Para descobrir o porquê da preferência de muitas brasileiras pelo parto cirúrgico, a Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, ligada ao Ministério da Saúde, está coordenando a pesquisa “Nascer Brasil: Inquérito sobre Parto e Nascimento”. O estudo vai entrevistar 24 mil mulheres em situação de pós-parto. Dados recentes do Ministério da Saúde revelam aumento no número de cesarianas.
Com base nesses dados, o Ministério da Saúde espera fortalecer ainda mais a estratégia da Rede Cegonha, ação que tem entre os objetivos melhorar a qualidade do pré-natal e do parto no Brasil.
A coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal, explica que um dos problemas observados no Brasil é que o serviço onde a mulher realiza todas as consultas do pré-natal não efetua uma conexão direta com o hospital onde ela deverá realizar o parto. Por isso, a mulher acaba tendo que buscar o hospital por conta própria, o que não é recomendado pelo Ministério da Saúde. A estratégia Rede Cegonha também visa garantir a vinculação da gestante à maternidade do dia do parto.
A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Silvana Granado, explica que, no caso das mães que optaram passar por uma cesárea, será questionado o motivo da escolha.
“A gente entrevista a mãe no pós-parto na própria maternidade e pergunta um pouco sobre a história estética dela, quantas vezes ela ficou grávida, quantos filhos ela já teve. Para ver a idade gestacional que esse neném está nascendo e se foi parto normal ou cesariana”, diz a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Silvana Granado. Ela explica que a pesquisa também verificará qual indicação médica e a preferência pelo tipo de parto, onde ela fez o pré-natal, se foi o mesmo profissional que fez o parto. Com base nessas informações, as responsáveis pela pesquisa esperam também subsidiar o Ministério nas políticas públicas já existentes que pretendem reduzir os índices de cesarianas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2010, o Brasil registrou mais cesarianas do que partos normais. Enquanto em 2009 o país alcançava uma proporção de 50% de partos cesáreos, em 2010, a taxa subiu para 52%. Na rede privada, o índice de partos cesáreos chega a 82% e na rede pública, 37%.
Estudos comprovam que as chamadas “cesáreas eletivas” são as que representam maior risco. Nesse tipo de parto, a mãe agenda o dia do nascimento e o bebê nasce sem que ela entre em trabalho de parto, o que pode causar problemas de saúde, principalmente respiratórios, na criança.
REDE CEGONHA – A estratégia, lançada em 2011, reforça as estruturas da rede pública para incentivar o parto normal. O Ministério da Saúde já liberou R$ 213 milhões para os primeiros estados que tiveram seus planos aprovados: Bahia, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Esses estados foram os primeiros a receber recursos para custeio dos Centros de Parto Normal, de Casas da Gestante, do Bebê e da Puérpera e Maternidades, além da qualificação de leitos de Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), Canguru e leitos obstétricos para atenção à gestante de alto risco. Até agora, dezessete estados e 800 municípios já aderiram à estratégia.
Do Min. da Saúde