Perfis: Maria Lúcia Gesser – Saúde com ervas medicinais

Ela se criou na roça, foi empregada doméstica, professora de escola isolada, dona de casa, mas hoje é a famosa Lúcia, a mulher que ajuda as pessoas a encontrar mais saúde e bem estar por meio da bioterapia, do uso de ervas medicinais e mudanças de hábitos alimentares e de vida. Nascida em Major Gercino no Vale do Rio Tijucas há 42 anos, essa loira de olhos claros cativa pelo bom humor, e é em sua casa no bairro São Marcos, ao som de tucanos, sabiás, bonito-lindos, canários e outros pássaros que ela atende pessoas vindas de todos os lugares do Brasil, e até do mundo.

Essa caminhada que a levou ao estudo da fitoterapia e uso do método bioenergético – hoje ela é pós-graduada no assunto – começou com ela mesma. “Eu busquei tratamento para minha obesidade e hipertensão. Perdi 35 quilos, mudei meu modo de vida, busquei conhecimento com vários cursos. Hoje estou podendo ajudar outras pessoas a encontrar seu bem estar”, conta Lúcia. No começo ela atendia na sua pequena casa, de chão batido, umas três pessoas por semana. Após um ano já precisou fazer agendamento para organizar tanta demanda. “Nunca fiz propaganda, só o boca a boca deu resultado”, comenta sorrindo.

O tratamento que ela orienta é feito basicamente à base de chá feito com ervas medicinais, utilizando folhas de camomila, ipê roxo, cavalinha e outras, tudo com base no diagnóstico feito com o método bioenergético. Segundo o site da Associação Brasileira de Saúde Popular (Abrasp) – WWW.biosaudebrasil.org.br – o método consiste em manter o corpo humano com sua corrente de energia forte e em sintonia com a natureza. A essa corrente de energia se denomina bio-energia, e com base em um teste específico feito por duas pessoas, é prescrita a forma de tratamento.

As ervas vem de fornecedores certificados, e ela as embala na dose certa. “Cada pessoa leva suas doses e tem de fazer tudo correto, para que os resultados sejam bons. Tem de perseverar e não parar de fazer”, explica ela. De todos os clientes que ela atendeu nestes 13 anos de atendimento, cerca de 80% continuam a lhe visitar. “Acho que eles nunca foram doentes, sempre buscaram a prevenção, e foram adeptos ao uso de chás”, revela. O atendimento é feito por agendamento nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre à tarde. Mas sua rotina não fica somente restrita a esses dias.

“Para atender bem, é preciso estar bem”, ensina. Todos os dias ela caminhar e corre às seis da manhã. Depois retorna para suas atividades de casa, preparar os chás em pacotinhos. Ela também atende, em horários especiais, a portadores de HIV e pessoas que sofrem preconceito. As principais doenças que surgem em seu consultório tomado de diplomas na parede são o câncer, alcoolismo, drogas, obesidade, mas o que mais tem aparecido são casos de depressão. “A humanidade não tem mais tempo para ouvir, e aqui eles encontram um ouvido para desabafar”, comenta Lúcia.

Não bastassem todas as atividades, ela ainda dá conta de fazer voluntariado no CVV Samaritano, Alcoólicos Anônimos, e também pratica o Reiki. É casada e mãe de três filhos. Em mais de uma década de trabalho na saúde, Lúcia atendeu e atende não só pessoas de Joinville, mas de toda Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, famílias da Alemanha, italianas, chinesas e até um casal de Portugal. Sobre o que considera mais importante em seu trabalho ela diz: “O mais gratificante é receber o reconhecimento e o carinho das pessoas, porque meu objetivo é o bem estar dos meus clientes”, finaliza.

Serviço: Atendimento natural com ervas medicinais, fitoterapia por método bioenergético
Quem: Lúcia Gesser – Bioterapeuta e fitoterapeuta pós-graduada
Onde: rua Fernando Drefahl, 284 bairro São Marcos em Joinville (SC)
Como: atendimento por agendamento pelo fone (47) 3438.0246
Dias de atendimento: segundas, quartas e sextas-feiras a partir das 13 horas

* perfil produzido e não publicado em jornais impressos até o momento.

Negros: desigualdade no acesso ao ensino superior permanece

Apesar das políticas afirmativas adotadas pelas universidades brasileiras para ampliar o acesso da população negra ao ensino superior, 123 anos depois da Abolição da Escravatura permanece o hiato em relação à população branca. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que entre 1997 e 2007 o acesso dos negros ao ensino superior cresceu, mas continua sendo metade do verificado entre os brancos.

Entre os jovens brancos com mais de 16 anos, 5,6% frequentavam o ensino superior em 2007, enquanto entre os negros esse percentual era 2,8%. Em 1997, esses patamares estavam em 3% e 1%, respectivamente.

Para o professor Nelson Inocêncio da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), a velocidade lenta do impacto das políticas públicas ocorre em função dos anos de atraso do país para reconhecer as diferenças de oportunidades dadas a negros e brancos.

“O Estado brasileiro se absteve por muito tempo e ficou ausente no que diz respeito à questão das políticas públicas para essa população. Falamos de 1888, final do século 19, e terminamos a primeira década do século 21 com problemas seríssimos no que diz respeito à população negra”, afirma.

A UnB foi a primeira federal a implantar o sistema de cotas para negros no vestibular e 4 mil alunos já ingressaram na universidade por esse mecanismo. Silva acredita que esses números devem ter avançado desde 2007, já que atualmente cerca de 100 instituições públicas de ensino superior adotam algum tipo de política afirmativa. O principal benefício que as cotas terão no futuro, na avaliação dele, é aumentar a representação dos negros em cargos importantes.

“Quando falamos de universidades federais, não há dúvida de que elas formam pessoas que cedo ou tarde vão participar da classe dirigente deste país. Então sabemos que, pelo menos com essa formação, o aluno terá no futuro uma situação diferenciada”, ressalta o professor.

De acordo com o último Censo da Educação Superior, 10% dos ingressos de novos alunos nas universidades públicas ocorreram por meio de sistemas de reserva de vagas. Os dados apontam que 69% usaram como critério o fato de o candidato ter ou não estudado em escola pública. Um quarto das reservas de vagas foi preenchido a partir de critérios etnorraciais. Desde a sua implantação na UnB em 2004, o sistema de cotas tem sido muito criticado por ser considerado injusto com o restante dos estudantes não negros. Silva ressalta que ele precisa ser analisado do ponto de vista histórico.

“Não é possível a gente querer entender a partir do aqui e agora, é preciso voltar ao século 19, às políticas do Estado brasileiro de favorecimento das populações europeias para entender porque afinal de contas temos que desenvolver uma política de inclusão da população negra. Essas políticas atuais não são fruto de nenhum devaneio, elas são necessidades que foram esquecidas”, aponta.

Em outras etapas do ensino também há desigualdade entre negros e brancos. O último censo do IBGE aponta que, entre os 14 milhões de brasileiros com mais de 15 anos que são analfabetos, 30% são brancos e 70% são pretos ou pardos.

Da Ag. Brasil

Perfis: Pastor Ari Estevam – “Deus tinha uma missão para mim”

Elegantemente vestido com um terno verde bem cortado, camisa clara e gravata estampada, tudo combinando perfeitamente com os sapatos marrons, Ari Estevam chega para a entrevista na sede central da Igreja Maravilhas de Jesus, na rua São Paulo, esquina com a rua Piauí, em frente à Cipla na divisa dos bairros Anita Garibaldi e Bucarein. “A paz do senhor”, ele cumprimenta e caminha para a escada que leva ao interior do templo. No espaço bem arrumado, naquela tarde de muito sol, se vê na parede a frase que diz tudo sobre a filosofia adotada: “Adorai ao único Deus senhor Jesus Cristo, cantai a glória do seu nome”.

De uma pasta ele tira outras pastas com fotos de uma história que começou há 43 anos, quando o alfaiate Ari se converteu ao pentecostalismo tradicional na então igreja da Cruzada, hoje Evangelho Quadrangular. “Desde pequeno minha família dizia que eu seria sacerdote. No início não deu certo, mas depois Deus me fez conhecer o evangelho. Deus tinha algo, uma missão para mim”, afirma com a seriedade estampada em seu rosto. Aos 70 anos, em 2010 ele voltou a comandar a Igreja que fundou em fevereiro de 1974, junto com outros 40 irmãos da fé. “Voltei para reorganizar os rumos, as coisas estavam ficando muito liberais”, conta o pastor.

Ari tem o registro de nascimento em São Francisco do Sul, no distrito do Saí, mas tem raízes na região de Itajaí. O pai tinha uma serraria, que logo transferiu para Joinville, onde se fixou na rua Dona Francisca, nos arredores do clube América, de quem ele foi torcedor por muitos anos. “Desde os 13 anos não dependi mais da família. Ajudei meu pai, mas logo fui trabalhar na Alfaiataria Müller que ficava na avenida Getúlio Vargas, próximo a Casa da Borracha. Lá aprendi muito nos três anos que fiquei”, relata. O dom da costura ele credita à família, onde todas as irmãs costuravam ou bordavam, e assim o menino logo aprendeu o oficio, que quando adulto, sustentou a família por muitos anos. Trabalhou também na antiga rede de lojas Prosdócimo, serviu o exército, até abrir seu ateliê na rua Monsenhor Gercino, ao lado de onde fica hoje a Luizinho Autopeças.

Sua conversão causou espanto aos familiares, mas Ari não se abalou. Sua fé era muito maior, e partiu para trabalhos missionários, até que um grupo de irmãos, conta ele, seguiu um chamado de Jesus para que defendessem a igreja primitiva, tradicional. “Nos reunimos, discutimos os rumos. Eu recebi uma visão do nome Maravilhas de Jesus, apresentei e foi aprovado por unanimidade”. Ari foi vice-presidente até 1987, quando assumiu a Presidência. Morou em Florianópolis por 15 anos, passou por Jaraguá do Sul, até retornar a Joinville em 2003. Pastor Ari ficou fora da Presidência entre 2004 e 2010. Foi reconduzido ao comando na Convenção da Igreja em 2010.

A Igreja Maravilhas de Jesus está presente em quatro estados brasileiros (RS, SC, PR, SP) e tem um núcleo na Argentina, e conta com cerca de 50 igrejas atuantes. Disposto, o Pastor ainda viaja por suas igrejas, mas agora com alguém dirigindo. Prega com todo ardor a forma tradicional de apresentar os mandamentos do evangelho. Ele não teme o afastamento da juventude da Igreja diante do mundo atual, globalizado e cheio de alternativas. “Os jovens vem até nós pela família, de pequenino. O povo precisa ouvir o evangelho, e é isso que fazemos. Por isso não fico parado, viajo para dar apoio e energia para nossa gente”, completa.

O Pastor conta que eles foram muito perseguidos no inicio, mas tiveram apoio do então prefeito Pedro Ivo Campos, via vereador Aderbal Tavares Lopes. “Nós pedimos apoio para comprar esse terreno aqui onde fica a sede. Conseguimos 10 mil cruzeiros na época, o bastante para completar o pagamento”, diz soltando um dos raros sorrisos. Aposentado, casado há 50 anos, pai de quatro filhos tem nove netos e três bisnetos, Ari prepara a Convenção Nacional que será realizada dias 7 e 8 de maio em Joinville com muita garra na defesa da sua fé, e ainda encontra tempo e força para apresentar um programa de rádio todos os sábados das 11 ao meio-dia na rádio Colon AM 1090 Khw. E avisa: “Agora só vou parar minha missão quando Deus quiser”.

* publicado na seção perfil do Jornal Notícias do Dia em abril de 2011

Perfis: “De mecânica a família Voss entende há 38 anos”

O comércio e mercearia perderam um atendente de balcão que prometia espantar a clientela, mas a mecânica ganhou um profissional que virou marca registrada para motoristas que buscam solução para a mecânica de seus carros. Seu Nelson Voss, hoje com 73 anos e com inevitáveis problemas nas articulações – está convalescendo de cirurgia no joelho esquerdo – fruto de uma carreira mecânica que começou em 1952, hoje só acompanha de longe o vai e vem de mecânicos na quase quarentona Oficina Mecânica Voss localizada no bairro Floresta, na rua João Pinheiro, 95.

Ele lembra que seu pai tinha comprado uma “fubica (carro) velha”, e percebendo que o filho não levava jeito para o balcão, decidiu indicá-lo para trabalhar na já extinta oficina de Alfredo Comitti, que ficava na rua Santa Catarina próximo à Praça Getúlio Vargas. “Comecei como aprendiz, um ano após o centenário de Joinville. Eu tinha 14 anos. Fiquei lá oito anos”, conta Nelson, sentado na sala de visitas de sua casa, onde também é a sede da oficina. Junto dele sua companheira há mais de 50 anos, dona Nailda, que também botou a mão na graxa no início do empreendimento.

Dedicado, o jovem Nelson trabalhou também na Companhia Hoepfner Agrícola e Comercial, empresa que representou a Volkswagen, Mercedes Benz, Bosch em Santa Catarina lá pelos idos de 1960 em Joinville. Dali foi para a Douat Veículos, que representava a DKW, mas logo a Volks comprou toda a operação no Brasil. Aí começou a fama de Nelson Voss como mecânico especialista em Volkswagen. “Aprendi muito nesses anos, e me especializei. Por 20 anos fui empregado, até que em 1973 resolvi abrir minha oficina na garagem da nossa casa de madeira, no mesmo lugar de hoje”, descreve.

Foram tempos difíceis. Como o piso era de chão batido, “na terra mesmo”, diz ele, o macaco afundava quando tentava erguer o carro. “Aí arrumei uma madeira grande, larga, que a cada conserto eu usava como suporte, dava trabalho”, relata. O filho Dário, então com 13 anos, iniciou no ofício junto com o pai, e hoje comanda a oficina e os quatro mecânicos. A filha mais nova, Denise, controla o financeiro e administrativo, e agenda os clientes. Dorian cuida da loja de peças que fica anexa ao prédio que é residência e oficina. “É bom, todos fazem muito bem a sua parte”, conta feliz o veterano mecânico.

Para Nelson, hoje é muito mais fácil trabalhar na mecânica de automóveis. “Está tudo computadorizado, tem direção elétrica, tem elevadores, o que facilita o trabalho do mecânico. No meu tempo tinha de deitar embaixo dos carros, e toda sujeira caía na gente. Era trabalho duro”, explica. Ele conta uma passagem engraçada: “Um verdureiro do Boa Vista tinha duas Kombis. Uma delas fundiu o motor lá por Itajuba na BR 101. Fui socorrer – não tinha guinchos como hoje – e levei toda a família junto. Ele foi com uma camionete levando o motor da outra Kombi. Trocamos o motor, ele voltou para Joinville, e nós fomos para a praia, era domingo”, conta entre risadas.

Hoje a mecânica Voss vive lotada, e só não abre aos sábados. Nelson conta que antigamente as pessoas deixavam seus carros por uma semana, hoje querem no mesmo dia. “A correria é grande, e os mecânicos tem de ser rápidos e bons. Hoje falta mão de obra, tem de gostar do que faz”, ensina. Perguntado se pensa em voltar quando recuperar da cirurgia no joelho, ele diz que seu tempo já passou, mas a mulher Nailda comenta: “Se ele tiver bom, bom, vai voltar lá sim, rodear”, diz sorrindo para o marido. “Ela é que fez essa casa acontecer. Tudo que dava eu colocava só na oficina. Aí ela reclamou, tive de fazer a casa”, elogia sorrindo. Com tanta admiração assim, essa história promete durar muito tempo ainda.

* publicado no jornal Notícias do Dia em Joinville no mês de abril/2011

Perfis: Miriam Hoffmann Soares – “Meu negócio é vender”

Você deve conhecer vários vendedores nos comércios por ai. Mas uma vendedora que atende a 33 anos no mesmo lugar, você só encontra no bairro Floresta, na rua Santa Catarina, 992. Miriam Hoffmann Soares começou a trabalhar por volta de 1974 na antiga malharia Nylonsul como auxiliar de costura, mas o ambiente pesado à fez sair logo, logo. “Já pensou, eu levei uma advertência por que me viram rindo”, conta ela abrindo um sorriso. Desde 1978 ela trabalha no mesmo local, hoje na loja Salfer da rua Santa Catarina, bairro Floresta.

Após uma passagem pela loja da futura sogra, a Casa das Noivas que ficava em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus na rua São Paulo, onde ela “lavava, guardava, passava vestidos, e sempre oferecia algo a mais para as clientes”, Miriam partiu definitivamente para o comércio por insistência de sua mãe, dona Margarida. “Ela dizia que o emprego na lojas May era bom, porque as pessoas passavam com cobertores e muitas coisas. Graças a ela acabei sendo contratada como reforço no final de 1978”, explica.

De jeito alegre, e esbanjando simpatia, Miriam foi efetivada e passou a se destacar. Quando a Lojas May fechou em 1986, ela só mudou de loja, mas ficou no mesmo endereço. “Nesse emprego eu aprendi muito, e consegui passar da era do papel para a do computador. Mas não gosto de papel, nem do computador. Meu negócio é vender”, relata Miriam, que dali saiu para entrar no emprego em que está até hoje.

Das mudanças no mundo do trabalho que ela vivenciou ao longo dessas três décadas de trabalho, ela recorda que quem tinha uma calculadora comum como essas de hoje era rico. “Depois veio o computador, que hoje também é acessível. Alias, hoje tudo é mais fácil. Tive a cabeça aberta para receber o novo, e ainda estou por ai”, diz. Miriam já atende a terceira geração de clientes. “Hoje vem àqueles pequenininhos e já me chamam pelo nome”, fala com alegria.

Essa longevidade na profissão, aliada ao tempo recorde de permanência no mesmo local, há faz uma personagem conhecidíssima no bairro Floresta e até de outros bairros. “Quando saio na rua é só oi prá lá, oi prá cá, é uma festa!”, relata feliz do contato com as pessoas. Com tanta experiência e atendimentos, Miriam não se lembra de muitas histórias, mas conta duas para exemplificar a importância do atendimento.

“Uma vez vendi três bicicletas para um senhor, era 24 de dezembro, e tínhamos mandado para a revisão. Duas voltaram, mas a principal que era a da menina e ninguém achava. Imagina a pressão. Aí eu fui atrás e descobri onde estava, e o Natal foi salvo”, conta. Em outra ocasião um cliente pediu pneu de fusca, e ela entendeu que ele queria um espremedor de frutas. “Tirando a gafe, a cena acabou virando uma venda e tanto”, ri Miriam.

Já aposentada e ainda na ativa, ela diz não estar preparada para parar. “Vou sentir muita falta do convívio com o povo. Tenho medo da depressão até”, comenta. Sobre o exemplo que pode deixar para os profissionais, ela diz que é preciso gostar do que faz e gostar dos clientes. “Não importa classe social, cor, religião, idade, ou se é pouca venda, tem de atender com atenção e carinho. Depois do susto ao saber da minha fama, os novatos logo viram amigos”, afirma. Pela vontade e garra, ela promete quebrar muitos recordes de venda e de permanência no mesmo local.

* publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia em abril de 2011.

Ao meu João Pedro, feliz aniversário com muito amor

João Pedro em seu estado natural, sorrindo, irradiando alegria comigo em jogo final em que seu irmão Lucas foi campeão citadino em 2009

Meu filho caçula, João Pedro da Costa, completa hoje 11 anos de idade, fase de descobrimentos, de superação das dificuldades, quase entrada da adolescência. Eu defendi seu nascimento, o recebi com todo amor como aos outros, Gabriel com 16 e Lucas com 14 anos. Felicidade é sua cara, alegria o encantamento. Há três anos, no dia em que completou oito aninhos, ele quase se foi novamente por conta da irresponsabilidade da pessoa que é sua mãe. Nasceu de novo, forte que é, e desde então nossas vidas foram distanciando, feito o barco ao sair do cais.

 

A separação dos pais o afetou bastante, até porque foi traumática devido à fatores que remetem à maldade, falsidade, violência, mentira, teatralidade, maquiavelismo e outros. Mas ele sempre esteve comigo, como os demais, mesmo morando na casa da mãe. Aos poucos os recursos maldosos foram afastando-os de mim, em que pese eu ser presente, participativo e tudo o mais que não preciso dizer aqui em detalhes, para não cansar os leitores. Enquanto a Justiça, sempre lenta e fria, deixa os estudos sociais para trás. Crianças no meio disso? O que são crianças, não é… eles devem pensar.

Desde novembro o mais velho nem quer me ver, nem fala comigo. O Lucas simplesmente disse ao fone que não viria mais comigo nas visitas, e nunca mais quis falar comigo. E o João Pedro é impedido de atender o telefone, ninguém atende quando ligo, enfim, me impedem de ver e falar com ele. Na tentativa que fiz, angustiado, semanas atrás visitando-o na escola em Joinville, João me recebeu carinhosamente, abraço afetuoso, o jeito dele! Minha felicidade foi imensa, e entreguei a ele um livro, coisa que sempre que posso dou de presente.

Feliz, voltei na véspera de Páscoa para entregar os chocolates a ele, na mesma escola, para todos os três, e fui impedido pelo diretor e sua auxiliar sob o pretexto de que há decisão que diz sobre visitas de quinzenais, pode? Se tornaram juízes, os ditos mestres, a auxiliar inclusive amiga da mãe deles. Misturaram educação com amizade, bom senso com ato sorrateiro. Hoje tentei novamente abraçá-lo por seus 11 anos, mas nem na escola ele esteve, ou saiu escondido por alguém. Flagrei, no entanto, a mãe deles saindo da mesma escola, no mesmo horário! Que coincidência não é?

Acionados meus advogados, vou lutar até o fim contra esse mal. Meus filhos são meus tesouros, mesmo que digam a eles que eu não os quero, mintam e muito mais. Meu amor é incondicional, eterno, e com João Pedro tenho especial afinidade. Quero protegê-lo de todos os males psicológicos, e por isso mando todo meu amor e energia mental com muitas orações. Sei que meu abraço de pai que o ama eternamente, vai chegar a ele e o envolver carinhosamente. Tenho o presente dele comigo, um livro e um casaco para que não passe frio no inverno, comprado também com o carinho de minha companheira Gi Rabello, da vó Isolde, da Rayssa, que sofrem tudo isso comigo. E ainda vou entregar a ele, em suas mãos lindas, olhando em seus olhos de anjo, filho amado.

Parabéns João Pedro! Que esses 11 anos sejam o início de uma nova vida, como teu pai sempre quis prá você, com paz, felicidade, futebol – né artilheiro? – saúde e amor, muito amor que mandamos prá você. Estarei sempre contigo, mesmo longe, e sempre a te esperar de braços abertos, coração apertado, chorando de saudade. Não importa o quanto dure essa separação involuntária entre nós. Te espero sempre, você e também teus irmãos, porque são meus maiores tesouros, que luto para preservar do mal. Beijos do pai, da Gi, da Vó e da Rayssa. Seja feliz, sempre meu amor!

Encontro na Sociesc foi muito legal e produtivo

Professor Juliano, minha amada Gi Rabello e euzinho...
Estive na noite de ontem, sexta-feira (29/4), palestrando para acadêmicos do curso de Processos Gerenciais da Sociesc Joinville, primeiro semestre, sobre empreendedorismo, administração e gestão de pessoas. Segui à risca o pedido do professor Juliano, com quem pude trocar ideias logo após a palestra, e a quem agradeço a atenção dispensada e o bate-papo legal que tivemos.

Aos estudantes, a grande maioria bem jovens, espero ter colaborado para ajudar nas suas escolhas de vida e profissionais. É a primeira vez que exponho toda minha vida profissional tão detalhadamente e para um público de faculdade. Já estive na faculdade de jornalismo do Ielusc em Joinville falando sobre minha área, temas específicos, e até avaliando trabalhos na área da política, mas dar detalhes da minha caminhada foi a palestra pioneira. Agradeço a todos pela atenção – foram até silenciosos! – e pena que não me crivaram de perguntas. Deixei várias brechas para que acontecessem.

Lembrar do início da carreira de trabalho é sempre bom. É preciso manter vivo na memória de onde viemos, como construímos nosso espaço e profissão, para que o avanço adiante não se perca. Pela deferência e atenção de todos, mais uma vez, meu muito obrigado. À minha amada mulher, Gi Rabello, também acadêmica e que me ajudou na apresentação dos slides, meu beijo carinhoso. Você é minha luz eterna. Espero ter novos convites para continuar a conversar sobre temas que ajudem as pessoas a aprender e se desenvolver. Valeu!

Hoje serei palestrante na Sociesc em Joinville

Hoje farei uma das atividades que gosto: conversar com acadêmicos, estudantes, sobre empreendedorismo, administração, gestão de pessoas, profissão, etc. A convite dos acadêmicos da turma de Tecnologia em Processos Gerenciais – 311, estarei na noite desta sexta-feira (29/4) na sede da Sociesc Campus Marquês de Olinda, a partir das 20 horas.

Vários profissionais, empresários e empreendedores foram convidados, cada um a seu dia, para passar um pouco da história de vida profissional, seus percalços, superações, forma de gestão, e outros. Espero colaborar para o crescimento e desenvolvimento de cada um dos estudantes.

Gosto dessas interações porque acredito que aprendo mais que repasso, o diálogo ajuda a compreender o que pensam as novas gerações, e se estamos também antenados com as novas realidades existentes. Já preparei poucas linhas, e conto depois como foi a conversa. Até lá!

Perfis no Notícias do Dia – Renaldo Blank, o Nalo do 25 de Agosto

Não sei se já contei aos leitores, mas estou agora escrevendo perfis para o jornal joinvilense Notícias do Dia, algo que muito me satisfaz e orgulha. Desde sempre agradeço a oportunidade, e após a publicação impressa, divulgarei aqui no blog todos que produzir. O primeiro coloco hoje, do senhor Nalo, uma das lendas do futebol amador joinvilense, leiam:

“A bola está com ela há 50 anos”.

“Ele é uma lenda viva do futebol amador joinvilense. Baixo, de boné na cabeça, calção, meia e chuteiras, e envergando a camisa do Grêmio 25 de Agosto, Renaldo Blank, ou o Nalo, como é conhecido, está no campo na rua Iguaçu comandando a garotada da escolinha de futebol. O intermediário da entrevista, seu admirador e também treinador de futebol do clube, Jean, segue até ele onde sempre gosta de estar: no gramado orientando seus atletas. Preocupado com o andamento do treino, ele hesita em sair para conversar. Após posar para a foto da reportagem, avisa: “Já tenho tudo anotado”.

Sentado em uma mesa do tradicional clube da zona norte, Nalo mostra sua história anotada em folhas de agenda. Meio arredio, começa a ler seus feitos como jogador e como técnico de adultos e crianças. “Sou vidraceiro. Trabalhei na Pieper por 30 anos, hoje sou autônomo, e aposentado”, solta a voz. Aos 66 anos, esse homem simples que ainda é encontrado jogando futebol nos sábados à tarde com o grupo Quarentões, no 25 de Agosto, tem uma história de fazer inveja a muitos que atuam no futebol amador. Desde 1959 ele corre atrás da bola, e a bola atrás dele.

Como jogador Nalo iniciou no Arsenal Futebol Clube. Passou também pelo juvenil do Caxias – até hoje seu clube de coração – onde jogou com o ex-goleiro da seleção brasileira, Jairo, e também com Adilson Steuernagel, grande ponta direita do clube da zona sul. Jogou também pelo 25 de agosto, novamente o Arsenal, Tupy, Sercos e veteranos do América. “No Caxias ganhamos o torneio Vera Fischer em 1971. O time era Julinho, Luizinho, Coruca, Nalo, Chiquinho Simas, Nenê, Host, Chico Preto, Peracio, Águia e Emilio”, lembra com orgulho.

Campeonatos também não faltam para Nalo como técnico. Arsenal, Aviação, 25 de Agosto, Pirabeiraba, Estrada da Ilha, Cruzeiro da Estrada do Sul, Unidos do Beco, Serrana e America estão na lista dos clubes dirigidos por ele. Para ele, 1985 marca o inicio de uma das fases mais lindas da sua carreira. “O repórter Ricardo Passos me indicou ao América, que montava sua volta ao futebol após a fusão com o Caxias para criar o Jec. Conheci e trabalhei com o mestre Euclides dos Reis e chegamos a ser campeões da 1ª divisão em 1989”, conta feliz. Nalo treinava adultos e já comandava os garotos mirins e infanto juvenis, revelando vários atletas para o futebol profissional.

Nesse período de atleta e treinador, Nalo só foi expulso uma vez como jogador em 1965, e uma vez citado na súmula, e foi depois absolvido. No América comandou 400 crianças na escolinha até o início da década de 1990 quando o clube desativou o setor. Ele lembra que começou lá como “bico”, para poder trabalhar por conta. “Eu disse ao Ademir Carioca, dirigente da época, que se ele tivesse um bico pra mim no clube eu saia do emprego. Ele disse sim, e eu deixei a empresa com 30 anos de serviço. Pedi a conta cara!”, explica ele.

Hoje Nalo comanda as escolinhas do 25 de Agosto nas categorias sub-14 e sub-15, e se realiza ao ver os atletas crescerem e se transformar em cidadãos. “Prefiro trabalhar assim, onde posso lançar jogadores, alguns até já ganham algum dinheiro no Caxias, Atlético Paranaense, mas também ajudar os pais na orientação dos filhos. Muitos já melhoraram bastante na escola só vindo aqui jogar bola. Converso muito e acho que já deu certo com vários”, conta o veterano treinador”.