Londres 2012: Vôlei pode de ser esporte olímpico número 1 do Brasil

Os Jogos de Londres devem finalmente confirmar o que todos que acompanham o esporte brasileiro, mesmo à distância, já sabem há bastante tempo: o vôlei, na quadra ou na areia, é a modalidade olímpica número 1 do Brasil.

vôlei entra na Olimpíada de 2012 empatado com a vela em número de medalhas, com 16 cada. Mas, com seis possibilidades reais de subir ao pódio na capital britânica -quatro na areia e duas na quadra-, o vôlei deve assumir o posto de esporte com mais medalhas olímpicas para o país.

– Dizem que no Brasil o futebol não é esporte, é religião. Então o vôlei pode ser considerado como o esporte número 1 – disse à agência de notícias inglesa Reuters o ex-jogador da seleção brasileira Bernard Rajzman, medalhista de prata nos Jogos de Los Angeles-1984 e chefe da delegação brasileira em Londres.

– Isso acontece em função de uma administração que começou lá atrás a profissionalizar o esporte. Na minha época, nos anos 1970, não se sabia se vôlei era esporte de homem ou de mulher. A minha primeira seleção (em 1976) treinava duas vezes por semana, e hoje você vê que o vôlei, e todos os outros esportes, contam com uma estrutura totalmente diferente no Brasil, que se reflete no número de medalhas conquistadas desde Barcelona-1992.

Enquanto as medalhas olímpicas da vela (6 de ouro, 3 de prata e 7 de bronze) vêm na maioria de dois fenômenos individuais, Robert Scheidt (4) e Torben Grael (5), gerações seguidas do vôlei conseguiram sucesso não só em Olimpíadas mas também em várias competições importantes, fazendo do esporte o mais forte disputado no Brasil -futebol à parte, obviamente.

Apesar de o Brasil ter representantes em 7 classes da vela, apenas três são consideradas candidatas a medalha em Weymouth, onde será disputado o iatismo nos Jogos de Londres. E, além disso, apenas o bicampeão olímpico Scheidt, na classe Star, pode ser considerado um favorito certo ao pódio.

– Aqui no Brasil você conta 10, 20, 30 velejadores no máximo que vivem da vela 100 por cento. Eu sou um dos poucos velejadores em geral que treinam profissionalmente – disse em entrevista à Reuters Ricardo Winicki, o Bimba, que, com ajuda de patrocinadores, consegue os recursos para adquirir equipamentos caros considerados essenciais para se atingir a elite do esporte. Em sua quarta Olimpíada, ele busca uma primeira medalha na prancha à vela.

Já o vôlei tem ligas nacionais com patrocinadores grandes e transmissão da TV no masculino e no feminino na quadra, enquanto na praia o circuito brasileiro tem nível comparado ao internacional –além dos milhares de praticantes anônimos da modalidade que lotam as praias do país diariamente.

Fora do “rol dos favoritos” na quadra

Em Londres, as seleções masculina e feminina não entram na competição com o mesmo favoritismo ao ouro que tiveram em Jogos passados em consequência de resultados decepcionantes antes da Olimpíada, em especial dos homens.

Medalha de prata em Pequim-2008, a seleção masculina ficou apenas em 6o na Liga Mundial disputada no início do mês, enquanto a seleção feminina, atual campeão olímpica, foi 5a no Mundial do ano passado. O vice-campeonato no Grand Prix 2012, no entanto, melhorou as expectativas com relação às mulheres.

De qualquer forma, ninguém descarta que as equipes dos técnicos multicampeões Bernardinho (masculino) e José Roberto Guimarães (feminino) vão brigar pelo pódio.

– Não estar no rol dos favoritos é uma situação nova e temos que usar isso como fonte de motivação – disse Bernardinho antes do embarque em São Paulo para Londres esta semana.

Na praia, ou especificamente na quadra de areia montada bem no miolo turístico de Londres para a Olimpíada, as expectativas são de 100 por cento de aproveitamento, com as quadro duplas brasileiras chegando ao pódio.

As nove medalhas conquistadas pelo Brasil na modalidade são mais do que qualquer outro país já conseguiu. No entanto, apenas duas são de ouro (Jackie/Sandra em 1996 e Ricardo/Emanuel em 2004), com cinco de prata e dois bronzes. Os Estados Unidos, com sete medalhas no total, têm cinco ouros. Na quadra, são sete medalhas brasileiras (3 de ouro, 2 de prata e 2 de bronze).

Correio Brasil

 

 

Ministério do Esporte abre edital para comunidades tradicionais

Ação visa implantação e desenvolvimento de núcleos recreativos, que podem receber investimentos no valor de R$175.800,00. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de maio. O Projeto Esporte e Lazer da Cidade, do Ministério do Esporte, alcança agora as comunidades tradicionais por meio de edital que buscar parcerias para fomentar a prática desportiva e o lazer em regiões de maior vulnerabilidade social e econômica. Podem participar entidades da administração pública municipal e entidades federais, e as inscrições são feitas pelo Portal dos Convênios – Siconv.

A ideia é ampliar as ações de democratização do acesso a conhecimentos e práticas de esporte e lazer, considerado direito de todos os cidadãos. Para isso, são propostas ações integradas com as demais políticas públicas, visando promover inclusão social e desenvolvimento humano. Cada núcleo pode receber o investimento no valor de R$175.800,00.

O projeto é composto de núcleos com atividades sistemáticas e assistemáticas, com foco em grupos culturalmente diferenciados que se reconhecem como tal, por possuírem formas próprias de organização social e ocuparem territórios tradicionais. São comunidades tradicionais: povos indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, populações rurais, dentre outros. Mais informações no site do Ministério do Esporte: http://www.esporte.gov.br/snelis/esporteLazer/comoParticipar.jsp.

Da SEPPIR

Patrocinadores “não-saudáveis” provocam polêmica a cem dias para Londres 2012

A menos de cem dias do início dos Jogos Olímpicos de Londres, ativistas vêm treinando com afinco um novo tipo de modalidade: protestar contra alguns dos principais patrocinadores do evento. Na mira deles, estão grandes empresas, como Coca-Cola, McDonald’s, BP, Dow Chemical e Rio Tinto. Especialistas ligados à área da saúde têm aumentado a pressão pela restrição à publicidade de comidas tipo fast-food em grandes eventos esportivos, sob a alegação de que essa propaganda incentiva o ganho de peso.

Por sua vez, ambientalistas elevaram o tom das críticas contra a participação de companhias envolvidas em acidentes ambientais no patrocínio à Olimpíada. Eles já lançaram, inclusive, uma campanha, intitulada ‘Greenwash Gold 2012’, contendo pesadas críticas contra três patrocinadores: BP, Dow Chemical e Rio Tinto.

Saúde
Pesquisas recentes revelam que um de cada quatro britânicos já é obeso. Para membros da Academy of Medical Royal Colleges (AoMRC), uma das principais associações de saúde pública da Grã-Bretanha, a obesidade é hoje “a principal ameaça à saúde pública no país”.

Por isso, eles estão pressionando empresas como Coca-Cola e McDonald’s a restringir a publicidade na Olimpíada, uma vez que a propaganda “envia uma mensagem errada especialmente às nossas crianças”, diz o professor Terence Stephenson, porta-voz da AoMRC.

Uma pesquisa conduzida recentemente na Grã-Bretanha revelou que muitos pais aceitariam uma proibição completa da publicidade de comidas pouco saudáveis antes das 21h. O levantamento mostrou ainda que esses pais se sentem obrigados a comprar junk food para seus filhos por causa das mesmas propagandas.

Cadbury, McDonald’s e Coca-Cola são alguns dos patrocinadores da Olimpíada que têm sofrido com a ira dos ativistas. “Milhões de pessoas farão a correlação entre essas marcas e os atletas vitoriosos. As companhias não gastariam todo esse dinheiro em publicidade se não soubessem que isso não elevaria suas vendas”, justifica Stephenson.

Embora ainda não haja nenhuma evidência científica sobre a ligação entre a publicidade de fast-food em grandes eventos esportivos e a obesidade, pesquisas indicam que as crianças tendem a encarar o junk food como menos nocivo quando ele é associado a esportes, argumenta o médico Jean Adams, professor de saúde pública na Universidade de Newcastle.

Já para Stephenson, limitar a publicidade de fast food poderia ter um efeito semelhante à proibição das propagandas de cigarro. Dados levantados pela entidade britânica ASH constataram que o número de adolescentes fumantes no Reino Unido em 2010 caiu pela metade em comparação a 2002, quando a lei que proibia os anúncios de cigarro foi aprovada.

Meio Ambiente
As críticas aos patrocinadores também ganharam força com o protesto dos ambientalistas, contrários à participação de três empresas (BP, Dow Chemical e Rio Tinto) nos Jogos Olímpicos. Eles prepararam três mini-documentários sobre os diferentes acidentes ambientais provocados por essas companhias e convidaram o público a votar “no pior patrocinador” da Olimpíada.

Os vídeos incluem depoimentos de um sobrevivente do vazamento de gás na cidade de Bhopal, em 1984, na Índia, provocado pela empresa Union Carbide Corporation, que anos depois foi comprada pela Dow Chemical; de um representante do Golfo do México sobre o impacto ambiental que se seguiu ao rompimento do poço de petróleo da BP em abril de 2010 e de uma mulher de Utah, nos Estados Unidos, contra um suposto aumento nos níveis de poluição atmosférica causado pela extração dos metais para a confecção das medalhas olímpicas pela mineradora anglo-australiana Rio Tinto.

A ideia da campanha partiu da ativista Meredith Alexander, que renunciou ao posto na Comissão de Vigilância Ambiental da Olimpíada em protesto contra a participação da Dow Chemical no evento.

O outro lado
A Dow Chemical nega qualquer responsabilidade sobre o vazamento de gás químico e reforçou que o pagamento de 288 milhões de libras (R$ 889,2 milhões) para os afetados pela tragédia é “justo e definitivo”. Já a porta-voz da Rio Tinto defendeu as ações da empresa: “Atuamos dentro dos parâmetros de qualidade do ar (estabelecidos por normas legais), (…) que são, por sua vez, baseados em padrões rígidos para proteger a saúde humana”.

Segundo um porta-voz da BP: “Estamos 100% empenhados em garantir o sucesso da Olimpíada. Não comentamos ações de grupos de protesto”. Por sua vez, um executivo responsável pela comunicação da Coca-Cola alegou que a publicidade transmitida durante os Jogos Olímpicos vai “aumentar o número de consumidores de produtos sem adição de açúcar”, enquanto a assessoria de imprensa do McDonald’s se limitou a dizer que “o patrocínio é essencial para uma bem-sucedida realização da Olimpíada.”

BBC

Celesc de Joinville de olho em Rodeio de Eletricistas

Depois da Agência Regional Florianópolis, chegou a vez de Joinville viver a emoção de um rodeio de eletricistas. Na próxima sexta-feira (27), num cenário semelhante a um rodeio tradicional – competidores, torcida, homenagem a Nossa Senhora Aparecida – a Agência vai premiar a dupla que cumprir com rigor os procedimentos de segurança exigidos no trabalho de eletricista. O evento vai contar com a participação do presidente Antonio Gavazzoni e diretores da Celesc, além de autoridades locais.

Durante o evento, será simulado o cenário ideal do desligamento programado com a realização das tarefas comuns nesse tipo de atendimento: uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), execução da Análise Preliminar de Riscos (APR), sinalização adequada da área de trabalho, execução da desenergização e energização, mantendo os cuidados necessários com equipamentos e ferramentas.

Em março, a Agência Regional Florianópolis inaugurou o calendário de rodeios deste ano, realizando o seu rodeio que contou com a participação de seis equipes de eletricistas. Durante o evento, também foi realizado uma simulação de resgate em altura com uma dupla de eletricistas mostrando ao público o passo a passo desse procedimento. A próxima Agência que se mobiliza para realizar o evento é São Miguel do Oeste, em 1º. de junho.

Agenda – A iniciativa inédita de organizar o calendário de rodeios é da Diretoria de Distribuição, que quer consolidar a mobilização interna pela segurança: “Pretendemos perpetuar essa prática na Empresa”, enfatiza o diretor Cleverson Siewert. Segundo ele, ao final da agenda de rodeios regionais, a Celesc deverá promover um Rodeio Estadual com vistas à participação da Empresa em eventos nacionais. “Além de promover a integração e a valorização dos empregados próprios e dos terceirizados, o rodeio dá visibilidade ao importante trabalho desses profissionais”, destaca o presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni.

A origem do evento no Setor Elétrico brasileiro remonta a 1998. Naquele ano, a Cemig, distribuidora mineira, organizou a primeira edição do gênero e repetiu no ano seguinte. Após quatro anos, em 2005, a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica – Abradee criou um grupo de trabalho com representantes de diversas concessionárias, inclusive da Celesc, para organizar o 1º Rodeio Nacional de Eletricistas, realizado em Minas Gerais no ano seguinte. Com o sucesso do evento, o Rodeio tornou-se tradição, sendo realizado a cada dois anos junto com o Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica – Sendi. Neste ano, o IV Rodeio Nacional dos Eletricistas será realizado nos dias 22 e 23 de outubro, na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro.

Da SDR Joinville

Joinvilense conquista o ouro em Circuito Copa do Brasil de Tênis de Mesa

No último final de semana chegou ao fim a primeira edição da temporada do Circuito Copa do Brasil de tênis de mesa que aconteceu na Arena Santos, no litoral Paulista. Foram quase três mil jogos disputados por cerca de 400 atletas de 12 estados. O destaque joinvilense novamente ficou por conta de Alexia Nakashima, de 12 anos, que faturou o ouro na categoria mirim, após bater a número 1 do país na categoria na grande final.

O local do evento, na Vila Mathias, agradou a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa que já estuda a possibilidade de realizar outros dois eventos, ainda este ano, no local: Aberto do Brasil Olímpico e Paralímpico.

Durante toda a competição a mesatenista da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville confirmou a excelente fase que vem passando, resultante de uma temporada de treinamentos com a seleção brasileira. Alexia, que espera integrar a Seleção Brasileira que disputará o campeonato Sulamericano, venceu na final a atleta Bruna Takahashi, de São Paulo, por 3 a 1, e faturou a categoria Mirim do Circuito.

Mas a boa fase de Joinville não parou por aí. Ainda na competição, só que na modalidade paralímpica Classe 07, Dina Regina Abreu e Silvana Aparecida Rodrigues garantiram a prata e bronze, respectitavamente para Joinville.

Felej

Joinville conquista oito índices para etapa nacional do Circuito Paraolímpico

Equipe joinvilense fez bonito e se prepara para novas conquistas

Com a missão de garantir a maior quantidade de índices para a Etapa Nacional Paraolímpica do Circuito Loterias CAIXA, Joinville esteve no regional Rio-Sul realizado neste final de semana na Universidade Positivo, em Curitiba (PR). Além de um recorde de medalhas, foram oito vagas conquistadas para a competição que acontecerá em Brasília (DF) em Junho.

Entre os classificados que representaram a cidade, os destaques foram Lidiane Juaseiro, na natação, que obteve o índice nas cinco provas em que disputou e Mariane Padilha que bateu recorde brasileiro do salto em distância da classe T45, referente a atletas com limitação física em membros superiores.

No atletismo Alva Edson Rita, Mariani Padilha e Rodrigo Silvério conquistaram o índice. Já na natação, Ana Paula Fernandes, Emanuella Camilo Pereira, Michele Regina Linzmeyer, Gustavo Gartz e Vanderlei Quintino garantiram presença na etapa nacional.  Joinville volta para casa com 11 medalhas de ouro e 10 medalhas de prata e 3 bronzes no Atletismo; 18 medalhas de ouro, 7 medalhas de prata e 1 bronze na Natação. “Superamos nossas expectativas e conquistamos boas marcas na etapa”, resumiu Rosicler Ravache, coordenadora do Paradesporto da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville.

Da Ass. Imprensa Felej

Paraolímpicos joinvilenses em busca de vaga para competição nacional

Nesta sexta-feira (16) a delegação paraolímpica de Joinville embarcou com 44 atletas para Curitiba (PR) onde disputará até o próximo domingo (18) a Etapa Rio Sul do Circuito Loterias CAIXA Brasil de Atletismo e Natação. Os melhores colocados da competição garantem índice para a Etapa Nacional que acontecerá em Brasília (DF), no mês de junho.

Visando o Parajasc e as paraolimpíadas, o grupo joinvilense é composto por atletas do CEPE e da AJIDEVI. Para a competição a expectativa é que boa parte da delegação consiga voltar para casa com o índice nacional. “Espero que 90% do grupo atinja a marca necessária. Esse é o nosso objetivo”, revelou Rosicler Ravache, Coordenadora do Departamento de Paradesporto da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville.

Outros atletas da cidade já garantiram vaga por antecipação e sequer precisam participar da etapa de Curitiba, como é o caso de Sheila Finder, no atletismo, e a revelação Tallison Glock, na natação. “Temos sete atletas que já garantiram a marca no ano passado e por antecipação não precisam passar por essa seletiva”, completou Rosicler. Rosicler Ravache fala sobre a expectativa para a etapa.

Da assessoria de imprensa da Felej

“A FIFA não era esta coisa vergonhosa”, diz Mino Carta

Em entrevista à Pública, o jornalista e diretor de redação da Carta Capital lembra a cobertura que fez aos 15 anos para veículos italianos sobre a primeira Copa depois da Segunda Guerra: “O Brasil era o país ideal”. Ali começaria sua longa carreira como jornalista.

Mino fala das muitas mudanças que ocorreram nesses 62 anos no mundo do futebol. A Fifa, por exemplo, não tinha nada a ver com esta de hoje, “que se tornou o que é graças a João Havelange, que, digamos, na Sicília estaria perfeito, dirigindo a máfia”.

E explica que apesar do “Maracanaço”, como ficou conhecida a dolorosa vitória do Uruguai sobre o Brasil no estádio com quase 200 mil pessoas, aqueles eram tempos tranquilos e felizes para o país.

Sobre a Copa de 2014, o jornalista não se mostra otimista. E dispara: “Mazelas mil. Porcarias variadas e mentiras… É uma floresta de enganos”. Senhoras e senhores, com a palavra, Mino Carta:

Você cobriu a Copa de 50 aos 16 anos. Foi seu primeiro trabalho? Como foi parar lá?

Na verdade, foi assim: meu pai detestava futebol e recebeu um pedido de jornais italianos para escrever uma série de artigos sobre a preparação para o Campeonato Mundial de 1950. Eu ainda tinha 15 anos, meu pai detestava o balípodo [futebol]. Me convocou e disse: “Olha, você que gosta dessa porcaria, você gostaria de escrever algo a respeito?”. Eu disse: “Quanto vale?”. Ele disse x e como esse x daria para encomendar um terno azul marinho num alfaiate de muita boa qualidade, eu disse “perfeito!”. Nesse tempo íamos aos bailes de sábado de terno e gravata.

O terno azul era o objeto de desejo?

No meu caso, era o terno azul marinho. Então eu escrevi seis artigos sobre a preparação da Copa. Fui pago, fiz o terno azul marinho e depois quando vieram as equipes dos jornais para os quais eu tinha escrito– que, na verdade, eram dois jornais irmãos, um de Roma e outro de Gênova – o pessoal me usou como intérprete, como ajudante, como contínuo, mil coisas.

A Fifa era menos exigente?

A Fifa não era essa Fifa, que se tornou o que é graças a um brasileiro ilustre que se chama João Havelange, que, digamos, é um concorrente do Totò Riina, do Provenzano. Ele na Sicília estaria perfeito, dirigindo a Máfia. A diferença é que ele está solto e Totò Riina e Bernardo Provenzano estão na cadeia. Esse Blatter é outro. Esse Ricardo Teixeira é outro. Aliás, aprenderam tudo com o João Havelange, que foi o autor desta Fifa vergonhosa. Agora, o campeonato de 1950 funcionou muito bem. Não houve problema algum.

Foram construídos estádios na época?

O Maracanã. Basicamente, o Maracanã, que eu saiba. Eu me lembro porque São Paulo tinha o Pacaembu, que havia sido construído em 1942 e que era um estádio novo e bonito. O Pacaembu aguenta 50 mil espectadores com tranquilidade. São Paulo, nesse momento, beirava os 2 milhões de habitantes. Era um outro mundo. São Paulo tinha 50 mil carros. A gente se locomovia pela cidade com perfeição. Ainda funcionavam os bondes.

O Brasil não parou por causa da Copa, então?

De jeito nenhum. E veio muita gente de fora. O jogo da final, no Maracanã, que foi uma tristeza, um momento de enorme tristeza… Mas também, sabe?, o jogo começou com a distribuição de postais que mostravam o time brasileiro como se já fosse campeão.

Foi mais vergonhoso…

Não, não foi vergonhoso, porque o Uruguai, além de tudo, tinha um time excelente. O Uruguai tinha um time melhor que o do Brasil. Você não perde por acaso. Você perde porque tem pela frente um time que pelo menos, naquele jogo, jogou melhor. Tinha craques incríveis o time do Uruguai, jogadores excelentes. E o Brasil, como frequentemente acontece, era um time desequilibrado. Na defesa, havia muitas falhas. Tinha atacantes excepcionais e uma defesa… Um meio campo muito bom e uma defesa que deixava a desejar. Bom, não foi culpa do goleiro. O marcador do ponta direita do Uruguai não segurava o homem, chamava-se Bigode, o nosso. O outro chamava Ghiggia e corria bem mais. Então, é por aí. Mas enfim, foi um campeonato tranquilo, sem desordem.

O senhor estava lá?

Estava. Triste, foi muito triste. O que tinha de gente chorando na rua era impressionante…

Como foi o clima do estádio nessa hora?

Silêncio. Silêncio aterrador. A alegria de uma pequena torcida uruguaia e silêncio. Porque também os estrangeiros torciam pelo Brasil, os que tinham vindo e tinham ficado muito impressionados. Sobretudo com as duas vitórias por goleada e a exibição de gala, então imagine… Foi triste.

Os torcedores eram pessoas comuns? Os ingressos eram baratos?

Totalmente. Mas olha, o que é impressionante é que (risos) Eu lembro quando eu ia ao Pacaembu, antes quando eu era menino, tinha uns 13, 14 anos, uma ofensa dirigida ao árbitro que eventualmente, na opinião do torcedor, roubava contra o time dele era “tuberculoso!”. Era muito raro ouvir um palavrão no estádio. As pessoas portavam-se de outra maneira. O Brasil virou um país muito vulgar.

E como foi sua cobertura? Como foi essa experiência?

Foi ótima. O que eu realmente escrevi foram os artigos de preparação. Depois, quando o campeonato se deu eu estava ali como ajudante dessa equipe de jornalistas italianos e fiquei como tal. Quer dizer, era sobretudo, um ajudante, um menino. Ali eu já tinha 16 anos e era um menino esforçado, ajudava no que podia.

Os artigos ainda estão por aí?

Eu não guardo nada. Não tenho uma única coleção de alguma coisa que eu tenha feito. Do mundo nada se leva, é minha convicção granítica.

O senhor torcia para o Brasil?

Nesse tempo, sim. Hoje eu mudei muito minha postura. Me irrita pensar que em 70 os presos da ditadura gritavam gol juntamente com os carcereiros. Essa debilidade moral me irrita sobremaneira, hoje em dia. Naquele tempo, não. Ao contrário: eu torcia, sim, pelo Brasil. É claro, lógico. Mas eu tentava ser frio na análise. Porque, realmente, por exemplo, o Uruguai tinha um grande time. Tinha alguns jogadores ali soberbos. No fundo, melhores que os nossos. Schiaffino era um jogador excepcional, por exemplo. Muita cabeça, muita inteligência, via o jogo. Não era só habilidade individual, era capacidade de mentalizar, de no campo mudar a estratégia. Então tinha alguns jogadores excepcionais.

O que o senhor espera pra essa Copa de 2014?

Parece-me que as coisas não estão bem postas. Primeiro, o roubo é absolutamente inegável. Um roubo deslavado, escancarado, transparente. Está ali, para todo mundo ver, mas ninguém dá a mínima. Também é difícil imaginar que em menos de dois anos e meio as cidades brasileiras, sobretudo São Paulo, Rio, Belo Horizonte, consigam montar um esquema que facilite o deslocamento das pessoas para jogos. Não vejo como… As cidades são completamente desequipadas, são miseráveis em certos pontos. Temo um desastre, do ponto de vista da organização. E como teremos eleições em 2014 me parece que esse desastre não vai facilitar em nada para quem do governo quiser continuar aí. Isso vai acabar repercutindo no resultado eleitoral. Acho que, do ponto de vista técnico, o Brasil não tem time para jogar esse mundial, em relação a alguns times europeus que praticam um futebol, hoje, muito mais eficaz para que os bolsos daquele ou desse se encham. Eu não tenho boas perspectivas. Eu acho que foi uma decisão populista do Lula. Uma decisão errada. E nem se fale das Olimpíadas. Tivemos um exemplo que devia ter sido aproveitado, que devia influenciar nas decisões de hoje, que foi o Panamericano do Rio, que foi um roubo, uma coisa monstruosa.

E aquelas obras nem vão servir para as Olimpíadas…

Claro. E veja: estava prevista uma despesa de 400 milhões e a despesa chegou a 4 bilhões. É uma coisa…Dolorosa. Se a Copa for um desastre, o mundo vai ser perguntar “por que as Olimpíadas?”. “Temos de repetir aquela tragédia?”. É isso. O de 50 foi apenas triste porque o Brasil esperava a vitória, mas era um Brasil ingênuo e simples. De uma forma, tenro e um pouco patético, né? Mas nada a ver com o Brasil de hoje.

Então a gente pode dizer que a Copa de 50 foi benéfica pro Brasil?

Foi ótima. Pena que muita gente chorou. Isso que foi pena.

E a segurança? Como era feita?

O Brasil era um país ideal. As pessoas viviam numa boa. Não existiam os medos e receios de hoje.

Então não foi feita uma segurança de guerra como eles estão querendo fazer agora?

Eu tive a sorte e o prazer de assistir a parte final do campeonato europeu realizado em Portugal em julho de 2004. À parte o fato que gosto de Portugal, gosto da comida portuguesa e gosto dos vinhos portugueses, à parte esse detalhe, que não deixa de ter sua importância – foi uma coisa impecável. Uma polícia fantástica, portando-se com fidalguia, com cortesia. Olha, uma coisa impecável! E tinha ali torcidas além de eventualmente muito ruidosas e muito fortes, como a torcida holandesa, por exemplo, que é um pessoal imponente, mas de comportamento impecável. Fiquei muito bem impressionado. Uma organização perfeita. Realmente, parece que para essa ocasião construíram alguns estádios, sobretudo em Lisboa e no Porto, dois estádios muito bonitos e muito modernos. Mas vejam, um detalhe: esse estádio que a Fiat construiu para o time dela, o Juventus de Turin. Eles construíram um estádio moderníssimo, foi inaugurado há menos de um ano. Esse estádio, moderníssimo, a última palavra em termos de estádio, custou um quinto do que vai custar esse estádio de São Paulo (Itaquerão). Um quinto. Imagina? Imagina o que que ali tem de superfaturamento. Mazelas mil. Porcarias variadas e mentiras… É uma floresta de enganos. É isso.

Colaborou: Jéssica Mota. Da Agência Pública

 

Perfis: Ideraldo Luiz Marcos, o Neco – De chapa a árbitro de futsal consagrado

Nascido em família pobre do Itaum, o menino filho do seu Alires Marcos, mais conhecido por Dico – treinador de escolinhas que já foi retratado no perfil – e de dona Maria Madalena Marcos, aprendeu desde cedo com eles que na vida é preciso ser honesto, trabalhar muito e perseverar. De saca em saca de açúcar que carregava ao lado do pai no Atacado Diana, Ideraldo Luiz Marcos, o Neco, foi moldando seu futuro. Com o esporte em primeiro lugar, o menino já aos 12 anos jogava no time do Pio 12 no Sagrado Coração de Jesus no bairro Bucarein. Com 15 já era o dono do time, organizando agenda de jogos e torneios.

Graças ao amigo Linor do Rosário, volta e meia apitava alguns jogos amistosos do Caxias no Ernestão. Ao mesmo tempo estudava no Colégio Estadual Celso Ramos à noite. Durante o dia trabalhava como chapa. Com o dinheiro do trabalho no último ano do então segundo grau, atual ensino médio, Neco resolveu fazer o vestibular para o curso de Educação Física na Furj, hoje Univille. Passou e se formou em 1979. Chegou a jogar no time de futsal do Guarani com Salomárcio, Renato Cassou, Kimura. “Eu era um fixo forte, só ‘chegava’”, conta ele aos risos altos, marca registrada. Seu primeiro emprego foi no Jec em 1980 como auxiliar técnico de Paulo Coutinho. “Treinei o Hélio dos Anjos, Lico, Barbieri, Adilço, grandes craques”, relembra Neco. Ficou no clube até 1984.

Irrequieto, o jovem já se firmava como árbitro nas horas vagas. Apitou o primeiro Copão Kurt Meinert em 1977. Já professor de educaçao física formado, Neco foi também o primeiro preparador dos deficientes visuais na cidade. “Trabalhei voluntariamente na Ajidevi entre 1983 e 1986. Nao sabia nada, mas fui aprender. Usei cordinha de varal para as corridas que faziamos na pista do Ernestao, cedida pelo seu Mauro Bley”, conta. Nesta época o sonho de ser árbitro ganhou mais força. “Meu sonho era o apito”, revela ao comentar que já era muito requisitado. “Eu posso dizer que vivenciei o sonho em plenitude”, explica o professor de 52 anos, pai de Thomas, 19 anos. Em 1986 entrava no magistério estadual via concurso para trabalhar na escola estadual Alpaídes Cardoso, no bairro Nova Brasília.

De nove irmãos, ele e mais sete irmãs são professores. O professor Neco trabalhou em várias escolas, sofrendo também preconceito por se afastar várias vezes para apitar jogos pelo Brasil. “Muitos não entendiam minhas ausências, licenças, para apitar jogos da Liga de Futsal, Jogos Abertos”, explica. Neco foi árbitro do primeiro jogo da primeira edição dos Joguinhos Abertos. Fez história levando o nome de Joinville e de Santa Catarina por todo o país como árbitro de futsal. “Fui o único árbitro joinvilense que foi da Confederação Brasileira”, ressalta Neco. Ele estima ter apitado cerca de 40 mil jogos na carreira que durou 25 anos e encerrou oficialmente em 2008. “Agora é só pelada”, diverte-se.

O auge da carreira o levou a apitar quatro finais seguidas da Liga de Futsal nacional em 1998, 99, 2000 e 2001. “O dia mais feliz, e também o mais triste de minha vida foi final entre Miécimo (RJ) e Atlético (MG). Minha mãe estava na UTI em Joinville, e eu apitando a final no Mineirinho para quase 26 mil pessoas, o maior público da história do futsal. Chorei o jogo todo, e quando voltei no dia seguinte minha mãe faleceu”, conta. O pai Dico morreu no final de 2010. Neco ressalta sua presença no movimento afro. “Presidi o Kenia Clube durante seis anos, recuperando a sociedade para a raça negra. Fui diretor técnico da Fundação de Esportes, onde recolocamos o futsal joinvilense em atividade com o Jec/FME Futsal em 2000 e atuei também no futebol de campo”, destaca.

Hoje o professor Neco encampa novo sonho: a criação da Liga Norte de Futsal, a Linfesc. “Vamos dar abrigo aos árbitros desabrigados e promover campeonatos em todo o norte de Santa Catarina”, revela. Como professor mantém aulas na escola Maria Amin Ghanem, e hoje trabalha com os filhos de seus ex-alunos. Diabético, Neco leva a vida mais devagar, mas não se afasta do esporte. “Minha vida foi pautada pelo esporte. Fiz grandes amigos, não sei viver longe das quadras”, afirma. Conta que nunca ganhou dinheiro com arbitragem – “mas conheci muita coisa”- e só não chegou a ser da FIFA por imagem. “Eu não tinha o corpo exigido, eles achavam que eu não tinha condicionamento físico”, comenta magoado.

Pós-graduado em Ciência do Futebol e do Futsal pela Fundação Castelo Branco (Ficab), Neco agora se concentra na Linfesc, nas aulas diárias aos alunos do bairro Aventureiro, e nos cursos de arbitragem. “Dei aula para 500 árbitros do Brasil todo pela Federação Catarinense de Futsal. Passo a eles minha experiência, porque nunca deixei nenhum atleta bagunçar jogo meu”, revela orgulhoso. Da vida que iniciou carregando sacos de açúcar com o pai Dico, superando preconceitos, estudando e lutando para concretizar sonhos, Neco deixa seu recado à juventude. “Nunca deixe de tentar. Você pode ser o que quiser ser, se você quiser e lutar por seus sonhos”. Boa juiz!

Publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville em Junho de 2011.