Em recessão desde 2011, o desemprego na Espanha alcançou em 2012 seu maior patamar histórico, desde que o governo começou a medir o fenômeno estatisticamente nos anos 1970. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o índice de desemprego subiu para 26% da população economicamente ativa no quarto trimestre de 2012, acima dos 25% registrados no trimestre anterior. O percentual representa 5,97 milhões de desempregados, afetando principalmente pessoas com menos de 30 anos e imigrantes. Esse quadro, mais de o dobro em relação à média da União Europeia (UE), vem provocando um êxodo de jovens espanhóis para outros países.
O desemprego na Espanha afeta 55% dos jovens que buscam trabalho. Segundo o INE, o número de trabalhadores ativos entre 16 e 24 anos diminuiu em 166 mil pessoas no quarto trimestre de 2012. Isso equivale a uma queda de 8,9% desse contingente em apenas três meses. O número total dessa faixa etária de trabalhadores somou 1,68 milhão de pessoas, uma taxa de atividade de 41,03%, frente aos 44,37% do mesmo período em 2011. — Nós ainda não vimos o fundo do poço e o desemprego vai continuar a aumentar durante o primeiro trimestre — previu o estrategista do Citigroup, José Luiz Martinez.
Economia ainda sofrerá mais
A Espanha entrou em sua segunda recessão desde 2009 no fim de 2011, após o estouro da bolha imobiliária deixar milhões de trabalhadores de baixa qualificação desempregados, derrubando a confiança do setor privado e reduzindo os gastos de consumidores e com importações. Em meio a um dos maiores déficits fiscais da zona do euro, o presidente de governo da Espanha, o conservador Mariano Rajoy, adotou políticas de austeridade, aplicando bilhões de euros em cortes de gastos e aumento de impostos. Isso piorou os efeitos sociais da crise econômica e prolongou a recessão. Quando Rajoy assumiu o cargo, no fim de 2011, havia 5,27 milhões de desempregados na Espanha.
O Banco Central da Espanha estimou esta semana que a recessão se aprofundou no quarto trimestre do ano passado, com a economia encolhendo 0,6% em relação ao trimestre anterior, quando houve um recuo de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Foi o sexto trimestre consecutivo de queda. A autoridade monetária informou que a atividade econômica recuou 1,7% nos últimos três meses de 2012, na comparação com o mesmo trimestre de 2011, e perdeu 1,3% em todo o ano passado.
As medidas de austeridade visam à redução do déficit público, o que vem afetando a economia a curto prazo. Mas as reformas de Rajoy só começarão a fazer efeito a longo prazo. Isso significa que a economia espanhola ainda vai sofrer mais, antes de se recuperar.
A chanceler alemã, Angela Merkel, defensora das medidas de austeridade, citou o desemprego entre os jovens na Espanha para destacar a importância de que a UE adote medidas para ajudar os países em crise, até que os efeitos das reformas possam a ser sentidos na sociedade: — Os resultados das reformas estruturais levam dois, três ou quatro anos, enquanto nossa tarefa é oferecer medidas transitórias até que as reformas surtam efeito.
Do Sindicato do ABC