PF pede quebra de sigilos de presidente e ministro do TCU

palavralivre-aroldo-cedraz-tcuA Polícia Federal pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, e do ministro Raimundo Carreiro, na investigação sobre tráfico de influência no TCU que envolve o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da corte.

De acordo com a revista Época, a apuração se baseia na delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC. Considerado chefe do “clube das empreiteiras” no esquema de corrupção na Petrobras, Pessoa afirmou à força-tarefa da Lava Jato que Tiago vendia informações privilegiadas do tribunal presidido por seu pai.

O empresário disse que o advogado foi o intermediário de repasses para os dois ministros do TCU. Ele contou que repassou R$ 1 milhão, em parcelas de R$ 50 mil, para Cedraz. Tiago nega ter praticado tráfico de influência.

Com base na delação, a PF levantou as relações do advogado, fez buscas e descobriu e-mails e ligações consideradas suspeitas envolvendo os dois ministros. E, por isso, pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.

O presidente do TCU disse à Época que não é investigado no caso. Carreiro afirmou que já forneceu, antecipadamente, seu sigilo bancário, fiscal e telefônico e que nem ele nem seu gabinete receberam ligações telefônicas de Thiago.

Aos 34 anos, o advogado teve rápida ascensão desde que seu pai trocou a Câmara dos Deputados pelo TCU, em 2007. Parte das causas do escritório dele diz respeito a processos em andamento no tribunal presidido por Aroldo Cedraz.

Segundo as investigações da Lava Jato, foram registradas 44 ligações do escritório de Tiago para o funcionário do gabinete de Carreiro responsável pelo voto do ministro em processo de interesse da UTC. Também foram detectadas 186 ligações do escritório para o gabinete do pai do advogado – 115 apenas para o chefe de gabinete de Aroldo Cedraz.

Ainda de acordo com as apurações, Tiago fez 49 ligações para números da UTC, inclusive de Ricardo Pessoa. Conforme a reportagem da Época, quatro chamadas coincidem com repasses citados pelo empreiteiro ao advogado.

A PF também descobriu que um sócio de Tiago esteve sete vezes, entre 2013 e 2014, na sede da empreiteira, embora tenha dito aos policiais que tinha ido apenas uma vez.

Segundo Época, uma tabela apreendida na casa de Tiago com o acompanhamento de processos da UTC no tribunal contradisse o advogado, que havia declarado que seu escritório nunca havia patrocinado causa envolvendo a empreiteira.

A defesa dele disse à revista que houve troca de mensagens eletrônicas entre as partes mas que, na falta de entendimento devido ao impedimento de Aroldo Cedraz em julgamentos que envolvessem o escritório do filho, a UTC buscou outra banca.

Com informações da Ag. Brasil

Lava Jato: Filho de ministro do TCU recebeu R$ 2,2 milhões de empresa investigada

O delator Ricardo Pessoa
O delator Ricardo Pessoa

Um dos delatores da Operação Lava Jato, o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, repassou à Polícia Federal uma tabela com indicação de pagamentos ao advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz, que chegaram a R$ 2,2 milhões.

De acordo com o depoimento de Pessoa, o dinheiro foi uma forma de comprar de Tiago informações privilegiadas, com a devida antecipação, sobre investigações e julgamentos em curso na corte de contas envolvendo a UTC.

A tabela foi anexada a um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar indícios de irregularidades em obras da Usina Angra 3.

Constam entre os investigados nessa ação, além de Tiago Cedraz, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outros dois senadores do partido – Edison Lobão (MA), ex-ministro de Minas e Energia, e Romero Jucá (RR), ex-líder dos governos Lula e Dilma Rousseff na Casa legislativa.

Intitulada “Thiago BsB”, referência à capital federal, a tabela aponta 24 pagamentos de R$ 50 mil cada um, entre 2012 e 2014, e outro de R$ 1 milhão em fevereiro de 2014.

Segundo o delator, a UTC se valia das informações privilegiadas produzidas por especialistas do TCU para se preparar, técnica e politicamente, “acionando os meios necessários para que parlamentares intercedessem junto ao Comitê de Obras Irregulares [do Congresso]”.

No termo de declaração de Pessoa que acompanha a tabela, registra-se cada uma das 151 entradas de Tiago Cedraz na sede da UTC no período acima mencionado.

Consórcio
O escritório Cedraz Advogados, de propriedade de Tiago, alega ter prestado serviços de advocacia para o Consórcio Una 3, mas fora do âmbito do TCU. O Una 3 tinha interesse no empreendimento de Angra 3 e era formado, entre outras corporações, pela UTC.

O filho do ministro vem negando, desde que seu nome surgiu no noticiário sobre o assunto, ter recebido dinheiro para defender interesses da UTC junto ao TCU.

Ele deveria ter falado à PF sobre o assunto em 27 de outubro de 2015, mas alegou que só prestaria depoimento depois de ter acesso aos autos da investigação e foi liberado. O advogado ainda não foi ouvido pelos investigadores.

Com informações do Congresso em Foco