Por corte de custos, Gol põe em risco a segurança de voos no país, diz Fentac

Seguindo a política de redução de custos que levou à demissão de cerca de trezentos aeronautas (tripulantes) e uma centena de aeroviários (pessoal de terra), a Gol Linhas Aéreas (VRG/Gol) está criando uma central de controle remoto, no Aeroporto de Congonhas, para efetuar o balanceamento das suas aeronaves em todo o Brasil à distância.

O objetivo seria reduzir custos, mas há grande prejuízo de segurança operacional nesta operação, afirma a direção da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT). Além disso, há denúncias de que a empresa pretende transferir todos os Despachantes Técnicos 2 (DT2) do país para Congonhas, e os que não quiserem serão demitidos.

A Fentac/CUT alerta que a retirada desses profissionais dos aeroportos impedirá o balanceamento correto das aeronaves e ampliará as chances de acidentes nas pistas, colocando em risco a vida de passageiros e tripulantes.

Fazem parte das funções do DT2 planejar o carregamento da aeronave, bagagem, carga e passageiro, e encaminhar esse plano para os Despachantes Operacionais de Voo (DOV´s), para que estes planejem a navegação aérea, estabelecendo o combustível, rota e limites operacionais.

Os DOV’s (que são regulados pela Anac) também fazem a revisão desse plano e emitem os documentos que são entregues ao comandante de voo, para que possa decolar e pousar com precisão. Essas informações são cruciais para evitar acidentes ou incidentes com as aeronaves.

A direção da Fentac/CUT ressalta que é impraticável para DOV’s e DT2’s realizarem suas atividades à distância. As informações de sistemas não são suficientes e não detectam as constantes alterações como corte de carga, passageiros “no show”, cancelamentos com acomodações, retirada de passageiros; ou dão conta de revisão do peso. Sem a atuação no local, os profissionais não conseguem realizar alterações e correções necessárias para garantir à tripulação e aos passageiros a segurança operacional. Além disso, à distância, uma falha na comunicação pode comprometer todo o trabalho dos despachantes.

A certificação da Gol junto à IATA, através da IOSA (IATA Operational Safety Audit) se deu com base nesse procedimento de segurança de voo, com a atuação presencial de DOV’s e DT2’s. “Nenhuma redução de custos justifica colocar em risco a vida de milhares de pessoas. Precisamos combater essa atitude irresponsável que quer compensar prejuízos por erros administrativos cortando uma equipe técnica qualificada em uma área crucial da empresa”, afirmam os sindicalistas.

A Federação e os sindicatos cutistas do setor aéreo já comunicaram a medida da Gol à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e às demais autoridades e seguem na busca de um diálogo com a companhia para evitar essa mudança, considerada absolutamente temerária pelos sindicalistas.

Do Observatório Social