Um país bonito e moderno, com um povo simpático e hospitaleiro, grande diversidade cultural, e ao sabor de uma culinária deliciosa e original – esses são alguns dos conceitos com os quais o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) trabalham a imagem do Brasil no exterior. O objetivo é tentar afastar o clichê de país da sensualidade que atrai estrangeiros interessados em fazer programas, inclusive exploração sexual de crianças e adolescentes.
A informação é da secretária nacional de Políticas de Turismo, Bel Mesquita. Segundo ela, o combate à exploração sexual é conteúdo das capacitações por que passam as pessoas que atendem turistas. Cerca de 100 mil profissionais já foram capacitados em 165 seminários promovidos em todo o país para treinar desde taxistas, recepcionistas e guias até agentes de viagem para atender os visitantes estrangeiros que virão ao Brasil nos próximos anos, em especial por causa da Copa de 2014.
“A sensibilização é no sentido de que a exploração sexual é crime e deve ser denunciada”, diz referindo-se à necessidade de registrar os casos na polícia e também de encaminhá-los ao serviço telefônico Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). “Não queremos pessoas que se dizem turistas, mas na verdade são criminosas”, salienta Bel Mesquita ao lembrar que as crianças e adolescentes explorados são “jovens em situação de vulnerabilidade”.
Segundo a secretária, o governo discute a possibilidade de criar uma logomarca contra a exploração sexual para incluir na propaganda de turismo. “Não temos estudo concreto se isso teria carga positiva ou negativa”, diz.
Na semana passada, ao participar de audiência pública na comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Senado que investiga o tráfico de pessoas, a advogada Andreza Smith, da organização não governamental (ONG) Sodireitos, chamou a atenção para a ligação entre esse tipo de crime e a exploração sexual. Ela alertou para o risco dos casos de violência sexual aumentarem durante o Mundial. “Você já pensou em um jogo em Manaus? Quem é que vai fiscalizar o rio?”, perguntou ao fazer referência a programas sexuais em barcos que trafegam nos rios Negro e Solimões.
O combate à exploração sexual foi mote de campanha da SDH durante o carnaval deste ano em 17 capitais brasileiras, com o slogan “Tem coisas que não dá para fingir que não vê. Violência sexual contra crianças e adolescentes é crime. Denuncie. A bola está com você”.
Em outubro do ano passado, o Brasil foi elogiado em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre ações de combate à venda de crianças, prostituição e pornografia infantil. De acordo com a relatora, Najat Maalla M’jid, o Brasil se tornou uma referência internacional por causa do Disque 100 e pela organização do 3º Congresso Mundial da Criança (2008).
A SDH divulga hoje (18), às 14h, no Palácio do Planalto o novo levantamento sobre as denúncias de violência sexual infantojuvenil, com base na Matriz Intersetorial de Enfrentamento à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, elaborada pela Universidade de Brasília (UnB).
Ao longo da tarde, estudantes do Centro de Excelência em Turismo da UnB participarão de uma mobilização na na Esplanada dos Ministérios. Eles vão afixar nos carros adesivos com a frase “Exploração sexual de crianças e adolescentes não é turismo. É crime.”
Agência Brasil