A redução da quantidade do papilomavírus humano (HPV) circulante é desafio para a saúde da mulher, uma vez que se trata do principal agente causador do câncer do útero, o segundo que mais mata entre elas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas, em algum momento de suas vidas, por um ou mais tipos de HPV. Embora o uso de preservativo seja indicado para a prevenção do contágio do HPV, ele não traz proteção total.
O estudo Infecção por HPV em homens, coordenado pela pesquisadora Anna R. Giuliano, do H. Lee Moffitt Cancer Center, na Flórida, demonstrou que mais de 50% dos homens entre 18 e 70 anos no Brasil, México e Estados Unidos estão infectados pelo vírus. “Apesar dos programas, de pré-rastreamento das lesões pré-malignas, ainda não conseguimos reduzir a incidência do câncer de colo do útero. São quase 20 mil novos casos todo ano”, afirma a ginecologista e obstetra Iracema Maria Ribeiro da Fonseca, do Departamento de Colposcopia e Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
Embora estudos epidemiológicos mostrem que a infecção pelo papilomavírus é muito comum, de acordo com os últimos inquéritos de prevalência do Ministério da Saúde, cerca de 25% das mulheres estão infectadas pelo vírus, somente de 3% a 10% das mulheres infectadas com um tipo de HPV com alto risco desenvolverá câncer do colo do útero. “Nem todos os casos de contaminação com HPV vão evoluir para o câncer de colo do útero, mas quase a totalidade dos casos da doença é causada por alguns tipos do vírus”, afirma o imunologista Marcelo Bossois, coordenador técnico do projeto social Brasil sem alergia, do Rio de Janeiro.
Nesse cenário nada animador, muitas mulheres recorrem às vacinas disponíveis no mercado que imunizam contra os tipos do vírus de alto risco. Embora haja uma série de estudos comprovando a eficácia das vacinas e, na rede privada, elas têm sido recomendada por ginecologistas, o Ministério da Saúde ainda não as incluiu no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Estão disponíveis no mercado duas vacinas contra os tipos mais presentes no câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). Uma delas é a quadrivalente, ou seja, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero, e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18.
Os HPVs são vírus da família Papilomaviridae, capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente. Existem mais de 200 tipos de HPVs. Eles são classificados em baixo risco de câncer e alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.
Estado de Minas