Diferentemente do que parece, não encontrei uma relíquia original do poeta paraibano, Augusto dos Anjos, morto em Leopoldina, Minas Gerais, aos 30 anos (1884-1914) por entre documentos perdidos em alguma biblioteca.
Poeta crítico, sua obra foi utilizada em aulas de literatura que tive há dez anos com o professor Jorge Campos, e fiz anotações sobre a aula. A descoberta foi essa, entre meus papéis (e acreditem, são muitos!) encontrei essa poesia, dura, direta, escrita com minha letra, que reproduzo aos leitores do blog:
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera
Somenta a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga, é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”