Drogas: STF começa a julgar a descriminalização do porte de drogas para uso próprio

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar nesta quarta-feira (19) a descriminalização do porte de drogas para uso próprio.

O julgamento estava previsto para ser iniciado na semana passada, mas não entrou em pauta. A questão será julgada por meio de um recurso de um condenado a dois meses de prestação de serviços à comunidade por porte de maconha. A droga foi encontrada na cela do detento. O recurso é relatado pelo ministro Gilmar Mendes.

O julgamento está previsto para começar às 14h e será iniciado com a leitura do relatório do processo. Em seguida, entidades de defesa e contra a descriminalização devem se manifestar, como o Movimento Viva Rio, o Instituto Sou da Paz e a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol).

Após as sustentações orais, Gilmar Mendes proferirá seu voto, e os demais ministros começam a votar. O julgamento poderá ser adiado se um dos ministros pedir mais tempo para analisar o processo.

No recurso, a Defensoria Pública de São Paulo alega que o porte de drogas, tipificado no Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), não pode ser configurado crime, por não gerar conduta lesiva a terceiros. Além disso, os defensores alegam que a tipificação ofende os princípios constitucionais da intimidade e da liberdade individual.

O tema é polêmico. Ontem (18), entidades do setor médico divulgaram notas a favor e contra a descriminalização. O manifesto Implicações da Descriminalização do Uso de Drogas para a Saúde Pública, assinado por mais de 200 profissionais e pesquisadores da área de saúde, cita casos de diversos países e analisa o uso das drogas sob o ponto de vista da medicina, da saúde coletiva e das ciências sociais aplicadas à saúde.

Um dos defensores da descriminalização é o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Gadelha. De acordo com ele, tratar o usuário de drogas ilícitas como criminoso faz com que o problema não seja enfrentado corretamente.

“Como as drogas ilícitas estão em um circuito relacionado ao protecionismo, à exclusão e repressão, elas geraram uma questão de comercialização que está associado à violência do tráfico, discriminação à população mais vulnerável, quase um genocídio que acontece em territórios ocupados pelo tráfico. Todos esses componentes implicam problemas de saúde pública que devem ser tomados como centrais”.

Para Gadelha, o usuário de drogas é vitimizado duas vezes, já que pode sofrer de um problema de saúde, que é a dependência química, e é considerado criminoso por isso.

“Alguém que está sofrendo pelo uso de uma droga precisa ser acolhido, precisa ser tratado, precisa ter uma sociedade que não o jogue na vala comum da criminalidade. Você acha que alguém que é tachado como criminoso vai procurar o serviço de saúde? Nunca”.

A nota assinada pelos presidentes da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), da Federação Nacional dos Médicos, Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina afirma que a descriminalização vai gerar aumento do consumo, levando à multiplicação de usuários, à dependência química, ao aumento de acidentes de trânsito, de homicídios e suicídios, além de fortalecer o tráfico, aumentando a violência.

O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, ressalta que as entidades representam mais de 400 mil médicos do país. De acordo com ele, a categoria é contra a facilitação de acesso a qualquer tipo de droga, seja ela legal ou ilegal.

“Somos contra toda e qualquer facilitação de uso de álcool, cigarro e qualquer droga. O motivo é simples: essas substâncias provocam doenças e, como médicos, nós temos que defender uma saúde pública adequada para toda a população. Liberar essas substâncias é facilitar o aparecimento de doenças em geral, inclusive as da mente”.

Ele alerta que o julgamento não trata apenas de drogas consideradas menos nocivas, como a maconha. “As pessoas não estão percebendo que o que está sendo votado é a liberação de toda e qualquer droga, não é maconha pura e simplesmente. Se tiver um voto favorável, isso é a liberação do porte de crack, de heroína, cocaína, LSD. E se facilitar que as pessoas tenham acesso, nós vamos ter um aumento muito grande de usuários e vai ser um caos na saúde pública”.

Segundo o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, em países como Portugal, onde houve um processo de definição de quantidade para porte e a despenalização do uso de drogas, não houve aumento de consumo. Mas, de acordo com Silva, os estudos em Portugal mostram que o número de usuários no país passou de 8% para 16%.

Com informações do Congresso em Foco e STF

Drogas: Julgamento no STF pode levar o Brasil a descriminalizar porte de drogas

O Brasil pode se igualar aos demais países da América do Sul que descriminalizaram o porte de drogas hoje ilícitas e passar a ser tolerante com o consumo e com o cultivo para uso próprio.

A medida depende do Supremo Tribunal Federal (STF) que deve julgar, neste mês, ação questionando a inconstitucionalidade da proibição.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo recorreu à Corte, alegando que o porte de drogas, tipificado no Artigo 28 da Lei 11.343, de 2006, não pode ser considerado crime, por não prejudicar terceiros. O relator é o ministro Gilmar Mendes, que finalizou o voto e deve colocar o tema em votação ainda este mês.

Para especialistas em segurança pública, direitos humanos e drogas, o STF tem a chance de colocar o Brasil no mesmo patamar de outros países da região e dar um passo importante para viabilizar o acesso de dependentes químicos ao tratamento de saúde, além de pôr fim à estigmatização do usuário como criminoso.

“A lei de drogas manteve a posse de drogas como crime, mas não estabeleceu a pena de prisão – o que foi um avanço. O entendimento que se tem é que isso [a proibição] é inconstitucional, diante dos princípios da liberdade, da privacidade, no sentido que uma pessoa não pode ser constrangida pelo Estado, sob pena de sanção, por uma ação que, caso faça mal, só faz mal a ela”, explicou a coordenadora do Grupo de Pesquisas em Política de Drogas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luciana Boiteux.

O diretor para a América Latina da Open Society Foundation, organização não governamental que defende direitos humanos e governança democrática, Pedro Abramovay, diz que em nenhum país onde o porte de drogas foi flexibilizado houve aumento do consumo.

“O Brasil está atrasado e se descriminalizar vai se igualar a dezenas de países que já passaram por esse processo. Todos os países que descriminalizaram o consumo, que falaram que ter o porte para o consumo pessoal não é mais crime, não viram o consumo crescer. Então, esse medo que as pessoas têm, de haver aumento, é infundado com os dados da realidade”, destaca.

Ele acredita que a medida pode fazer com que dependentes tenham acesso facilitado à saúde. “Hoje, um médico que trata uma pessoa que usa crack, lida com um criminoso, tem a polícia no meio, o que torna a abordagem mais e mais difícil”, destacou Abramovay, que já foi secretário nacional de Justiça.

Traficante x usuário
Com a decisão do STF, também pode sair das mãos da polícia e do próprio Judiciário a diferenciação entre quem é traficante e quem é usuário, que tem levantado críticas de discriminação e violação de direitos humanos nas prisões.

A lei atual, de 2006, não define, por exemplo, quantidades específicas de porte em cada caso, como em outros países, e deixa para o juiz decidir, com base no flagrante e em “circunstâncias sociais e pessoais”. “Em outras palavras: quem é pobre é traficante, quem é rico é usuário”, critica Abramovay.

Segundo ele, o STF deve recomendar, na sentença, que sejam estabelecidos critérios para a caracterização de usuários, por órgãos técnicos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“O Supremo pode dizer que, para garantir que a Constituição seja respeitada, sem discriminação, são necessários critérios. Esse não é um tema menor, a falta de indefinição leva ao encarceramento. Estamos falando de um a cada três presos no país”, destacou Abramovay.

Em evento no Rio de Janeiro, na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu que as “lacunas legais” para diferenciar traficantes e usuário alimenta o ciclo de violência e superlota o sistema prisional. Segundo ele, o tráfico é o segundo tipo de crime que mais coloca pessoas atrás das grades, depois de crimes contra o patrimônio. No caso de mulheres, o tráfico aparece em primeiro lugar na lista.

“Sabemos que temos uma cultura, que não me parece adequada, de querer forçar a barra de tudo quanto é traficante para poder criminalizar. Temos muita gente que é usuária – que deveria receber tratamento de saúde – entrando nas unidades prisionais em contato com organizações criminosas: ou seja, entra usuário e sai membro do tráfico”, lamentou o ministro.

A professora da UFRJ Luciana Boiteux aposta na regulação – da produção à venda das substâncias – como solução para enfrentar a violência e os homicídios no país relacionados ao combate ao tráfico.

Outro lado
Contrário à descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) acredita que a medida é o primeiro passo para a legalização das drogas o que, de acordo com ele, seria ruim para a sociedade.

“Se descriminalizar o uso, acabou, legalizou a droga. Se não for crime usar [a droga], as pessoas vão andar com droga à vontade. Vão levar para o colégio, para a praça, distribuir para os amigos. E como é que pode não ser crime comprar, mas ser crime vender? Como se resolve esse paradoxo? Isso vai acabar legalizando a venda. Os traficantes vão [fingir] ser todos usuários. Isso vai aumentar a circulação da droga. Liberar a droga só agrava o problema, não melhora”, disse Terra que preside a  Subcomissão de Políticas Públicas sobre Drogas da Câmara dos Deputados.

Ele discorda da tese de que o uso de drogas é uma liberdade do indivíduo, que só afeta a ele. “A dependência química é uma doença incurável. A pessoa vai levar aquilo para o resto da vida. Isso pode reduzir sua capacidade laborativa e de cuidar da família. Muitas vezes, [o usuário] sobrecarrega a família, porque a maioria é desempregada e não consegue cuidar da família. Ele sobrecarrega seus pais, irmãos, que têm que cuidar dele, tem que arrumar dinheiro para manter, tem que trabalhar mais. A liberdade de ele usar droga é a escravidão da família”, afirma.

O deputado relaciona ainda o uso de drogas, lícitas e ilícitas, ao aumento da violência no país. “Nossa epidemia da violência é filha da epidemia das drogas. O Brasil é o país em que mais se mata gente no mundo. Mata mais em homicídios, em acidentes de trânsito. Se liberar, vai aumentar tudo isso. Qual é a maior causa de violência doméstica? É o álcool, porque é uma droga lícita. Não é crime comprar álcool. A violência doméstica vai aumentar muito em função da circulação das drogas ilícitas”, diz.

A opinião é compartilhada pelo empresário Luiz Fernando Oderich, que fundou a organização não governamental Brasil Sem Grades, que pede mais segurança e defende leis mais duras para combater a violência. Max, filho de Oderich, foi assassinado há 13 anos durante uma tentativa de assalto.

Segundo ele, o usuário não deve ser tratado como criminoso. Entretanto, muitas vezes, ele se envolve em outros crimes por causa do uso de drogas. “Existe uma relação entre um comportamento não social e o consumo de drogas. Alguns, de uma maneira menor, e outros, de uma maneira maior. É uma coisa que não faz bem”, disse o empresário.

O psiquiatra Osvaldo Saide, da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad), diz que o ideal é não tratar o usuário como criminoso, mas encaminhá-lo para tratamento. No entanto, segundo ele, é preciso que a legislação deixe claro o que fazer em casos de pessoas que cometam crimes sob efeito de drogas e em casos de venda de drogas pelos usuários para sustentar seu próprio vício.

Para Saide, seria necessário criar alternativas ao usuário como receber a pena pelo outro crime cometido ou se submeter a tratamento compulsório.

“A Justiça pode pressionar a pessoa para o tratamento em uma situação em que ela não tem a noção da gravidade do seu problema, até porque a dependência química leva a uma falta de noção da gravidade do próprio problema. Às vezes, uma pessoa com profissão fica imersa, por exemplo, no crack”, disse.

A presidenta da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (Abead), a psiquiatra Ana Cecília Marques, acredita que a descriminalização do uso precisa ser discutida pela sociedade, mas discorda que isso seja feito por um julgamento do STF.

“É preciso que haja uma lei que defina claramente os casos específicos, como se ele é um usuário eventual, se tem uma dependência. Sou a favor de descriminalizar, mas acho que precisa ter todo esse rigor, que não é algo que existe nas nossas leis de drogas. Elas não são claras, deixam várias lacunas. E no país faltam políticas para as drogas. Sou a favor, mas temo por esse processo de descriminalização”, disse.

Com informações da Ag. Brasil

Mais de três mil brasileiros estão presos no exterior

De cada dez brasileiros presos no exterior, três são acusados de tráfico de drogas, como Marco Archer, executado na Indonésia no último sábado. Levantamento do Ministério das Relações Exteriores, divulgado pelo jornal O Globo, mostra que há 3.209 brasileiros presos fora do país.

Desses, 963 respondem por narcotráfico. O maior número de presos por esse tipo de crime se encontra na Espanha (150). Mas os países com mais encarcerados brasileiros são os Estados Unidos (726) e o Japão (407).

De acordo como Itamaraty, só há um cidadão nascido no país no corredor da morte: Rodrigo Gularte, também condenado por tráfico de drogas na Indonésia. Há, ainda, um condenado à prisão perpétua – José Carlos Oliveira Coutinho, acusado de matar três brasileiros nos Estados Unidos. No ano passado, o governo brasileiro gastou US$ 120 mil com os presos no exterior.

A reportagem do jornal carioca mostra que, dos 58 países que aplicam a pena de morte como política de Estado, 13 executam por tráfico de drogas: todos da Ásia e do Oriente Médio. Conforme a ONG Anistia Internacional, 778 pessoas foram executadas em todo o planeta em 2013. Cerca de 23 mil estão no corredor da morte, aguardando a execução da sentença.

Do Congresso em Foco

Jogo educativo que previne contra as drogas será lançado em Joinville (SC) dia 11/11

Será lançado na próxima terça-feira, 11, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Joinville (SC), o jogo digital educacional The No’s, desenvolvido com o objetivo de orientar os adolescentes sobre os riscos e prejuízos das drogas.

Na proposta, o jogador é a consciência de um personagem que atravessa inúmeros dilemas típicos dos jovens e deve tomar decisões após analisar as vantagens e desvantagens de cada situação apresentada. O jogo será distribuído gratuitamente, para ser utilizado via internet.

A iniciativa é do Laboratório de Pesquisas em Aplicações Visuais (Larva), do Departamento de Ciência da Computação, que há dez anos desenvolve e fornece gratuitamente para a comunidade softwares que visam atender demandas da sociedade como reabilitação de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC), auxílio no equilíbrio corporal de idosos, prevenção a dengue, entre outras.

Os jogos são criados com base em estudos científicos e envolvem técnicas de processamento gráfico como realidade virtual e visão computacional. Todos os projetos desenvolvidos pelo laboratório são disponibilizados para o uso de pessoas físicas, escolas e instituições beneficentes.

O laboratório também realiza trabalhos em parceria com núcleos de reabilitação física e cognitiva, além de associações de atendimento a pessoas com deficiência, oferecendo todo o suporte e orientação necessários. O lançamento do The No’s será em 11 de novembro, às 10h, na sala 212, no segundo andar do Bloco F.

A tragédia chamada Crack: Número de usuários chega a 370 mil nas capitais brasileiras

Os usuários regulares de crack e/ou de formas similares de cocaína fumada (pasta-base, merla e oxi) somam 370 mil pessoas nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Considerada uma população oculta e de difícil acesso, ela representa 35% do total de consumidores de drogas ilícitas, com exceção da maconha, nesses municípios, estimado em 1 milhão de brasileiros.

A constatação está no estudo Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País, divulgado hoje (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde. A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para o secretário nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Vitore Maximiano, o número de usuários regulares desse tipo de droga é “expressivo”, embora corresponda a 0,8% da população das capitais (45 milhões). “Não é pouco, em absoluto, termos 370 mil pessoas com uso regular de crack. O número é expressivo e mostra que devemos ter total preocupação com o tema.”

O secretário classificou de surpreendente o fato de, em números absolutos, a Região Nordeste concentrar a maior parte dos usuários, contrariando o senso comum, segundo o qual o consumo é maior no Sudeste. Como a prática ocorre em locais públicos e durante o dia, ela costuma ser mais visível, devido à formação das chamadas cracolândias. De acordo com o estudo, no Nordeste há aproximadamente 150 mil usuários de crack, cerca de 40% do total de pessoas que fazem uso regular da droga em todas as capitais do país.

“Esse é um achado que surpreende: a presença de um forte consumo no Nordeste e também, proporcionalmente, no Sul [onde há 37 mil usuários de crack]. No Nordeste, acreditamos que seja em razão do próprio IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] mais baixo, quando equiparado nacionalmente”, disse. “Já em relação ao Sul, verificamos um componente histórico, uma vez que tradicionalmente há na região um maior uso de drogas injetáveis, cujo índice no país é muito baixo, mas sempre com maior predominância por lá”, acrescentou.

A proporção do consumo do crack em relação ao uso total de drogas ilícitas (com exceção da maconha) também apresenta variações entre as regiões. Enquanto nas capitais do Norte, o crack e/ou similares representam 20% do conjunto de substâncias ilícitas consumidas, no Sul e no Centro-Oeste o produto corresponde a 52% e 47%, respectivamente.

O levantamento mostra ainda que, entre os 370 mil usuários de crack e/ou similares, 14% são menores de idade. Isso indica que aproximadamente 50 mil crianças e adolescentes usam regularmente essa substância nas capitais do país. A maior parte deles (56%) também estão concentrados nas capitais do Nordeste, onde foram identificados 28 mil menores nesta situação.

Em relação aos locais de consumo da droga, o estudo identificou que oito em cada dez usuários usam crackem espaços públicos, de interação e circulação de pessoas. A diretora de Projetos Estratégicos da Senad, Cejana Passos, ressaltou que, em razão dessa característica, não adianta fazer uma pesquisa com metodologias tradicionais, por exemplo, com perguntas diretas ao entrevistado se ele usa ou não a droga, com o objetivo de estimar o número de usuários. Segundo ela, o método adotado, que investiga as redes sociais do entrevistado, com questionamento sobre as pessoas que ele conhece que usam a substância, foi possível chegar a um número mais preciso.

“Essas pessoas podem não estar na residência. Por isso, era preciso investigar o todo e cruzar as redes sociais”, disse. “Pela primeira vez, a secretaria considera ter um dado muito confiável em relação ao número de usuários de crack nas capitais”, acrescentou.

Para fazer o estudo, foram ouvidas, em casa, entre março e dezembro de 2012, 25 mil pessoas, que responderam a questões sobre as características das pessoas que integram suas redes de relacionamento. Entre as perguntas, havia algumas focadas especificamente no uso do crack e outras que serviram como controle de confiabilidade dos dados, cujas respostas podiam ser comparadas aos cadastros de órgãos públicos, por exemplo, número de conhecidos que são beneficiários do Bolsa Família.

Além desse estudo as pastas divulgaram hoje a pesquisa Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil que traz informações sobre as características epidemiológicas dessa parcela da população.

Drogas: Projeto de Lei reestrutura e dá nova denominação ao atual Comen em Joinville (SC)

A Prefeitura de Joinville encaminhou nesta semana à Câmara de Vereadores projeto de lei que cria novos mecanismos para o desenvolvimento da política pública de prevenção e combate ao uso de drogas no município. Entre as propostas está a reestruturação do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen), que passará a ser denominado de Compad – Conselho Municipal de Prevenção ao Álcool e Drogas de Joinville.

De acordo com a nova lei, o Compad será vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e terá por finalidade auxiliar o Poder Executivo na análise, formulação e aplicação da política municipal de prevenção ao álcool e drogas. O novo órgão será integrado ao Sistema Nacional de Política Pública sobre Drogas (Sisnad).

“Com a nova lei, vamos atender uma antiga reivindicação dos integrantes do Comen e também adaptar a política municipal às diretrizes dos governos estadual e federal”, explica o secretário de Segurança Pública e Proteção Civil, Francisco José da Silva.

Fundo Municipal
O projeto de lei encaminhado à Câmara prevê também a criação do Fundo Municipal de Prevenção às Drogas (Funpred), captador e aplicador dos recursos a serem utilizados para o desenvolvimento das ações contidas na política municipal sobre álcool e drogas. O Funpred será vinculado ao Compad e gerido pela Secretaria Municipal de Saúde.

Constituem receitas do fundo as dotações orçamentárias do Município, recursos transferidos da União ou do Estado, recursos provenientes de dotações incentivadas, doações, legados e contribuições de pessoas físicas e jurídicas e outros recursos que legalmente lhe forem atribuídos.

Da Secom

Drogas: deputado apresenta dois projetos de lei visando a prevenção

naodrogasO deputado Darci de Matos (PSD) protocolou dois projetos de lei que ajudará no combate ao uso de duas das mais perigosas drogas da atualidade: o crack e o oxi.  O primeiro deles propõe que as secretarias de Estado da Assistência Social, da Saúde e da Educação realizem campanhas de conscientização e prevenção sobre os malefícios do consumo de crack e do oxi (uma mistura  de cocaína, cal, permanganato de potássio e algum combustível como querosene, gasolina ou solução de bateria).

O outro institui período de capacitação anual para assistentes sociais, psicólogos e profissionais de saúde incumbidos de lidar com a recuperação, desintoxicação e ressocialização dos usuários de crack. Darci de Matos explica que “o uso de drogas ilícitas pode ser considerado o pior mal deste século. Precisamos fazer uma cruzada com todas as forças vivas da comunidade para salvar esta geração. Com a aprovação destes projetos de lei o Estado poderá dar mais uma contribuição nesta luta”.

Vamos ver se a Assembleia os aprova, e mais que isso, que o Estado realmente se comprometa em fazer valer a lei para prevenir esse mal que está destruindo nossos jovens.

Inscrições para a caminhada “Joinville sem drogas” começam na segunda (18/2)

A partir da próxima segunda-feira (18/02), estarão abertas as inscrições para a caminhada “Joinville sem Drogas”, que irá ocorrer no dia 3 de março, no centro da cidade. A promoção é da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville (Felej).

As inscrições, que vão até o dia 26, poderão ser feitas pelo e-mail recreacaoelazer@hotmail.com , pelo telefone 3433-1160, das 8 às 14 horas, ou pessoalmente, na sede da Felej, na rua Inácio Bastos, 1084 (junto à Arena), também das 8 às 14 horas.

As primeiras 500 inscrições receberão a camiseta do evento, que deverá ser retirada no dia da atividade, na praça Dario Salles, entre 7 e 8 horas. A caminhada “Joinville sem Drogas” fará parte da programação comemorativa do aniversário da cidade e marcará o retorno das atividades do programa “Joinville em Movimento”, na avenida Hermann Lepper.

A concentração será na praça Dario Salles, no centro, a partir das 8 horas. O início será às 8h30, em direção à Câmara de Vereadores, com chegada prevista para as 9 horas.

No local, estão previstas atividades recreativas, culturais, Rua de Lazer e outras atrações.

Da Prefeitura de Joinville (SC)

Senadora defende internação compulsória para dependentes químicos

Iniciativas de internação compulsória dos dependentes químicos, abordados na rua, previstas no Rio de Janeiro e em São Paulo, reacenderam o debate sobre a questão. Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), “este é o caminho”, desde que sejam observados alguns critérios. Segundo ela, para ser internado contra a vontade, o paciente deve representar risco para si próprio e para terceiros. Além disso, ressalta, também são necessárias prévia avaliação médica e autorização judicial.

O estado de São Paulo iniciou nesta segunda-feira (21), na região da capital conhecida como Cracolândia, um programa que prevê a internação compulsória de dependentes químicos. A ação tem a participação de profissionais da área da saúde, do Judiciário, do Ministério Público e da OAB. Nenhum dependente foi internado contra a vontade no primeiro dia.

– O doente está na rua, sem tratamento, sem dignidade. Não é uma forma socialmente justa de tratar as pessoas – comenta a senadora, lembrando que o tratamento doméstico também não é fácil e elogiando o trabalho realizado pelas comunidades terapêuticas.

Ana Amélia é relatora do PLS 111/2010, do ex-senador Demóstenes Torres, que propõe a internação involuntária dos dependentes químicos. Ao dar parecer favorável à matéria, no ano passado, ela retirou do texto original a proposta de pena privativa de liberdade dos usuários e, por sugestão de médicos psiquiatras, decidiu retirar também a previsão de multa, com o objetivo de não penalizar duplamente a família.

A senadora diz que pode apresentar um substitutivo para “tentar salvar” o projeto, pelo qual afirma ter trabalhado intensamente na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Para tanto, informa que está dialogando com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça.

Depois da CAS, a matéria segue para análise das comissões de Direitos Humanos e Participação Legislativa (CDH) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em decisão terminativa.

Para Ana Amélia, é indispensável dialogar e tentar busca um consenso em relação ao assunto.

– Nessa discussão, é preciso deixar de ser radical. É preciso encontrar um meio termo – observa.

Opinião contrária

O ex-ministro da saúde e médico psiquiatra, senador Humberto Costa (PT-PE), fez várias objeções ao projeto em tramitação na CAS. Para Humberto, o problema é de saúde, e não de segurança. Ele avalia que a Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001), que prevê a possibilidade tanto da internação voluntária quanto da compulsória, é abrangente e já atende os dependentes químicos.

– Muito mais importante que punir com cadeia, multa ou internação compulsória, é preciso garantir que os dependentes sejam atendidos, acolhidos e cuidados – disse em debate na CAS, em fevereiro do ano passado.

Humberto Costa defendeu o programa do governo federal de combate às drogas, que já contemplaria todas as questões relacionadas ao tema. Ana Amélia respondeu, então, que o plano estava longe de cumprir suas metas e citou os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) como exemplo da insuficiência da infraestrutura de atendimento.

O Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas foi criado por decreto de maio de 2010 e lançado em dezembro de 2011. A previsão do governo federal é de investir R$ 4 bilhões até 2014. O programa já fechou parceria com 13 estados e o Distrito Federal.

Entre as metas estabelecidas, estava a ampliação para 24 horas por dia, até 2012, do horário de atendimento de 128 Caps-AD já existentes. O ano terminou com 37 centros funcionando sem interrupção. Porém, o número de atendimentos subiu de 6,2 milhões em 2011 para 7,8 milhões no ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde. Outra meta é criar 2.460 leitos em enfermarias especializadas e readequar 1.140 já existentes. Até agora foram abertas 124 vagas, segundo o ministério.

Rio e São Paulo

Desde 2011, a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro, em operação conjunta com os órgãos de segurança, retira os usuários das ruas e “cracolândias” e realiza o acolhimento. Eles recebem tratamento especializado para deixar o vício. Até o momento foram acolhidos 5.141 dependentes químicos, sendo 4.468 adultos e 693 crianças.

Em São Paulo foi intensificada a Operação Integrada Centro Legal, para combater o tráfico e tratar os usuários de crack. A partir de agora, se for constatado que o dependente não tem condições de saúde e se negar a receber tratamento, juízes e promotores, de plantão das 9h às 13h, podem determinar a internação imediata.

Agência Senado

Contra as drogas: Proerd Joinville forma 7 mil estudantes

A 5ª Região da Polícia Militar, de Joinville, realiza, nesta quinta-feira, 22, a formatura dos alunos do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). A partir das 19h, no Centreventos Cau Hansen, cerca de sete mil estudantes receberão certificados de conclusão do curso.

Durante este ano, crianças dos 5º anos do ensino fundamental das redes pública e particular da cidade, juntamente com oficiais da Polícia Militar (PM), participaram de palestras e desenvolveram trabalhos sobre prevenção às drogas lícitas e ilícitas, bem como cuidados com corpo e a mente.

O Proerd é um programa da PM, que tem caráter preventivo ao uso e ao tráfico de drogas. Por meio de atividades descontraídas e lúdicas, pretende conscientizar aos alunos sobre a importância de dizerem “não” às drogas.