Janot denuncia Cunha e Collor e pede que deputado devolva US$ 80 milhões

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou hoje (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. São as primeiras denúncias contra parlamentares investigados na Operação Lava Jato.

O procurador informou que Eduardo Cunha recebeu propina por meio empresas sediadas no exterior e empresas de fachada. Na denúncia, Janot também pede que o presidente da Câmara pague U$S 80 milhões pelos danos causados à Petrobras. É a primeira denúncia contra um parlamentar investigado na Operação Lava Jato.

Em julho, o ex-consultor da empresa Toyo Setal Júlio Camargo informou ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato na primeira instância, que Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões em propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.

No caso de Collor, as investigações indicam que o parlamentar recebeu cerca de R$ 26 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Collor também foi alvo da Operação Politeia, fase da Lava Jato que apreendeu três carros de luxo na Casa da Dinda, residência particular do ex-presidente da República. Na ocasião, a PF encontrou uma Lamborghini, uma Ferrari e um Porsche.

Segundo o MPF, a denúncia feita contra o senador Collor está sob sigilo, já que as informações são fruto de delação e ainda são sigilosas.

De acordo com Janot, Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras, junto ao estaleiro Samsung em 2006 e 2007. O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu por intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que está preso há nove meses em Curitiba, e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

O caso foi descoberto  a partir do acordo de delação premiada firmado por Júlio Camargo, que também participou do negócio e recebeu US$ 40,3 milhões da Samsung para concretizar a contratação, segundo a denúncia.

De acordo com o procurador, em 2011, Eduardo Cunha pediu à ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito (RJ) Solange Almeida, que também foi denunciada, a apresentação requerimentos à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara para pressionar a Samsung, que parou de pagar as parcelas da propina. Segundo Janot, não há dúvida de que Cunha foi o verdadeiro autor dos requerimentos.

Com a apresentação da denúncia, caberá ao plenário do Supremo julgar se há provas para embasar a abertura ação penal contra Cunha. Não há data prevista para o julgamento.

Eduardo Cunha  terá 15 dias para apresentar defesa, após ser notificado. Depois de  receber a manifestação da defesa, o ministro Teori Zavascki vai  elaborar seu voto e o levará a julgamento no plenário do STF. Se a maioria dos ministros entender que existem provas para abertura da ação penal, Cunha passará à condição de réu.

Em caso de rejeição da denúncia, o inquérito será arquivado. Caso a ação penal prossiga, será iniciada a fase de instrução, com os depoimentos de testemunhas defesa e acusação. Após as alegações finais da acusação e da procuradoria, a ação penal estará pronta para ser julgada e definir se Cunha é culpado ou inocente.

Notas

O presidente da Câmara e o senador Fernando Collor refutaram as denúncias. Em nota, Cunha rebateu com “veemência” e chamou de “ilações” a denúncia apresentada por Janot. No texto, ele se diz inocente e aliviado “já que agora o assunto passa para o Poder Judiciário”.

Cunha voltou a atribuir a Janot o fato de ter sido incluído na investigação. “Fui escolhido para ser investigado. Agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado.”

Ainda na nota, o deputado atacou o PT e o governo, a quem também atribui o fato de ser alvo da denúncia. Segundo ele, a denúncia objetiva retirar os escândalos da Petrobras do colo do PT e do governo e colocá-los “em quem sempre contestou o PT”.

Eduardo Cunha afirmou que está com a “consciência tranquila”. Rompido com o governo desde julho passado, o parlamentar afirmou que continuará realizando seu trabalho na presidência da Câmara com “lisura e independência”.

O deputado lembrou que, em 2013, foi denunciado pelo Ministério Público Federal e que a denúncia foi aceita pelo pleno do STF, sendo posteriormente absolvido por unanimidade. Na conclusão da nota, ele disse confiar “plenamente” na isenção do STF para conter o que chamou de tentativa de injustiça.

Fernando Collor

Fernando Collor manifestou-se por meio das redes sociais, classificando a denúncia de “lances espetaculosos”. ”Como um teatro, o PGR [procurador-geral da República] encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal vítima dessa trama, que também não teve direito a falar nos autos.”

Collor acrescentou que, por duas vezes, solicitou o depoimento, “que foi marcado e, estranhamente, desmarcado às vésperas das datas estabelecidas.” Segundo o ex-presidente da República, se tivesse havido respeito a seu direito de se pronunciar e ter vista dos autos, tudo poderia ter sido esclarecido. “Fizeram opção pelo festim midiático, em detrimento do direito e das garantias individuais.”

Também por meio de nota, o ministro-chefe da  Secretaria de  Comunicação Social da Presidência da Republica, Edinho Silva, informou que o governo não se pronunciará sobre o conteúdo da manifestação do presidente da Câmara dos Deputados. “O governo da presidenta Dilma acredita na isenção das instituições que apuram as denúncias”, concluiu o ministro.

Com informações da Ag. Brasil

No STF, Cunha contesta suspensão da votação das contas presidenciais

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, entregou há pouco ao ministro Luiz Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) as explicações da Casa contra o mandado de segurança impetrado pela presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), contra a votação pela Câmara das contas dos ex-presidentes Itamar, Lula e FHC.

Segundo Cunha, sua contestação ao mandado tem como base quatro linhas de argumentação:
– perda do objeto do mandado, pois não há como suspender uma votação que já ocorreu;
– perda de legitimidade ativa, pois Rose de Freitas não teria legitimidade no âmbito da CMO para cancelar a votação;
– perda de legitimidade passiva, pois foi o Congresso Nacional que distribuiu para a Câmara a votação das contas presidenciais; e
– análise de mérito, mostrando que foi irregular esse pedido da senadora.

“Eu fiz o meu papel de prestar informações e esclarecer, como eu faço sempre”, afirmou o presidente da Câmara. Segundo Cunha, o ministro Barroso vai examinar com a brevidade possível o documento apresentado pela Câmara.

Votações
Em relação à pauta do Plenário, Cunha disse que os deputados deverão votar o Projeto de Lei doAntiterrorismo (PL 2016/15) e votar a urgência para o Projeto de Decreto Legislativo PDC 157/15, que susta decreto da presidência que transfere para o Ministério da Saúde a iniciativa de definir a competência das especialidades médicas.

Com informações da Ag. Câmara

Cunha diz que não interfere em decisões da CPI da Petrobras

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse hoje (30) que não interfere nas decisões da comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Petrobras. “Não participei, não participo nem participarei de qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia”, garantiu.

A manifestação de Cunha, divulgada em uma nota à imprensa, foi uma resposta à reportagem veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo que destaca que a cúpula da CPI solicitou à empresa de investigação Kroll prioridade às investigações sobre o lobista Júlio Camargo.

Cunha destacou que as “insinuações da reportagem” beiram a má-fé e negou ser o autor de constrangimentos de parlamentares em busca de sua defesa. “A participação da direção da Câmara, por meio da Diretoria Geral, trata somente da contratação administrativa requerida pela CPI, nos termos de sua autonomia”, afirmou ao citar a contratação da Kroll.

Um dos delatores do esquema de corrupção na estatal, Júlio Camargo, disse, durante depoimento à Justiça do Paraná, que Cunha pediu US$ 5 milhões para viabilizar contrato de navios-sonda da Petrobras e exigiu pagamento de propina ao lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

De acordo com a reportagem, os aliados do parlamentar esperam ter as informações da Kroll até o fim de agosto para desqualificar a delação premiada acordada pelo lobista.

Com informações da Ag. Brasil

Maioridade Penal: PT e PSDB se unem contra a redução

Após seis meses seguidos de enfrentamento, desde o encerramento do processo eleitoral, governistas e tucanos tendem a se aliar, ao menos em parte, contra uma bandeira defendida pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Sem que se completassem as 40 sessões de discussão, a Comissão Especial que trata da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, que discute a redução da maioridade penal, antecipou para essa quarta-feira a apresentação do relatório que Cunha quer ver aprovado ainda em junho A iniciativa fez o governo apressar a mobilização contrária à PEC.

O relator, Laerte Bessa (PR-DF), delegado da Polícia Civil e integrante da bancada da bala, já revelou o parecer favorável à redução da maioridade para 16 anos.

“O PSDB não vê constrangimentos em estar ao lado do governo quando se trata de questões de Estado. O partido será sempre contra o que for assunto de governo, mas a redução da maioridade é um tema que afeta toda a sociedade brasileira e deve ser discutido com a seriedade que o assunto pede”, diz o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi o primeiro tucano a levantar a possibilidade de diálogo com o PT, que já estuda a possibilidade de apoiar proposta encaminhada por Alckmin ao Congresso em que, ao invés de mudar a Constituição, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ampliando de três para oito anos o tempo de internação de menores que tenham praticado crime hediondo.

Esta proposição, descartada inicialmente pelo PT, é vista como alternativa para impedir o “mal maior”, que seria a redução da maioridade. “Estamos formando um amplo movimento, alargando a base de apoio ao governo nesta matéria, que extrapole as fronteiras partidárias, compreendendo que em vários partidos há posições contrárias à redução da maioridade penal”, diz a deputada Erica Kokay (PT-DF), uma das principais articuladoras do governo no tema. Ela lembra que, além de Alckmin, outros nomes do PSDB refutam a PEC, como o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro e formulador das políticas de direitos humanos do governo Fernando Henrique. Criador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Pinheiro liderou o manifesto assinado por nove ex-ministros de FHC, Lula e Dilma contra a PEC 171.

Segundo Cunha Lima, a bancada tucana está dividida, tanto na Câmara quanto no Senado, por isso não há como afirmar se o partido apoiará a posição de Alckmin ou a PEC. Há ainda, como terceira alternativa, a PEC de autoria do tucano Aloysio Nunes, rejeitada no ano passado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas que tucanos cogitam colocar em discussão, já que o parlamentar entrou com recurso contra a decisão da CCJ.

A proposta de Nunes é vista por alguns tucanos como o meio termo, porque mantém a maioridade penal em 18 anos, mas prevê a redução quando se tratar de crimes graves. “Na bancada há várias posições contrárias à redução da maioridade, mas também há as vozes a favor e há até os que defendem eliminar do texto constitucional uma idade mínima”, aponta, ao citar os Estados Unidos como modelo de país que não prevê a maioridade.

Uma equipe interministerial chefiada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vem estudando alternativas à PEC. Uma delas é a ampliação da pena para adultos aliciadores de menores, proposta já defendida publicamente pela presidenta Dilma Rousseff desde a campanha presidencial. “Não é reduzindo a maioridade penal (que vai se resolver o problema), é agravando a pena do adulto que usou o jovem para a sua ação, sabendo que com isso ele estava ampliando o seu raio de ação”, disse a presidenta, falando a jovens em abril.

Diante da decisão de Cunha de encerrar a discussão na Comissão Especial na 27ª reunião e votar a matéria ainda este mês, o governo reforçará o corpo a corpo com parlamentares da base e da oposição.

Com informações do Brasil Econômico e Agências.