Trabalho escravo: ex-deputado federal é denunciado pela prática do crime

O Ministério Público Federal em Roraima ofereceu denúncia junto à Justiça Federal contra o ex- deputado federal Urzeni da Rocha Freitas Filho por manter, em uma fazenda de sua propriedade, trabalhadores em regime de trabalho escravo, dentre eles menores de idade. A fazenda do ex-deputado federal está localizada na zona rural do município do Cantá, próximo a divisa com Iracema. A denúncia foi recebida pela Justiça Federal e o processo de número 2243-39.2012.4.01.4200 tramita na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista.

Consta na denúncia que, no período de 30/09/2009 a 23/10/2010, Urzeni submeteu 26 trabalhadores a regime de trabalho escravo. A denúncia diz que os trabalhadores foram sujeitos a condições degradantes de trabalho, e que a liberdade de locomoção desses trabalhadores foi comprometida, uma vez que eles foram mantidos na Fazenda Paraíso, um local isolado e de difícil acesso. A situação teve fim em outubro de 2010, quando auditores fiscais do trabalho, em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho tomaram conhecimento dos fatos e fiscalizaram o local para verificar a situação.

Na época, a equipe de fiscalização constatou a ocorrência de trabalho escravo na fazenda e flagrou 26 trabalhadores submetidos a condições degradantes de trabalho. O denunciado explorava os trabalhadores em atividades da pecuária de corte, tais como roço de pasto, construção de cercas e de currais. De acordo com a denúncia do MPF, o ex-deputado federal reuniu os trabalhadores na forma de uma falsa empreitada, contratando as pessoas de maneira fraudulenta, com total desrespeito aos direitos trabalhistas.

Além de Urzeni Rocha, foram denunciados também o administrador da fazenda Vilmar Martins da Silva e o vaqueiro Raimundo Souza Cardoso. Conforme a denúncia, Vilmar Martins era quem administrava a Fazenda, recebendo diretamente de Urzeni todas as ordens para gerir o negócio, inclusive quanto à contratação dos empregados e às condições materiais em que eles eram mantidos. O vaqueiro fazia a vigilância e coordenava diretamente as atividades dos trabalhadores reduzidos à condição análoga à de escravo.

Ainda conforme apurado pelo Ministério Público Federal, os denunciados dividiam os trabalhadores em duas frentes de trabalho e cada um recrutava um grupo. Segundo relato das vítimas, na fazenda não tinha transporte público e para chegar a cidade mais próxima (Iracema), era necessário caminhar de quatro a oito horas pela mata fechada, além de precisar atravessar o Rio Branco.

Os gêneros alimentícios fornecidos pelo empregador, bem como, instrumentos de trabalho e equipamentos de proteção individual, eram descontados posteriormente dos salários das vítimas. Como o pagamento era efetuado somente após a conclusão dos serviços, os trabalhadores nunca dispunham de dinheiro e assim o ciclo de endividamento permanecia até o término do contrato.

A comida fornecida e cobrada pelo empregador conforme a denúncia, era de péssima qualidade. De manhã, os trabalhadores comiam cuscuz de milharina e para as outras refeições tinham somente arroz e feijão. Além disso, a comida era escassa, fazendo com que os trabalhadores tivessem de caçar seu próprio alimento na mata.

Além disso, segundo o MPF, os denunciados sujeitavam os trabalhadores a condições degradantes de trabalho e de vida, em flagrante desrespeito às normas de proteção ao trabalho. Os alojamentos das frentes de trabalho eram precários, sendo montados pelos próprios trabalhadores, com lonas compradas com recursos próprios. Não havia camas, paredes, piso adequado, nem proteção contra chuvas e tempestades. Os trabalhadores estavam expostos ao ataque de animais, inclusive peçonhentos. Muitos não conseguiam dormir, tendo em vista o número excessivo de insetos presentes na mata.

Foi constatado ainda, que não havia nenhuma instalação sanitária nas frentes de trabalho, sendo que os trabalhadores eram obrigados a satisfazer suas necessidades fisiológicas no mato. Os trabalhadores eram obrigados a utilizar água com lodo de um córrego para tomar banho, beber e cozinhar. Nessa mesma água, os animais bebiam e faziam suas necessidades fisiológicas.

Por: MPF/RR

 

Minha Casa, Minha Vida: audiência pública discutirá atrasos no programa

A Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) debate nesta quarta-feira, dia 11 de abril, o andamento da implantação de moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida, em municípios com menos de 50 mil habitantes, a pedido do deputado federal Mauro Mariani (PMDB/SC), diante do atraso de mais de dois meses para divulgação dos selecionados. A Lei 12.424/11 dispõe que os municípios com população até 50 mil habitantes serão também atendidos por meio de oferta pública com a participação de diversos agentes financeiros.

Mauro Mariani ressalta que “os estados e municípios fizeram a sua parte, adquirindo terrenos, reservando recursos para eventuais contrapartidas e elaborando projetos. Os agentes financeiros, públicos e privados, também cumpriram o seu papel, credenciando-se para participar da Oferta Pública, cujo resultado foi homologado pelo Governo Federal”.

Ainda em novembro do ano passado, o Governo definiu as condições de contratação das primeiras 110 mil unidades e estabeleceu um cronograma de execução. Até 30 de dezembro, estados e municípios deveriam apresentar projetos. Enquanto que o Ministério das Cidades teria até o dia 27 de janeiro, deste ano, para divulgar a relação dos projetos selecionados, o que não aconteceu. Após três adiamentos, o Governo não se compromete com os prazos, por estarem revisando os critérios de seleção – critérios que já haviam sido definidos quando da abertura de prazo para apresentação dos projetos.

A audiência pública ocorre nesta quarta-feira, a partir das 11h, no Plenário 16 da Câmara dos Deputados. Foram convidados representantes do Ministério das Cidades; Casa Civil; Ministério das Relações Institucionais, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip); Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação (ABC); Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano (FNSHDU); Frente Nacional de Prefeitos; Confederação dos Municípios.

Governo anuncia divulgação dos selecionados

O Ministério das Cidades, antecedendo-se à audiência pública, mandou convites para a cerimônia de “anúncio do resultado da seleção de propostas do Programa Minha Casa, Minha Vida” – dia 12, quinta-feira, às 11 horas, em Brasília.

Porém a iniciativa não prejudica nem acaba com a audiência pública. Insatisfeitos, lideranças questionam cortes de municípios antes confirmados e mudanças nas regras de seleção. Oportunidade para o Governo esclarecer todas as dúvidas e responder aos questionamentos.

Ass. Imprensa Mauro Mariani