Situação de Eduardo Cunha (PMDB) se agrava com novas denúncias no STF

PalavraLivre-cunha-cvm-stfO Presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é um homem de sorte. Muita sorte. É o que concluiu a Procuradoria Geral da República (PGR), no relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual pede o afastamento do parlamentar do cargo, com urgência, após constatar que ele lucrou R$ 917 mil com papéis no mercado de capitais.

A sorte de Cunha, no entanto, explica-se no fato de que os lucros nas operações financeiras eram destinados à sua conta pessoal, enquanto os prejuízos eram absorvidos por um fundo de pensão público. As transações suspeitas ocorreram entre abril de 2004 e fevereiro de 2005 e foram alvo de uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável pela fiscalização do mercado.

Na época, a CVM concluiu que o então gestor da Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro (Cedae) obteve “lucros indevidos” com papéis emitidos por fundos de investimento movimentados pela Prece, o fundo de pensão dos funcionários da companhia. Cunha foi afastado do cargo e responde, até hoje, a um processo no Tribunal de Justiça.

A Prece operava na época em sete fundos de investimento por meio de diversas corretoras, entre as quais a Laeta, que tinha Cunha como um dos clientes, e o corretor Lúcio Bolonha Funaro. No curso de um inquérito que tramita no STF sobre Cunha, derivado da Operação Lava Jato, a PGR teve acesso ao inquérito que investigou os lucros de Cunha. O documento foi exibido na edição deste sábado do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo e mostra, com detalhes, as conclusões da CVM e as avaliações da Procuradoria.

Segundo a PGR, “a apuração da CVM constatou que as taxas de sucesso de Cunha nas operações foram de 100% no mercado de dólares e de 98% em outro papel. Cunha teria atuado em 23 pregões. A CVM apontou ‘indissociável indício de ocorrência de irregularidades’ nas operações e a PGR afirmou que a taxa de sucesso do deputado e de Funaro ‘somente se tornava viável mediante a manipulação na distribuição dos negócios fechados, pela fraude verificada, com a conivência dos ‘perdedores’, ou seja, os fundos da Prece”, afirma o jornal.

Nas contas da Procuradoria “para se ter uma ideia, a probabilidade de se obter uma taxa de sucesso de 98% ocorre em uma vez para cada 257 septilhões (de vezes). Sabendo-se que a chance de ganhar a Mega Sena quando se faz a aposta mínima é de 1 em 50 milhões, verifica-se que a chance de uma taxa de sucesso de 98% é praticamente nula e decorre claramente de uma fraude”. Ao todo, as perdas da Prece somaram, entre 2003 e 2005, R$ 56 milhões em valores da época não atualizados.

O esquema, segundo a PGR, acontecia assim: “após tomar conhecimento prévio do resultado que as operações iriam gerar, os operadores deixaram para os fundos todos os negócios com preços desfavoráveis, enquanto alguns clientes determinados das corretoras realizaram compras e vendas do mesmo contrato futuro que, invariavelmente, resultavam em ‘ajustes do dia’ positivos. Em outras palavras, todos os prejuízos ficavam para os fundos e todos os lucros para determinados clientes das corretoras, dentre eles Eduardo Cunha e Lúcio Funaro”.

A PGR está convencida de que havia um esquema “preordenado e preparado dentro de cada uma das corretoras e distribuidoras intermediárias envolvidas”. A CVM apontou ainda que Cunha “estava inserido, de acordo com ele mesmo, dentro de um contexto político, na época, que o aproximava dos dirigentes da Cedae, inclusive”.

Na época, Cunha afirmou à CVM, em sua defesa, na apuração feita pelo órgão, segundo o documento produzido pela PGR, que seu excelente desempenho no mercado de capitais decorreu de operar “com convicção”. A reportagem do Correio do Brasil tentou, sem sucesso, um contato com Eduardo Cunha, neste sábado.

Lúcio Funaro, outro envolvido no processo de fraude, alegou apenas que o processo na CVM “está sob sigilo e a defesa será apresentada no tempo oportuno”.

Mais suspeitas sobre Cunha
A PGR também localizou, nas mensagens de celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro — preso no âmbito da Operação Lava Jato — um total de 94 pedidos de “encontro, ligação ou contato”, entre ele e Eduardo Cunha. Os fatos reforçam o pedido de afastamento do presidente da Câmara.

Nas mensagens, eles acertam mudanças em projetos de interesse da OAS na Câmara e doações eleitorais, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aponta serem propina em troca da ajuda que Cunha dá no em projetos no Legislativo.

“Em contraprestação, Eduardo Cunha recebia vantagens indevidas, para si e para outrem, em forma de `doações’ eleitorais”, resume Janot.

Nas trocas de mensagens de Léo Pinheiro e Cunha, há “94 pedidos em dias diferentes para encontro, ligação ou contato”, 18 comunicações que indicam que um deles estaria em um local para encontro, 35 “pedidos/solicitações/cobranças/agradecimentos” de Cunha para o empreiteiro e 30 de Pinheiro para Cunha.
As conversas indicam, por exemplo, que a OAS escrevia emendas para Cunha apresentar em medidas provisórias no Congresso.

Ainda segundo a PGR, Cunha conta ter combinado uma doação com a Odebrecht para a campanha do correligionário Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ao governo do Rio Grande do Norte e pede para Léo Pinheiro “acertar” com ele depois.

“Tive com Júnior (da Odebrecht) pedi a ele para doar por você ao Henrique, acho que ele fará algo, tudo bem?”, escreveu Cunha a Léo Pinheiro. O deputado tem afirmado que nunca recebeu propina e, em nota divulgada na noite passada, afirma que “existe uma investigação seletiva do PGR” contra ele.

Com informações do Correio do Brasil e Agências

Eduardo Cunha é notificado pelo Conselho de Ética e agora tem dez dias para a defesa

O Conselho de Ética confirmou na manhã de hoje (17) a entrega da notificação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A assessoria do colegiado tentou entregar o documento ontem (16), sem sucesso. A partir da entrega da notificação começa a contar o prazo de dez dias úteis para que Eduardo Cunha apresente sua defesa por escrito.

Ontem o colegiado aprovou, por 11 votos a favor e 9 contrários, a continuidade do processo contra o parlamentar, acusado de receber propina para viabilizar negócios da Petrobras e pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, Cunha ter prestado falso testemunho, em depoimento à CPI da Petrobras, ao negar que mantém contas no exterior.

A defesa de Eduardo Cunha tenta anular a sessão de ontem, que aprovou o relatório do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) pela continuidade das investigações.

Há dois dias, antes da votação, o colegiado recusou um pedido de vista do deputado Genecias Noronha (SD-CE), sob argumento de que o parecer era um complemento de voto ao relatório que já tinha sido apresentado por Fausto Pinato (PRB-SP) e discutido pelos parlamentares.

A tentativa do pedido de vista foi considerada mais uma manobra de parlamentares aliados ao presidente da Casa para tentar adiar, pela oitava vez, a votação do relatório.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi o primeiro a apresentar recurso à Mesa Diretora para anular a sessão do Conselho. A decisão está nas mãos do primeiro vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), que também é defensor de Cunha.

Foi também Maranhão que autorizou o afastamento do primeiro relator do caso, Fausto Pinato, que também defendeu a continuidade das investigações, mas foi retirado da função a pedido dos advogados de Cunha que argumentaram que o parlamentar é do partido da base de Cunha, o que, regimentalmente, não é permitido.

Depois de receber a defesa de Cunha, o Conselho de Ética terá 40 dias para apurar se houve quebra de decoro. A presidência da Câmara dos Deputados não confirma o recebimento da notificação.

Com informações da EBC

Brasília, dezembro de 2015 – Crônicas do Impeachment #4

A vida dos brasileiros se decidem aqui no Congresso Nacional. O povo deveria participar, cobrar mais.
A vida dos brasileiros se decidem aqui no Congresso Nacional. O povo deveria participar, cobrar mais.

Na última intervenção do Planalto Central, onde vi e vivi momentos tensos, ameaçadores, mas históricos nesta semana, o dia amanheceu mais quente, nublado, igualzinho o clima político. Vão aqui minhas observações sobre o ambiente de crise.

Nesta manhã os deputados já deram a demonstração das “amenidades” presentes no Conselho de Ética. O presidente Eduardo Cunha já destituiu o relator do caso, o deputado Fausto Pinato (PRB/SP), utilizando linhas do regimento interno para sustentar a decisão que atrasa o seu processo de cassação. Deputados quase se estapearam nesta disputa. Já são seis sessões do Conselho de Ética sem análise e votação.

Ontem o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD/BA) já disse que as ações de Cunha são um golpe. Ameaças, corre-corre nos corredores das comissões, mostram que está na hora de acabar com esta crise. Ou se decide logo quem cai, quem fica, ou o Brasil vai quebrar. Será que não é isso mesmo que alguns setores desejam?

Sobre a derrubada do líder do PMDB, Leonardo Picciani, ontem pela manhã, um dado interessante. A bancada do PMDB catarinense trabalhou unida para apresentar a lista com assinaturas para depor o correligionário carioca.

Desde a quinta-feira passada (3/12) o processo já corria solto pelo Congresso, no Palácio do Jaburú do vice Michel Temer, e teve uma ação destacada de um dos catarinenses, Mauro Mariani, atual presidente do PMDB de Santa Catarina.

Para alguns, Mariani vê no momento atual uma chance de crescer no jogo do poder de Brasília, ou em futuro governo Temer, ou mesmo em continuidade do governo Dilma, superada a crise, coisa difícil de acontecer.

Segundo ele, é preciso jogar para o “time” do partido, e o líder jogava para o time do governo. Outra observação do deputado é que os catarinenses desejam a mudança, majoritariamente, e ele só estaria representando tais interesses. Ao fundo, uma sinalização para um eleitorado conservador, catarinense.

Finalizando, as próximas horas e dias serão fundamentais para que saibamos o que será do futuro do país, de Dilma, Temer e Cunha. O STF deve agir em duas frentes.

Vai afastar Cunha e dar a linha legal do processo de impeachment contra Dilma. É preciso que as armas sejam abaixadas, e o diálogo retorne. A democracia está em jogo. É o que vi, vivi, senti, apurei. Até a próxima!

Por Salvador Neto, editor do Blog Palavra Livre, direto de Brasília.

Brasília, dezembro de 2015 – Crônicas do Impeachment #3

Corredores do Congresso fervem, deputados falam da crise
Corredores do Congresso fervem, deputados falam da crise

Brasília amanheceu na quarta-feira com uma leve brisa, céu aberto, sol forte, com a velocidade política a mil. A rebelião contra o líder do PMDB, Leonardo Picciani, avançava, o Conselho de Ética se reuniria, Dilma e Temer sentariam para discutir a relação. Enquanto isso, as conspirações avançavam. Algumas notas aqui direto do Planalto:

Picciani fora
Logo pela manhã, os deputados do PMDB contrários ao então líder Picciani, considerados por eles como governista, o destituem da liderança do partido na Câmara com a apresentação de lista com 35 assinaturas, mais de 51% do total previsto para a Comissão de Análise do Impeachment. Leonardo Quintão, do PMDB mineiro, assumiu. Mais um ponto para a oposição.

Picciani dentro
Leonardo primeiro, o Picciani, não se dá por vencido. Mandou avisar que o dia a dia em Brasilia pode mudar a qualquer hora. Com a volta de deputados federais do RJ, seu estado, aos mandatos, deverá apresentar nova lista. “Quem sabe volto logo”, comentou. PMDB rachadíssimo. Temer por trás da articulação, magoado com o jovem deputado carioca.

Fachin zera tudo
O ministro Fachin, do STF, zerou o jogo do impeachment até dia 16 de dezembro. Segundo ele, a corte vai dar o rito do processo na Câmara. Cunha, que anda colocando cunha em tudo, não gostou. E avisou que o legislativo ficará “paralisado” até o STF decidir. Vergonha nacional.

Temer mi mi mi
O vice-presidente da República, Michel Temer, ganhou o apelido “mi mi mi”, depois da sua carta DR para a presidente Dilma. E deixou mais claro a infantilidade do gesto, e o quanto o poder corrói, ao dizer claramente que trabalhou contra o seu líder Leonardo Picciani. Já imaginaram Temer presidente?

Cunha Imperador
Eduardo Cunha, ainda impune mesmo com provas robustas de recebimento de propina e evasão de dividas para a Suiça, aproveita toda a força do poder da Presidencia da Câmara para impedir a ação do Conselho de Ética que deve votar a abertura do seu processo de cassação. Nesta quarta, eu vi com meus olhos o então relator Fausto Pinato ser defenestrado da condição de relator com apenas um oficio da mesa diretora. Cunha diz que não foi ele, foi seu vice…. então tá.

Cunha Imperador 2
Sabendo que será imolado, mais dia, menos dia, Eduardo Cunha não tem pudores no uso da força do cargo. Tinha sonhos de chegar à Presidencia da República, mas a arrogância, e o dinheiro da Suíça, o derrubaram. Já pensarem este comandando o Brasil? E é ele que orquestra, ao lado do vice Temer, essa bagunça em que virou a crise política que paralisa o país.

Cunha Imperador 3
PSol e Rede entraram ontem com pedido no STF para o afastamento temporário do presidente Eduardo Cunha. Alegam o que todo mundo sabe, ele usa o poder para atrasar seu julgamento e atacar adversários. Outra noticia que circula é que a PGR, com Rodrigo Janot, deve pedir também o mesmo ao STF ainda esta semana. De fato, essa medida pode ser inóqua porque Cunha só tem aliados na mesa. Quem assume faz o que ele manda. Ou fazem algo, ou entreguem logo a coroa ao Cunha. E voltemos à monarquia.

Por Salvador Neto, editor do Blog Palavra Livre, direto de Brasília

Cunha manobra para assegurar mandato e derrubar Dilma

Em uma sessão marcada por pancadarias e xingamentos, no início da noite desta terça-feira (8), o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu levar adiante mais uma etapa do processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff.

A comissão que analisará o processo de impeachment na Câmara será representada por maioria por parlamentares ligados a Cunha e às forças de ultradireita, com 272 votos dos 471 deputados que votaram. A chapa que defende a permanência da atual mandatária obteve 199 votos.

Em votação secreta, imposta em uma decisão da Mesa Diretora, presidida por Cunha, prevaleceu a traição de parte da base aliada.

O resultado foi comemorado por aliados de Cunha, que conseguiu uma outra vitória, na Comissão de Ética, que adiou por novas 24 horas a abertura do processo de cassação de seu mandato. Em plenário, deputados da base aliada estenderam uma grande faixa com a inscrição “não vai ter golpe”.

Cunha terá a decisão questionada no Supremo
O início da votação que escolheu a comissão especial para analisar a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) começou com tumulto entre os deputados.

Deputados da base do governo, contrários à eleição por voto secreto determinada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tentaram ocupar as cabines de votação.

Na ação do PC do B junto ao STF também pedia que a eleição da comissão fosse feita por voto aberto. O Supremo, porém, não se pronunciou até o encerramento da sessão contra a decisão de Eduardo Cunha.

Na Comissão de Ética, porém, apesar do fôlego, a tendência é pela continuação do processo. Em nota, divulgada após a denúncia, Cunha negou as acusações, mas não tentou se explicar diante das denúncias.

Preferiu atribuir a ação da Procuradoria-Geral da República a um complô entre Janot e o governo contra ele. Segundo afirmou, haveria um “acordão” que inclui a preservação de outro acusado pela Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros.

– Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos à comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do procurador, na tentativa de calar e retaliar minha atuação política – defende-se Cunha.

Com informações do Correio do Brasil

Cunha tenta manobra para impedir votação de relatório no Conselho de Ética

Em uma manobra para postergar a análise do parecer preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) sobre a representação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Mesa Diretora, temporariamente presidida pelo segundo-secretário, Felipe Bornier (PSD-RJ), cancelou a reunião do Conselho de Ética.

O colegiado se reuniu na manhã desta quinta-feira (19), porém teve que interromper os trabalhos devido ao início da Ordem do Dia do plenário.

Cunha abriu a sessão às 10h44, com a presença de apenas 189 deputados, sendo que o quórum mínimo para votação é de 257. De acordo com o regimento da Casa, as comissões reunidas no momento deveriam interromper os trabalhos.

A decisão de Bornier causou revolta entre os parlamentares contrários a Cunha, que alegavam que a atitude era autoritária. “O deputado Eduardo Cunha não tem mais condições de presidir essa casa”, disse Rubens Bueno (PPS-PR).

“Presidente Eduardo Cunha, levante dessa cadeira. O senhor está com medo?”, desafiou Mara Gabrilli (PSDB-SP). “Vossa Excelência não tem autoridade, não é superior ao Conselho de Ética”, disse José Carlos Araújo (PSD-BA), presidente do colegiado, acrescentando que abriu a sessão do Conselho de Ética para receber o relatório de Fausto Pinato e deixá-lo pronto para apreciação. “Esta Casa não pode ser enxovalhada com decisões desse tipo”, disparou.

A reunião do Conselho de Ética foi suspensa pela manhã, após uma discussão entre os membros. Manoel Júnior (PMDB-PP) e André Moura (PSC-AL) afirmaram que a reunião feria o regimento interno por ter levado mais de meia hora para começar e por continuar reunida mesmo depois do início da Ordem do Dia.

O presidente do conselho suspendeu a reunião e informou que ela seria reaberta após o encerramento das votações do plenário.

Como protesto, alguns parlamentares deixaram a sessão. O PSDB e o DEM anunciaram que tentarão impedir as votações do dia.

O relatório
Na última segunda-feira (16), Fausto Pinato apresentou seu relatório em que recomenda a admissibilidade da representação contra o presidente da Casa por quebra de decoro parlamentar.

Segundo Pinato, a ação encabeçada pelo Psol e pela Rede tem “indícios de autoria e legitimidade” suficientes para a continuidade do processo. O parlamentar antecipou em três dias a apresentação de seu relatório, alegando interesse em dar celeridade à análise do caso.

No mesmo dia, o advogado Marcelo Nobre, que defende o presidente da Câmara no colegiado, criticou a antecipação do parecer preliminar pelo relator. A defesa de Cunha alega que Pinato “fere o direito de defesa” do parlamentar.

“Lamento essa antecipação injustificada, que representa o cerceamento do direito de defesa, imprescindível para o esclarecimento de dúvidas do relator e dos integrantes do Conselho”, escreveu Nobre, em nota.

Cunha foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela PGR por envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras.

Além da denúncia, a representação também apresenta documentos sobre investigação do Ministério Público suíço que revelaram que o peemedebista e seus familiares eram beneficiários finais de quatro contas na Suíça, nas quais tinham depositado cerca de US$ 2,4 milhões.

Com informações da Agência Câmara e Congresso em Foco

Cunha é vaiado em congresso do PMDB em Brasília (DF)

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que participou nesta terça-feira (17) do congresso da Fundação Ulysses Guimarães, foi vaiado por militantes do partido. Antes de iniciar seu discruso, Cunha foi alvo de gritos de “Fora, Cunha”. O peemedebista ignorou o fato.

Na segunda-feira, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator da ação contra o presidente da Câmara dos Deputados, no Conselho de Ética, anunciou nesta segunda-feira que protocolou parecer preliminar favorável ao andamento do processo, dizendo que preenche todos os requisitos de admissibilidade.

– Cheguei à conclusão de que o processo deve ter seguimento por preencher todos os requisitos de admissibilidade, ou seja, indícios, legitimidade, entre outros – disse Pinato em entrevista coletiva.

O pedido de abertura de processo contra Cunha baseia-se na denúncia, feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de que Cunha possui contas bancárias na Suíça, após ele ter negado essa informação em CPI na Câmara.

Entre os indícios citados por Pinato está a denúncia da PGR contra Cunha e outros documentos, além da transcrição da fala de Cunha à CPI da Petrobras.

O deputado disse que solicitou à presidência do Conselho de Ética a antecipação da reunião do colegiado, marcada originalmente para o dia 24 deste mês, para analisar seu parecer preliminar.

O processo contra Cunha no Conselho de Ética foi apresentado no fim do mês passado por PSOL, Rede e deputados de outros partidos. Na semana passada, a bancada do PSDB na Câmara posicionou-se favorável ao afastamento de Cunha da presidência da Câmara.

O presidente da Câmara repetiu reiteradas vezes o que declarou à CPI: que não possui contas além das que constam na sua Declaração de Imposto de Renda.

Com informações do Correio do Brasil

Ministro do STF nega segredo de Justiça em inquérito de Cunha

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou hoje (22) pedido feito pelos advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que o inquérito contra ele tramitasse em segredo de Justiça em função da “indevida exposição” de investigados e de documentos.

Na decisão, Zavascki explicou que a publicidade dos atos processuais é um pressuposto constitucional e que a situação de Cunha não se enquadra nas exceções previstas por lei, entre elas, a defesa da intimidade ou o interesse social.

“A hipótese dos autos não se enquadra em qualquer das situações em que se imponha reserva à cláusula de publicidade. A documentação que acompanha o pedido de abertura de inquérito não decorreu de medida cautelar processada no Brasil, tendo sido colhida e encaminhada pelas autoridades da Confederação Suíça sem regime de sigilo”, destacou o ministro.

Na semana passada, Zavascki abriu inquérito para investigar contas atribuídas a Cunha na Suíça. O pedido de abertura do inquérito, feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foi baseado em informações prestadas pelo Ministério Público suíço, que identificou quatro contas atribuídas ao presidente da Câmara naquele país. Para a PGR, além de Cunha, a mulher dele, Claudia Cruz, era uma das beneficiárias.

O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil documentos que mostram a origem do dinheiro encontrado nas contas atribuídas a Cunha.  De acordo com os investigadores da Operação Lava Jato, o dinheiro pode ser fruto do recebimento de propina em contrato da Petrobras.

Na Câmara, Cunha disse nesta quinta-feira que não tinha conhecimento da petição protocalada por seus advogados no STF e afirmou que essa é uma tarefa de sua defesa que, segundo ele, não o consulta a cada passo.

“Eu não fiz pedido. Quem faz são meus advogados. Eu nem tomo conhecimento das petições. Não ache que meus advogados pedem autorização antes de fazer uma petição”, afirmou Cunha, ao acrescentar que a defesa tem procuração para adotar todas as medidas judiciais necessárias para sua defesa. O peemedebista reiterou ainda sua posição diante das denúncias reveladas nas últimas semanas.

Sobre o resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que aprovou na madrugada de hoje o relatório final sem indiciar qualquer político envolvido nas denúncias apuradas pela Lava Jato, Cunha disse que o colegiado teve características “diferentes” por não ser protagonista das investigações.

Perguntado sobre requerimento, apresentado pelo PSDB, para que fosse instaurado um inquérito contra ele, Cunha mostrou indiferença em relação à medida e afirmou que “não tem qualquer efeito” político.

“Não significa nada. Para mim, não tinha nenhum efeito. Podia ter aprovado com a maior tranquilidade. Se eu estivesse lá eu teria votado [de forma] favorável. Já tem um inquérito instaurado.”

Com informações da Ag. Brasil

Cassação de Cunha a caminho: PSOL e Rede entram com pedido no Conselho de Ética

Conforme já havia antecipado, o PSOL entrou ontem (13) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com um pedido de cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. O pedido foi endossado pela Rede e assinado por cerca de 50 parlamentares de sete partidos (PSOL, Rede, PT, PSB, Pros, PPS e PMDB).

No pedido, o partido toma como base um documento encaminhado na semana passada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que atesta como verdadeiras as informações de que Cunha e familiares têm contas na Suíça e que, supostamente, teriam recebido dinheiro fruto do pagamento de propina em contratos da Petrobras investigados na Operação Lava Jato.

“Ficou patente, com indícios robustos, com a investigação assumida pelo Ministério Público, que o deputado Eduardo Cunha afrontou a Constituição e o Código de Ética e decoro parlamentar, no mínimo, por utilizar o cargo para obter vantagens indevidas e não prestar as informações obrigatórias para parlamentar”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

De acordo com Alencar, Cunha quebrou o decoro ao mentir sobre a existência das contas quando depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O PSOL diz que reuniu na peça um conjunto probatório de evidências contra Cunha e anexou cerca de 100 páginas com as informações recebidas da PGR, depoimentos de delatores da Lava Jato que citam Eduardo Cunha e matérias veiculadas na imprensa.

O partido também usa como argumento para a quebra de decoro a denúncia da PGR ao Supremo, segundo a qual Cunha cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Mentiu e praticou corrupção passiva e também lavagem de dinheiro, como indica a PGR. Outras investigações em curso falam também em evasão de divisas a sonegação fiscal. Portanto, o conjunto da obra é muito perverso, ainda mais na função que [Eduardo Cunha] ocupa e na qual insiste em permanecer”, acrescentou o PSOL.

Para o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), o comportamento de Cunha é impróprio e incompatível com sua permanência na presidência da Câmara. “No nosso entendimento, está configurada a quebra de decoro pelo presidente da Casa, e o processo precisa ser aberto. Pelas informações que se tem, já é possível dizer que o deputado não pode mais permanecer na presidência e que seu mandato precisa ser cassado”, afirmou.

O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), informou que, após encaminhar a representação da Mesa Diretora, será aberto o prazo de três sessões deliberativas (ordinárias e extraordinárias) para que o documento retorne ao conselho. A partir daí, será realizado um sorteio para escolher três parlamentares para relatar o caso, que não podem do estado nem do partido de Cunha. Caberá a Araújo escolher um dos três para ser o relator da representação.

O líder do PSOL disse que Cunha está usando o cargo de presidente da Câmara para se proteger e manifestou preocupação com a possibilidade de ser indicado algum aliado de Cunha que “procrastine” o processo. “O corporativismo é forte”, afirmou Alencar.

O PT foi o partido com maior número de assinaturas no pedido de abertura de processo de cassação: mais de 30 deputados. O vice-líder do partido, Henrique Fontana (RS), acusou a oposição, especialmente o PSDB e o DEM, de “jogar para plateia”, ao defender o afastamento de Cunha, mas não assinar a representação.

Segundo Fontana, a oposição está tentando proteger Cunha para barganhar uma possível abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Estão jogando para a plateia, protegendo o Eduardo Cunha, porque querem fazer disso uma moeda para cassar, através de um golpe e no tapetão, um mandato que eles não ganharam nas urnas.”

Com informações da EBC

Expectativa sobre a reação de Cunha na volta das atividades do Congresso

Em tese, a pauta da semana na Câmara não prevê votações que possam acirrar a disputa de poder entre o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a presidente Dilma Rousseff.

Contudo, ela dependerá da alta ou baixa reatividade do peemedebista. Após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, Cunha poderá responder à pergunta que já rondou a tribuna da Casa: é melhor atirar antes de levar o tiro?

Por enquanto, as votações previstas para a semana abrangem o interesse da bancada feminina da Casa e dos pequenos empresários. As deputadas pediram que o presidente da Casa submeta a votação a proposta que cria um Fundo Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.

Cunha também prometeu que votará projeto que revê os limites do Supersimples. O dispositivo modifica o Estatuto da Micro e Pequena Empresa e ajusta os valores para enquadramento no regime tributário do Supersimples, de R$ 360 mil para R$ 900 mil (receita bruta por ano), para microempresas e, de R$ 3,6 milhões para R$ 14,4 milhões (receita bruta por ano), para pequenas empresas.

O texto também estabelece a criação da Empresa Simples de Crédito, em que investidores podem aplicar recursos diretamente em pequenos negócios, uma forma de aumentar o volume de crédito disponível às micro e pequenas empresas.

Mesmo com uma Câmara supostamente tranquila, Dilma não estará livre de sofrer derrotas em seus projetos de arrocho orçamentário. Na terça-feira, as Casas legislativas devem votar, em conjunto, os vetos presidenciais. Para o governo, o mais problemático deles é o de reajuste salarial de 56% ao Judiciário, o que resultaria em um rombo de R$ 25,7 bilhões aos cofres públicos.

A presidente vetou, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já declarou que não está seguro quanto à manutenção da vontade da petista.

No Senado, a pauta pode ser travada por proposta de regime de urgência da reforma política. Uma comissão formada por senadores da Casa aprovou o texto-base que veio da Câmara. Dez destaques com sugestões de mudanças no texto aguardam a apreciação dos parlamentares.

Assim que os integrantes do colegiado analisarem cada destaque, a proposta seguirá para o plenário, o que deve ocorrer na terça-feira. Em jogo, a questão central da reforma política: financiamento de campanha.

Na fila, ainda está a apreciação dos primeiros itens da Agenda Brasil, pacote de medidas legislativas apresentada por Renan Calheiros que, segundo ele, abrem caminho para a retomada do crescimento econômico do país. Esses pontos, porém, ainda são negociados com o governo.

Ainda pode ser votado projeto de lei que pretende repatriar dinheiro remetido ao exterior sem a devida declaração à Receita Federal. A matéria agrada à equipe econômica de Dilma. Estima-se que o total não declarado no exterior chegue a US$ 200 bilhões, dez vezes mais do que o governo espera angariar com as medidas do ajuste fiscal.

* Este texto faz parte da seção De Olho, do projeto Truco no Congresso, feito pelo Congresso em Foco e a agência Pública.