Um jovem de 16 anos teve a cabeça decepada na última terça-feira (2) em Joinville (SC), um vídeo feito supostamente da execução foi feito por seus algozes e compartilhado em redes sociais. A cabeça foi encontrada dentro de uma mochila. O crime choca pela extrema violência. O que dizer disso, além de lamentar a perda de mais um jovem para a violência?
Vivemos, infelizmente, em uma sociedade que só deseja o ter, ter, e ter mais, sem dar a mínima ao próximo. Os ricos estão mais ricos, e quando os pobres evoluem, são tachados de oportunistas, aproveitadores, só porque querem um espaço digno para viver e criar seus filhos. Qualquer movimento de ascensão social de negros, índios, sem terras, LGBTs e outros são vistos como uma afronta por pessoas do “andar de cima” nesta bela sociedade.
Algumas semanas atrás a organização não governamental britânica Oxfam, que atua na busca de soluções para a redução da pobreza e da desigualdade, divulgou os resultados de um estudo no qual afirma que o 1% mais rico do mundo já detém tanta riqueza quanto o resto dos habitantes do planeta.
Além disso, a ONG também destacou que as 62 pessoas mais ricas têm tanto dinheiro e bens quanto metade da população global. A lista tem dois brasileiros: o empresário Jorge Paulo Lemann, que atua em uma série de setores – como de cervejarias e o de varejo –, e o banqueiro Joseph Safra.
Nossa juventude está jogada nas mãos de marginais porque nossa elite governante (?!) só almeja melhores posições, negócios, economia, e a próxima eleição. As retóricas se sucedem ao longo das eleições, mas as lideranças políticas não tem coragem de encarar o que deve ser feito. Recuam ao menor sinal de desagrado do “andar de cima”.
Nossa sociedade apodrece há muito tempo, e não reage. Sair às ruas só em momentos de grave tensão, para gritar, queimar pneus, protestar e ir para casa sem nunca fiscalizar seus governantes, judiciário, executivos e legislativos, dá nisso que colhemos hoje.
A sociedade tem de mudar, urgentemente. Tragédias acontecem todos os dias, na natureza, na vida urbana, na área rural, nas empresas, nas casas, nas famílias, e tudo em nome do senhor dinheiro, da ganância. Por onde anda a humanidade, a solidariedade, a vontade de amar ao próximo?
E o que fazemos? Ficamos em casa a assistir na televisão, ou compartilhando a morte, como neste caso do jovem decapitado. A barbárie está batendo às portas, de todos, e só entristece ver que em pleno século 21, as pessoas não reajam a isso, não se mobilizem permanentemente em favor da paz. E ao pessoal do “andar de cima” já deveria ter percebido que se a maioria não melhorar de vida, tiver cultura, arte, educação, casa, emprego, renda, poupança, dignidade, vai acabar ameaçando o seu próprio bem estar.
E sobre compartilhar o vídeo em suas redes sociais? Só mostra o nível cultural e humano que atingimos. Penas dessas pessoas, precisam tratamento urgente. Sobre o menino no crime? A sociedade é cúmplice, e ponto. Ou reagimos, ou caminhamos para a decapitação total da sociedade hipócrita em que vivemos.
Por Salvador Neto, editor do Blog Palavra Livre