Paciência, concentração, habilidades manuais, senso estético e muita responsabilidade são algumas das características necessárias para ser um profissional protético dentário. Afinal, cuidar do sorriso não é somente por aparência, mas também para manter a sua saúde bucal em perfeitas condições. Carlos Roberto Nied sabe como poucos trabalhar nos bastidores com eficiência, discrição e no detalhe. Aos 53 anos de idade e 35 de profissão – “desde que comecei a freqüentar um laboratório de amigos”, relata – atuando no apoio aos dentistas, esses sim responsáveis por todos os detalhes da boca, dentes e demais necessidades, ele mantém desde 1985 o seu próprio laboratório no bairro Bom Retiro, onde mora bem próximo ao Morro do Finder.
Nied fala baixo e calmamente enquanto mostra os procedimentos para produzir uma prótese dentária perfeita. “O dentista manda o molde, e a partir daí se faz todo um processo que não pode ter erros. Uma dentadura, como se chama popularmente, se não for bem feita pode causar danos e sintomas desagradáveis”, ensina o veterano profissional. Antes de cair de cabeça na profissão ele passou pelo exército e também pelo estoque da Drogaria Catarinense. Trabalhou por quase 15 anos com os amigos. Uma sugestão de ter seu próprio negócio foi encampada e daí nasceu a Carony – Laboratório de Prótese Dentária que atende cirurgiões-dentistas de toda a cidade e região.
Carlos nasceu no Boa Vista e viu por muitos anos as milhares de bicicletas dos trabalhadores da Tupy cruzarem a frente de sua casa. “A rua era de barro e nossa diversão era acompanhar a passagem deles. Quando chovia aconteciam muitos tombos”, relembra. Casado com Maria Benildes dos Santos Nied há quase 31 anos – que completarão em novembro – Carlos é pai de quatro filhas e espera a chegada do primeiro neto para outubro próximo. A passagem pelo exército o marcou muito, e sua vontade sempre foi voltar a um convívio de apoio às pessoas, de servir à sociedade. Aí surgiu o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville.
Então, a partir de 1998 Nied passou a viver rotinas de treinamento de situações extremas, combate ao fogo, atendimento emergencial e muitos outros. “Aos sábados fazia treinamentos extras”, afirma o protético com uma cadencia ritmada na fala. Dedicado, ele participou de várias ações de combate a incêndios, atendimento de acidentados, inclusive o acidente que resultou na morte de um árbitro de futebol amador, recentemente. “Sempre é triste ver essas tragédias. Mas é preciso ajudar e me realizo fazendo isso, ajudando o próximo”, comenta. Magro, sempre gostou de jogar bola, e também estar e contato com a natureza, o que o levou também a praticar o “rapel”, palavra francesa que foi usada para batizar a atividade de descida por cordas, montanhismo, escaladas e afins.
“A necessidade de adrenalina e contato com a natureza me levou a essa prática que minhas filhas também faziam anos atrás. Desde 2000 eu pratico com amigos e grupos. Já estivemos no Castelo dos Bugres, em montanhas no planalto norte. É muito bom”, confirma Carlos. Com três das filhas já casadas e com a iminente chegada do neto, ele reafirma seu compromisso com o voluntariado nos bombeiros, de onde só quer sair quando chegar a hora de deixar esse mundo. “Faço com prazer em ser útil para a sociedade. Em dinheiro nao ganho nada, mas ganho muito em satisfaçao”, finaliza o protético joinvilense.
Publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em agosto de 2011.