Lucros dos maiores bancos sobe 21% no terceiro trimestre

Apesar do fraco desempenho da economia, que desacelerou o ritmo de concessão de empréstimos, os cinco maiores bancos brasileiros registraram alta de 20,6% no lucro líquido ajustado no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo do crédito aumentou bem menos: 9,8%.

Há várias explicações para os excelentes resultados do Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander. Segundo analistas, entre elas estão diversificação de receitas, ganhos de eficiência operacional, apetite por risco controlado e, em geral, boa gestão.

“Tudo isso suporta as tendências favoráveis das margens líquidas de juros, que devem continuar”, acredita Eduardo Ribas, diretor da área financeira da Fitch Ratings.

A agência acredita que o aumento das taxas de juros ajuda as margens, mas os esforços para manter os custos do crédito sob controle em um cenário de fraca atividade econômica continuarão sendo um desafio para estes bancos.

“O crescimento do crédito de fato não foi destaque no período, mas temos que lembrar que a base de comparação já é alta, e continua gerando receitas importantes para os bancos”, diz Luis Miguel Santacreu, analista sênior de instituições financeiras da Austin Rating. “Os juros subiram e continuarão subindo. A concentração bancária é grande, os bancos aqui não perdem clientes. Os spreads continuam altos porque não tem concorrência”.

O especialista lembra, ainda, que os bancos souberam compensar o menor apetite por risco e demanda por crédito, explorando outras fontes de receitas como prestação de serviços — cobrança de tarifas de cartões, de administração de fundos e segurados. “Todo grande banco de varejo tem uma seguradora, e suas reservas técnicas são aplicadas em juros e também ganham com juros altos”.

Do lado das despesas, Santacreu ressalta dois lados: um é o das provisões — a despesa caiu na maioria dos bancos, que já operavam com provisões adicionais em estoque (o que afetou os resultados anteriores mas em compensação agora vão oferecer um alívio pela dispensa de constituir reservas adicionais contra calotes).

De outro lado, há o corte de custos, que vem gerando melhoria na eficiência operacional. “Nem Bradesco nem Itaú estão contratando, o Santander adiou seu programa de abertura de novas agências e o Bradesco deu uma freada”, diz.

Para o último trimestre do ano, o analista da Austin prevê uma recuperação do ritmo das concessões de crédito, puxada, de um lado, pela maior demanda sazonal e pelos efeitos das três liberações de compulsórios que o Banco Central fez entre agosto e setembro últimos.

João Augusto Salles, economista da consultoria carioca Lopes Filho, atribui o lucro alto dos bancos no terceiro trimestre ao que chama de movimento de “reprecificação” da taxa de juros para o consumidor.

“Os spreads viam caindo desde abril de 2012 com a pressão da concorrência dos bancos públicos, que levou os bancos privados a acompanharem. Mas a partir de janeiro de 2014 os juros voltaram a acelerar e os spreads se alargaram”, diz Salles.

Para ele, os bancos repassaram a alta da Selic, de 7,25% em abril de 2013 para o atual patamar de 11,25%, “numa magnitude e velocidade muito maior, exatamente para recuperar a margem”.

O economista concorda com Santacreu e Ribas e também vê nas receitas com serviços bem diversificada e na redução do risco das carteiras duas fortes explicações para o aumento do lucro. E também lembra o impacto positivo das taxas de juros nas suas operações de tesouraria (aplicações dos recursos próprios).

No entanto, Salles lembra que apesar de a inadimplência estar, de modo geral, bem controlada, houve um repique em grandes empresas. “Espero que nãos seja uma tendência, mas a provável aceleração do crédito no quarto trimestre pode agravar o aumento dos calotes mais para a frente”, diz. Ele explica que outubro foi um mês de recuperação das concessões dos empréstimos, segundo executivos do Banco do Brasil.

A Fitch Ratings também demonstrou preocupação com a manutenção desse cenário positivo nos próximos trimestres. Segundo os analistas, vai depender de como os custos de crédito se comportarão ante um ambiente operacional desafiador.

A agência se mantém cautelosa em relação à força da lucratividade desses bancos no quarto trimestre de 2014 e em 2015, apesar dos resultados no terceiro trimestre.

Itaú e Bradesco continuam sendo os dois mais fortes, segundo a Fitch, registrando aumento no lucro líquido ajustado, nos nove primeiros meses, em torno de 34% e de 25%, respectivamente.

A Fitch acredita que ambos sustentarão esses bons patamares de lucratividade, a curto prazo. Os lucros do Santander foram praticamente estáveis nos nove primeiros meses de 2014, refletindo sua menor flexibilidade, mas também manteve patamares de capitalização muito fortes.

Os resultados das três instituições no terceiro trimestre foram robustos, diante dos fracos indicadores macroeconômicos, segunda avaliação da Fitch. A qualidade dos ativos dos três bancos privados melhorou, dadas a mudança do mix de produtos para segmentos de menor risco e a manutenção de conservadoras práticas de concessão de crédito. O trio registra patamares confortáveis de provisões para perdas de crédito.

O aumento da receita de serviços, aliado à redução dos custos do crédito e ao maior controle de custos, compensou as pressões sobre as receitas líquidas de intermediação. O nível de capitalização é forte nos três bancos, que deverão exceder confortavelmente as exigências mínimas de capital do Basileia III, que estão sendo gradualmente introduzidas, a médio prazo.

O destaque do Bradesco, além da alta de 25% no lucro, foi atingir seu melhor índice de eficiência – apenas 39,9%. No Itaú, a alta do lucro foi de quase 34% de um ano para outro. Já o Santander mostrou queda importante da inadimplência, para 3,7%.

Com informações do Brasil Econômico

Itaú lucra R$ 10,1 bi até setembro, e demite 13,5 mil em ano e meio

O Itaú anunciou nesta terça-feira (23) um lucro líquido de R$ 10,102 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, alcançando o segundo maior lucro acumulado de janeiro a setembro entre os bancos de capital aberto brasileiro, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Apesar desse resultado bilionário, o banco cortou 7.831 postos de trabalho até setembro. No trimestre, o número de trabalhadores recuou de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 em três meses. Desta forma, o banco aprofundou ainda mais o processo de fechamento de empregos iniciado em abril do ano passado, totalizando a extinção de 13.595 vagas, conforme análise feita pelo Dieese.

> Clique aqui para acessar o gráfico sobre a evolução do quadro de pessoal entre dezembro de 2010 a setembro de 2012

“É um absurdo que o Itaú com todo esse lucro estrondoso elimine quase 14 mil de postos de trabalho em apenas um ano e meio, ao invés de contratar funcionários para acabar com a enorme sobrecarga de serviços e melhorar o atendimentos aos clientes e à população”, protesta Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

“O Itaú gasta milhões e milhões de reais com propaganda, mas o balanço revela que o banco não tem compromisso com o Brasil que cresce e se consolida no mundo. Além disso, a instituição mostra que não possui compromisso com os trabalhadores que produzem esse lucro gigantesco. O banco tem que sair da contramão e andar no rumo do desenvolvimento econômico e social com geração de empregos e distribuição de renda”, aponta o dirigente sindical.

“Com esses números, vamos intensificar a mobilização e retomar as negociações permanentes com o Itaú no próximo dia 6 de novembro, priorizando a defesa do emprego, o fim da rotatividade, novas contratações e a melhoria das condições de trabalho”, destaca. “Também vamos organizar um novo encontro nacional de dirigentes sindicais do Itaú para aumentar a pressão sobre o banco, pois a mobilização é a única linguagem que o banco entende”, enfatiza Cordeiro.

Truque da PDD

Embora o lucro líquido até setembro tenha sido 7,6% menor que o apurado no mesmo período do ano passado, ele teria sido muito maior se o banco não usasse outra vez a manobra contábil de superdimensionar as provisões para devedores duvidosos, que passaram de R$ 14.458.717 nos primeiros nove meses em 2011 para R$ 17.959.140 no mesmo período de 2012, um crescimento de 24,21%.

“Essa maquiagem é um velho truque dos bancos para diminuir os lucros. As instituições financeiras perseguem vários objetivos com essa mágica, como a redução da PLR dos bancários, a tentativa de justificar a contenção da oferta de crédito e a manutenção das altas taxas de juros, spreads e tarifas bancárias”, critica o presidente da Contraf-CUT.

A taxa de inadimplência real cresceu apenas 0,4 ponto percentual em relação a setembro de 2011 e caiu 0,1 ponto percentual em comparação a junho de 2012, o que demonstra estabilidade no período. “Nem a desculpa da inadimplência pode ser usada para justificar esse altíssimo provisionamento”, observa Cordeiro.

No terceiro trimestre, o Itaú apresentou lucro líquido de R$ 3,372 bilhões, uma queda de 11,4% ante igual período do ano passado. Os ativos totais alcançaram R$ 960,2 bilhões, quase na casa de R$ 1 trilhão, apresentando aumento de 8% em relação ao final do trimestre anterior e evolução de 14,7% sobre o mesmo período de 2011.

O patrimônio líquido cresceu 4,4% no terceiro trimestre e atingiu R$ 78,979 bilhões. Na comparação com setembro de 2011, a alta foi de 15,8%.

Receitas de tarifas crescem

O truque de que os bancos subiram as tarifas para compensar a redução cosmética das taxas de juros de algumas linhas de crédito também ficou comprovado no balanço do Itaú.

Houve aumento de aproximadamente 16% nas receitas de tarifas bancárias, passando de R$ 3,75 bilhões para R$ 4,35 bilhões, em comparação ao terceiro trimestre de 2011 e tiveram crescimento de 0,58% no trimestre. As demais receitas de prestação de serviços subiram 5,46%, chegando a R$ 10,77 bilhões em setembro.

Com isso, o excedente da cobertura das despesas de pessoal pelas receitas de prestação de serviços mais renda das tarifas bancárias cresceu 8,1 pontos percentuais, passando de 138,93% para 146,94%, comparativamente entre os nove primeiros nove meses de 2011 e 2012.

“Isso significa dizer que o banco paga os seus funcionários com essas receitas e ainda tem uma sobra equivalente a 46,94%”, explica Cordeiro.

Outros bancos
Mais três bancos se preparam para divulgar os seus balanços do terceiro trimestre. O Santander anuncia os resultados nesta quinta-feira (25); o Banco do Brasil, no dia 31; e o Banrisul, no dia 12 de novembro. O Bradesco apurou lucro de R$ 8,6 bilhões até setembro, conforme números divulgados na segunda-feira (22).

Itaú lucra R$ 7,2 bi no primeiro semestre, mas fecha nove mil empregos em um ano

Entre junho de 2011 e junho deste ano o Itaú fechou 9.014 postos de trabalho (8,8% do quadro de funcionários), dos quais 3.777 apenas no segundo trimestre de 2012, segundo o balanço divulgado nesta terça-feira 24 pelo maior banco privado do país. O brutal corte de empregos ocorreu mesmo com o lucro líquido de R$ 7,12 bilhões somente no primeiro semestre deste ano, que representa um crescimento de 2,5% em relação ao mesmo período de 2011.

“É inadmissível que um banco com esse resultado gigantesco, que não enfrenta nenhum problema, demita tantos trabalhadores, como também estão fazendo o Bradesco e o HSBC. É uma política socialmente irresponsável, que joga contra o desenvolvimento e os interesses do país”, acusa Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “Vamos denunciar essa política nefasta à sociedade e intensificar a mobilização e a luta pelo emprego na Campanha Nacional dos Bancários deste ano.”

O lucro do semestre seria ainda maior se o Itaú não tivesse aumentado em 26,7% as despesas para provisões para crédito de liquidação duvidosa, no comparativo entre os primeiros semestres de 2011 e 2012, chegando a R$ 12 bilhões. Essas provisões representam 38 vezes o aumento de 0,7% na inadimplência registrada pelo banco no mesmo período.

“Seguindo a mesma política do Bradesco, que divulgou o balanço na segunda-feira, o Itaú eleva de forma descabida as provisões para créditos duvidosos em relação à inadimplência real. Esse é um truque manjado dos bancos para maquiar o balanço”, denuncia Carlos Cordeiro.

“Com essa manobra contábil de reduzir o lucro líquido superdimensionando as provisões para uma inadimplência que na verdade é baixa, os bancos atingem vários objetivos simultaneamente. Chantageiam o governo e a sociedade para justificar as demissões e os juros, spreads e tarifas altíssimos”, acrescenta Carlos Cordeiro. “E com isso ainda reduzem a distribuição de PLR aos trabalhadores.”

Receitas com tarifas crescem

Os ativos totais do Itaú chegaram a R$ 888,8 bilhões, um crescimento de 12,15% em relação ao primeiro semestre do ano passado. A receita de prestação de serviços aumentou em 8,17% nesse período (para R$ 7,2 bilhões), o que significa que apenas com essa rubrica o Itaú paga uma vez e meia todas as despesas de pessoal. As rendas com tarifas bancárias cresceram ainda mais: 16,06%.

“Ou seja, a exemplo do Bradesco a redução da taxa Selic também no Itaú não teve efeitos. O banco não baixou os juros e ainda aumentou as tarifas, afrontando os esforços do governo de reduzir o custo do crédito e realizando um verdadeiro saque de toda a população”, conclui o presidente da Contraf-CUT.

Por: Contraf/CUT

 

Celesc: atendimento de emergência é uma afronta ao consumidor

Atendimento emergencial para a Celesc pode ser em até quatro horas na maior cidade catarinense, uma vergonha!

De repente, não mais que de repente, da luz se fez o breu em meu apartamento na última terça-feira (24/4) a noite. E agora, qual remédio? Ligar para o 0800 da Celesc. Ligamos a primeira vez às 19 horas e 20 minutos. Um atendente com sotaque da querida Ilha de Santa Catarina atendeu minha esposa. Pediu os famosos dados que irritam qualquer mortal. Ao final informou que faria o chamado para a cidade – chamado? – e que era só aguardar. Não dava sequer um tempo de espera. E olha que lhe foi dito sobre a presença de idosa com pouca mobilidade por conta de AVC, e de crianças. E a vítima aqui ainda nem tinha tomado o seu glorioso banho!

Espera-se. Exaspera-se. Desespera-se. E liga de novo, agora eu após uma hora e meia de espera, isso mesmo hora e meia! Atende o mesmo atendente. Acredito que pagam apenas um para atender toda Santa Catarina. Solícito, pergunta o problema. Já vou direto ao ponto. Estou aguardando há hora e meia e não vem ninguém, digo a ele. Ele se desculpa – realmente não tem nada com isso, quem tem a ver com isso são os bam-bam-bans que só querem lucro – e diz que ainda hoje a equipe apareceria. Questiono: devo esperar até o amanhecer? E se eles não vierem? E o meu banhozinho? Não dá para fazer contato com a equipe, pergunto. O entristecido atendente informa: não senhor, só mandamos o chamado… Ou seja, eficiência zero em tempos de tecnologia dos Ipods, Iphones, twitter, etc. Onde está a eficiência da Celesc? E detalhe, o atendimento é para emergencias! Se esperar por essa rapidez, Mateus morre!

Quase quatro horas depois do primeiro chamado, chegam os técnicos. Quase onze horas da noite. Muito feliz (!) com a espera, fui ter com eles sobre o que fazer. Solícitos, vão direto ao quadro de eletricidade. Testam com base na luz especial que carregam, alimentada via caminhão especial da equipe. E eu no breu há quase quatro horas! Mas tudo bem. Na conversa eles contam que é assim mesmo, e é rápido, avisam. Em Joinville, maior cidade catarinense, apenas duas equipes ficam de plantão pela manhã, três durante a tarde, e apenas duas ficam atentas a noite! Ah, e tinha mais: naquela hora, somente eles estavam trabalhando para atender toda a cidade que já passa de 700 mil habitantes… Isso é atendimento especial, empresa de eficiência? Deve ser eficiente para os acionistas, o Governo, ou para meia dúzia. Para os consumidores não!

Essa política de vender imagem de modernismo, de práticas de gestão do primeiro mundo, custo baixo, etc, nada mais são que atitudes neoliberais. A busca de “lucro” em áreas públicas essenciais como água, energia elétrica, limpeza pública, é uma falácia. Esses setores essenciais não podem visar lucro, porque são essenciais para a vida humana, urbana, e como tal, devem gerar é atendimento de primeiro mundo a quem paga impostos, taxas, e com isso tudo, salários altíssimos e algumas benesses a comandantes de empresas públicas, governantes e políticos pouco interessados em como a população está sendo atendida. Esse atendimento da Celesc, assim como de outras empresas públicas ou concessionárias públicas, não atende as necessidades do povo! E tem de mudar!

Quem precisa de eficiência e lucros é a população catarinense, e principalmente, a joinvilense nesse caso em especial. Não é possível ter essa estrutura ínfima para uma cidade grande como Joinville. Nada contra os trabalhadores da Celesc, que atenderam a ocorrência com presteza, e tampouco com o pobre atendente do 0800. Responsabilidade total aos gestores da Celesc. Revejam seus conceitos, parem de pensar em empresas públicas como empresas privadas, para dar lucro aos patrões e acionistas na forma monetária. A sociedade quer lucros traduzidos em atendimento rápido, eficiente. E para isso, há tecnologia de sobra disponível. Basta querer investir onde se deve. Exatamente isso, basta querer.

Ao final do atendimento ainda ganhei uma conta de R$ 29 e poucos para pagar na próxima fatura, pois o disjuntor do pequeno prédio estragou – outro foi colocado no lugar. Acharam estranho a reclamação? É que o disjuntor que queimou é do prédio, e não meu individual. Como só moramos nós, e abaixo existe uma loja, fechada naquelas horas, e o locador não estava com falta de energia elétrica como nós, alguém tem de assumir a conta. Senão, continue no breu, sem banho, de volta a idade medieval. Celesc, a população precisa de eficiência sim, mas não para gerar grana em lucros para acionistas, governo, com imagens construídas via propagandas bonitas, mas enganosas. A população quer atendimento, rápido, eficiente na hora que ela precisar. Como contribuintes, estamos pedindo muito? Com a palavra a Celesc. Ah, e fica a pergunta, já que todos esqueceram: como está o caso dos R$ 52 milhões que sumiram dos cofres da estatal? Responder também é eficiência, ainda mais quando somem com o nosso dinheiro…