Mídia: Argentina e a reta final da nova lei de meios

O que a nova legislação prevê, amplamente aprovada no Congresso argentino em 2009, com votos até de parlamentares de oposição, é o fim do monopólio. A garantia da diversidade de opinião.

O governo argentino foi claro: espera até a meia-noite da sexta-feira, 7 de dezembro, para que os 21 grupos de comunicações afetados pela nova Lei de Meios apresentem seus ‘planos de adequação’. Ou seja: digam o que pretendem fazer com a quantidade de licenças para televisão aberta, televisão paga (cabo ou satélite) e emissoras de radio que excede o teto permitido pela nova legislação, aprovada em 2009.

É que nesse dia vence a liminar concedida há um ano ao grande conglomerado que opera, de fato, como um monopólio, o grupo Clarín. Até a segunda-feira dia 3, desses 21 grupos a maioria – 14 – apresentou seus respectivos planos.

Esses grupos decidiram acatar a nova legislação, especialmente a chamada ‘cláusula antimonopólio’, que impede que determinados concessionários acumulem licenças públicas de rádio, televisão aberta e fechada. A tal ‘convergência da mídia’, que de fato possibilita que determinados conglomerados dominem amplamente as comunicações num país.

O grupo Clarín, o mais sensível às novas regras, continuou resistindo, na esperança de conseguir uma nova liminar prorrogando por mais algum tempo os efeitos da lei. Detentor de mais de 250 licenças de rádio e televisão – quase dez vezes o teto máximo admitido pela nova legislação – o grupo se mostrou decidido a ir até o fim.

Essa esperança só morrerá à meia-noite da sexta-feira dia 7. Até lá estará viva, enquanto os controladores do Clarín fazem de tudo para esticar ao máximo a corda desse verdadeiro cabo-de-guerra em que se transformou o embate com o governo.

Os empresários que já apresentaram seus ‘planos de adequação’ agora terão de esperar. O governo tem 120 dias, a partir de 7 de dezembro, para aprovar ou pedir correções ao que foi apresentado. E, a partir da palavra final do governo, as empresas terão outros 180 dias para colocar seus planos em prática.

Nesse prazo será feita a avaliação das licenças, que serão leiloadas em editais específicos, além dos bens (equipamentos, instalações) que irão à venda. E, finalmente, serão outorgadas as licenças correspondentes aos novos donos.

Durante esses períodos, os atuais concessionários deverão, necessariamente, assegurar não apenas a continuidade dos serviços como também a força de trabalho, ou seja, terão de continuar transmitindo sem dispensar nenhum empregado.

Existe a possibilidade de que os atuais concessionários continuem com suas licenças, desde que formem outras empresas, absolutamente independentes administrativa, financeira e economicamente. O Clarín não fez nenhum comentário diante dessa possibilidade. Alguns dos grupos que apresentaram seus ‘planos de adequação’ optaram por essa saída.

Em paralelo, outra batalha é travada entre o governo e os juízes de primeira instância que devem decidir pelo pedido de prorrogação da liminar, apresentado pelo grupo Clarín.

O governo recusou um dos integrantes dessa corte inicial, por um motivo razoável: ele viajou para Miami com todas as despesas pagas pelo Clarín. Foi o suficiente para que o jornal desatasse uma campanha acusando Cristina Kirchner de pressionar a Justiça.

O nó agora é saber o que acontecerá caso o Clarín não apresente sua ‘proposta de adequação’ dentro do prazo previsto. O governo afirmou que ‘os grupos que não apresentem sua proposta voluntariamente estarão fora da lei’. E que, então, só restará notificá-los judicialmente e cassar suas licenças, que serão levadas a leilão.

O jornal Clarín vem dos anos 40, mas só com a última ditadura militar (1976-1983) ganhou força e peso. Apoiou alegremente o regime genocida e ganhou, junto com o tradicional e conservador ‘La Nación’, o controle da Papel Prensa, a única produtora de papel para jornais e revistas da Argentina.

Assim começou sua expansão, até tornar-se no que é hoje, um verdadeiro polvo cujos braços se estendem em todas as direções no mundo das comunicações – e sempre contra os governos.

Ameaçado de ver podado seu alcance, o grupo, acompanhado por seus congêneres na América Latina, denuncia o governo por estar levando a cabo um verdadeiro atentado à liberdade de expressão.

Pura balela. Atentado à liberdade é se estender por todos os segmentos – rádios, televisão aberta, televisão fechada, jornais –, praticando tudo que é golpe baixo e jogo sujo para eliminar concorrentes.

O que a nova legislação prevê, amplamente aprovada no Congresso argentino em 2009, com votos até de parlamentares de oposição, é o fim do monopólio. A garantia da diversidade de opinião. A abertura a setores da sociedade para que exponham seus pontos de vista. Ou seja, tudo aquilo que monopólios como o do grupo Clarín mais odeiam no mundo.

Por Eric Nepomuceno – Carta Maior

Noite de Autógrafos – Agradecimentos

Este jornalista e Marco Schettert atentos a leitura de Gi Rabello, sempre surpreendente

Nada na vida você faz sozinho. Tampouco o planejamento, cronograma, execução, escrita e lançamento de um livro como o nosso – meu e de Marco Schettert – Na Teia da Mídia. Começamos tudo ainda em final de 2010, depois os transtornos durante 2011 até o lançamento oficial em 15 de dezembro na Midas, um momento inesquecível, mágico, cheio de amigos, leitores, autores, um grande presente de Natal para este jornalista. Neste ano começamos a outra parte dura dos autores: a continuidade da divulgação e venda das obras. Pensa que é fácil, não é não!

Já estive em palestras em faculdades como na Sociesc, na Feira do Livro no espaço Fala do Escritor, e agora uma noite de autógrafos feita ontem, quinta-feira, na Livraria Curitiba do Mueller Joinville (SC). Noite bacana, agradável, e vários amigos que estiveram na primeira ação na Midas, refizeram seu pacto comigo. Outros novos, e que não puderam aparecer em dezembro, estiveram lá para nossa alegria. Isso dá um animo redobrado, uma força que vocês não imaginam. Por isso que disse no início, na vida nada se faz sozinho, sempre há muitas pessoas e amigos envolvidos, e por vezes, até inimigos ou adversários, todos acabam ajudando e muito o caminhar. Como diz um ditado latino, acredito, o caminho se faz ao caminhar…

Pena que vários que esperávamos faltaram, assim como faltaram jornalistas, autores, e estudantes de direito e jornalismo pelo menos. Quem sabe os encontraremos em suas faculdades, ou redações…

Panorâmica do evento

Mas o que desejo mesmo é agradecer. Agradecer a minha amada Gi Rabello, companheira de todas as horas, de todos os humores (e maus humores também!), que surpreendeu ao abrir o evento com um fragmento do livro de Rubem Alves, “Ostra feliz não faz pérola”, momento sarau da noite de autógrafos, a quem desejo sempre todo amor, saúde, paz e sucesso, ela que deve ser em breve mais uma defensora do direito e da justiça. Mil beijos meu amor. Agradeço também aos amigos que já citei no Facebook, alguns que não via há anos como o Wilson da Costa, colega de trabalho nas multinacionais Coca-Cola e Pepsi-Cola há quase 20 anos… o tempo passa não é amigo velho?

Deixando marcas, lembranças...

Ver e conversar com Cleonir Branco, Mario Cezar da Silveira, Zeca Chaves, Leandro Schmitz, Eberson Theodoro, Jéssica Gelbcke, Jonathan da Costa, Silvana Ferreira, Andrea Sueli de Oliveira, Altair Nasário, Ana Paula Zeca Chaves (ehehe), dona Marli Plocharski a mãe de Aluísio, personagem central do livro e que passa ainda por dificuldades sérias de saúde, enfim, todos que lá estiveram nos prestigiando, eu e Marco. Desejos de muita saúde, paz, sucesso, alegrias, luz e sonhos, muitos sonhos para que possam realizar a todos! Muito obrigado, e nos ajudem a continuar a distribuição e divulgação do livro Na Teia da Mídia, valeu!!

Mídia, Demóstenes e Cachoeira – A nova temporada de caça*

Começa a se aquecer mais uma temporada de notícias no departamento em que a imprensa brasileira parece mais vivaz: o dos escândalos. Nos jornais de sexta-feira (20/4), as manchetes já nascem com o propósito de desacreditar os personagens que assumem o papel do “bem”. Nas páginas internas, estendem-se os relatos sobre detalhes do esquema revelado, desta vez centralizado por um representante do negócio das máquinas viciadas de apostas.

O primeiro olhar dá ao leitor a sensação de que, desta vez, os jornais estão dispostos a destrinchar o enredo e expor ao julgamento informal e institucional os culpados e seus crimes.

No Estado de S. Paulo, a manchete informa que a Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as ligações de políticos e empresas com o contraventor Carlos Cachoeira foi criada, mas a bancada governista ainda não havia definido quem seria o relator.

Sabe o leitor que da disposição do relator sai a peça mais ou menos condenatória ao final da CPI. O jornal insinua que o cuidado na escolha desse personagem se deve a uma preocupação com a seletividade dos dados que serão oficialmente incluídos no documento final. Então, na abertura do processo o jornal já planta a hipótese de que, seja qual for o resultado da investigação, haverá suspeitas sobre os investigadores.

Como funciona

O Globotambém noticia a abertura da CPI, mas avança em novas denúncias envolvendo o governador de Goiás, Marconi Perillo, em relações mais íntimas com Cachoeira, tendo contratado para seu governo uma cunhada do contraventor.

Também estende a malha de corrupção até a capital de Minas Gerais, afirmando que o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, contratou a empresa Delta – apontada como beneficiária de licitações fraudadas com o objetivo de lavar dinheiro da corrupção – para uma obra orçada em R$ 170 milhões, ainda antes de ser oficializado o consórcio a ser contratado.

Nesta fase do escândalo, a tática da imprensa parece ser disparar na direção de todas as sombras. AFolha de S.Paulo, porém, avançou uns passos na estratégia de noticiar a iniciativa do Congresso de investigar as acusações, mas ao mesmo tempo criar no público a convicção de que o resultado ficará aquém das expectativas.

A tática consiste em observar, na manchete, que entre os 32 membros da Comissão Parlamentar de Inquérito indicados por seus respectivos partidos, nada menos do que 17 têm pendências com a Justiça. A informação é relevante e cria realmente uma dúvida fundamentada sobre as verdadeiras intenções dos criadores da CPI.

O jornal paulista cita, entre esses personagens de antigos escândalos de corrupção, os senadores Fernando Collor, que sofreu processo de impeachment quando presidente da República, Romero Jucá, alvo de processo criminal, e Cássio Cunha Lima, condenado por crime eleitoral e que só escapou da inelegibilidade pela nova Lei da Ficha Limpa quando o Supremo Tribunal Federal adiou a aplicação da nova norma.

Folha de S.Paulo também apresenta, em suas páginas internas, um infográfico de página inteira, fartamente ilustrado, que “explica” o funcionamento do esquema, conforme os dados já disponíveis e publicados pelos jornais.

Dois olhares sobre a notícia

Do ponto de vista de uma leitura superficial, a coleção de reportagens seria suficiente para criar a convicção de que a imprensa está cumprindo bravamente seu papel.

Embora ainda não tenham aparecido os resultados de uma investigação jornalística, pode-se dizer que o leitor mais ou menos atento já tem uma noção bastante clara de como funciona a transferências de dinheiro dos cofres públicos para bolsos privados por meio do esquema aparentemente organizado pelo contraventor Carlos Cachoeira e o senador goiano Demóstenes Torres.

Também deve se consolidar no leitor a sensação de que tal esquema, por suas características primárias, revela a fragilidade dos sistemas de controle do Estado.

Aqui começa uma leitura subliminar que deve merecer a atenção do observador. Se os próprios investigadores são suspeitos, por já haverem ocupado em algum momento o banco que agora é esquentado pelo senador Demóstenes Torres, quem assegura o equilíbrio e a lisura do julgamento?

Sem deixar de considerar que a imprensa cumpre com empenho seu papel de fiscalizar os poderes institucionais, é preciso atentar para o direcionamento de reportagens e artigos que, muito além de apontar culpados, se concentram em demonizar e marginalizar o próprio Estado.

Portanto, é preciso acompanhar a cobertura do presente escândalo com dois olhares: aquele olhar sobre os fatos objetivos, compostos pelos indícios que revelam as culpabilidades, e o olhar sobre intenções subjetivas, de ordem ideológica, que procuram consolidar na sociedade a sensação de que a instituição pública não funciona – mesmo quando se sabe que o ato de corromper quase sempre nasce na iniciativa privada.

* por Luciano Martins Costa no Observatório da Imprensa

Parabéns Jornalistas!

Para comemorar 7 de abril, Dia do Jornalista, o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina promoveu e segue promovendo, ou apenas participando, de diferentes atividades no estado, neste ano:

Em Concórdia, a data foi comemorada antecipadamente, dia 31 de março, com poesia, no café do Memorial Attílio Fontana. Fazendo uso do Projeto Palavra’s, os jornalistas brindaram o público com poesias de própria autoria e de autores brasileiros consagrados. A promoção foi da Delegacia do Sindicato em Concórdia e Projeto Palavra’s.

Em Chapecó, a diretora sindical Flávia Durgante vai participar de um debate com os alunos do curso de jornalismo da Unochapecó, nesta quinta-feira, 7, às 19horas. Flávia vai falar sobre as lutas do Sindicato dos Jornalistas e a profissão.

Em Criciúma, uma atividade específica está sendo programada pelo diretor Sandro de Mattia, que, nesta quinta-feira, aproveitará a data para sindicalizar colegas jornalistas.

Em Florianópolis, o presidente do SJSC, Rubens Lunge, usou a Tribuna na Câmara Municipal da capital, na sessão ordinária de terça-feira, 5, para falar sobre a profissão e a formação superior. (Veja mais)

Uma festa, às 12 horas, no sábado, dia 9, também está na programação, na capital. Na festa (saiba mais clicando aqui), promovida pelo SJSC e pela comissão organizadora do Bloco Pauta que Pariu, será brindada a vitória de 30 de março, quando os deputados estaduais rejeitaram o veto do governador Raimundo Colombo ao Projeto de Lei 63/2010. A rejeição garante promulgação da lei que exige formação superior em jornalismo dos profissionais contratados para a função no serviço público estadual. (Veja mais)

Em Jaraguá do Sul, quinta-feira, 7, às 20 horas, Rubens Lunge usará a Tribuna da Câmara Municipal da cidade para marcar a data.

Em Lages, os jornalistas promovem uma confraternização para lembrar seu dia, nesta quinta-feira, 7, às 20 horas, no restaurante Butkaio. A rejeição do veto do governador, pelos deputados estaduais, ao PL 63/2010 também será pauta da comemoração. Quem organiza o encontro é o diretor sindical Iran de Moraes. O Butkaio fica na Praça João Ribeiro, 28 (Praça da Catedral)

Em São Miguel do Oeste, o conselheiro fiscal do SJSC, Aroldo Pereira estará presente em atividade especial, nesta quinta-feira, 7, programada pelo curso de jornalismo da Unoesc. Haverá lançamento do documentário “Celibato no Campo”, do professor Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt , bem como do livro “Além do meu Sonho”, escrito pelo ex-senador Neuto de Conto.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas