“As eleições não definem intenção de investimento”, diz CEO da Speyside

PalavraLivre-Blog-Speyside-IanHerbison-investimentos-política-eleiçõesEm São Paulo desde 2009, a Speyside, consultoria de relações governamentais, viu a oportunidade de explorar um país que, então, estava no radar do mundo. Seu chief executive officer (CEO) Ian Herbison desde então vem ajudando investidores estrangeiros interessados no Brasil a entender os meandros do nosso arcabouço jurídico, legislativo e regulatório.

Mas, em 2014, a situação mudou: o Brasil deixou de ser o queridinho das revistas internacionais de negócios, mas ainda permanece atraente. “O país oferece oportunidades pelo tamanho do mercado”, afirma.

Qua l é a percepção que o investidor estrangeiro tem do Brasil?
O Brasil é um dos principais destinos de investimento estrangeiro direto (IED), por isso é uma oportunidade sempre relevante.

O que esses investidores acham mais atraente no País?
O país oferece oportunidades pelo tamanho do mercado, com uma classe média emergente cada vez com maior poder de compra. Outra possibilidade são as parcerias para explorar recursos naturais, especialmente ligados a petróleo e gás e mineração. Numa perspectiva global, o Brasil é muito relevante nesses segmentos. Há interesse também em instalar fábricas para produzir e vender internamente. E, finalmente, o setor de saúde.

Quais as dúvidas sobre o Brasil?
Eles se deparam com dificuldades burocráticas e algumas surpresas, como os custos, inclusive os trabalhistas. Mas enxergam os dois lados da moeda: de um, os desafios que terão de enfrentar; do outro, sabem que ao entender esse sistema particular do Brasil, conseguirão navegar nas oportunidades. Parte do nosso trabalho é ajudá-los a vencer essas dificuldades.

Quando o investidor procura sua empresa, ele já tem referências sobre o Brasil?
Geralmente são multinacionais que têm conhecimento do Brasil por reportagens de grande s jornais de economia e por relatórios de agências de rating ou outras fontes. A questão é que os sentimentos podem variar bastante em decorrência dessas fontes secundárias. Um exemplo clássico é a “The Economist”, que há quatro anos fez uma capa do Cristo Redentor para cima, sinalizando o país como uma potência. Depois, veio com a mesma capa, mas com o Cristo caindo: o Brasil já não é tão atrativo.

É aqui que a Speyside entra?
Sim. Para mostrar que a realidade está entre esses dois extremos. Os investidores precisam ser “reeducados” em relação a essas percepções. Nosso papel é guiá-los nas sutilezas da legislação e regulação. Ele chega com conhecimento inicial, mas desconhece as particularidades de cada setor. A consultoria os ajuda a conduzir o processo.

As multinacionais que já atuam aqui também têm dificuldades?
No caso das empresas multinacionais, uma das dificuldades que os executivos sênior têm é explicar o Brasil para as sedes. Um exemplo é o marco civil da internet. Muitas empresas ficaram preocupadas com o que a aprovação significaria para seus negócios. Lá fora, parecia que seria o fim do modelo de negócios deles. Os executivos daqui tinham muita dificuldade de explicar que “não é bem assim”.É isso que nós fazemos: mostramos que há outras formas de ler a realidade e descrever isso.

O processo eleitoral atrapalha? Existe um candidato preferido ou isso não influencia na decisão de investir?
Claro que há grande interesse no tema das eleições no Brasil, especialmente porque a questão da inflação e do baixo crescimento da economia pedem uma mudança, seja a Dilma (Rousseff) ou outro candidato que vença. Mas o resultado da eleição não é um fator definidor da intenção de investimento.

O IED mantém o nível de 2013. Já os investimentos das empresas nacionais caíram muito. Os estrangeiros confiam mais no pais por desconhecer?
Esse investimento acontece menos por causa do Brasil e mais como resultado da crise global de 2008. As 500 maiores da “Fortune”, por exemplo, tiveram que fazer uma série de ajustes em termos de investimento e de projeção de crescimento. E isso globalmente. Mas não podemos negar que há um nervosismo pela questão macroeconômica e pela própria incerteza com o futuro.

Você não é brasileiro, mas seu negócio é apresentar o Brasil aos investidores estrangeiros. Por que eles procuram você?
Se eu fosse tocar o negócio sozinho, por ser estrangeiro, seria um desastre. O que é importante no modelo da consultoria é que a maioria absoluta de consultores é de brasileiros com vasta experiência em relações com o governo, com questões corporativas e regulatórias e todas as especificidades do Brasil. Mas é importante ter expatriados para contextualizar aos investidores estrangeiros uma linguagem que eles entendam.

Você já entende o Brasil?
Ainda não. Mas vou continuar tentando.

Do Brasil Econômico

Empresários catarinenses depositam confiança no segundo semestre

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) teve leva queda de 0,6%. De março para abril houve movimentação no índice de 125,4 para 124,6 pontos. Itens como ‘nível de investimento das empresas’ e percepção dos empresários acerca das ‘condições atuais da economia’ estão em baixa. Por outro lado, cresceram indicadores de ‘contratação de funcionários’ e ‘expectativa da economia brasileira’.

Para a Fecomércio, o ritmo ainda reduzido da atividade econômica deste início de ano fez com que alguns indicadores apresentassem queda no ICEC, apesar de seu patamar ainda positivo.

Já no quesito expectativas, a percepção dos empresários do comércio catarinense indica melhoras. A variação condiz com a tendência prevista para o ano de 2012, que deve, a partir do segundo semestre, ter melhora na atividade econômica e, por consequência, expansão no volume de vendas.

Condições atuais

O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) caiu consideravelmente na comparação mensal (-5,2%). Enquanto março apresentava um índice de 109,2 pontos, abril registrou reduzidos 103,5 pontos.

Na comparação por tamanho de empresa o comportamento foi bastante distinto. As empresas maiores tiveram um crescimento de 21,4% no ICAEC e as empresas menores tiveram uma queda de 5,8% no indicador. Já na análise por grupo de atividade, as empresas que comercializam bens duráveis, que tradicionalmente costumam ter bom desempenho, apontaram queda de 11,3% no ICAEC. As de bens não duráveis caíram 10,6%. Apenas as empresas que vendem bens semiduráveis tiveram crescimento (8,5%).

Na análise dos subíndices que compõe o ICAEC, a percepção dos empresários do comércio do estado em relação à ‘condição atual da economia’ recuou 6,8% em abril na avaliação mensal, se estabelecendo em 93,2 pontos. As ‘condições atuais do comércio’ ficaram em 96,2 pontos, queda de 5,7%. E as ‘condições atuais das empresas do comércio’ caíram 3,6%, totalizando 121,2 pontos.

Expectativas

O único elemento do que apresentou elevado grau de satisfação, com alta mensal de 2,8%, atingindo os 161,5 pontos, foi o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC). Aqui, tanto para as empresas de maior porte (166,7 pontos), quanto para as de menor tamanho (161,4 pontos) o índice é considerado positivo.

Dentre os subíndices que compõem o IEEC, todos apresentaram crescimento mensal e ficaram situados em patamares elevados de satisfação. A ‘expectativa da economia brasileira’ cresceu 3,8% (153,6 pontos), a ‘expectativa do comércio’ se expandiu 3,4% (162,8 pontos) e a ‘expectativa das empresas comerciais’ teve elevação de 1,2% (168 pontos).

Investimentos

O indicador de investimentos apresentou queda mensal de 1%, levando o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) ao patamar de 108,7 pontos. O comportamento foi antagônico entre as empresas com menos de 50 funcionários e as empresas com mais de 50 funcionários. As primeiras apresentaram queda de 1,4% (108,2 pontos) e as segundas mostraram crescimento de 20,8% (136,6 pontos).

Dentre os subíndices que compõem o IIEC, apenas o ‘nível de investimento das empresas’ caiu (-8,2%). Esta, a propósito, foi a maior queda da análise e responsável por levar o subíndice aos 109 pontos. Já o indicador de ‘contratação de funcionários’ e a ‘situação atual dos estoques’ cresceram 5,2% (119,5 pontos) e 0,7% (97,7 pontos), respectivamente.

Da Fecomércio/SC