em 2012, negando a proposta da Busscar. Logo a seguir seria decretada a falência. Naquele ano, os trabalhadores já estavam há dois anos sem salários.
Agora pelo menos devem receber algo neste momento duro que passamos por conta da pandemia do coronavírus que ataca a saúde das pessoas e por consequência, a economia e empregos. Dinheiro devido há anos, que chega em boa hora.
* com informações da Ascom/TJSC – Tiago Dias