Empresários vão criar rede de busca e recolocação de trabalhador com deficiência

Um grupo de empresários liderados pela Serasa Experian participou nesta quarta-feira (2) de uma discussão sobre como melhorar a inserção dos portadores de deficiência física no mercado de trabalho e para encontrar formas de auxiliar as empresas no cumprimento das cotas mínimas de profissionais deficientes. O assunto foi discutido no 26º Fórum de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, na capital paulista. Representantes de empresas participaram de um grupo de trabalho para criar uma rede nacional de busca e de recolocação de profissionais deficientes.

A gerente de Cidadania Corporativa da Serasa, Andrea dos Santos Regina, explicou que a criação da rede nacional tem o objetivo de fomentar uma nova cultura entre empresas de médio e grande porte para que haja o respeito ao deficiente e para que ele seja inserido no mercado de trabalho com dignidade e reconhecimento.

“Hoje é a primeira reunião para desenharmos a rede em conjunto. As regras e o modo de agir serão definidos em conjunto e a governança será de todos”, disse Andrea.

A gerente informou que apesar da existência de uma lei federal que garanta o emprego dessas pessoas, a medida ainda não é suficiente. Para ela, ainda há grandes desafios, como a atração da pessoa qualificada com deficiência.

“Existe um apagão de talentos em geral e todos sabemos. Achar uma pessoa qualificada com deficiência não é fácil e reter essa pessoa dentro da empresa é outro desafio. A rede se propõe a discutir como tratar esses desafios e trabalhar para que não sigamos apenas cumprindo a cota, mas que sigamos com produtividade para as nossas empresas também”, disse.

Segundo dados do Ministério do Trabalho de 2009, o número de deficientes aumentou 0,7% e a média de cumprimento da Lei das Cotas é 21,4%. Já o número de autos de infração emitidos pelo não cumprimento da lei subiu de 336, em 2005, para 1.167, em 2010, segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho.

A secretária de estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara Rizzo Battistella, disse que se avançou bastante na contratação de deficientes. Cerca de 110 mil trabalhadores nessas condições foram contratados formalmente em cumprimento à Lei de Cotas. Há ainda 30 mil trabalhadores contratados sem vínculo com a política afirmativa.

“Temos procurado criar mecanismos. Por um lado, o mercado está convencido da importância de tratar dessa questão da diversidade humana de maneira séria. Por outro lado, o governo tem procurado soluções de capacitação para essas pessoas”, informou Linamara.

A secretária do estado avaliou que a carência de profissionais deficientes capacitados é um mito. Segundo ela, cabe ao sistema de ensino parte da capacitação, mas a empresa também é responsável por fornecer ferramentas ao funcionário para que ele se especialize ainda mais. “Você aprende a executar sua tarefa no desenvolvimento dela. Ninguém te ensina a ser um bom operador de telemarketing. Você aprende a mexer no equipamento, mas o trabalho você aprende na prática.”

A professora de educação física Carolina Ignarra sofreu um acidente em 2001, um ano depois de ter se formado. No período, ela dava aulas de ginástica laboral em uma empresa. Três meses depois do acidente, ela voltou ao trabalho montando as aulas para outros professores aplicarem. “Depois comecei a trabalhar com inclusão e hoje tenho uma consultoria que trabalha com a disseminação de cultura inclusiva para a contratação de pessoas com deficiência”, disse Carolina.

A professora contou que sua volta ao trabalho depois do acidente que a deixou paraplégica foi tranquila, pois a empresa acreditou em sua capacidade antes mesmo de ela perceber seus talentos. “Minha diretora dizia que eu era a mesma pessoa, mas em outra condição. Minha volta foi gradativa, conforme fui ficando independente fui assumindo outros projetos”, disse.

Segundo Carolina, a condição em que a pessoa está não é o mais importante, mas, sim, a vontade de se qualificar, pois as dificuldades existem para todos e a falta de qualificação está presente em todos os âmbitos. “A maioria dos brasileiros com ou sem deficiência tem dificuldade de acesso à escola. Acontece que quando a empresa tem de contratar aqueles 5% [deficientes], percebe mais. A maioria das pessoas que tem faculdade não está nas faculdades de ponta. Quando falamos de pessoas com deficiência desqualificadas estamos falando de um Brasil desqualificado. A pessoa com deficiência também tem de ir atrás. É difícil, mas tem muita gente com deficiência que conseguiu.”

Do Observatório Social

Bicicletas: retorno das “magrelas” melhora a vida na Cidade do México

A bicicleta começa a cumprir uma função que em poucos anos será indispensável: ajudar os moradores das cidades a irem de suas casas até o metrô, terminais urbanos ou trens, e dali para o trabalho ou escola. E desta forma reduzir o uso de mais de 3 milhões de automóveis que circulam diariamente na Cidade do México.

Estima-se que, em média, cada cidadão gasta duas horas de viagem por dia, considerando ida e volta. Isto soma milhões de horas de atividade não produtiva, já que número de viagens na zona metropolitana é de 22 milhões a cada dia. A reaparição da bicicleta na cidade propicia, também, a utilização dos espaços públicos, pois nos lugares onde ela está presente o ambiente melhora – independente da região.

Foi o que aconteceu em 2010 com o Monumento à Revolução, uma região esquecida que se regenerou e incluiu infraestrutura ciclista, travessias seguras e cicloestacionamentos; logo abriram novos comércios, restaurantes e cafés. De um lugar considerado de risco, se converteu em um espaço público que hoje é convidativo aos cidadãos.

Em nível global, a bicicleta se tornou o símbolo do bem estar urbano. Hoje já as vemos estabelecidas nos centros econômicos, políticos e sociais mais importantes dos países que a adotaram como meio de transporte seguro, ecológico e saudável.

Paris, por exemplo, tomou a iniciativa em julho de 2007, com sistema público Velib (20 mil bicicletas). Assim a prefeitura de Paris deu um novo rosto à bela cidade e a tornou ainda mais turística e atrativa. Da mesma forma em Barcelona, Montreal e Londres, a bicicleta propiciou uma nova fisionomia urbana; diminuiu o uso do automóvel; e a poluição. A bicicleta torna os parques, a cultura, a educação e o comércio mais acessíveis. Quando adequadamente planejado, seu uso permite uma mobilidade sustentável baseada na interconexão com os sistemas públicos de transporte, reduzindo a dependência do transporte particular.

A volta da bicicleta é um fenômeno global cujo epicentro são as megalópolis – sempre é bom lembrar que mais de 50% da população do planeta vive em centros urbanos. Alguns especialistas classificam o século XXI como aquele em que vigora o triunfo das cidades, e ao qual se apresenta o desafio de fazê-las viáveis.

A Cidade do México, ponto de partida da bicicleta

No começo do século passado, 80% da população mexicana vivia em zonas rurais. Atualmente, 70% reside nas áreas urbanas. Nesse contexto, as prefeituras se perguntam como incrementar a mobilidade.

Um exemplo que temos é a Cidade do México e cidades periféricas, cuja extensão ocupa 500 mil quilômetros quadrados. Estima-se que 70% desta gigantesca área seja propícia para o uso da bicicleta. Além disso, a temperatura média é de 16 graus, ideal para passeios de bicicleta.

Por outro lado, sabemos que 40% das viagens na cidade duram menos de 15 minutos e menos de oito quilômetros, o que significa um enorme potencial para a interconexão do ciclismo ao transporte público, que responde por 70% das viagens. Além disso, a maioria dos usuários precisa de dois ou mais meios de transporte para chegar ao seu destino final. Isso aumenta o tempos de viagem e reduz a qualidade de vida.

De acordo com um censo da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) realizado em 2010, a despesa diária com transporte público, por pessoa, é de 17 pesos, ou cerca de 2,50 reais. Isso significa que as pessoas de baixa renda gastam 35% do que ganham com transporte. Ou seja: aumentando o uso de bicicletas, o custo fica reduzido (além do trânsito e da poluição). Na década de 80, o uso das bicicletas para mountain bike se tornou ferramenta para a conservação de parques e reservas florestais em torno das cidades.

Agora, as bicicletas vão para o asfalto.

Mexico, um “povinho de ciclistas”

Hoje em dia, diferentemente do século passado, o uso das bicicletas não se restringe às camadas sociais com renda mais baixa. Usar a bicicleta era uma marca de inferioridade. A alta sociedade torcia o nariz, dizendo que o México era um “povinho de ciclistas”.

Agora, pessoas de diferentes classes sociais vêem a bicicleta como uma opção de transporte vantajosa e versátil. Hoje a bicicleta compete com os carros particulares e o sistema de transporte público: ocupa menos espaço, é fácil de estacionar e barata de manter. Também chega a ser mais veloz na megalópolis do que um veículo motorizado: na hora do rush na Cidade do México, a velocidade de um veículo motorizado é de cerca de 14 km/h; a da bicicleta supera 16 km/h.

A vantagem é mais evidente em viagens curtas. De acordo com a estratégia de mobilidade de bicicletas traçada pela UNAM, dá para substituir entre 2,5 e 3,5 milhões de viagens diárias feitas em outro meios de transporte, já que 40% delas não é superior a 11 quilômetros

A ideia do bem estar está mudando

O uso urbano da bicicleta é um sintoma de uma mudança social, que favorece a flexibilidade e a liberdade no deslocamento dos cidadãos, afirmou Connie Hedegaard, comissária europeia do Ambiente, durante a Conferência Mundial de Velocidade, em 2010. “As cidades que têm as bicicletas são modernas, e uma cidade moderna é muito mais equitativa, uma vez que promove o bem-estar de todos os membros do núcleo social. Uma cidade com bicicletas tem mais benefícios sociais, ambientais e éticos”.

A idéia de bem-estar também está mudando. Assim como casais jovens vivem em locais muito menores do que antes, há uma mudança cultural no que diz respeito à idéia de bem-estar. Se antes o sonho era ter uma casa e jardim, agora muitos optam por viver em um apartamento para não terem quem enfrentar o transtorno de dirigir, explica Edward Glaeser  no seu livro O Triunfo das Cidades.

Diferentemente dos seus pais ou avôs, os jovens de hoje já não vêem a posse de um carro como sinônimo de bem estar, diz Glaeser. Para o economista graduado em Harvard, isso já se reflete na redução das viagens de carro, que começam a ser substituídas pela bicicleta e pelo transporte público.

Ao mesmo tempo, a bicicleta contribui para a transformação da cidade, tornando habitáveis novamente áreas decadentes. Isso fica claro em determinadas regiões, como o sul da Cidade do México, que experimentam um “boom” imobiliário porque os habitantes preferem viver perto do transporte público para não ter que dirigir longas distâncias.

A mudança das moradias para áreas mistas, onde estão localizados lojas, serviços, recreação e estações de metro, está mudando a paisagem urbana da Cidade do México – e um dos vetores dessa mudança é o ciclismo. “É o local de habitação que determina o tipo de meio de transporte”, disse o Dr. Manuel Suarez, do Instituto de Geografia da UNAM, que estuda o fenômeno da habitação, mobilidade e bicicleta na cidade. “A ausência de espaço entre as pessoas reduz os custos de transporte de bens e idéias, o que conta mais na cidade do futuro é o fluxo de idéias, o conhecimento é mais valorizado do que o espaço. Isso que é a cidade moderna”.

Glaeser diz que “estamos testemunhando uma nova forma de moradia e uso da terra que, em meados do século passado se consolidou em algumas cidades que hoje são ícones do ciclismo urbano” –como Amsterdã, Copenhague e algumas capitais da Ásia.

O automóvel continua a predominar no México – bem como os recursos alocados para a construção de novas estradas e manutenção das antigas. O investimento para a chamada Supervia, atualmente em construção, é estimado em 18 bilhões de pesos (cerca de 2,5 bilhões de reais) enquanto na cidade de 70% das viagens são feitas por transportes públicos.

O Sistema ECOBICI

Em fevereiro de 2010, as autoridades da Cidade do México começaram a estabelecer medidas para incrementar o uso da bicicleta, com o sistema ECOBICI. Como resultado, mais de mil bicicletas foram adicionadas ao sistema de transporte público.

Foi um marco importante para a promoção e investimento governamental na infraestrutura ciclista. Não apenas pelo investimento –100 milhões de pesos, cerca de 14 mihões de reais –mas pela contundência da mensagem, pois a experiência mundial confirma que uma vez que se instala um sistema desse tipo, a tendência é crescer.

O programa visa substituir o primeiro e o terceiro modo de transporte: a pessoa sai de casa para o trabalho ou escola com a própria bicicleta para chegar ao metrô ou metrobus. Ao sair destes meios de transporte, toma uma bicicleta pública para chegar ao destino final.

O resultado tem sido satisfatório. No começo, o registro era feito através do cartão de crédito. Mas descobriu-se que um sistema simples de registro não representam uma grande despesa e traz muito menos uma complicação. Hoje, há uma lista de espera de 15.000 usuários.

O sistema ECOBICI oferece, como em outras cidades do mundo, meia hora de uso gratuito – o que costuma ser suficiente para ir de um ponto para outro.

Antes da implementação do novo sistema, 99,4% das viagens de bicicleta não eram combinadas com nenhum outro meio de transporte – as outras100.250 viagens diárias se articulavam com ônibus ou metrô. Com o estabelecimento do ECOBICI, o último número aumentou entre 8 e 9 mil viagens diárias.

Segundo a Estratégia de Mobilidade em Bicicleta realizada pela UNAMA, entre 2008 e 2009, para que a população jovem utilize a bicicleta para chegar à escola e para se deslocar no interior dos bairros é preciso criar zonas de trânsito calmas, seguras para os pedestres e ciclistas, com cruzamentos adequados e programas de médio e longo prazo para incidir na mudança de hábitos e aquisição de confiança e segurança.

Espaço público X risco

O uso da bicicleta também vem sendo aproveitado por administrações públicas municipais para melhorar o espaço público de forma a propiciar encontros casuais e harmoniosos entre os cidadãos.

Por exemplo, em um domingo de manhã, no Paseo de La Reforma, não somente pode-se andar de bicicleta como também ter uma aula de dança ou ioga a céu aberto e conviver com patinadores e skatistas. Nesse dia, essa importante via pela qual transitam uma infinidade de automóveis muda sua fisionomia para integrar a bicicleta.

A estratégia do governo na Cidade do México para integrar bicicletas às avenidas tem um impacto positivo porque envia uma mensagem ao público, mostrando que o ambiente social e urbano pode ser diferente. Pelo menos em uma avenida da cidade. E se nesse espaço a atmosfera é diferente, então você pode ter em outros.

Segundo o plano de mobilidade desenvolvido por especialistas na UNAM, a infra-estrutura de ciclismo, além de estar no Paseo de la Reforma e em bairros como La Condesa, Chapultepec, Polanco, deve chegar aos arredores da cidade. O ponto essencial da bicicleta não é apenas a mobilidade na capital, mas que os espaços dignos gerados cheguem a todas as classes sociais.

Vários especialistas na área, como o arquiteto paisagista Pedro Camarena, acreditam que o investimento público deva ser ampliado em áreas distintas para atingir o conjunto da população. Se os governos instalarem infraestrutura para o ciclismo em diferentes áreas, os cidadãos começam a acreditar na mudança e, portanto, a participar dela.

O relatório do uso de bicicletas públicas indica que, depois de 3 milhões de viagens no sistema ECOBICI, houve apenas acidentes menores –  e nenhuma morte. O sistema mexicano de bicileta pública é que sofre menos vandalismo no mundo.

A Estratégia de Mobilidade em Bicicleta da UNAM

A mesma pesquisa da UNAM investigou os principais obstáculos e preocupações dos cidadãos em relação ao uso da bicicleta. 39% por cento dos entrevistados citaram a segurança como o principal fator contrário ao ciclismo. Outro é a longa distância entre origem e destino das viagens.

Os pesquisadores da UNAM perguntaram se as pessoas usariam bicicletas para ir ao trabalho. A aceitação foi relativamente alta: 22% das pessoas se mostrou disposta a sempre usar o programa de bicicletas públicas; 26% respondeu que sempre utilizariam uma bicicleta se existisse uma ciclovia; e 27% substituiria o primeiro modo de transporte se existisse um lugar seguro para guardar a sua bicicleta.

Com base nestes dados anteriores se pode traçar um detalhado mapa sobre os locais ideais para a instalação de infraestrutura ciclista na Cidade do México.

Em casos como a Cidade do México, onde a média de viagem diária por trabalhador que vai ao centro da cidade é de duas horas, o uso da bicicleta poderia ajudar a reduzir esse tempo.

Segundo pesquisadores da UNAM, se as 15 estações de metrô nas quais se detecta mais bicicletas contassem com cicloestacionamentos seguros, se poderiam substituir 128.740 viagens que atualmente se fazem por outros meios.

Os bairros devem articular múltiplas ciclovias, cicloestacionamientos e zonas de trânsito tranquilo unindo estações de metrô, centros de trabalho e residências.

O estudo mostra que o ciclismo urbano na capital mexicana tem grandes possibilidades de crescer. Se as políticas públicas conseguirem consolidar a bicicleta como articuladora entre mobilidade motorizada e não motorizada, em poucos anos a capital mexicana poderia ser exemplo mundial de mobilidade limpa.

O ciclismo urbano também mantém presença em outras metrópoles do país, com atores muito engajados. É o caso de Guadalajara, Querétaro, Torreón e Monterrey, onde organizações, coletivos, órgãos governamentais, academia, corporações e, sobretudo, cidadãos interessados na construção de uma nova paisagem urbana, participam ativamente. É notória, também, a recente onda de livros, manuais técnicos, estratégias locais e, inclusive, a oferta de capacitação acadêmica que promove a instauração de uma cultura e infraestructura ciclista nas cidades do México.

Por Antonio Suárez, do La Jornada da Cidade do México, reproduzido no site da agencia Pública.

Ainda sobre a retirada do Terminal Central de Ônibus – Novo comentário

Este blog fica feliz quando seus leitores participam com suas impressões, opiniões, críticas e sugestões aos mais diversos temas. Nossa proposta colocada aqui em relação à retirada do Terminal Central de Ônibus gerou boas perguntas, boas ideias, alguns destemperos partidários, outros que “fizeram de conta” que não leram, ou não entenderam, mas o fato é que a coisa rolou bem pela rede. Segue agora mais um comentário do mestre Mário Cezar da Silveira, o “cara” da acessibilidade em Joinville (SC) e também pelo Brasil afora, onde atua fortemente em consultorias e treinamentos na área. Fiquem à vontade para comentar:

“Salvador, infelizmente o assunto que hora discutimos, não é de interesse coletivo discutir neste momento. Estão “todos muito preocupados” com as discussões do agora, dos fatos criados no dia a dia de nossos despreparados gestores e legisladores(?). Estamos muito preocupados em discutir Tarifa Zero, transporte coletivo por empresa pública, aumento “legal”dos nossos prestativos edís, o asfaltamento de mais ruas, a volta do Tebaldi, o BBB, entre outros assuntos mais importantes do que a RESPONSABILIDADE de nossas decisões.

Pensar nas heranças que as decisões deixarão para o futuro da cidade é muito cansativo e pode angariar inimigos.Tenho, há muito tempo, procurado alternativas para conseguir fazer as mudanças no conceito de pensar a cidade. Já fui viceral, encrenqueiro, o chato de plantão. Hoje tenho os pés no chão. Vou comendo pelas beiradas, jogando opiniões aqui e ali, até que um ouvido “certo” descubra interesse nos meus pitacos.

Continuo o “Chato de plantão”, o “cara de um só tema” – ACESSIBILIDADE, mas tenho consciência, sem modestias desnecessárias, que as conquistas conseguidas são boas heranças.Estamos concluindo a Política Municipal de Acessibilidade,  decreto que deve ser assinado em breve pelo prefeito. Minha próxima meta é começar a discussão da “Política Mun icipal de Mobilidade Urbana”, pois ela é fundamental para a micro  e macro acessibilidade, ou seja, respectivamente, a relação pedestre/ território e o deslocamento na malha viária estrutural da cidade. Só depois de entender o que será a mobilidade na cidade é que podemos entender pelo que queremos lutar”.

Terminal Central de Ônibus – Retirada é comentada aqui no Blog

Olá leitores do Blog Palavra Livre! Recebi a pouco um comentário do arquiteto e especialista, mestre, um doutor em acessibilidade e mobilidade urbana, Mário Cézar da Silveira, falando sobre a ideia lançada aqui de retirar o Terminal Central de Ônibus do centro da cidade de Joinville (SC), possibilitando assim a ocupação dos espaços de forma mais ampla, para lazer, artes, etc. Mário trouxe já mais ideias para debatermos em conjunto. Leiam abaixo sua manifestação, e comentem, porque penso que é uma ótima oportunidade de pensarmos a cidade que queremos de verdade, e não a cidade que apenas alguns querem. Com vocês o comentário de Mário Cézar da Silveira:

” Salvador, não sei se concordo com você. A avaliação que faço é pensando em “Mobilidade Urbana Sustentável”. Antes de mais nada, devemos saber exatamente o que queremos do centro de Joinville e que atrativos REALMENTE levariam a população a ocupar aquele espaço. Tirar o terminal como motivo de propiciar melhor circulação de veículos é por si só péssimo.

Temos é que “dificultar” o interesse de ir de automóvel para o centro.   Sei que serei criticado pela posição que aqui coloco, mas deveríamos começar por aproveitar a licitação do Estacionamento Rotativo e o do Transporte Coletivo, para estudar a vocação que queremos para aquela região da cidade onde temos o maior investimento público em infraestrutura urbana.

Na licitação do Estacionamento Rotativo proponho criar três níveis de preço de vaga. O primeiro a R$ 4,50, na área central, o intermediário a R$ 2,00, nos arredores do centro e o terceiro a R$ 1,oo, no restante das áreas. A intenção é dificultar o uso central por automóveis e usar parte da arrecadação para melhoria e conservação da área. A intenção final é fazer do centro um grande shopping, repleto de lojas e atrações culturais de lazer e esportes, com calçadas largas, ciclovias, um grande PARQUE do CENTRO, ou seja atrativos para que o povo tome posse do centro.

Com isso, TALVEZ o terminal seja importante onde está. Digo TALVEZ porque é necessário, antes de mais nada, um estudo técnico aprofundado.. Proponho também adiar o lançamento da licitação do  Transporte Coletivo, que está sendo feito no afogadilho de interesses políticos, e estudar as mudanças ocorridas nos últimos anos na mobilidade da cidade, para poder ser visionário quanto ao que acontecerá nos próximos 15 anos, duração inicial do contrato.

DEVEMOS APROVEITAR OS INSTRUMENTOS DAS LICITAÇÕES  PARA MELHORAR A CIDADE E NÃO REPETIR MAIS DO MESMO, QUE TEM NOS DEMONSTRADO QUE NÃO É  A MELHOR ESCOLHA. É MOMENTO DE CHOQUE DE GESTÃO.Abraço, Mário Cezar”

Lei de cotas para pessoas com deficiência completa 20 anos

Vinte anos após a promulgação da Lei 8.213 de 1991, conhecida como Lei de Cotas – que prevê que empresas com mais de 100 empregados destinem de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência -, o balanço sobre a inserção deste público no mercado de trabalho é positivo. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2010 foram contratados 17,4 mil profissionais com algum tipo de deficiência, número que representa um aumento de 6,2% em relação a 2009.

O médico do trabalho e auditor fiscal José Carlos do Carmo, coordenador do programa de inclusão da pessoa com deficiência da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP), diz que apesar do saldo positivo, a maioria dos empregados registrados possui deficiências consideradas leves. “As empresas têm dado prioridade aos profissionais que não requerem que façam adaptações em sua estrutura. Por exemplo, não querem comprar um software específico para permitir a cegos atuar. Querem alguém que utilize o material que elas têm, sem necessidade de adaptações.”

Dados do MTE mostram que do total de trabalhadores com deficiência empregados, 54,47% têm deficiência física (54,47%), seguidos de auditiva (22,49%), visual (5,79%), intelectual (5,10%) e deficiências múltiplas (1,26%). Empregados reabilitados registram 10,9%.

Acesso
Julia Maggion, diretora da Plura Consultoria e Inclusão Social, afirma que a questão da acessibilidade é crucial para as pessoas com deficiência. “Poucos prédios de escritórios estão adaptados para a circulação da pessoa com deficiência, com rampas (para cadeirantes), banheiros acessíveis, corredores largos, mobiliário adequado, sinais sonoros (para cegos) ou luminosos (para surdos) e outras adaptações tecnológicas, o que permitiria, por exemplo, maior inclusão da pessoa com deficiência visual”, explica.

Para que o profissional esteja totalmente inserido no trabalho e possa realizar suas funções, é imprescindível que a empresa faça uma avaliação de suas potencialidades e limitações em função da deficiência em relação às atividades do cargo. “Dessa maneira, a contratação será assertiva e a pessoa com deficiência poderá se desenvolver como qualquer outro profissional”, afirma Julia.

Autodesenvolvimento
“O que não pode acontecer é a pessoa com deficiência acomodar-se por conta da lei de cotas e não buscar seu aprimoramento profissional”, afirma João Ribas, gestor de diversidade e inclusão da Serasa Experian. “Entendo que inclusão é um caminho de duas mãos e há que se perguntar: o que depende de nós? É importante a pessoa querer ser de fato um profissional. Por isso, tem que ir em busca de língua inglesa, aprimoramento universitário, buscar pós-graduação”, recomenda.

Ribas, que é cadeirante, diz que as empresas que efetivamente fazem a inclusão social desses profissionais esperam que eles, assim como os demais, tenha uma boa performance, alcancem as metas estabelecidas e que entreguem o trabalho pedido. Segundo o MTE, dos 306 mil empregos ocupados por pessoas com deficiência, apenas 37 mil têm ensino superior completo.

Kelli Tavares, sócia do site Deficienteonline.com.br – que disponibiliza vagas para pessoas com deficiência em todo o Brasil -, diz que 34% dos mais de 19 mil candidatos cadastrados são graduandos ou já graduados. “Atualmente, temos mais de 2.600 vagas abertas, mas outra dificuldade que eles enfrentam é a falta de experiência.”

Do iG Economia

Acessibilidade – Prefeitura investe em capacitação dos servidores (Boa!)

Acessibilidade_Direito_de_TodosPela importância do tema, por sua universalidade, alcance e modernidade, publico aqui texto da assessoria de imprensa da Prefeitura de Joinville sobre curso de capacitação dos servidores, parte deles, para o tema acessibilidade. Lamento que tenham esquecido de dizer que o especialista na área que defende acessibilidade há anos por todo lugar onde passa, arquiteto Mário Cézar Silveira, está palestrando para esses servidores. Mas eu faço aqui o registro ao grande Mário Cézar:

“Os mais de 250 servidores públicos municipais que participam da “Oficina de Qualificação em Acessibilidade” terão (sic) na manhã desta quarta-feira (16/3), a partir das 10 horas, uma atividade diferente. Eles experimentarão caminhar de cadeiras de rodas, muletas, andadores e óculos que simulam baixa visão ou cegueira.

Rita de Cássia Fernandes, uma das organizadoras do curso e coordenadora do Comitê de Acessibilidade de Joinville, destaca que este será um exercício importante para todos os participantes da oficina. “Além de conhecer, na teoria, a importância da infraestrutura do município ser adequada para todos os tipos de público, é fundamental que cada um sinta na pele o que é caminhar por uma calçada mal sinalizada, com buracos etc.”, salienta. Rita ainda enfatiza que será um exercício de empatia e complementará o primeiro e o segundo módulo da Oficina, que é de Sensibilização.

A “Oficina de Qualificação em Acessibilidade” é uma ação da Prefeitura de Joinville, promovida pelo Comitê de Acessibilidade do Município e Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (COMDE). É uma das ações organizadas para cumprir o compromisso público “Cidade Acessível é Direitos Humanos”, firmado no ano passado com o Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência, serviço ligado à Presidência da República.

Cada secretaria, fundação e autarquia da Prefeitura disponibilizou, no mínimo, 5 servidores para participar da oficina, que repassarão as informações ao restante da equipe. Sérgio Luiz Ferreira, presidente do COMDE, destaca a importância desta qualificação quando lembra que uma cidade acessível é para todos. “Não só os cadeirantes ou deficientes visuais são beneficiados com a acessibilidade; pense nas gestantes, nos idosos e engessados, eles também precisam e na mesma intensidade. É nosso papel lutar pelo bem-estar de todos, sem exceção”, finaliza.

A “Oficina de Qualificação em Acessibilidade” teve início na segunda-feira (14/3) e se estende até o dia 1º de abril, sempre das 8 às 18 horas, na Faculdade Anhanguera (rua Florianópolis).”