Governo quer reduzir em 15 mil ao ano mortes por doenças crônicas

No lançamento do plano de ações de combate à DCNT (Doenças Crônicas não transmissíveis) como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira (18) que a principal meta da proposta com duração de 10 anos é de reduzir em 2% ao ano o número de mortes causadas pela doença.  

São as DCNT as doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Dados do Ministério apontam que 72% dos óbitos de 2009 foram causados por elas, num total de 742 mil pessoas e, em nível mundial, a estimativa é de sejam responsáveis por 63% das mortes, sendo que 1/3 tem menos de 60 anos. 

“A principal meta é reduzirmos 2%  ao ano a mortalidade por doenças crônicas e que envolve um conjunto de ações, sobretudo, nos fatores de risco. Buscarmos reduzir a obesidade, incentivar a atividade física (…), garantir metas de ampliação de diagnósticos e tratamento para câncer, reestruturar a rede de urgência e emergência para dar conta das situações de doenças cardiovasculares ”, citou o ministro.

“Quanto mais as pessoas vivem, mais chances a doença tem de aparecer.  Na década de 1980, achava-se que as pessoas de baixa renda não fossem acometidas por estas doenças que eram tidas como de países ricos. Era uma concepção equivocada”, pondera o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,  Jarbas Barbosa da Silva.

Fatores de Risco

O aumento de peso dos brasileiros é um dos fatores que faz com que a tendência de desenvolver essas doenças cresça.  Cerca de 16% das crianças de 5 a 9 anos são obesas. A meta é reduzir este índice pela metade. Da mesma forma, no grupo de jovens com 10 a 19 anos, que está com cerca de 6% de obesos, o objetivo é derrubar o índice em três pontos percentuais.
 
Com relação ao tabaco e ao álcool, as campanhas publicitárias do governo continuarão a reforçar o desligamento do vício. E, no caso do cigarro, a pasta pretende trabalhar para elevar a carga tributária do produto, dos atuais 60% para 81%.  A ideia é reduzir fumantes de 15,1% para 9% até 2022.

Plano Nacional

A meta do Plano Nacional é diminuir em 2% ao ano a mortalidade dos menores de 70 anos.  Entre as ações da proposta estão a distribuição gratuita de remédios para diabetes e hipertensão arterial, aumento de impostos sobre o cigarro, incentivo à prática de atividade físicas dentro do Programa Academia da Saúde, exames preventivos e acordos com a indústria alimentícia para redução do sal e gordura trans nos alimentos.

A meta da Academia da Saúde é construir, equipar e levar profissionais para trabalhar em quatro mil academias que serão montadas até 2014. A ideia é construir mil por ano por meio de parcerias entre municípios e Estados mais carentes. O ministério já recebeu cerca de sete mil propostas de três mil municípios.

Este conjunto de propostas brasileiras será apresentado na reunião da ONU (Organização das Nações Unidas), em setembro em Nova York.

UOL Notícias

Doenças psiquiátricas roubam mais anos de vida do brasileiro

Com mudanças no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país.

De acordo com dados citados em uma série de estudos sobre o Brasil, publicada ontem no periódico médico “Lancet”, as doenças mentais são as responsáveis pela maior parte de anos de vida perdidos no país devido a doenças crônicas.

Essa metodologia calcula tanto a mortalidade causada pelas doenças como a incapacidade provocada por elas para trabalhar e realizar tarefas do dia a dia.

Segundo esse cálculo, problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos. Entre eles, em ordem, os maiores vilões foram depressão, psicoses e dependência de álcool.

Em segundo lugar, vieram as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos.

Outros dados do estudo mostram que de 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão.

Na região metropolitana de São Paulo, uma pesquisa, com dados de 2004 a 2007, mostrou que a depressão atinge 10,4% dos adultos.

Não é possível dizer se o problema aumentou ou se o diagnóstico foi ampliado, diz Maria Inês Schmidt, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das autoras do estudo.

Ela afirma também que são necessários mais estudos para saber de que forma o modo de vida nas cidades pode influenciar o aparecimento da depressão, além das causas bioquímicas.
No caso da dependência de álcool, no entanto, há uma relação com o estilo de vida, uma vez que pesquisas recentes do Ministério da Saúde apontam um aumento no consumo abusivo de bebidas.

Idade avançada
O envelhecimento da população também contribui para o aparecimento de transtornos psiquiátricos.

De acordo com o estudo, a mortalidade por demência aumentou de 1,8 por 100 mil óbitos, em 1996, para 7 por 100 mil em 2007.

“O Brasil mudou com consumo de álcool, envelhecimento e obesidade e, com isso, temos novos problemas de saúde”, disse o ministro Alexandre Padilha (Saúde).

Em relação às doenças psiquiátricas, ele afirmou que a pasta irá expandir os Caps (centros de atenção psicossocial) e aumentar o número de leitos para internações de curto prazo.

A série de estudos do “Lancet” coloca como outros problemas emergentes de saúde diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, como o de mama. Eles estão associados a mudanças no padrão alimentar, como o aumento do consumo de produtos ricos em sódio.

Por outro lado, a mortalidade por doenças respiratórias caiu, principalmente devido à redução do número de fumantes.

Da Folha On line