Caso Charlie Hebdo: França mobiliza mais de 88 mil agentes de segurança contra terrorismo

Mais de 88 mil agentes das forças de segurança pública da França estão diretamente envolvidos nas ações de vigilância, prevenção e proteção dos cidadãos, instalações e do território francês. Parte desse efetivo tenta, desde ontem (7), capturar os dois suspeitos de terem atacado a redação do semanário satírico Charlie Hebdo e matado 12 pessoas, incluindo dois policiais.

Poucas horas após o ataque ao jornal, no centro de Paris, o governo francês elevou ao máximo o nível de alerta do plano interministerial contra o terrorismo, chamado de VigiPirata. Uma verdadeira operação de guerra foi acionada para tentar evitar possíveis novos ataques. Nove pessoas já foram presas.

Segundo o Ministério do Interior, há 88.150 agentes estrategicamente espalhados: 50 mil policiais militares, 32 mil gendarmes, 5 mil integrantes de forças móveis e 1.150 militares.

Durante reunião do gabinete de crise interministerial, hoje (8), em Paris, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, agradeceu o empenho dos homens e mulheres mobilizados e lamentou que um deles, uma policial, tenha sido morta durante tiroteio no sul de Paris, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Hoje, em Brasília, funcionários e frequentadores da embaixada francesa fizeram minuto de silêncio em homenagem às vítimas do Charlie Hebdo. Ao fim da homenagem, o embaixador Denis Pietton se referiu à manchete do jornal francês Le Monde desta quinta-feira como uma síntese do momento que a França atravessa e dos desafios que os franceses enfrentarão.

“Livres, de pé e juntos. Temos a sorte de viver numa sociedade livre, e temos de defender essa liberdade, sabendo que isso sempre tem um preço”, discursou o embaixador, afirmando que há décadas a França é alvo de terroristas contrariados com o “compromisso inflexível” do país com a liberdade e a diversidade.

“Estamos e permaneceremos de pé, como povo e indivíduos. E devemos permanecer juntos, porque os valores da República francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade -, que nos unem, são muito mais fortes do que as nossas divisões de qualquer natureza”, ressaltou.

Da EBC

França devolve fósseis contrabandeados ao Brasil

A Embaixada da França entregou na quarta-feira (5) ao Brasil 13 fósseis de Mesosaurus braziliensis, um pequeno réptil encontrado no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

Eles foram apreendidos pela aduana francesa em 2006, no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O destino final seria um comprador na Alemanha. Todo o lote tem o valor estimado em R$ 500 mil.

Os fósseis, que têm idade aproximada de 250 millhões de anos, estavam embalados e identificados como livros religiosos. Eles foram remetidos de São Paulo. Segundo apurou a Polícia Federal, eles foram extraídos no interior do estado por uma empresa gaúcha de exploração mineral.

De acordo com o conselheiro de Imprensa e Comunicação da Embaixada da França, Thibaut Lespagnol, antes de serem devolvidos, os fósseis passaram por perícia paleontológica na França para confirmar a origem brasileira.

Depois disso, foram confiscados pela Justiça francesa para serem encaminhados ao Brasil. Já no país, a França teve que encontrar a organização brasileira competente para receber os fósseis.

“Tanto para a França quando para o Brasil, o patrimônio histórico é muito importante. Porque a história é a nossa identidade, para nós é uma evidência que, se pertence ao Brasil, temos que fazer todo o possível para que volte ao Brasil”, diz Lespagnol.

A Polícia Federal foi a organização designada para recebê-los. Eles serão encaminhados ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Quando o processo, que tramita na Justiça Federal de São Paulo, estiver concluído, o lote será encaminhado à universidade ou ao museu apto a recebê-lo.

Segundo o chefe da Divisão de Proteção de Depósitos Fossilíferos do DNPM, Felipe Barbi Chaves, os fósseis são tipicamente encontrados na Bacia do Paraná. Esses foram encontrados no oeste do estado de São Paulo.

“É um material já conhecido, já estudado e, o que é importante para nós, é que, além de ser uma material tipicamente brasileiro, é uma importante evidência do que a gente chama de tectônica de placas, de que o continente americano já esteve unido à África em determinado momento”, explica Chaves.

Para selecionar a instituição que receberá esses fósseis, o DNPM vai levar em consideração alguns critérios, como a existência de exposições permanetes ao público e presença de especialistas na área que possam receber o material. Outra questão que poderá ser considerada é que o material retorne às proximidades da área em que foi encontrado.

Uma pessoa foi indiciada pelo crime, o responsável pela remessa dos fósseis à Europa. Segundo a PF, o processo está em fase final de julgamento. Essa pessoa poderá ser condenada a até dez anos de prisão por contrabando e extração ilegal de produtos minerais.

A PF esclarece ainda que muitos fósseis são encontrados por acidente por empresas em escavações. Esses fósseis devem ser encaminhados ao DNPM. A venda é ilegal.

Da EBC

Vitória dos socialistas na França é total

Socialistas têm vitória total no segundo turno das legislativas e líder da extrema-direita é derrotada. A mensagem dos franceses, no segundo turno das legislativas, reforça a recente eleição do presidente socialista François Hollande com uma maioria absoluta no Parlamento e deixa claro uma oposição à política de austeridade defendida pela alemã Angela Merkel na União Européia.

Mas tal vitória, maior daquela obtida em 1981 por Mitterrand, significa, como acentuou a própria dirigente do Partido Socialista, Martine Aubry, o dever de ter sucesso na aplicação do seu programa, visto com desconfiança pela direita européia, maioria hoje nos países componentes da União Européia.

Ao contrário da tendência atual de se evitar a crise se apoiando os bancos à beira da falência, forçando-se o povo a participar das economias nacionais exigidas pelo plano de austeridade ditado pela chanceler alemã, a política econômica do presidente socialista Hollande será a de relançar o crescimento através de uma política social favorável à criação de empregos e taxação dos ricos e das grandes fortunas.

Paralelamente, o governo socialista francês dará um destaque especial à educação, desde as escolas primárias, com contratação de mais professores para diminuir o contingente de alunos por sala de aula, enquanto orientadores sociais atuarão nas escolas situadas nas regiões ditas inseguras para os professores. François Hollande acentuou em diversas oportunidades sua preocupação com a juventude francesa que inclui os filhos da imigração.

Pela primeira vez, a extrema-direita conseguiu eleger dois deputados (o que não constitui nenhuma grande vitória num Parlamento de 577 cadeiras), porém a lider Marine Le Pen do partido Frente Nacional, filha do neonazi e antisemita Jean-Marie Le Pen, foi derrotada por um candidato socialista. A família Le Pen conseguiu eleger uma neta do patriarca extremista, uma jovem estudante de 22 anos, chamada pelos socialistas de Marion-Nette, por ser utilizada como marionete pela Frente Nacional.

A ex-candidata socialista à presidência, em 2007, Ségolène Royal foi derrotada na região de La Rochelle. É praxe, entre os socialistas e mesmo entre outros partidos que, no caso de concorrerem dois candidatos do mesmo partido pela mesma região, o menos votado se retire em favor do mais votado.

Entretanto, no caso de Ségolène, o outro candidato socialista dissidente não se retirou e aceitou o apoio a ele dado pelo candidato de direita eliminado no primeiro turno. Ségolène fala em traição e, eliminada da política nacional, só dispõe agora de um posto político regional.

O mesmo provável ostracismo ocorreu com o lider do Modem, partido do centro, François Bayrou, derrotado por uma candidata socialista. No sistema francês de eleições legislativas, o país foi dividido em circunscrições eleitorais, em cada uma delas cada partido tem um candidato e só se elege, geralmente em segundo turno, quem obtem mais de 50% dos votos da circunscrição.

O líder da Frente Unida de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, derrotado no primeiro turno, fez, a seguir, campanha pelo candidato socialista que se opunha à líder deextrema-direita Marine Le Pen. Graças à sua intervenção e à união das esquerdas locais, Marine Le Pen foi derrotada pela iferença de 118 votos.

Do Correio do Brasil

Hollande toma posse na França e promete conter crise

Apenas 11 dias depois de eleito, o novo presidente da França, François Hollande, de 57 anos, tomou posse na manhã de hoje (15). Seguindo seu estilo sóbrio, a cerimônia foi simples e sem pompas, apesar dos 400 convidados. Em seu primeiro discurso no cargo, ele defendeu a busca pela redução da crise econômica internacional por meio do estímulo da economia e da geração de emprego. Disse que promoverá um governo justo, impedindo a discriminação aos imigrantes.

Hollande foi recebido na porta do Palácio do Eliseu (cujo nome em francês é Champs-Élysée) pelo antecessor Nicolas Sarkozy. Ambos se cumprimentaram com apertos de mão e sorrisos e se reuniram por cerca de 30 minutos no escritório presidencial, antes da solenidade de posse.

Uma multidão aguardava os dois na porta do palácio. Nos arredores do prédio, foram expostos cartazes e faixas com apelos a Hollande. Nos apelos, as pessoas pedem providências para controlar a crise e promover um governo igualitário. Também há elogios e desejos de sorte no cargo.

A expectativa é que Hollande anuncie o nome do seu primeiro-ministro antes de viajar para Berlim, onde se reúne com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O nome apontado como o mais provável para o cargo é o do deputado socialista Jean-Marc Ayrault. O presidente da Autoridade dos Mercados Financeiros (AMF), Jean-Pierre Jouyet, amigo do presidente eleito, confirmou Ayrault.

O restante da equipe de Hollande deve ser conhecido no dia 16, depois de ele concluir parte da agenda internacional. As especulações em torno dos escolhidos vão desde ambientalistas até colaboradores de campanha.

Em meio às escolhas dos ministérios, Hollande organizou uma intensa agenda internacional. Ele pretende viajar ainda hoje para Berlim, para uma reunião com a chanceler Angela Merkel, com quem deve conversar sobre as propostas para conter os efeitos da cris econômica internacional. Depois, no dia 17, vai para os Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, Hollande participa das cúpulas do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia), prevista para os dias 18 e 19, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – sobre a retirada das tropas do Afeganistão até o fim de 2014.

Eleito no dia 6 de maio com 51,6% dos votos, Hollande tornou-se o sétimo presidente e permanecerá cinco anos no cargo, podendo concorrer à reeleição. Ele é o primeiro socialista a chegar à Presidência, depois de 17 anos da direita no poder.

*Com informações da Rádio França Internacional (RFI)

Segundo turno na França: quem pode tirar voto de quem?

Tão importante, no segundo turno francês (06 de maio), quanto saber quem pode dar voto a quem, é saber quem pode tirar de quem. Nesses termos, Hollande parece estar numa posição melhor do que a de Sarkozy.

O candidato socialista tirou votos do candidato mais à esquerda, Jean-Luc Mélenchon, na reta final. Uma parte dos que potencialmente votariam neste, no primeiro turno, preferiram votar direto em Hollande, para impulsionar desde já seu favoritismo no segundo. Criou-se um ambiente favorável ao “voto útil” desde já. A estratégia teve sucesso: Sarkozy tinha, como objetivo na reta final, chegar na frente (“mesmo que fosse por um fio de cabelo”, dizia ele) no primeiro turno para dar força à perspectiva de uma reviravolta na rodada final.

Não conseguiu. Aposta agora em debater até o esgotamento com Hollande até o 6 de maio, pondo suas fichas em seu desempenho espetaculoso diante do mais comedido de Hollande. Há um duplo sentido nisso: de um lado, Sarkozy quer sobressair; do outro, marcaria pontos se conseguisse enfurecer Hollande, fazendo-o sair do sério e cometer deslizes.

Outro ponto a favor de Hollande é o imediato apoio que recebeu de Mélenchon, sem pré-requisitos. Isso vai arrastar para sua votação a esmagadora maioria dos 11% que o candidato das esquerdas recebeu. Um efeito colateral desse movimento seria a contrapartida de projetar Mélenchon como um vetor decisivo no segundo turno, caso a vitória de Hollande se confirme. A esquerda sairia das cinzas (ou das traças) a que está jogada nesta erupção vulcânica da crise financeira européia.

Já do lado de Sarkozy as perspectivas são mais complicadas. Em primeiro lugar porque o maior fator a roubar votos de Sarkozy foi o próprio Sarkozy. Votos que potencialmente seriam seus se dispersaram, uma parte em direção a Le Pen, outra em direção a Bayrou e até mesmo em direção a Hollande, como testemunha o fato de que Jacques Chirac, o ex-presidente conservador, preferiu apoiar o socialista.

Sarkozy se deu mal num país que já teve como presidentes os carismáticos De Gaulle, à direita, e Mitterand, à esquerda. Faltou-lhe manter o “aplomb”, ou seja, o decoro da presidência. Suas incontinências iniciais, comemorando demasiadamente sua vitória anterior com um corte de “mais ricos”, foram-lhe tão fatais, quanto sua falta de coerência final, sassaricando em várias direções, indo desde tornar-se o parceiro menor da dupla Merkozy (coisa difícil para a direita francesa engolir) até rejeitar o apoio da chanceler alemã e entregar-se a arroubos nacionalistas de última hora.

Sarkozy terá de continuar sendo o boneco de molas que foi no primeiro turno, pressionado por ter de captar votos mais ao centro (eleitores de François Bayrou e seu Movimento Democrático – 9%) e mais à direita, os de Marine Le Pen, cujos 18% se dividem entre a direita tradicional, burguesa ou pequeno-burguesa, e um cortejo de neo-desempregados, jovens ou não, devido à crise. Prova disso é que Le Pen saiu-se melhor no nordeste da França, região em processo de desindustrialização, onde tirou o segundo lugar. Também na Bretanha ela saiu-se bem, como na região do Gard, “pays d’oc”, junto ao Mediterrâneo, onde chegou em 1º. Tradicionalmente, nessa região, os socialistas predominavam nas votações. Esses votos podem retornar à casa de onde, eventualmente, saíram.

Pode ser que Le Pen venha a apoiar Sarkozy. Mas num primeiro momento, pelo menos, os 18% que obteve subiram-lhe à cabeça, e por suas declarações iniciais ela parecia mais disposta a disputar a liderança do conservadorismo francês com Sarkozy do que fazer uma união ideológica com este contra a esquerda. Ou seja, sua votação expressiva pode continuar roubando votos de Sarkozy.

Enquanto isso, a Bolsa de Valores de Paris amanheceu na segunda em queda. Paradoxalmente, isso é bom, num primeiro momento, para Hollande, pois é um sinal de que os tão temidos “Mercados” estão de fato temendo a vitória do socialista e sua promessa de rever os acordos fiscais e de austeridade da Zona do Euro. Do outro lado do Reno, Angela Merkel tem, de fato, razões para se preocupar.

Por Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

Tortura: leilão de ferramentas é suspenso na França após polêmica

Um leilão de objetos de tortura que deveria ocorrer na terça-feira em Paris, foi suspenso após uma grande polêmica no país e por protestos de organizações de direitos humanos. Em um comunicado conjunto, organizações não-governamentais como a Anistia Internacional afirmaram ser ”chocante e inaceitável” que instrumentos utilizados para torturar e executar pessoas possam ter fins comerciais. ”Diante da emoção suscitada por essa venda, decidimos suspendê-la para que todas as partes envolvidas possam examinar com calma o conteúdo real dessa coleção”, afirmou o leiloeiro Bertrand Cornette de Saint Cyr.

A venda, intitulada ”Penas e castigos do passado”, reunía 350 objetos e documentos ligados à tortura de prisioneiros e à aplicação de penas capitais na Europa ao longo dos séculos. Entre eles, um aparelho para esmagar as mãos, uma banheira para recolher cabeças decapitadas, máscaras usadas por carrascos para esconder o rosto durante a execução do condenado e uma cadeira com assento repleto de pontas espetadas.

A coleção, estimada em 200 mil euros, também tinha um chicote encontrado na Torre de Londres (que funcionou como uma prisão até o século 12) ou ainda uma corda de enforcamento ”autografada” pelo carrasco britânico Syd Dernley, que atuou nos anos 50 e morreu em 1994.

Pêra da angústia
A venda incluía ainda uma ”pera da angústia”, como era chamado o instrumento colocado na boca e que ia aumentando de volume para sufocar os gritos dos prisioneiros que podiam ”incomodar” os juízes dos tribunais da Inquisição.

Instrumento de tortura conhecido como 'pera da angústia ' (Cornette de Saint Cyr)

A ”pera da angústia” também era usada nas partes genitais de homossexuais ou de mulheres suspeitas de ter relações com o ”diabo” na Idade Média. O proprietário da coleção posta à venda também foi motivo de polêmica na França. Os objetos e documentos pertenciam ao ex-carrasco francês Fernand Meyssonnier, que realizou, sob ordens do governo da França, quase 200 execuções na Argélia entre 1957 e 1962, no período da guerra de independência do país.

O leilão, que não continha nenhum objeto da guerra civil da Argélia, havia sido organizado a pedido da família do ex-carrasco, falecido em 2008. O ministro da Cultura, Frédéric Mitterand, também havia criticado a venda e expressado o desejo de que ela fosse cancelada.

Morbidez e barbaridade
”A natureza da coleção se enquadra mais na categoria de morbidez e barbaridade do que cultural. Ela também provoca, em razão de sua origem, dolorosos questionamentos históricos”, declarou o ministro.

Máscara de carrasco que integrava mostra (Cornette de Saint Cyr) Em um comunicado conjunto, organizações de direitos humanos afirmaram que a venda é ”uma ofensa à memória e à dignidade das pessoas que sofreram torturas”.

”Em vários países, o uso da tortura ainda é uma prática comum. Aceitar a venda desses objetos significa banalizar o flagelo”, diz o comunicado das ONGs, que pediram ao governo francês para que a coleção seja adquirida por museus.

Antes mesmo do início previsto da venda, o leiloeiro já havia decidido, na semana passada, retirar da coleção a réplica de uma guilhotina, afirmando que ainda existe um ”contexto emocional” na França em relação ao objeto.

Da BBC

 

Imprensa brasileira foi à França reclamar de premiação a Lula

Não pode passar batido um dos momentos mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.

A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.

No relato da própria repórter de O Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados  Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.

A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.

Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.

Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.

Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.

O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” não passa de opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra, da qual destacou eletrificação de favelas e demais políticas sociais, e perguntou se foi Lula quem armou Khadafi. E concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.

SMABC

Greve geral paralisa a França

Na onda da vitória dos partidos de esquerda nas eleições gerais do último domingo, os trabalhadores franceses entraram em greve ontem. Os sindicatos esperam que suas ações coloquem um freio nas reformas planejadas pelo presidente Nicolas Sarkozy, dois dias depois de seu partido ser derrotado nas urnas.

Cerca de 80 passeatas serão realizadas em todo o país para defender o aumento do poder aquisitivo e, sobretudo, protestar contra a reforma da previdência, que começa a ser discutida em abril. Os sindicatos dizem que o governo conservador de Sarkozy não ofereceu planos satisfatórios no que diz respeito a empregos, salários, poder de compra e condições de trabalho.

Isso tudo foi agravado pelo aumento do desemprego no país, o que fez crescer o descontentamento com o presidente francês. Ele passou a ser criticado dentro do seu eleitorado tradicional de direita e no seu próprio partido.

Terceiro turno
Os protestos atingiram principalmente os transportes, escolas e correios e  tiveram a participação de trabalhadores do setor privado. Cerca de 30% dos professores da escola primária não compareceram às aulas em todo o país. Segundo a direção da estatal ferroviária, 28% dos funcionários pararam.

Os jornais franceses questionam se a mobilização desta terça-feira poderia representar um “terceiro turno”, desta vez social, para o presidente Sarkozy, após os dois turnos das eleições regionais.

Das agencia internacionais