Palocci pede demissão; Gleisi Hoffmann é a nova ministra da Casa Civil

Antonio Palocci pede demissão. Em editorial, Carta Maior diz que a saída representa a chance de reordenação estratégica:

“Governo Dilma ganha espaço para uma reordenação política que corrija as lacunas de um ciclo inicial em ue a principal agenda era negativa: conter o crescimento para conter a inflação e a apreciação cambial . A inflação já reverteu a curva ascendente. A instabilidade cambial não cede sem baixar os juros que atraem capitais especulativos, mesmo com algum controle cambial. Um bom recomeço seria interromper a nova alta da Selic que está sendo discutida nesse momento na reunião do Banco Central iniciada nesta terça-feira”.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi escolhida como substituta de Antonio Palocci na Casa Civil. Ela é advogada, natural de Santa Catarina e ex-presidente do PT do Paraná. Na gestão de Zeca do PT no Mato Grosso do Sul, Gleisi foi secretária de estado. Também foi secretária de gestão pública de Londrina. Em 2010, foi eleita senadora pelo estado do Paraná. É casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Seguro-desemprego pode ser ampliado para mulher chefe de família

A Câmara analisa o Projeto de Lei 352/11, do deputado Vicentinho (PT-SP), que amplia em duas parcelas a duração do seguro-desemprego para as mulheres chefes de família.

A proposta altera a Lei 8.900/94, que trata do seguro-desemprego. Atualmente o benefício é concedido ao trabalhador demitido por um período de três a cinco meses, que varia de acordo com o tempo que o trabalhador permaneceu em seu emprego mais recente.

O deputado explica que a ideia do projeto surgiu durante a crise econômica de 2009, mas, segundo ele, a proposta continua oportuna, dadas as desigualdades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho.

De acordo com Vicentinho, a situação das mulheres chefes de família é especialmente frágil porque elas são as únicas responsáveis pelo sustento de seus dependentes. “A situação delas acaba sendo muito precária principalmente se levarmos em conta que além de salários mais baixos, elas ainda precisam exercer uma série de outras tarefas em casa e na sociedade”, afirma.

Tramitação
O projeto tramita apensado a outros com conteúdo semelhante, entre eles o PL 4974/05. As propostas, que tramitam em regime de urgência, aguardam análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta: PL-352/2011

Da Agência Câmara

Violência contra a mulher poderá ser denunciada por testemunhas

Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto de lei que permite a terceiros registrar queixas em favor de mulheres agredidas por companheiros. O projeto já foi aprovado pelo Senado e prevê, com base na Lei Maria da Penha, que qualquer testemunha pode procurar a polícia para registrar a ocorrência em favor da mulher vítima da violência.

Quando criada, a Lei Maria da Penha permitia a terceiros o registro de queixas. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) interpretou que a própria mulher deveria registrar a ocorrência contra o agressor. Por isso, o Senado retomou a discussão sobre o assunto e o novo projeto foi elaborado.

Segundo parlamentares da bancada feminina no Congresso, se aprovada na Câmara, a nova lei garantirá maior proteção às mulheres, já que muitas vítimas de agressão não registram queixas por vergonha ou por medo de represálias dos companheiros. Para as parlamentares, a possibilidade de terceiros denunciarem vai contribuir com o combate da violência contra a mulher.

O projeto aprovado pelo Senado também determina que agressores enquadrados na Lei Maria da Penha não podem ganhar o benefício de ter o processo judicial suspenso por um prazo, ao final do qual podem escapar da condenação.

No fim de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou constitucional o artigo 41 da Lei Maria da Penha, que rejeita a aplicação de outra lei referente aos crimes de menor potencial ofensivo, que institui o benefício da suspensão condicional do processo.

De acordo com o Código Penal, nesses casos é possível a suspensão do processo por um prazo. Com isso, muitos agressores em todo o país acabam “escapando” da sanção imposta pela Lei Maria da Penha. Daí a importância da alteração dessa lei, o que é proposto no projeto.

Se o texto do projeto for mantido na Câmara, para determinados crimes em que a pena mínima é de até um ano e nos casos em que o agressor não é processado por outro crime ou já tenha sido condenado, o processo não pode ser suspenso.

Meu salário

Principal causador do câncer de útero preocupa Ministério da Saúde

A redução da quantidade do papilomavírus humano (HPV) circulante é desafio para a saúde da mulher, uma vez que se trata do principal agente causador do câncer do útero, o segundo que mais mata entre elas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas, em algum momento de suas vidas, por um ou mais tipos de HPV. Embora o uso de preservativo seja indicado para a prevenção do contágio do HPV, ele não traz proteção total.

O estudo Infecção por HPV em homens, coordenado pela pesquisadora Anna R. Giuliano, do H. Lee Moffitt Cancer Center, na Flórida, demonstrou que mais de 50% dos homens entre 18 e 70 anos no Brasil, México e Estados Unidos estão infectados pelo vírus. “Apesar dos programas, de pré-rastreamento das lesões pré-malignas, ainda não conseguimos reduzir a incidência do câncer de colo do útero. São quase 20 mil novos casos todo ano”, afirma a ginecologista e obstetra Iracema Maria Ribeiro da Fonseca, do Departamento de Colposcopia e Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).

Embora estudos epidemiológicos mostrem que a infecção pelo papilomavírus é muito comum, de acordo com os últimos inquéritos de prevalência do Ministério da Saúde, cerca de 25% das mulheres estão infectadas pelo vírus, somente de 3% a 10% das mulheres infectadas com um tipo de HPV com alto risco desenvolverá câncer do colo do útero. “Nem todos os casos de contaminação com HPV vão evoluir para o câncer de colo do útero, mas quase a totalidade dos casos da doença é causada por alguns tipos do vírus”, afirma o imunologista Marcelo Bossois, coordenador técnico do projeto social Brasil sem alergia, do Rio de Janeiro.

Nesse cenário nada animador, muitas mulheres recorrem às vacinas disponíveis no mercado que imunizam contra os tipos do vírus de alto risco. Embora haja uma série de estudos comprovando a eficácia das vacinas e, na rede privada, elas têm sido recomendada por ginecologistas, o Ministério da Saúde ainda não as incluiu no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Estão disponíveis no mercado duas vacinas contra os tipos mais presentes no câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). Uma delas é a quadrivalente, ou seja, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero, e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18.

Os HPVs são vírus da família Papilomaviridae, capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente. Existem mais de 200 tipos de HPVs. Eles são classificados em baixo risco de câncer e alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.

Estado de Minas

Lei Maria da Penha mudou direito brasileiro, diz ministra do STF

A Lei Maria da Penha, que estabelece penas mais duras para os casos de agressão a mulheres, quebrou paradigmas e mudou o direito brasileiro, afirmou hoje (12) a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, durante audiência pública no Senado para debater possíveis alterações nesta lei. Para a ministra, a legislação representa um avanço no que se refere aos direitos humanos, em especial, na proteção dos direitos das mulheres.

Cármen Lúcia disse que a lei mudou completamente a forma como o Estado brasileiro e a Justiça interpretam o espaço público e privado. Segundo a ministra, a partir da Lei Maria da Penha, o quarto de um casal, por exemplo, deixou de ser um espaço privado para se tornar público, quando houver violência contra a mulher.

“Havia um ditado que dizia que, em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, mas mete, sim, se a colher for pesada e violenta”, ressaltou o ministra. “Essa lei vai muito além e pôs outro paradigma que nem nós, juízes, fomos capazes de entender. O que era espaço privado não é mais como antigamente.” De acordo com Cármen Lúcia, a lei também transformou direitos declarados, como os direitos humanos. “A lei mudou muito mais do que o Congresso é capaz de supor. Ela mudou o direito brasileiro”, completou a ministra.

Para Cármen Lúcia, a lei está conseguindo derrubar questões, como o medo e a vergonha, que antes impediam que as mulheres vítimas de violência denunciassem seus agressores. “A lei nos deu mecanismos para lutar contra o medo e a vergonha. Há muito a ser feito. A meu ver, a Lei Maria da Penha multiplica a esperança de um mundo melhor”, afirmou.

Da Ag. Brasil

Prioridade é incluir mulheres no mercado de trabalho, diz ministra

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, afirmou nesta quarta-feira (16) que a prioridade da pasta no momento precisa ser a inclusão de mulheres no mercado de trabalho.

Iriny lembrou que as mulheres representam a maioria da população brasileira, além de serem bem qualificadas profissionalmente. No entanto, segundo ela, as mulheres são maioria no mercado informal, ainda recebem um salário inferior ao dos homens para exercer uma mesma função e só representam 19% dos postos de comando e de direção em empresas.

– Precisamos muito mesmo do Congresso Nacional. Temos uma legislação já pronta para ser votada, que cria as condições de igualdade no mundo do trabalho. Ter um conjunto de leis próprias, que respalde as iniciativas, é fundamental agora.

A ministra destacou ainda a necessidade de um melhor cumprimento, por parte do Judiciário, da Lei Maria da Penha, que pune com maior rigor a violência doméstica contra a mulher.

Ela afirmou que o governo estuda a instalação de delegacias especializadas, núcleos de atendimento e casas abrigo também na zona rural do país. Mas as ações, segundo Iriny, dependem da “boa vontade” de prefeituras e governos estaduais.

– Se a situação das mulheres é difícil nos centros urbanos, nos rincões torna-se mais grave. Nem pedir socorro ao vizinho é possível.

Outro tema de relevância apontado pela ministra é a reforma política. De acordo com ela, é preciso ousar para que as mulheres possam disputar eleições em igualdade de condições. A ideia, segundo Iriny, é ampliar não apenas o número de candidatas, mas assegurar um percentual reservado de vagas no Congresso Nacional.

– Também precisamos de mais prefeitas, mais governadoras, não só de deputadas e senadoras.

Da Agência Brasil

Mulher

mulher_4[1]Uma homenagem singela do blog para todas as mulheres nesse dia que marca o seu dia, apesar de entendermos que todos os dias são seus dias, dias de viver, lutar, vencer, perder, ganhar, sonhar, amar. Parabéns a todas as mulheres!:

“Que o outro saiba quando estou com medo e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que eu me preocupo com ele, e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso. Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais. Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo: “Olha estou tendo muita paciência com você!”

Que se me entusiasmo por alguma coisa, o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize. Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta para cama!”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire. Que o outro – filho, amigo, amante, marido – não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro, entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa… uma mulher”.

Os 7 pecados profissionais da mulher no trabalho

mulher-executivaEvite sabotar sua carreira no ambiente de trabalho com atitudes inadequadas.
Originalmente dominada por homens, a cultura corporativa ainda está se adaptando ao estilo feminino – e vice-versa. Para muitas vagas, a preferência é delas, inclusive. “Já acompanhei uma seleção em que o chefe acreditava que por ser mãe e executiva, a pessoa teria mais consciência da sua responsabilidade e seus papéis”, diz Gerson Correia, sócio da Talent Solution. O conceito de comportamento saudável no trabalho não tem a ver com copiar o modelo masculino – que também apresenta pecados específicos, mas diz respeito à superação de algumas tendências de conduta. Conheça sete delas:

1. Demonstrar fragilidade
Para muitas posições, sobretudo de liderança, é necessário ter pulso firme. E isso significa não fazer rodeios nas ocasiões em que a repreensão é necessária ou simplesmente dizer “não” com segurança. “Historicamente, a mulher tem um estereótipo mais fragilizado”, afirma Álvaro Gazda, office manager da empresa de recrutamento Michael Page. “Especialmente em vagas que pedem pulso mais forte.” A mulher que almeja esse tipo de cargo precisa estar disposta a mostrar que não é o sexo frágil e deixar claro a que veio.

2. Ser muito agressiva
Parece contraditório com o item anterior, mas o erro está na dose. Ser firme é fundamental, mas há limites. “Algumas executivas, para se impor, são até mais agressivas com seus pares e subordinados do que seriam os homens. A melhor maneira de dosar é ouvir feedbacks da equipe”, esclarece Correia, da Talent Solution. Mas se o perfil da mulher é mais agressivo, vale tentar aproveitá-lo na vaga certa. “A dica é ser você mesma. A mulher tem que ter uma postura de segurança. Quem tenta parecer o que não é acaba sendo pego em algum momento”, diz Gazda, da Michael Page.

3. Extravasar a intimidade
Vale para uma entrevista ou para a rotina profissional: detalhes pessoais devem ficar em casa. “O entrevistador que faz uma pergunta pessoal não está pedindo para ela se abrir. É um erro estender-se demais, porque é fácil começar a falar de problemas”, diz Garzda. No ambiente de trabalho, também vale ter cuidado. Isso evita comentários maldosos, fofocas e intimidade indesejada por parte de pessoas desagradáveis.

4. Ser informal demais
A informalidade precisa ser domada. “Mulheres em cargos de média gerência tendem a ser um pouco menos formais do que os homens”, afirma Gazda. A linguagem e a forma de abordar os colegas de trabalho são dois momentos que normalmente denunciam a falta de adequação. Para ele, é puramente questão de tempo para as mulheres assimilem melhor essas nuances, já que entraram nos níveis gerenciais mais recentemente.

5. Misturar compromissos pessoais e profissionais
Atualmente, boa parte das empresas tem certa flexibilidade para gerenciar situações pessoais do funcionário. Apesar de contar com a colaboração do parceiro, a mulher é muito requisitada pela família, talvez pelo seu jeito prático e rápido de resolver problemas. Levar o filho doente ao médico é perfeitamente negociável e aceitável, o problema é quando a vida pessoal invade com muita frequência a profissional.

6. Reclamar da vida
Segundo o consultor Laerte Leite Cordeiro, a mulher peca nas ocasiões em que reclama demais da vida. Cumprir jornada tripla (trabalho, casa, filhos) realmente não é fácil, mas este é um problema pessoal, e não do chefe ou dos colegas de trabalho. Acredite: ninguém suporta ouvir lamentações. Além de prejudicar o desenvolvimento pessoal, também costuma ser muito chato. E para aquelas que ficam mais irritadas durante o período pré-menstrual, a dica é simples: segure a barra com elegância.

7. Vaidade do jeito errado
A palavra é adequação. Não importa se a empresa exige um código mais clássico ou informal, a chave é não querer se destacar demais por meio das roupas entre os colegas de trabalho. “Na dúvida, não ouse. Você nunca vai perder pontos por ser discreta”, diz Álvaro Gazda. Por conta do repertório de moda mais restrito, os homens levam vantagem. “O maior erro que ele pode cometer é errar na cor da gravata, mas isso nunca o desqualifica num processo seletivo, por exemplo.”.

Do blog de Albírio Gonçalves

Violência contra a mulher não é só dar porrada

Nesta quinta (25), celebra-se o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta contra a Violência à Mulher.

Muitas mulheres são vítimas de violência doméstica, preconceito no trabalho, enfrentam jornadas triplas (trabalhadora, mãe e esposa), não têm direito à autonomia do seu corpo – que dirá de sua vida, pressionadas não só por pais e companheiros ignorantes mas também por uma sociedade que vive com um pé no futuro e o corpo no passado. A qual todos nós pertencemos e, portanto, somos atores da perpetuação de suas bizarrices. Discutimos muito sobre as mudanças estruturais pelas quais o país tem que passar, citando saúde, educação, transporte, segurança, mas esquecemos dos problemas ligados aos grupos que sofrem com o desrespeito aos seus direitos fundamentais. Que não conhecem classe social, cor ou idade. Como as mulheres que são maioria – e minoria.

– Dado Dolabella, que ficou conhecido por agressão e por ser enquadrado na Lei Maria da Penha, ganhou um R$ 1 milhão em um reality show após voto maciço de internautas e telespectadores. Um povo que premia um agressor de mulheres tem moral para reclamar de corrupção na política ou de qualquer outra coisa?

– Mesmo em cargo de chefia, as mulheres têm que provar que são melhores do que os homens. Néstor morreu e houve gente que perguntou se Cristina teria capacidade de tocar o governo argentino sem os conselhos dele na cama. Fino…

– Temos uma mulher presidenta. Simbolicamente relevante, politicamente insuficiente. São poucas as governadoras, prefeitas, senadoras, deputadas, vereadoras. Mas também CEOs, executivas, gerentes, síndicas de condomínios. Falta criar condições para que elas cheguem lá. Ou alguém acha que isso vai ocorrer por geração espontânea?

– A Suprema Corte tem 11 assentos. Só dois deles pertencem a mulheres, infelizmente. Já ligaram a TV Justiça em horário de transmissão do STF de pautas importantes e temas que são holofotes para o ego? Testosterona demais, sabe?

– Mulheres são maioria nas redações, mas não em cargos de alta chefia – muito menos entre os editorialistas, que redigem a opinião dos veículos de comunicação.

Pesquisas apontam que a violência doméstica não é monopólio de determinada classe social e nível de escolaridade. Junto com homofobia e machismo são problemas que ocorrem em todo o subcontinente, da sociedade mexicana à chilena, passando pela brasileira. OK, no nosso caso é melhor colocar a culpa no processo de formação do Brasil, na herança do patriarcalismo português, nas imposições religiosas, no Jardim do Éden e por aí vai. É mais fácil atestar que somos frutos de algo, determinados pelo passado, do que tentar romper com uma inércia que mantém cidadãos de primeira classe (homens, ricos, brancos, heterossexuais) e segunda classe (mulheres, pobres, negras e índias, homossexuais etc). Tem sido uma luta inglória, mas necessária, tentar abrir a cabeça do povo.

– Para muita “gente de bem”, pior que prostituição infantil é mulher adulta ter direito a decidir sobre seu próprio corpo. Até porque, cada coisa no seu lugar: mulher é historicamente objeto e menina com peito e bunda já é mulher. Mesmo que brinque de boneca.

– Lembram o que aquele juiz tosco, de Sete Lagoas (MG), disse ao rejeitar punições baseadas na Lei Maria da Penha?: “Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (…) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!”(…) Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões.” Se a mãe dele era viva, nesse momento, morreu de desgosto.

– História que segue pau-a-pau com a do arcebispo de Olinda e Recife José Cardoso Sobrinho, que excomungou, no ano passado, os médicos envolvidos em um aborto legal realizado em uma menina de nove anos, grávida de gêmeos do padrastro que a estuprava desde os seis anos de idade. Ela tinha 1,36 m e 33 quilos. Deus Pai!

Em 1983, o ex-marido de Maria da Penha atirou nas costas da esposa e depois tentou eletrocutá-la. Não conseguiu matá-la, mas a deixou paraplégica. Muitos anos de impunidade depois, pegou seis anos de prisão, mas ficou pouco tempo atrás das grades. A sua busca por justiça tornou-a símbolo da luta contra a violência doméstica. A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006 para combater a violência doméstica contra a mulher, sofre constantes ataques desde que foi criada. Interpretações distorcidas de juízes, falta de orçamento para colocar políticas de prevenção em prática, tentativas de diminuir a força dessa legislação. Inacreditável? Que nada! Viva o Brasil chauvinista e patriarcal, que usa a justificativa da “defesa da honra” para honrar a própria ignorância e covardia.

– A opressão realmente adota formas diferentes. Muitas vezes travestidas de um simples costume. Por exemplo, forçar a namorada a adotar o sobrenome após o casamento é bisonho. Uns vão chamar de tradição – esquecendo que tradição é algo construído, muitas vezes pela classe (ou gênero) dominante. Mas, pense pelo outro lado: se for para trocar, que tal invertermos e os homens começarem a adotar os sobrenomes de suas esposas?

– Homens que trabalham no Brasil gastam 9,2 horas semanais com afazeres domésticos, enquanto que as mulheres que trabalham dedicam 20,9 horas semanais para o mesmo fim – dados de uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho. Com isso, apesar da jornada semanal média das mulheres no mercado ser inferior a dos homens (34,8 contra 42,7 horas, em termos apenas da produção econômica), a jornada média semanal das mulheres alcança 57,1 horas e ultrapassa em quase cinco horas a dos homens – 52,3 horas – somando com a jornada doméstica. E os caras ainda dizem que trampam mais do que elas, vejam só.

– Por fim, mas não menos ridículo, cantar um “tapinha não dói” tornou-se hit cult.

É o que eu já disse aqui antes: todos nós, homens, somos sim inimigos até que sejamos educados para o contrário. E tendo em vista a formação que tivemos, é um longo caminho até alcançarmos um mínimo de decência para com o sexo oposto.

Do Blog Sakamoto

Dilma é a 12ª mulher a atingir o poder na América Latina

DilmacomLulaO jornal espanhol El País destacou, em sua edição eletrônica, que Dilma Rousseff (PT) é a 12ª mulher a chegar ao poder na América Latina, “uma lista que, apesar de ter crescido de forma considerável nos últimos anos, continua exígua em comparação à de homens”. Dilma é apresentada como “herdeira política de Lula” e como uma economista de 62 anos que nunca havia disputado um cargo eletivo, além de ser uma administradora rígida.

“Rousseff se somará a outras três mulheres que, no continente americano, estão atualmente à frente de seus respectivos países”, diz o El País, citando as presidentes da Argentina, Cristina Fernández, e da Costa Rica, Laura Chinchilla, além da primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar. “As duas últimas assumiram os cargos este ano, o mesmo em que Michelle Bachelet se despediu da presidência do Chile, cargo que passou às mãos de um homem, Sebastián Piñera”, afirma o jornal espanhol, ao lembrar que a política chilena tinha 84% de popularidade quando deixou o cargo e foi eleita numa pesquisa feita em setembro como a melhor governante da história de seu país.

O periódico europeu cita ainda a também argentina María Estela Martínez, a Isabelita, viúva de Juan Domingo Perón. Ela não foi eleita, mas, como vice, tomou posse após a morte do marido. Depois, foi derrubada por um golpe militar. Outro nome citados é o de Violeta Chamorro, na Nicarágua. Também são mencionados mandatos de curta duração ou provisórios, como a boliviana Lidia Gueiler, que ficou oito meses no poder em 1979, e a haitiana Ertha Pascal-Trouillot, então presidente da mais alta corte da Justiça do país quando foi posta no poder pelos militares, em 1990, para convocar eleições, e permaneceu 11 meses.

Rede Brasil Atual