Uma portaria da Secretaria de Educação e Cultura do Governo do Estado de Santa Catarina, datada de 20 de abril de 1961. Papel já amarelado pelo tempo, datilografado (alguém lembra o que é isso?), e assinado pelo então governador Celso Ramos de próprio punho, nomeava a então professora normalista Isolde Bäer para o cargo de Diretora do Grupo Escolar Prefeito João Colin a contar do dia 1o. de março de 1961. Que achado! Esse documento foi guardado por minha mãe, a dona Isolde Bäer, hoje Isolde da Costa, uma das primeiras diretoras daquela escola joinvilense que homenageia o ex-prefeito de Joinville (SC), João Colin.
Pesquisando um pouco na internete achei um vídeo no Youtube dos formandos da escola em 2008, quando completou 50 anos de fundação, e o que encontrei? Um documento, logo no início, com o nome dela! Que fantástico ver um pouco da obra dessa guerreira que é a dona Isolde. Veja o vídeo no link .
Ela nasceu exatamente na cidade de Ilhota, mais precisamente no distrito do Alto Baú, o mesmo que foi diluído nas enchentes do final de 2008, lembram? Pois é, de lá ela e seus pais Helmuth Bäer e Mercedes Bäer rumaram para Jaraguá do Sul para tentar vida melhor. Pouco tempo depois já estavam, ela, seus pais e seus irmãos Nelson, Dionísio e Lurdes em Joinville, onde fincaram raízes. Isolde correu atrás. Com o pai sem recursos financeiros para manter a todos em casa, ela foi estudar no internato, à época conhecido como Ginásio São Vicente de Paula, hoje Colégio dos Santos Anjos. Ali estudou até 1957, quando se formou professora normalista, denominação que se dava naqueles anos.
No ano seguinte o governador Jorge Lacerda inaugurava então o Colégio João Colin, no velho Itaum, berço de grandes nomes da cidade, mas naqueles idos, um lugar perigoso e ainda pouco habitado. Isolde não hesitou em aceitar a vaga no João Colin, que poucos queriam. Três anos depois já era nomeada diretora, e fez um trabalho que é reconhecido até hoje. Alunos dela ainda se lembram da sua dureza parar ensinar, e da sua vocação para fazer acontecer, formando várias gerações. Infelizmente, ela deixou o magistério em 1966 antes deste jornalista nascer, a pedido do marido, para cuidar da casa e dos filhos dele (era viúvo), e deste que vos escreve, que chegaria ao mundo um ano depois. Acabou ali uma carreira que certamente seria digna de homenagens.
Grande mãe, guerreira, trabalhadora e inteligente, anos depois após perder o marido, e com o segundo filho nascido com problemas de deficiência intelectual, Isolde voltou à luta na Associação de Pais, Funcionários e Amigos do CERJ, Centro de Educação e Recreação Juvenil, onde seu filho pode ter educação para o trabalho, e onde ficou como presidente até 2009, quando deixou seu último mandato devido a ter sofrido um acidente vascular cerebral em 2007, no dia da sua posse para esse último mandato.
Ver uma figura tão pequena quanto ela em estatura física, mas tão grande em estrutura moral, me deixa orgulhoso. Viúva há 22 anos, dedicou sua vida a cuidar dos outros, solidária como é até hoje. Parabéns Isolde, minha mãe, eterna educadora prestes a completar 73 anos. Preservarei para sempre a sua memória quando um dia o Criador decidir lhe convocar para novas missões.
Olá Dilma, que legar ler essa sua mensagem! Grandes tempos aqueles que vivestes né… Dona Isolde é minha mãe, e ela sempre fala deste tempo com amor. Feliz por saber que ela tem presença na sua vida também. Conte mais histórias daquela época! Hoje ela tem 83 anos, superou um AVC há 14 anos, e vive comigo.
Que lindo saber de um personagem que tb fez parte da nossa História.
Fiz parte das primeiras turmas do Grupo João Colin e D.Isolde era a diretora..talvez ainda antes de ser nomeada pelo governador.Era uma pessoa severa ..que todos respeitavam..nunca vou esquecer da chamada que tive num recreio..por ter invadido o espaço onde ficava a bandeira.
Tenho muitas outras histórias.. inesquecíveis professoras..D.Isolde.
Obrigado Mário! Que bom saber de tanto carinho por ela, por você ter sido um dos alunos dela, memória viva da Isolde professora, educadora, orientadora, uma cidadã. Tenha a certeza de que ela não te esquece jamais amigo, sempre fala de você. Forte abraço emocionado, valeu!
Obrigado Shirley, muito legal a tua participação aqui no blog. Continue escrevendo, lendo e divulgando nosso conteúdo. Pois é, minha mãe cuidou de mim, e agora eu cuido dela, e aprendo muito com a sua experiência. Contar um pouquinho da sua grande história é o mínimo que devo fazer. Abraço!
Salvador gostei da sua hist., isso mostra o amor e o carinho que tens por sua mãe, e tudo na nossa vida vem do nosso principio “familia”.Que Deus seja com você. Um bom final de semana,abraço.
Salvador,
Magnífico texto. Leve à sua mãe o meu abraço carinhoso e transmita que entre as minhas lindas lembranças de momentos marcantes está o fato de ser alfabetizado pela DONA ISOLDE e que Deus ainda me deu o privilégio de tê-la mais perto de mim, transformando-me em seu vizinho, como se para não deixar que os outros prazeres que eu tivesse pela vida, me fizessem esquecer daquele baixinha e delicada mãe que tive naquele ano de escola. Dona isolde é inesquecível no meu coração.
Passado tanto tempo, amigo Sandro, dificilmente alguém lembraria não é mesmo? Mas ela mesma, guardando seus documentos, encontrou as portarias que a nomeavam, e isso me fez escrever um pouquinho da sua história. Obrigado pela participação amigo, continue por aqui, abraço!
Parabens pela homenagem a sua mãe Salvador. Não sabia que ela já foi diretora do João Colin… muito legal!!!
Abraço!!