Covid-19 – Brasil já perdeu mais profissionais de enfermagem que Itália e Espanha juntas

Enquanto Bolsonaro e seu desgoverno continuam a nada fazer para combater o Covid-19, ele inclusive incentivando as pessoas a negarem o distanciamento e isolamento social, minimizando a pandemia, milhares de pessoas morrem no país. Leia nesta reportagem de Gil Alessi do El País que até os profissionais da enfermagem, pessoas da linha de frente que salvam vidas, são vítimas dessa política nefasta. Segue a matéria:

“Coube à enfermeira veterana Carla Mileni Siqueira dos Santos, 49, colher o material para exames da primeira pessoa com suspeita de covid-19 na pequena cidade de Rondon do Pará (PA), em meados de março. A situação era assustadora: uma doença sem cura, sobre a qual pouco se sabia, em um hospital modesto de um município de 52.000 habitantes. Com mais de 20 anos de profissão, Carla fez aquilo que sempre fez ao longo da carreira: tranquilizou a paciente, uma idosa, e calmamente realizou o protocolo para testagem da doença.

A enfermeira Carla Mileni Siqueira dos Santos (de óculos vermelho), 49, com parte de sua equipe, em uma foto de arquivo.
A enfermeira Carla Mileni Siqueira dos Santos (de óculos vermelho), 49, com parte de sua equipe, em uma foto de arquivo

Mesmo tomando todos os cuidados, dias depois ela própria adoeceu. Ficou alguns dias em isolamento em casa, mas a situação piorou e ela precisou ser internada no final de abril. “No domingo de manhã, 3 de maio, ela teve uma piora e pediu para ser entubada. Mas teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu”, conta Nathalia Roberta Siqueira dos Santos, 25, filha de Carla. “Foram 21 anos dedicados à enfermagem com muito amor. Ela era apaixonada pela profissão, uma líder que além de trabalhar na linha de frente dava cursos e ajudava a formar profissionais de saúde, enfermeiros, técnicos e auxiliares”, conta.

Estas mulheres —quase 85% dos trabalhadores de enfermagem são do sexo feminino— e homens que estão todos os dias na linha de frente do combate ao coronavírus nos hospitais brasileiros estão morrendo a uma taxa alarmante, uma das maiores do mundo. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até esta quarta-feira foram identificados 73 óbitos de profissionais pela covid-19 no país. São vítimas jovens: a maior parte (41) tinha menos de 60 anos, sendo uma delas de apenas 29 anos. A cidade de São Paulo, maior epicentro da crise sanitária no país, lidera o ranking com 18 mortos, seguida por Rio de Janeiro, com 14 casos. O Cofen laçou uma plataforma para monitorar as mortes na enfermagem em todo o Brasil, com o auxílio dos Conselhos Regionais. Além destas vítimas, outros 16 óbitos envolvendo trabalhadores da área ainda estão sob análise, aguardando resultado de testes.

Para efeito de comparação, os Estados Unidos, país com maior número vítimas da pandemia (mais de 71.000), perdeu 46 profissionais de enfermagem, segundo entidades de classe. A Itália, segunda nação mais afetada pela doença com mais de 29.000 vítimas, teve 35 óbitos, de acordo com informações da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni Infermieristiche, entidade equivalente ao Cofen no país europeu. A Espanha, que vem logo atrás com mais de 25.000 mortos, teve apenas quatro óbitos entre profissionais da área, segundo o Consejo General de Enfermería.

Os dois países europeus tiveram o início da crise antes que o Brasil e já passaram do pico de casos. Os dados da China, apesar da terem a confiabilidade contestada, somam 23 até o final de abril. Por fim, o Conselho Internacional de Enfermagem estima que “mais de 100 enfermeiros e técnicos perderam a vida pela covid-19 enquanto trabalhavam na linha de frente”. Ou seja, o Brasil corresponde à maior fatia do total global de óbitos na profissão. O órgão, no entanto, reconhece que este balanço é apenas a ponta do iceberg.

“Um dos fatores [para a alta mortalidade] é que boa parte dos serviços de Saúde não afastou profissionais com idade avançada, acima de 60 anos, e com comorbidades. Eles continuam atuando na linha de frente da pandemia quando deveriam estar em serviços de retaguarda ou afastados”, afirma Manoel Neri, presidente do Cofen. Foi este o caso da enfermeira Maria Aparecida Duarte, 63, conhecida pelos colegas como Cidinha. Ela continuou trabalhando praticamente na porta de um pronto-socorro em Carapicuiba, na Região Metropolitana de São Paulo, apesar de ser parte do grupo de risco. Contraiu a doença e morreu em 3 de abril.

A técnica de enfermagem Maria Aparecida Duarte, 63.
A técnica de enfermagem Maria Aparecida Duarte, 63.

Um dia depois de sua morte a Justiça Federal determinou que profissionais de enfermagem do sistema público que façam parte de grupo de risco (por idade ou doença) devem ser realocados para funções que não envolvam contato com pacientes de qualquer síndrome gripal. A decisão veio tarde para Maria e dezenas de outros profissionais. Uma outra ação semelhante pede que esta medida seja ampliada para os trabalhadores da rede privada.

Outro problema enfrentado pelos profissionais da enfermagem é a falta de equipamentos de proteção individual, os EPIs. “Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação [retirada da máscara, luvas e avental]”, diz Neri.

O técnico de enfermagem Luís Cláudio Bernarda, 43, foi testemunha direta das tragédias que a falta de condições mínimas de segurança no trabalho podem provocar. “Ele tinha me alertado de irregularidades que estavam ocorrendo no hospital onde trabalhava, em Itapevi [Região Metropolitana de São Paulo]. Reclamou especificamente da falta de EPIs”, conta o colega Jefferson Caproni, 35. Dias depois, o teste de Luís deu positivo para a covid-19. Em duas semanas ele morreu de insuficiência respiratória. Além de um profissional da Saúde, se foi também o amigo e companheiro de Jefferson em ações sociais de prevenção nas periferias de São Paulo: “A gente fazia ação voluntária juntos, de prevenção da Saúde em Osasco e Carapicuíba, nos bairros mais pobres”.

A situação dos profissionais de Saúde é crítica em todas as cidades onde o sistema sanitário se aproxima (ou já chegou) ao colapso, como Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, São Paulo e Rio, por exemplo. Com as unidades de tratamento intensivo quase lotadas, prefeituras e Estados tentam como podem abrir mais vagas para atender a população com coronavírus. Mas isso pode ter um efeito negativo: “Muitos leitos de UTI estão sendo abertos sem enfermeiros e médicos especializados em UTIs. Então o profissional acaba sendo colocado nesse serviço extremamente especializado sem o treinamento adequado”, diz Neri. “Todos estes fatores que levam à morte de profissionais da Saúde existem tanto nos hospitais públicos quanto nos privados”.

Saúde capacita profissionais… enquanto isso nos hospitais e pronto-socorros… contradição?

A Secretaria de Estado da Saúde, realizou, na tarde desta quarta-feira, 24, em Joinville, a primeira etapa de uma capacitação voltada aos profissionais atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS) de municípios da macrorregião Norte/Nordeste do Estado. A aula inaugural do curso “Cuidar de quem cuida” aconteceu na Sociedade Ginástica e contou mais de 400 participantes. “Para bem atender à população, é fundamental dedicarmos um tempo a nós mesmos. Estamos acostumados a servir ao outro e muitas vezes esquecemos das nossas próprias necessidades”, comentou o gerente regional de Saúde de Joinville, Douglas Machado.

O encontro inicial foi ministrado pela gerente da Escola de Formação em Saúde, Lenir Coelho Granzotto, que abordou a motivação no atendimento às pessoas. Com carga horária de 40 horas/aula, o treinamento ocorrerá em outras cinco fases, nas cidades onde os servidores desempenham suas funções. O conteúdo da capacitação reúne temas como comunicação e marketing pessoal, trabalho em equipe e relações interpessoais, saúde do trabalhador, do homem e do idoso, entre outros.

O curso tem por objetivo garantir a qualidade nos serviços de saúde pública prestados em Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul, Barra Velha, São João do Itaperiú, Garuva, Itapoá, Jaraguá do Sul, Corupá, Guaramirim, Massaranduba e Schroeder. Os municípios compõem as Gerências Regionais de Saúde de Joinville Jaraguá do Sul, integrantes das Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs).

Unidos pelos bombeiros, e por que não pela saúde?

Cadê a união de Joinville pela saúde, como fizeram com o caso dos Bombeiros Voluntários?

Joinville é uma cidade com muitos contrastes. Alguns a cantam como a maior de Santa Catarina, maior PIB, maior em eleitores, em população, etc. Por outro lado, longe da pujança que alguns tentam vender, talvez para ganho de auto-estima, ou mesmo para amainar corações angustiados que sofrem, há falta de mobilidade urbana, de saúde melhor, de escolas de pé e funcionando. Joinville consegue mobilizar lideranças políticas, comunitárias, empresariais, religiosas, de todos os matizes, para defender o trabalho meritório dos Bombeiros Voluntários com direito à várias páginas e capas de jornais. Mas não se mobiliza para por fim ao abandono da saúde – vide caso do Hospital Regional de Joinville – que o Governo do Estado impõe à cidade. Para não falar da educação pública, esse tema fica para outra reflexão.

Dá pena ver um homem público como o médico Renato Castro dar um depoimento emocionado, e de forte teor político, de denúncia, ao relatar a falta de médicos, enfermeiros, funcionários enfim, para dar atendimento decente às pessoas, e principalmente para defender a vida de pacientes na UTI. Enquanto isso o secretário Dalmo Claro só pensa “naquilo”, ou seja, a implantação da gestão por uma organização social, a famosa OS para gerir o Regional. Porque tanta insistência nesse modelo? Temos uma OS administrando o Hospital Infantil na cidade, que já tratou de se desfazer da ala de queimados, por pasmem “falta de demanda”! Que é isso gente, tratar saúde como demanda, como se fosse algo comercial? Não cabe discutir demanda em saúde pública! Cabe sim é dar todas as condições para que a saúde seja oferecida em bom nível para a população. Dizem que agora ensaiam o fim da maternidade ali também. Então, pergunto, para quê OS? Para deixar a carne de pescoço para os hospitais públicos e ficar com o filé mignon?

Pergunta que não quer calar: quantas OS administram hospitais em Florianópolis? Ou em Lages, terra do governador Raimundo Colombo? Porque lá tudo pode ser público, há atendimento, verbas e contratações andam com mais celeridade? Por que Joinville sempre se ajoelha diante de interesses da Ilha? Temos deputados estaduais, Nilson Gonçalves, Kennedy Nunes e Darci de Matos, todos governistas. Temos dois senadores, Luiz Henrique e Paulo Bauer (esse dizem que não, mas…). Temos dois deputados federais, Marco Tebaldi e Mauro Mariani. Todos se unem para defender, repito com toda a razão, os Bombeiros Voluntários. E porque o movimento não acontece para exigir atenção à Joinville, à sua saúde! Para que trabalham nossos representantes eleitos gente?

A cidade jamais será grande se continuar subserviente aos interesses políticos da capital. Já tivemos governador eleito com base na quinta roda da carroça, com apelo ao fortalecimento de Joinville, mas continuamos sendo a quinta roda! Joinville tem de aprender a se unir sempre, políticos, empresários, comunidade, trabalhadores, em um só bloco para exigir ações efetivas, aí sim, de acordo com a pujança que representa para a economia, o desenvolvimento geral de todo o estado catarinense. Nossos políticos eleitos não podem se acovardar de defender a cidade que os elegeu porque há “entendimentos” individuais com o Governo do Estado! Só seremos respeitados quando o mesmo movimento que fez a Assembleia Legislativa votar a favor dos Bombeiros aconteça também para a saúde, educação, infraestrutura!

Até quando a população será ludibriada? Até quando veremos pessoas sofrerem, e até morrerem, por falta de atitude para resolver os problemas da saúde da maior cidade catarinense? Queremos ver urgentemente a mesma união na defesa aos Bombeiros para conquistar melhorias na saúde e em outras áreas! ACIJ, CDL, Acomac, Ajorpeme e lideranças todas unidas, fazendo coro pela cidade, até que os olhares se voltem verdadeiramente para a atenção aos mais de 600 mil cidadãos que aqui residem! E não só nas eleições, discursando temas vazios, levando nossos votos para nos deixar à mercê de todos os problemas. Compromisso com a saúde, quando vamos nos unir! Cadê o movimento de união agora senhores? Ou jamais seremos respeitados, ficando eternamento ligados aos aparelhos da UTI!

Saúde: mais de três mil vagas abertas na Atenção Básica

Médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas de todo país estão sendo convocados a participar do Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (Provab) que oferece 3,7 mil vagasde trabalho. O Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação e gestores municipais oferecem uma oportunidade de emprego que ainda pode ser parâmetro para a residência médica, caso seja interesse do profissional. Os médicos que tiverem uma boa avaliação de desempenho receberão pontuação adicional de 10% na nota nos exames de residência médica que porventura vierem a prestar. Além disso, os profissionais vão reforçar os recursos humanos da atenção básica em municípios com carência.

O período de inscrição no Provab foi prorrogado até o próximo dia 12. Estão sendo oferecidas 2 mil vagas para médicos, mil para enfermeiros e 700 para cirurgiões-dentistas.

“O Provab é mais um dos programas do Ministério da Saúde que visa ampliar a assistência principalmente aos usuários do SUS que ainda têm dificuldades para acessar serviços e profissionais de saúde. Além disso, o programa oferece aos profissionais participantes a oportunidade de conhecer diferentes realidades e de exercer a profissão onde a população mais necessita, fortalecendo a dimensão de relevância social de sua atuação.”, analisa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

INSCRIÇÕES – O processo seletivo está dividido em duas fases: a fase de habilitação e a fase de seleção. A fase de habilitação vai até dia 12 de fevereiro, e as inscrições devem ser efetuadas via internet (clique aqui). Poderão se inscrever médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas que tenham concluído a graduação, e que tenham registro profissional junto ao respectivo conselho de classe no início das atividades profissionais. Os candidatos deverão indicar, em ordem de preferência, as seis localidades em que desejam atuar.

Ao preencher o formulário eletrônico, o candidato deverá anexar arquivo contendo cópia do diploma de graduação ou certificado de conclusão de curso e cópia de documento de identificação com foto, conforme determina oedita lque traz a descrição detalhada do processo. Candidatos que encontrarem dificuldades técnicas para realizar a inscrição podem tirar suas dúvidas pelo endereço nti.dab@saude.gov.br.

Terão preferência os candidatos que tiverem se graduado em instituição de ensino superior que for entidade supervisora do município da vaga pretendida, tiverem nascido ou atuarem no mesmo estado da vaga pretendida e tiver maior idade. Também será considerada a ordem de inscrição.

Do Min. Saúde

Profissionais de enfermagem vão escolher nova diretoria estadual nas próximas semanas

No próximo dia 11 de setembro, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem de Santa Catarina escolhem a nova direção do Conselho Regional de Enfermagem (COREN/SC) para o período 2012-2014.

Estão concorrendo neste pleito dois grupos (Chapa 1 e Chapa 2). Esta votação é obrigatória para os profissionais inscritos da entidade aptos a votar. Quem não votar e não justificar seu voto, isso implicará em multa eleitoral.

Para a região de Joinville, haverá uma “urna” no Colégio Bom Jesus/Ielusc, localizado na rua Princesa Isabel, número 438, no período das 8 às 18 horas. Trabalhadores de Garuva, Itapoá, São Francisco do Sul, Araquari e Balneário Barra do Sul também votam em Joinville.

Eleição

Mesmo com débito no COREN, os trabalhadores devem votar. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) autorizou o voto do profissional inadimplente para este pleito. Para votar, basta apresentar a Carteira de Identidade Profissional ou um documento oficial com foto.

Através de um convênio com o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TER/SC), as Eleições Coren/SC 2011 serão realizadas com urnas eletrônicas. Quem for justificar o voto, as informações estão no site do COREN/SC.

Informações adicionais com a coordenação do Conselho Regional de Enfermagem – subseção Joinville pelo telefone: (47) 3422-9878 ou pelo site do Conselho Regional de Enfermagem: www.corensc.gov.br.