O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (10) o pastor Milton Ribeiro para o comando do Ministério da Educação (MEC). Ribeiro assume a cadeira depois da saída conturbada do professor Carlos Alberto Decotelli, que foi nomeado mas não chegou a tomar posse e acabou deixando o posto apenas cinco dias depois de ter o nome anunciado pelo presidente. Inconsistências em seu currículo tornaram insustentável sua manutenção no cargo. A nomeação já foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Milton Riberio é pastor da Igreja Presbiteriana de Santos. Segundo o currículo acadêmico na plataforma Lattes, atualizado em abril deste ano, Milton Ribeiro é graduado em Teologia e Direito, fez mestrado em Direito Constitucional pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). É também membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da qual foi vice-reitor e reitor em exercício.
Em maio de 2019, ele foi nomeado integrante da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, responsável pela investigação das condutas de servidores e ministros e possíveis conflitos de interesse entre os integrantes da administração pública federal. O mandato dele terminaria em 2022.
Milton é um nome associado à ala evangélica, mas não era o único cotado por esse grupo. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Guimarães Aguiar Neto, e o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, eram outros nomes ventilados pelo grupo. Também entrou na lista o atual líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), que Bolsonaro disse ser uma opção “reserva”.
Além da ligação com a ala evangélica, a nomeação de Milton Ribeiro também é um aceno à ala militar, visto que ele foi segundo tenente do Exército.
Em transmissão ao vivo na quinta-feira (9), Bolsonaro já havia adiantado que deveria anunciar o novo titular da Educação nesta sexta. “Queremos uma pessoa que promova o diálogo – o que não é fácil – com todas as esferas da educação”, disse ele defendendo um perfil conciliador. “Não posso colocar as pessoas por pressão”, disse. A saída de Abraham Weintraub abriu uma disputa entre as alas do governo – ala militar, ala ideológica (ligada a Olavo de Carvalho), ala técnica e ala evangélica.