Li, não com pouca surpresa em coluna de jornal da província de Joinville (SC), que o atual presidente da Celesc, estatal da área de energia do governo catarinense, Cleverson Siewert, quer ser Prefeito da maior cidade de SC. É de se questionar: porque tal nota sai agora? A quem serve? Qual o propósito? Perguntas, perguntas… quase todas sem respostas plausíveis.
Preparado, podem dizer alguns. Jovem, dirão outros. Boa formação, assentirão muitos mais. Mas, afinal, esses predicados bastam para virar comandante de uma cidade sem planejamento, em busca de sí mesmo há tantos anos? Será que notas em jornais valem tanto assim para catapultar determinados personagens a tal posto?
Temos hoje comandando a Prefeitura de Joinville um empresário, digamos assim, vencedor. Altamente capacitado, gestor “testado” à frente de uma grande empresa e um grande hospital particular. Udo Döhler foi eleito como a salvação para todos os males de uma cidade sempre aberta à soluções milagrosas. Gestão, foi a palavra de ordem. Saúde, foco central do governo. Dos bairros para o centro, a direção estratégica.
Bom, como vimos, o tal gestor não se apresentou até hoje. A saúde continua como sempre, com filas, falta disso e daquilo. A gestão, bem, é só andar por todos os bairros para ver o abandono, os buracos, a falta de alegria da cidade que se vê largada ao Deus dará. E vindo dos bairros para o centro, bem, que o digam os bairros, todos ainda à espera deste gestor experimentado, preparado, etc.
Creio que o balão de ensaio vindo sabe-se lá de onde, vai vagar até morrer em uma praia próxima. Para ser o Prefeito de uma grande cidade cheia de problemas, há que se ter mais que vontades, preparos, currículos e notas em jornais.
É preciso mais criatividade, sentido de solidariedade, olhar social de fato, e não só de sonhos. É preciso entender o povo e seus anseios, e agir em favor deles. Eles é que pagam impostos e merecem atenção privilegiada, e não somente a classe empresarial (também digna de apoios, mas comedidamente, afinal, são empreendedores, conhecem o risco, e buscam objetivamente o lucro tão somente).
Eu também quero ser Prefeito. Não dirigi grandes empresas, tampouco grandes estatais. Mas conheço bem as dores do povão dos bairros, tão esquecido. Não saio em notas jornalísticas em colunas de peso, mas conheço a engrenagem da política, e sei bem como ela funciona,e por quem é acionada, e a qual tempo.
Aliás, você aí, também pode ser Prefeito! Já pensou nisso? E não tenha medo não, qualquer um pode ser Prefeito, e sem querer ser pejorativo… é isso aí.
Escrito por Salvador Neto, jornalista e editor do Palavra Livre