Está em vigor a lei que pune com prisão a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade

A partir de ontem (18), quem vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar bebida alcoólica a jovens ou crianças poderá ser preso por até quatro anos. Dependendo do caso, a pessoa poderá pagar multa entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, além da interdição do estabelecimento comercial.

Sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (18), a medida que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser estendida também a outros produtos que possam causar dependência física ou psicológica.  Entende-se por “jovens ou crianças” menores de 18 anos.

O projeto foi sancionado após ter sido aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 24 de fevereiro, sem ter sofrido qualquer alteração em relação ao texto aprovado pelo Senado.

Jovens começam a beber muito cedo
Segundo pesquisa divulgada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 80% dos adolescentes já beberam alguma vez na vida e 33% dos alunos do ensino médio consumiram álcool excessivamente no mês anterior à pesquisa.

Outro estudo, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) com universitários, mostrou que 22% dos jovens estão sob risco de desenvolver dependência de álcool.

Fonte: Agência Brasil//Pedro Peduzzi/ e Veja SP

Minha Crônica: “Joinville está salva!”

Indignado com tamanho atraso no pensamento de nossos edis, nobres vereadores desta província chamada Joinville em Santa Catarina, que se diz progressista e desenvolvida, escrevi essa pequena crônica, quase um desabafo irônico, claro, diante da imbecilidade de um projeto de lei que proíbe consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos! E publiquei no Facebook em minha página pessoal.

Exceto, claro, nas festinhas de rua promovidas por entidades e amigos poderosos, carnaval, enfim, uma lei que vale para muitos e mantém privilégios a outros. Vergonhoso, atrasado, conservador, e que mostra o quanto ainda está presente a vontade de dominar, controlar, e jamais permitir a liberdade à população.

E mais: quem vê a lei, já aprovada em primeira votação pelos intelectuais vereadores de Joinville, e vê as manchetes, pensa que encontrará em Joinville um bando de bêbados que tomam as ruas da cidade, como no velho oeste americano. Realmente, estamos muito mal de representantes do povo. Eles não entendem nada, e continuam mais demagógicos que antes. Confiram a crônica abaixo, e comentem, compartilhem e curtam:

Joinville está salva! A partir de agora não veremos mais hordas de bêbados jogados nas ruas, jogando latas e garrafas de cerveja e todas as bebidas pelo chão! 

A moral e os bons costumes estão protegidos! No lugar dos milhares de bêbados,ocuparão os espaços as hordas da TFP e outros menos votados.

A ordem voltará ao normal, pois até então ninguém conseguia caminhar por entre esse povo mal educado, que anda nas ruas, bebe, fuma, fala, pensa!, vive..

Tudo isso porque uma inteligência fora do normal, um verdadeiro messias, veio com seu cajado, e escreveu no pergaminho o que pode, o que não pode, riscando do mapa esses malditos povos que não entendem que a ordem é fundamental! E com apoio de mais outros semeadores da moral, da correção que a cidade merece! Gente muito boa e comportada!

Logo, logo, para a paz total na província, serão decretados o toque de recolher, a censura noticiar e informar fatos que agridam o lar da nossa gente chique e bem comportada! Os saudosos da ditadura também ocuparão as ruas em júbilo! Aleluia, estaremos todos salvos!

Logo virá o dia em que os profetas que salvaram a cidade votarão pelo erguimento de um monumento a tão nobres ideias, que farão de Joinville um céu liberto de toda essa gente pequena, que bebe, anda, pensa, fala, vive… e incomoda nossa sociedade altiva e ordeira!

E tenho dito!”

Perfil: Luiz Carlos Sales – Comércio e solidariedade no sangue

Todos os dias da semana a Kombi lotada de refrigerantes e bebidas achocolatadas estaciona no centro de Joinville às sete da manhã, e dali sai somente após atender ao último cliente da região. Há 20 anos essa é a rotina diária do comerciante Luiz Carlos Sales, 54 anos, mais conhecido como Sales pelos bares, restaurantes e mercadinhos da cidade. Sempre bem alinhado, ele e o sobrinho mantém o atendimento no horário marcado, e se atrasam, os clientes já ligam. “Se a gente não chega naquela hora, o telefone já toca”, comenta ele, que na luta pela vida venceu o alcoolismo e tem ação dedicada na Pastoral Antialcoólica de Joinville, que fundou em 1994.

Natural de Garuva, Sales é o mais velho de uma família de dez irmãos. Cansado de passar necessidades, um dia disse ao pai que ia ganhar a vida. “Eu disse a ele: pai eu não quero mais passar fome. Vou atrás de trabalho, nem que seja pela comida”, conta. A família vivia de trabalhos na agricultura, e a alimentação era na base de banana verde cozida, com farinha, e café amargo com polenta, segundo ele. Pensou em ir a Curitiba trabalhar de garçom, mas ao chegar no Posto Bem Bem, encontrou o tio que trabalhava em uma borracharia, e aí o rumo mudou. Convidado, ia negar alegando não conhecer do ramo. “Aí ele me perguntou: sim, mas o que você sabe fazer? Topei e fiquei uns cinco anos por lá”, relembra Sales.

Após esse tempo, trocou Garuva por Joinville para trabalhar na Engepasa, onde ficou apenas seis meses como borracheiro. A convite de amigos que trabalhavam na Batavo conseguiu uma vaga de motorista vendedor sonhada há tempos, e lá permaneceu por 12 anos e meio em duas passagens intercaladas por breve passagem pelo Café Urú. Vendeu iogurte, frios, frango e outros em uma região enorme que ia de São Francisco do Sul, Guaramirim, Jaraguá do Sul até Canoinhas no planalto norte. Bom vendedor, atendeu também Criciúma e região e Lages. Cansado de ficar longe da família, e com o álcool tomando conta da sua vida, ele pediu para ficar com a praça de Joinville, que foi negada. Por isso saiu e trabalhou com café, mas logo retornou à empresa.

A bebida foi sua amiga por 12 anos, e quase acabou com família, trabalho e saúde. “As amizades me levaram a beber, e como já tinha pré-disposiçao ao alcool, fui um pulo para me afundar”, revela. Cachaça e cerveja eram consumidas aos borbotoes. Família era colocada em último plano, e os amigos de bar e jogos ganhavam destaque. “Tinha garrafões em casa, bebia no almoço, e principalmente depois do serviço. Apaguei várias vezes sem saber onde estava, ou como chegava em casa. A Nina (esposa) foi muito forte”, elogia Sales à companheira com quem vive há 33 anos e cuja uniao gerou quatro filhos e cinco netos. Um dia, depois de outra discussão familiar, fez uma promessa de nunca mais beber. “Dia 17 de junho comemoramos meus 20 anos de sobriedade com a Pastoral”, conta feliz.

Ao mesmo tempo Sales iniciava com seu negócio próprio, vendendo chocomilk, laranjinha, em uma kombi marrom, famosa por muitos anos. Hoje vende chocoleite e laranjinha Água da Serra, e mantém depósito em sua casa no bairro Fátima. Simples, religioso e muito família, o comerciante comemora o resultado do trabalho em vendas que amealhou milhares de amizades, e a atividade na Pastoral Antialcoolica, que o realiza. “Atendo a todos igualmente, sem distinguir cargo, idade, classe, e isso ajudou no sucesso dos negócios. Já na Pastoral é maravilhoso ajudar pessoas e famílias que são atingidas pelo álcool. Temos site, vamos construir a nossa sede, e isso me faz bem. Acho que puxei essa veia solidária da minha mae”, afirma o vendedor vencedor.

* publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em junho de 2011

 

Cresce o número de mulheres alcoólatras no Brasil, diz estudo

O Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa, realizada em todas as capitais brasileiras, que aumenta uma preocupação: o alcoolismo entre as mulheres. Segundo o estudo, o número de mulheres que ingerem álcool passou de 8,2% para 10,6% de 2006 a 2010. Entre os adultos em geral, o aumento foi de 16,2% para 18% nos quatro anos. Homens ainda bebem mais, mas o aumento entre alcoólatras do sexo feminino foi maior no período estudado.

Devido ao organismo diferenciado, o alcoolismo aparece de maneiras diferentes em homens e mulheres. As mulheres, por exemplo, absorvem o álcool 30% mais rápido e as causas que as levam a beber podem ser genéticas e psicológicas e até ser desencadeadas por fatores externos como a perda do emprego ou uma desilusão amorosa.

O estresse no trabalho e a jornada dupla também podem ser fatores desencadeantes para o uso da bebida: “alguns poucos departamentos de recursos humanos deixaram de considerar o alcoolismo um problema moral e, sim, uma questão médica. Em nossa clínica, já temos executivas encaminhadas pelo RH de seus trabalhos, um avanço”, explica Ana Cristina Fulini, coordenadora terapêutica da Clínica Maia (especializada no tratamento de dependência química).

Segundo a médica, uma doença derivada da anorexia também pode envolver o alcoolismo: “independentemente da faixa etária, muitas mulheres dizem que bebem para driblar a fome e, com isso, emagrecer. Um comportamento chamado de drunkorexia”, explica.

Gazeta