Mídia europeia destaca vitória de Trump e prevê desdobramentos

AMES, IA - JULY 18:  Republican presidential hopeful businessman Donald Trump fields questions at The Family Leadership Summit at Stephens Auditorium on July 18, 2015 in Ames, Iowa. According to the organizers the purpose of The Family Leadership Summit is to inspire, motivate, and educate conservatives.  (Photo by Scott Olson/Getty Images)
AMES, IA – JULY 18: Republican presidential hopeful businessman Donald Trump fields questions at The Family Leadership Summit at Stephens Auditorium on July 18, 2015 in Ames, Iowa. According to the organizers the purpose of The Family Leadership Summit is to inspire, motivate, and educate conservatives. (Photo by Scott Olson/Getty Images)

O mundo despertou hoje (9) com a notícia de que Donald Trump será o novo presidente dos Estados Unidos. Na Europa, os meios de comunicação, além de atualizar, minuto a minuto, a contagem dos votos, já começam a fazer previsões dos desdobramentos desta vitória.

Em Portugal, o periódico Expresso anunciou a vitória de Trump e seu discurso conciliador, prometendo uma América unida. “Aquilo que poucas sondagens e especialistas previam acabou mesmo por acontecer”, diz a principal matéria no site do jornal.

O veículo ressalta ainda o fato de Trump ter se referido a Hillary Clinton, em seu discurso de vitória, como a “senhora secretária”, após tê-la apelidado de “crooked [vigarista] Hillary” durante a campanha.

O Público, outro jornal português, afirma que, em uma competição acirrada até o fim, “Donald Trump resistiu às polêmicas e cumpriu o seu imprevisível caminho até a Casa Branca”. O jornal deu destaque ainda ao fato de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, terem enviado um convite para que Trump participe de cúpula entre a União Europeia e os Estados Unidos o quanto antes.

“A luta contra o Estado Islâmico, o conflito na Ucrânia, as alterações climáticas, as migrações e o tratado de livre comércio são os temas na agenda”, diz o Público.

O periódico francês Le Figaro afirma que o presidente François Hollande falará sobre os resultados da eleição presidencial norte-americana hoje, após reunião do Conselho de Ministros. O jornal destaca que a vitória de Donald Trump trouxe aos britânicos lembranças da manhã de 24 de junho, quando acordaram com a notícia da saída de seu país da União Europeia.

Na imprensa francesa, o Le Monde traz a seguinte pergunta: que consequências (a eleição de Trump trará) para o resto do mundo? “Se o voto para o Brexit [a saída do Reino Unido da UE] em 23 de junho foi um terremoto para a União Europeia, a eleição de Donald Trump como chefe dos Estados Unidos, primeira potência militar, é um terremoto para o mundo”.

Jean-Marie Le Pen, político francês de extrema-direita, publicou em seu perfil no Twitter: “Os americanos querem @realDonaldTrump o ‘presidente do povo’. Hoje, os Estados Unidos. Amanhã, a França. Bravo!”. Le Pen postou ainda “pontapé tremendo na bunda dos sistemas políticos e da mídia francesa e do mundo!”

Em 2017, a França passará por eleições presidenciais e, segundo sondagens, a disputa ficará entre direita e extrema-direita. Marine Le Pen, filha de Jean-Marie, é candidata.

Na Espanha, o periódico El País afirma que o republicano surpreendeu o mundo inteiro ao derrotar a democrata Hillary Clinton.

“Trump, um populista com um discurso xenófobo e antissistema, quebra os prognósticos das sondagens e conquista uma vitória que leva seu país rumo ao desconhecido”. O jornal afirma ainda que os mercados mundiais e as bolsas de valores foram tomados pelo medo e começaram o dia em queda.

O espanhol El Mundo ressaltou o fato de, ao contrário do que se previa, Hillary não ter conseguido mobilizar a maioria dos votos entre os imigrantes latinos e as mulheres.

“A prova mais dilacerante aconteceu na Flórida, o estado que agrupa a maior porcentagem de hispanos dos Estados Unidos. Acredita-se que os porto-riquenhos, que agora são a comunidade hispana mais importante da Flórida, à frente dos cubanos (tradicionalmente republicanos), iam dar a vitória à candidata democrata. Mas nada disso aconteceu”.

A inglesa BBC deu destaque à vitória surpreendente de Trump em estados que oscilam votos entre republicanos e democratas. “A vitória do candidato republicano chegou a um punhado de Estados oscilantes, apesar de meses de votação que favoreciam Clinton. Os campos de batalha da Flórida, de Ohio e da Carolina do Norte abriram caminho para sua virada ao estilo ‘Brexit’”. Além disso, a BBC também ressaltou a queda dos mercados globais  do dólar e a subida nos preços do ouro.

Com informações da Ag. Brasil

“Partidarismo” de mídia no Brasil deu peso a imprensa internacional, diz colunista da Economist

PalavraLivre-impeachment-the-economistNa chamada batalha por corações e mentes entre partidários e opositores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, uma munição usada pelos dois lados – que reclamam da suposta parcialidade dos veículos de mídia nacionais – tem sido a cobertura da imprensa internacional.

E uma das publicações mais citadas, ao lado dos jornais New York Times eFinancial Times, é a revista The Economist, que ganhou notoriedade, entre outras razões, pela força simbólica de suas capas usando montagens com o Cristo Redentor para falar do boom e da queda da economia brasileira nos últimos 10 anos.

Para Michael Reid, ex-editor da Economist para a América Latina e atualmente responsável pela coluna “Bello”, que tem a região como tema, uma das razões para a reputação da revista no Brasil e que dá peso ao que ela diz é o fato de ela não esconder suas opiniões sobre o que vê de errado no país.

“É um grande cumprimento para a Economist caso os brasileiros realmente estejam nos buscando como uma fonte de informação percebida como mais isenta do que a mídia doméstica. Isso pode estar acontecendo porque levamos nosso trabalho a sério e respeitamos o país”, diz o britânico, que é também autor do elogiado livro Brasil: A Turbulenta Ascensão de um País.

“É interessante pensar que sofremos críticas por fazer elogios a Lula durante sua presidência e que a presidente Dilma Rousseff discordou publicamente de nossas posições sobre seu governo”, diz Reid, em entrevista à BBC Brasil por telefone.

Agência Brasil
Polarização também foi “incentivada por Lula”

O jornalista acredita que o apelo da revista e da mídia internacional junto aos leitores brasileiros na cobertura da crise política seja uma reação contra o que chama de partidarismo na mídia nacional.

“A mídia brasileira está muito partidária, isso faz com que as pessoas olhem mais para publicações internacionais”, diz ele.

Ele ressalta que, embora emita opiniões, a Economist não perde os fatos de vista. Cita como exemplo a posição sobre o processo de impeachment, que a revista recusa a chamar de golpe ao mesmo tempo que diz considerar a manobra constitucional uma má ideia.

“O impeachment está na legislação, não é um golpe. Mas dissemos que seu uso não é uma boa ideia. Algumas das pessoas julgando a presidente estão envolvidas em denúncias graves de corrupção e têm processos na justiça.”

“Só que essa crise está custando caro demais para o Brasil e não pode durar outros dois anos até as eleições de 2018, e por isso defendemos novas eleições no Brasil. Temos opiniões de que as pessoas podem até discordar. Mas tomamos muito cuidado com os fatos”.

Divulgação
Reid: “Temos opiniões de que as pessoas podem até discordar. Mas tomamos muito cuidado com os fatos”

Reid vê o Brasil “perigosamente” dividido e credita a polarização a processos distintos. Embora acredite em uma reação do establishment brasileiro à ascensão do Partido dos Trabalhadores, o britânico diz que o clima de divisão atual também foi causado por manobras políticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Lula contribuiu para o clima de polarização na época do escândalo do mensalão ao tentar isolar o PSDB com o discurso ‘povo x neoliberais’. O quadro se complicou com o resultado apertado da eleição presidencial de 2014 e o fato de que Dilma não conseguiu atuar como pacificadora.”

“Não deveria ser difícil para um presidente conseguir o apoio de mais de um terço do Congresso”, argumenta Reid, referindo-se ao placar da votação da processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, em que o governo conseguiu o apoio de apenas 27% dos parlamentares.”

Agência Brasil
Atuação de parlamentares em votação gerou críticas
Mas, assim como fez a Economist, Reid também não poupa críticas ao Legislativo brasileiro ao comentar tanto a crise política quanto mais especificamente a votação de duas semanas atrás.

O britânico engrossa o coro de críticos às cenas no plenário. “O que mais me chamou a atenção foi que a causa do processo de impeachment contra a presidente (as pedaladas fiscais) não foi mencionada pela maioria dos deputados. O Congresso não fez nenhum a favor a si mesmo naquele dia para tentar conter a crise de credibilidade na política brasileira”.

Reid também adota uma posição bastante crítica em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. “Para quem vê de fora, Cunha tem muito ao que responder e deveria ser afastado do Parlamento até que as acusações contra ele fossem investigadas, até por uma questão de credibilidade do processo”.

Um governo Michel Temer, segundo o britânico, enfrentaria desde o início um problema de legitimidade, embora o atual vice-presidente tenha sido descrito pela Economist com um nome que “agrada ao mercado”.

Agência Brasil
Governo Temer teria “vontade, mas fraqueza”
 

“Temo que um governo Temer seja marcado pela fraqueza: com vontade de reformas, mas sem força política para realizá-las”.

Reid, no entanto, discorda do argumento de que a crise política teria fragilizado as instituições brasileiras. Mesmo diante da estatística de que, desde 1950, apenas metade dos presidentes eleitos terminou o mandato.

“Cada circunstância é diferente. Dilma enfrenta um escândalo de corrupção em meio a uma crise política e econômica, por exemplo. E devemos lembrar que tanto Fernando Henrique Cardoso e Lula terminaram mandatos consecutivos com tranquilidade. O Brasil tem problemas no Executivo e no Legislativo, mas não concordo que haja enfraquecimento de instituições”.

Com informações da BBC Brasil

Fórum Mundial de Mídia Livre na Tunísia discute o direito à comunicação

Para discutir o direito à comunicação e à liberdade de expressão, cerca de 300 comunicadores, blogueiros e representantes de movimentos sociais de diversos países participaram no domingo (22) da abertura da 4ª edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML), na Universidade El Manar, em Túnis, capital da Tunísia.

O FMML é um evento paralelo ao Fórum Social Mundial, que ocorrerá no mesmo local, entre os dias 24 e 28 de março. O principal objetivo do encontro é aprovar a Carta Mundial da Mídia Livre, com princípios e ações estratégicas para promover uma comunicação democrática e as mídias livres em todo mundo.

O documento será lançado na Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação, no sábado (28), quando todos os segmentos que debatem o tema se reúnem para definir compromissos.

A coordenadora do Intervozes, coletivo pela democratização da comunicação, Bia Barbosa, que participou do debate sobre a luta por uma outra comunicação e sobre a carta, disse que os ativistas defendem um sistema midiático que garanta a diversidade e a pluralidade de vozes.

“Infelizmente, a gente vive hoje no mundo todo um cenário de grande concentração da propriedade dos meios de comunicação, de fragilidade e de desmonte das mídias públicas e ainda de muita criminalização das mídias comunitárias. Sem falar de uma dificuldade enorme em várias regiões do mundo da garantia do acesso à internet e à informação”.

Segundo Bia, o documento – em elaboração desde o último FMML, em 2013, que também ocorreu em Túnis – tem como alguns dos eixos centrais a mobilização pela existência de marcos regulatórios que promovam a diversidade e a pluralidade nos meios de comunicação, a universalização da internet e o incentivo às rádios comunitárias.

“É fundamental ter essa Carta da Mídia Livre como um instrumento para reivindicar um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil”. Bia, que também é integrante da comissão organizadora do FMML, destacou que o fórum, que teve início quatro dias depois do atentado no Museu do Bardo, na capital tunisiana e matou 22 pessoas, levou os tunisianos a colocarem em pauta a preocupação com uma mídia que promova a tolerância.

O atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Apesar do ataque, não se percebe um clima de intranquilidade nas ruas, mas a segurança foi reforçada em pontos estratégicos, como o aeroporto de Túnis.

Fundador e presidente emérito da Inter Press Service, agência internacional de jornalistas colaborativa, o italiano Roberto Savio ressaltou que o Fórum Social Mundial ocorrido em Túnis, em 2013, foi importante para o processo de transição democrática no país que é berço da Primavera Árabe, a série de revoltas populares em 2011 que derrubou governos ditatoriais.

A Tunísia é considerada o único caso de sucesso entre os países da Primavera Árabe e vem consolidando sua democracia. O país promoveu eleições parlamentares e presidenciais no ano passado. Para Savio, o encontro em Túnis, em 2013, foi importante para fortalecer a sociedade civil do país, condição fundamental para o processo de consolidação democrática.

Com informações da Ag. Brasil

Mídia: Berzoini vai discutir regulação econômica

O novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, recebeu o cargo na última sexta-feira (2) do ex-ministro Paulo Bernardo e disse que vai começar o processo de discussão sobre a regulamentação econômica da mídia. Segundo Berzoini, todos os setores interessados no assunto serão ouvidos e não há ainda prazos ou ações concretas definidos.

“É importante abrirmos um debate muito fraterno, muito transparente para que a população brasileira, suas representações empresariais, sindicais, sociais, possam debater com muita profundidade e muita democracia o que significam as comunicações geral no Brasil, especialmente as comunicações que são objeto de concessão pública”, disse.

Ainda segundo ele, não há uma proposta prioritária nesse sentido: serão ouvidos todos os setores interessados, sem prazos ainda para a conclusão do debate.

“Vamos ouvir todas as propostas apresentadas. Estamos abrindo um processo com tranquilidade, lembrando que o Ministério das Comunicações tem várias missões importantes. Essa é uma delas. Se for bem conduzida, pode ser bem sucedida. Se houver participação popular, tanto melhor. E se houver o envolvimento de todos nesse debate certamente produziremos algo que será bom para o país”, disse.

O novo ministro disse ainda que a Constituição garante a liberdade de expressão em diversos de seus artigos: isto não será ameaçado pelo projeto de regulação. Ele lembrou ainda é o Congresso Nacional que regulamenta artigos constitucionais, mas disse que o governo pode fazer propostas e tomar a frente no processo de debate sobre essa questão.

Durante a cerimônia de transmissão de cargo para Berzoini, Paulo Bernardo lembrou diversos projetos que tocou à frente do ministério durante os últimos quatro anos. “Quando me confiou a chefia da pasta de Comunicações, a presidenta Dilma estabeleceu como prioridade principal trabalhar pelo acesso à banda larga e ampliar o acesso às comunicações”, disse.

Segundo ele, entre dezembro de 2010 e agosto de 2014 o acesso à banda larga cresceu mais de 300%, crescimento de 57% em banda larga fixa e de mais de 600% em banda larga móvel, como 3G e 4G. Uma das missões de Berzoini, segundo ele, será universalizar o acesso à internet no país.

Além disso, Bernardo disse que a cumpriu com a missão de implementar a TV Digital, mas caberá a Berzoini concluir o processo de migração do modelo analógico para o digital. O ex-ministro apontou ainda outras questões que devem ser resolvidas pelo novo titular.

“Passarão temas e decisões fundamentais para vida dos cidadãos, como governança mundial na internet, associada à regulamentação que deve ser feita este ano à lei do marco civil da internet, atuação de mídia e sua situação regulatória, TV digital e banda larga para todos”, disse.

Via Congresso em Foco

Facebook já tem 49 festas para celebrar derrota ou vitória eleitoral de Dilma

dilmaO uso das redes sociais na política já não é novidade. E, diante da influência que se pode exercer na internet, não para de crescer o número de ações turbinadas por partidos e eleitores em defesa ou contra candidatos nas eleições deste ano. A criação de anúncios de festas pela vitória ou até derrota de alguns políticos é um ingrediente adicional.

Há ao menos 40 “festas” marcadas no Facebook para celebrar uma eventual derrota da presidente Dilma Rousseff (PT), que vai tentar se reeleger. É o que mostra levantamento doCongresso em Foco realizado até o último dia 15. Trata-se de um recurso para chamar pessoas em suas linhas do tempo para encontros de mentirinha. Desses eventos destinados à despedida da petista, o mais famoso deles já beira os 700 mil convidados “confirmados”. Se a provocação der certo, o evento acontecerá no domingo de 5 de outubro, mas sem uma cidade definida até o momento.

Organizador de uma outra festa, o gestor de recursos humanos Kleyton José “Conservador”, 42 anos, de Brasília, faz parte da Nova Aliança Renovadora Nacional. Ele aposta que esse tipo de iniciativa em um espaço como o Facebook pode fazer diferença em relação a quem ainda não decidiu em quem vai votar. “A discussão e a exposição de opiniões nas redes sociais podem mudar o rumo das eleições no âmbito estadual e federal”, disse Kleyton ao Congresso em Foco. O evento dele já tem mais de mais de 210 mil convidados “confirmados”. Se tudo acontecer como espera Kleyton, a festa será em Brasília, na 904 Sul, no dia 5 de outubro.

Em resposta às manifestações contra Dilma, surgiram pelo menos nove anúncios de festas para celebrar a eventual reeleição da petista. Esses eventos também somam menos apoiadores – o principal, criado pelo empresário Tom Pereira, de São Paulo, tem mais de 11 mil “confirmados”. Se a contraprovocação também der certo, a festa deve acontecer na Avenida Paulista, em frente ao Masp, a partir das 16h.

Boicote

Pereira suspeita que o Facebook faz “boicote” à sua festa pró-governo. “Esse evento vem sendo boicotado diretamente pelo Facebook, estava com duas mil confirmações por dia. Do nada, a evolução caiu para 100 por semana”, diz o organizador. “Além disso, o contador de visitantes já voltou e avançou tantas vezes na contagem. É ingênuo confiar nessa ferramenta”, reclama. “Muitas pessoas estão perdidas, pois a oposição tem duas grandes armas: a mídia e sua teoria do caos. Nós temos a fraternidade e a união”, acrescenta Pereira.

O contador Mark Lehm, de Joinville (SC), organiza um evento pró-Dilma. Ele diz não acreditar que seu evento possa influenciar alguém, mas, na avaliação dele, serve para mostrar que ninguém é obrigado a ser anti-PT ou anti-Dilma apenas porque quase todo mundo na internet demonstra ter esse sentimento oposicionista. Tanto Pereira quanto Lehm informam que não são filiados a nenhum partido.

Há ainda alguns eventos para celebrar a despedida de Dilma somente em 2018 e para a posse da petista em novo mandato, em 1º de janeiro do ano que vem.

Aécio e Campos na berlinda

Se os eventos desfavoráveis à presidente Dilma parecem dominar o Facebook, rede social mais usada pelos brasileiros, também não são positivas as menções ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), nem em quantidade e nem em conteúdo. Ele vai concorrer ao Palácio do Planalto e aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Há pelo menos quatro eventos em apoio ao tucano.

Há ainda referências à acusação segundo a qual o parlamentar é usuário de cocaína. Em entrevista recente, Aécio disse apenas ter fumado maconha aos 18 anos. “E ficou por aí”, disse.

Presidenciável do PSB, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também parece não ter empolgado os internautas, ao menos por enquanto. Até o último domingo, havia um evento sobre eventual posse do pessebista como presidente da República.

Adiós, governador!

Outros políticos também não escapam da onda de eventos anunciados em redes sociais. Há festas de despedida para vários governadores.

Entre eles, o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD. Festas semelhantes estão marcadas para celebrar o “adeus” das urnas ao senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Todos devem tentar a reeleição.

Cardápio para políticos

Além de eventos, há páginas e grupos com o mesmo propósito. No Brasil, o Facebook tem 83 milhões de usuários – o país é o terceiro mercado da rede, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Em 2013, o termo “eleições” foi o mais buscado no Facebook, segundo Bruno Magrani, diretor de relações institucionais da rede, declarou ao jornal Valor Econômico.

Este ano, a empresa ofereceu um “cardápio” de serviços eleitorais. Realizou um seminário em Brasília para mais de 200 pessoas, com um especialista do Facebook em campanhas e dicas para publicação de vídeos curtos, uso de linguagem informal e publicação no “horário nobre” das 20h às 22h.

Do Congresso em Foco.

Opinião: Jornalismo, notícia, erros da mídia, espetacularização e redes sociais

Jornalismo é noticiar os fatos, não espetacularizar e destruir reputações
Jornalismo é noticiar os fatos, não espetacularizar e destruir reputações

Há exatos 13 anos conheci uma senhora de origem alemã de forma inusitada. Trabalhava na antiga Conurb, hoje Ittran ou coisa parecida quando lá ela apareceu para conversar comigo. Sabia meu nome, e pedia minha colaboração ao trabalho dela, confeitaria e cozinha em geral, já que precisava manter a família. Marli Plocharski, a mulher tinha os olhos cansados, a pele marcada pela dor e humilhação. A sua voz guardava a emoção ao falar do que tinha acontecido à sua família, atingida pela ação nefasta da mídia e da polícia civil catarinense. Ela era mãe de Aluísio Plocharski, cuja imagem foi espalhada pela cidade e país indevidamente como sendo o então “maníaco da bicicleta”, personagem criado para “estigmatizar” um criminoso que estuprava mulheres em Joinville (SC), sempre se deslocando com uma bicicleta.

Dali surgiu uma amizade, um pacto entre o jornalista e a vítima de erros da mídia e da polícia. Eu prometi discutir o caso em monografia, ela em ser a fonte e abrir ainda mais a vida em família e as cicatrizes. Há 10 anos defendi “Na Teia da Mídia – A história da família Plocharski no caso Maníaco da Bicicleta”, que se transformou em livro no final de 2011 em parceria com o também jornalista e advogado, Marco Schettert. Ali abordamos temas delicados da nossa profissão, ingrata, que nos pressiona sem dó em busca da notícia, do furo jornalístico e assim, da fama. Tratamos do dano moral, buscamos a comparação com outro erro gigantesco da mídia e da polícia brasileira no caso Escola Base. Citamos também o caso de Oscar do Rosário, acusado, condenado e inocentado após ser provada a falta de… provas. Discutimos seriamente a cobertura feita pela mídia.

Espetacularização das notícias e redes sociais
Naqueles tempos, e nem faz tanto tempo assim, ainda não existiam as poderosas redes sociais como vemos hoje. Era o início de uma nova era, e que por isso mesmo não abordamos em nossos estudos e pesquisas. Em todos estes casos que citei, pessoas tiveram suas vidas rasgadas, marcadas, e até destruídas. Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, ex-proprietários da Escola Base morreram em 2014 e 2007 respectivamente, sem ver suas imagens restituídas, e tampouco as indenizações totalmente pagas. Marli Plocharski morreu em julho de 2012 sem ver os responsáveis punidos, nem a imagem do filho e da família resgatadas. Seu marido, Ludovico, e o filho que foi a vítima dos erros da polícia e mídia, Aluísio, vivem solitários e sofrendo as consequências de tudo há 14 anos. Oscar do Rosário foi solto após três anos e 14 dias em que ficou preso, com marcas psicológicas que somente ele pode avaliar. Voltou a morar em Canoinhas, casou e tem um filho. Pede indenização ao Estado de Santa Catarina no valor de R$ 8 milhões.

A midiatização da vida, e com ela a espetacularização dos fatos aumentaram exponencialmente a partir de 2004. Agora com um clique, uma frase do tipo “Verdade”, “Vergonha”, “Bandido”, e um compartilhamento com sua rede de seguidores, fãs e amigos, a “notícia” explode em milhares, por vezes milhões, de leitores. Porque digo isso? Vejam o caso do “boato” que culminou com o linchamento até a morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, no Guarujá (SP), no último sábado (3/5). As pessoas filmam os linchamentos, ou seja, assistem e são cúmplices de um crime, e depois repassam via redes sociais! Ou enviam para as grandes redes de televisão! E o ser humano que está ali? E se fosse inocente, como era realmente, como resgatar uma vida? Como já dizia em meu livro, quantos segundos de televisão ou quantos centímetros de papel jornal, valem uma vida? Atualizo para hoje: quantos compartilhamentos valem a vida de um ser humano como você, ou um dos seus?

Erros da mídia continuam, agora em maior escala pela internet
Não vou elencar aqui os outros casos de justiçamentos Brasil afora amarrando negros aos postes após agressões, ou mesmo o caso recente do assassinato de Mara Tayana em Joinville (SC) na última sexta-feira (2/5) cujo suposto assassino acaba de se entregar à polícia civil. O fato é que o jornalismo continua a errar, espetacularizando os fatos ao invés de noticiar os fatos. Quando o repórter busca apenas o furo jornalístico, o melhor ângulo da foto, a entrevista antes dos demais, as “ligações” do acusado ou suspeito com esse ou aquele, sem a profundidade devida, a análise apurada, ou então posta a foto do cidadão antes do outro veículo para ganhar visibilidade e “visitas” em seu site, fanpages, blog, sem cuidados com a imagem da pessoa, sem a convicção plena de que a pessoa é criminosa, o jornalismo passa a deixar de ser jornalismo e passa a ser apenas um espetáculo. E cruel.

O agravante hoje em dia é que além dos erros da polícia, que sempre ocorrem, os erros dos jornais e seus repórteres que ainda continuam por conta da pressão das redações e do lado comercial a perseguir o furo que rende mais leitores e negócios, temos também os “repórteres e jornalistas” das ruas! Sim, hoje as empresas de comunicação buscam a “participação” dos leitores como repórteres, ou colaboradores da mídia. Isso em altíssima escala na internet com suas redes e processos de comunicação altamente virais pode promover erros cada vez maiores e mais sérios, como esse que ocorreu em Guarujá (SP). Passados quase 14 anos do caso Maníaco da Bicicleta com suas vítimas, do caso Escola Base de São Paulo que completa 20 anos, de Oscar do Rosário que completa sete anos, infelizmente o que vemos é a barbárie voltando ao dia a dia da nossa sociedade com base em pretenso jornalismo informativo.

Os mesmos erros de apuração, edição e publicação continuam acontecendo, e agora em larguíssima escala via internet. Reputações que eram derretidas em páginas de jornal impressos, ou em horários de televisão altamente assistidos por incautos telespectadores, agora são dizimadas em alguns cliques no meio digital. Como evitar isso? Penso que as escolas de jornalismo, os centros de direitos humanos, as universidades e faculdades, devem investir mais em debater o tema, conscientizar os futuros jornalistas da grande importância do seu trabalho na vida das pessoas. Jamais publiquem algo sem a devida apuração, prova cabal do que parece estar à sua frente. Vidas valem mais, muito mais do que minutos de fama ou curtidas e fãs nas redes sociais.

* Por Salvador Neto, jornalista, editor do Blog Palavra Livre, autor do livro Na Teia da Mídia, apresentador do programa de entrevistas Xeque Mate na TV Babitonga Canal 9 da NET em Joinville (SC). 

SBT cede à pressão e afasta Rachel Sheherazade, afirma coluna

rachelPressionado por parlamentares e pela ameaça de perder mais de R$ 150 milhões em verbas publicitárias do governo federal, o SBT decidiu retirar – ao menos temporariamente – a âncora e comentarista Rachel Sheherazade do ar, segundo a coluna Ooops!, do UOL.

A versão oficial da emissora é de que a jornalista está em férias, mas, de acordo com a coluna, isso não é verdade. Rachel já havia tirado suas férias em janeiro, quando viajou para a França.

Em edição do telejornal “SBT Brasil” em fevereiro último, Rachel disse que era “compreensível” a ação dos chamados “justiceiros” que acorrentaram um suposto infrator a um poste, no Rio de Janeiro (RJ). Por conta disso, ela e a emissora viraram alvos de representações protocoladas pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e por cidadãos comuns no Ministério Público.

Oficialmente, segundo a coluna, o SBT informou que ela voltará ao trabalho no próximo dia 14 de abril. No entanto, no final de março, a própria jornalista comentou que seus dias na TV “estão contados”, segundo o colunista Ricardo Feltrin.

Pedidos

Jandira Feghali pediu a abertura de inquéritoa contra Rachel Sheherazade e o SBT, por apologia e incitação ao crime, à tortura e ao linchamento, e a suspensão da verba publicitária oficial da TV durante as investigações.

Na última semana, o Congresso em Foco informou que o Ministério Público Federal (MPF) mandou as representações para o Ministério Público do Estado de São Paulo para condução do caso na esfera criminal.

Já o pedido referente à suspensão de verba publicitária do governo federal para o SBT está sob análise na divisão cível do MPF-SP, segundo a assessoria do órgão.

Do Congresso em Foco.

Conheça o caso da escola de base e saiba mais sobre o jornalista que não cedeu aos apelos da mídia

escolabaseDurante mais de uma semana, o repórter deixava a redação e ia para o local onde funcionava a Escola Base. Entrevistou os principais personagens envolvidos numa história que horrorizou o país na década de 1990. Na época, profissional do Diário Popular, o jornalista escreveu, evidentemente, mas não publicou sequer uma linha sobre o assunto. Após 20 anos, o Comunique-se foi em busca de Antônio Carlos Silveira para descobrir como ele fez para não cair no erro que marcou a história da imprensa brasileira. “No próprio jornal, fomos (o jornalista e a direção) criticados por ter ‘perdido o furo'”.

Após a denúncia da mãe de um dos alunos da escola infantil, Silveira foi o primeiro jornalista a saber do caso. Era comum, segundo ele, conseguir informações exclusivas na época. “O delegado que ouviu a denúncia se sentia em ‘débito’ comigo por causa da apuração de outra reportagem. Acredito que, por isso, ele me ligou. Consegui chegar ao local antes de todos e daria a matéria sozinho”. Foi ao conversar com o dono da escola, Icushiro Shimada, que Silveira desconfiou. “Quem é acusado de um crime desses não dá entrevista. A pessoa foge, coloca o advogado na frente, mas não fala. Shimada me recebeu junto de sua esposa, abriu a escola, contou como era o trabalho e disse que era absurda a acusação”.

Denúncia
O Diário Popular tinha excelente equipe de reportagem policial. Quando recebi a denúncia, fui para o local. Falei com diversos personagens, com o delegado, as pessoas que estavam lá, os donos da escola. Na rua, os grupos se formavam com pessoas que acusavam e outras que defendiam os educadores. Lá mesmo pude ouvir gente falando que tudo não passava de invenção das crianças. Toquei a campainha do colégio, pedi para entrar e os donos me receberam bem. Quem é acusado de um crime desses não dá entrevista. A pessoa foge, coloca o advogado na frente, mas não fala. Shimada me recebeu junto de sua esposa, abriu a escola, contou como era o trabalho e disse que era absurda a acusação.

Não publicaremos!
Naquela época, quem comandava a redação era o Jorge Miranda Jordão. Ele tinha uma filosofia de vida e não gostava de publicar matérias sobre suicídio – por acreditar que poderia incentivar outras pessoas – e sobre violência contra a criança. Toda vez que a pauta tinha esses dois ganchos, a redação já ficava atenta. Mas, claro, o caso da Escola Base era diferente, tinha muito apelo social e por isso fui cobrir. Quando voltei à redação, conversei com os diretores e editores. Eles me perguntaram qual era a matéria e eu disse que a situação era muito complicada pois não havia nenhum tipo de prova de que as crianças teriam sido vítimas de abuso sexual. Tinha gente dizendo que era verdade e gente dizendo que era mentira. Era apenas isso que tínhamos. Os diretores foram conversar e eu escrevi a matéria contando o caso. Era um texto de quase 40 linhas explicando todos os pontos e deixando claro que, embora tivesse o boletim de ocorrência, não havia prova. A decisão de não publicar foi do diretor, mas eu tinha, como repórter, a obrigação de escrever, mesmo sabendo que estava tudo muito estranho. Deixei nas mãos do Miranda e, no dia seguinte, quando olhei o jornal, percebi que não tinha saído. Fiquei tranquilo. Parte da redação do Diário dizia que tinha sido uma boa atitude, outra criticava muito por ter perdido a chance de dar “furo sensacional”. Naquele momento não era possível mensurar se estávamos certos ou errados. Tínhamos fotos, informações exclusivas e detalhes, mas não demos. A única coisa que publicamos sobre o assunto foi uma carta de um leitor dizendo que o impresso era vendido e por isso não falou sobre o assunto. As coisas ficaram graves, destruíram a escola e eu acompanhei tudo ‘n loco, deixei matérias prontas sobre tudo que presenciei. Mas o Miranda afirmou que não fazia sentido publicar e manteve a decisão. Quando se tem um cargo como o dele, é difícil avaliar se as atitudes são corretas. É complicado, a direção mesmo se questionou sobre isso. O Miranda acertou, sobretudo, por seu posicionamento de não gostar de pautas com violência contra crianças.

Todos no mesmo barco
A história era muito boa. Tudo começa com o repórter. Quando ele tem contato com algo de tal gravidade ele quer falar, fazer a reportagem, publicar antes da concorrência, considerando que na década de 1990 as redações tinham grandes repórteres policiais, como Percival de Souza. Hoje, ninguém consegue dar furo, a internet é muito rápida. Mas antes, embora tivesse essa disputa, era possível. Neste caso, as matérias da época eram desproporcionais. A acusação tinha muito mais espaço do que a defesa. Mas, isso não é algo muito claro para o repórter, que está sujeito a uma série de coisas, como influências por parte dos chefes, das fontes e mesmo pelo desejo de ser reconhecido por ter coberto um grande caso. Isso é bastante complexo

Erramos?
A imprensa não reconhece seus erros. Quando os repórteres começaram a perceber que havia algo de estranho, que aquilo era mentira, os veículos fingiram que nada tinha acontecido e passaram a dar matérias ressaltando o outro lado, que era o da defesa. A imprensa conserta na surdina e não faz mea culpa. Ainda hoje é assim! As empresas de comunicação detonam as pessoas e quando percebem que erraram apenas ficam quietas. Temos casos recentes que fizeram isso. Existe temor grande na imprensa, atualmente, pois muitos jornalistas com bagagem estão afastados, trabalhando em assessoria. Os novatos que estão no mercado estão carentes de referência, fazem jornalismo na raça, com equipes reduzidas. Hoje, o Diário de S. Paulo, que era o antigo Diário Popular, não consegue se consertar, não está mais entre os grandes e quem era da equipe de polícia na época já não existe mais. Se você olhar para o Estadão, tem repórter da década de 1990 lá!

Qual foi o aprendizado?
O fato de o Diário não ter cometido o erro de publicar o caso Escola Base não me fez mais, nem menos, repórter. O jornalista ganha muito reconhecimento com o furo, mas nunca é reconhecido pela matéria que não fez. Se eu tivesse publicado e fosse um furo histórico, talvez eu tivesse sido contratado por uma grande redação para ganhar um salário melhor. Mas, no final, não me trouxe nenhum ganho. Trabalhei por 11 anos no jornal, fui demitido com a desculpa de que meu salário era muito alto. A opção que eu tinha para pagar as contas era trabalhar com assessoria, área em que atuo até hoje. Pensei em voltar para a redação, mas trabalhar na imprensa requer pensar muito bem no que vão te oferecer!

Fonte: Comunique-se.

Opinião: A quem interessa o clima de terror?

Manipular as massas sempre é perigoso para a democracia
Manipular as massas sempre é perigoso para a democracia

Temos visto nas últimas semanas nas grandes redes televisivas, e por efeito cascata, com um pouco de falta de pauta e também interesses nos efeitos, uma tentativa de criação de um estado de terror. Barbárie nas ruas com pessoas justiçando pelas próprias mãos. Manifestantes matando pessoas com rojões. Venezuela em estado de sítio porque o governo é ditador e manipulador da imprensa, e com isso o Brasil pode virar também uma ditadura de “esquerda”. E a Globo “inticando” militares com a reabertura do caso Riocentro que aconteceu em 1981.

Uso óculos, e talvez pela miopia, não consiga enxergar esse monstro bolivariano que vai engolir o nosso país porque a Dilma declara apoio a um governo constitucionalmente eleito. É possível que não veja o quanto é nocivo o aumento da violência pelas próprias mãos, o que poderia descambar para uma guerra civil. E claro, também meus olhos não consigam distinguir os manifestantes por um país mais justo dos que tentam atear fogo às instituições do país. Creio que não são meus olhos que não veem. Alguém quer que eu, e mais alguns milhões, vejam o que eles querem que vejamos.

Não esqueçamos que estamos em pleno ano eleitoral. Da Presidência da República, passando pela formação de um novo Congresso Nacional com eleições de deputados e senadores, até chegar às Assembleias Legislativas e Governos estaduais, o que está em jogo é o poder. É o comando do maior país da América do Sul, um dos emergentes na economia mundial, da quinta economia do mundo. A luta política entre grupos ideológicos mais afinados com aqui e acolá vai se ampliar exponencialmente agora. E há um lado que conta com o apoio da grande mídia, buscando “midiatizar” qualquer fato para aumentar sensivelmente o sentido da população em relação ao fato em si.

Esse filme já passou em 1954 com Getúlio Vargas, que como conta a história, se suicidou. Em seguida os interesses se voltaram contra JK. Não deu certo na primeira vez, mas quando ele se preparava para voltar em 1965, criaram as condições de terror (comunismo, comem criancinhas, vão tomar as terras dos trabalhadores, etc) em 1964 contra Jango e o golpe durou mais de 20 anos, e espalha seus resquícios até hoje. O clima de terror, de medo, de conflagração contra alguém ou algum projeto, só interessa a quem deseja a volta de estados de sítio, ditaduras, repressão, censura, fim das liberdades.

A mim e a milhões, o retorno à ditadura, o tempo do medo, não interessam. Mortes por justiçamentos, movimentos democráticos de ser ouvidos, e tantos outros fatos, acontecem todos os dias desde que o mundo é mundo. Somos feras que foram adestradas, educadas, na busca por viver em paz. Mas há quem não queira, e busque sempre manipular as massas com os poderosos meios de que dispõe, inclusive a mídia tradicional. E isso tanto da oposição quanto de quem está no governo. Mas, cá para nós, a coisa não está tão ruim assim. Mandem para outro lugar essa tentativa de clima do medo. Tratem de manter a paz, e buscar ganhar o poder como manda o jogo democrático. No voto.

Por Salvador Neto, editor do Palavra Livre

Sim, existe “controle” da mídia no Brasil, por Venício Lima

Em debate sobre “A mídia e a corrupção”, realizado durante o seminário “Corrupção: diálogos interdisciplinares”, promovido pelo tradicional Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP), da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, na quarta-feira, respondi a uma pergunta de futura advogada preocupada em saber se as normas e princípios da Constituição de 1988 permitiam o “controle” sobre a mídia no Brasil.

Respondi de imediato: não; claro que não. As normas e princípios da Constituição de 1988 impedem claramente que haja “controle” do Estado sobre a mídia. Não há possibilidade de volta à censura estatal nem de qualquer ameaça do Estado à liberdade de expressão ou à liberdade da imprensa.

Embutido na pergunta, tudo indica, estava o conhecido mantra da grande mídia brasileira e de seus eloquentes porta-vozes que identificam qualquer manifestação sobre regulação, independentemente de sua origem, como tentativa autoritária de “controlar” a mídia por intermédio do Estado ou, em outras palavras, volta à censura estatal, atentado à liberdade de expressão e à liberdade da imprensa (tratadas, aliás, como se fossem a mesma coisa).

Resposta errada
O debate continuou, outras perguntas foram feitas e me dei conta de que havia cometido um erro grave. Minha resposta assumia como verdadeiro o falso pressuposto contido no mantra da grande mídia de que somente o Estado pode “controlar” a mídia. Solicitei, então, ao mediador do debate que, por favor, me permitisse corrigir uma resposta incorreta.

Sim. Apesar das normas e princípios da Constituição de 1988 é possível que exista “controle” sobre a mídia. Na verdade, esse “controle” vem sendo exercido diariamente. Todavia, não pelo Estado, mas pelos oligopólios privados de mídia.

São esses oligopólios que – contrariando as normas e princípios da Constituição em vigor – “controlam” a mídia e ameaçam a liberdade de expressão e a liberdade da imprensa ao impedir o acesso das vozes da maioria da população brasileira ao espaço de debate público cuja mediação, apesar das TICs, monopolizam.

Constituição não regulamentada
Esse “controle” da mídia pelos oligopólios privados se sustenta de diferentes formas. Uma delas é o poderoso (e bem remunerado) lobby que nos últimos 25 anos tem pressionado continuamente deputados e senadores e impedido que normas e princípios da Constituição de 1988 relativas à comunicação social sejam regulamentados. Sem serem regulamentados, não são cumpridos.

É por isso que, apesar de a Constituição rezar que “os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio” (parágrafo 5º do artigo 220), apenas uns poucos grupos privados controlam os meios de comunicação diretamente ou indiretamente através de “redes” de afiliadas cuja “formação” não obedece a qualquer regulação.

É por isso que, apesar de a Constituição rezar que “os Deputados e Senadores não poderão firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes” (alínea ‘a’ do inciso I do artigo 54), muitos deles mantêm vínculos com empresas privadas concessionárias do serviço público de radiodifusão, numa viciosa circularidade que inviabiliza a aprovação de projetos que regulem as normas e princípios constitucionais sobre a comunicação social no Congresso Nacional.

É por isso que, apesar de a Constituição rezar que a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão devem atender “aos princípios de preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família” (artigo 221), o que se escuta nas emissoras de rádio e se vê na televisão, salvo raras exceções, é exatamente o oposto.

É por isso que, apesar de a Constituição rezar que as outorgas e renovações de concessões, permissões e autorizações para o serviço público de radiodifusão sonora e de sons e imagens devem “observar o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal” (artigo 223), a imensa maioria das concessões, permissões e autorizações de radiodifusão no país continua a ser explorada por empresas privadas.

O paradoxo do Estado financiador do “controle” privado
No Brasil, os “critérios técnicos” adotados pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR) para distribuição dos recursos oficiais de publicidade se baseiam na diretriz “comercial” que considera “a audiência de cada veículo [como] o balizador de negociação e de distribuição de investimentos. A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo” (ver “Transparência e a desconcentração na publicidade do governo federal“).

Como já argumentei neste Observatório (ver “Publicidade oficial: Quais critérios adotar?“), o artigo 1º da Constituição de 1988 reza que um dos fundamentos da democracia brasileira é o pluralismo político (inciso V) e, logo em seguida, o artigo 5º garante que é livre a manifestação do pensamento (inciso IV). Essa garantia é confirmada no caput do artigo 220, que impede a existência de qualquer restrição à manifestação do pensamento, à expressão e à informação.

Por outro lado, o inciso I, do artigo 2º do Decreto nº 6.555/2008, que “dispõe sobre as ações de comunicação do Poder Executivo Federal”, determina que “no desenvolvimento e na execução das ações de comunicação (…), serão observadas as seguintes diretrizes, de acordo com as características de cada ação: afirmação dos valores e princípios da Constituição”.

Decorre, portanto, que a responsabilidade primeira da negociação e distribuição de qualquer investimento oficial – inclusive, por óbvio, aqueles de publicidade – deveria ser a proteção e garantia do pluralismo político e da liberdade de expressão.

Da mesma forma, considerando apenas que “a programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo”, a Secom-PR descumpre também os princípios gerais da atividade econômica definidos no “Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira” da Constituição.

Na verdade, contrariam-se os incisos IV (livre concorrência), VII (redução das desigualdades regionais e sociais) e IX (tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte) do artigo 170, e o parágrafo 4º (repressão ao abuso de poder econômico, com vistas à eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros) do artigo 173.

A Secom-PR – vale dizer, o Estado brasileiro –, paradoxalmente, tem sido um dos principais financiadores do “controle” que os oligopólios privados exercem sobre a mídia no Brasil.

Inversão da realidade
Ao difundir a noção de que o Estado brasileiro é o único agente capaz de exercer o “controle da mídia” e, ainda mais, ao empunhar como exclusivamente suas as bandeiras da liberdade de expressão e da liberdade da imprensa, os oligopólios privados de mídia constroem publicamente a imagem daqueles que pelejam para que mais vozes tenham acesso ao debate público como se fossem os inimigos da liberdade e pretendessem fazer exatamente o que, de fato, já é feito por eles, os oligopólios privados – isto é, o “controle” da mídia.

Com o desmesurado poder de que desfrutam, conseguem fazer prevalecer publicamente uma inversão do que de fato acontece (o processo de “inversão da realidade”, como se sabe, foi identificado, nomeado e explicado faz mais de 150 anos).

O debate na Faculdade de Direito da UFMG me ofereceu a oportunidade de argumentar, ainda uma vez mais, que, apesar das normas e princípios da Constituição de 1988, existe, sim, “controle” da mídia no Brasil. E ele tem sido exercido exatamente por aqueles que se apresentam como defensores exclusivos da liberdade de expressão e da liberdade: os oligopólios privados de mídia.

Publicado no Correio do Brasil
Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros.